Autor Tópico: Aborto e Direito à Vida  (Lida 1576 vezes)

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Offline criso

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Aborto e Direito à Vida
« Online: 10 de Março de 2018, 23:30:01 »
sou contra o aborto e gostaria de ouvir a opinião de vocês sobre esse meu debate com uma feminista:

contexto:
- “mas por que não entregar a criança para a adoção ao invés de abortar?”

RESPOSTA DELA:
Eu não sei se você tem conhecimento sobre isso, mas você tem noção de QUANTOS orfanatos existem e em qual situação financeira 90% deles está? Você tem noção da dificuldade que é fazer uma adoção no Brasil? Você tem noção que a grande parte das crianças chega a idade adulta sem ser adotada? E sem estudo de qualidade. E sem saúde adequada. E sem qualquer tipo de boas condições de vida fornecidas. Se alguém não pretende ter o filho por não ter condições de criá-lo o que te faz pensar que um orfanato teria?

MINHA RESPOSTA:
Neste caso, o que não entendo são duas coisas:
1- Do ponto de vista de um ser senciente, a "pior" coisa que pode lhe ocorrer, apesar de tudo, é o seu próprio fim. Assim sendo, qual o sentido de uma suposta "preocupação com futuro" justificar que um ser em potencial seja diretamente conduzido à inexistência? Porque, se a preocupação for com as dificuldades, deveria ser com a capacidade de prover essas necessidades, e não de levá-lo justamente para o que seria a pior possibilidade de qualquer situação possível: inexistir. Por exemplo:
não queremos que as pessoas se droguem, passem fome, se matem, etc, justamente porque estas coisas ameaçam suas próprias existências. Fica subentendido que nosso valor supremo é o da Vida. Não queremos que as pessoas passem por essas coisas justamente porque queremos que elas possam existir e viver. Não temos como saciar a fome, ajudar ou prover as necessidades de um ser em potencial cujo próprio direito à existência foi negado. E, se ele viesse a Ser, mesmo com todas as dificuldades e necessidades do mundo, o máximo de ruim que poderia acontecer com ele seria deixar de existir. Então qual é o sentido de alegar preocupação e futuro e, ao mesmo tempo, encurtar esse processo, tirando dele o direito mais essencial possível que seria o de sequer Existir?
2- Já que foi falado da ineficácia de camisinha, pílula, métodos contraceptivos, etc, não consigo deixar de pensar - por que as pessoas que não querem ter filhos simplesmente não param de ter relações sexuais? Ou, para ser menos radical (mas não deixando de pensar pessoalmente dessa forma), por que não expressam suas sexualidades de maneiras que não possuem chance de gerar um novo ser em potencial? Se somos seres racionais e morais, por que não simplesmente pesar os possíveis frutos dos nossos atos e evitar tomar atitudes e decisões sobre cujas consequências não queremos nos responsabilizar?

RESPOSTA DELA:
1- Eu concordo com a adoção como uma opção em diversos casos, mas de forma geral, saber que você criou um ser humano e optou por dar a ele condições não dignas não seria tão cruel quanto tirar sua vida? Porque o feto em questão não pode questionar o seu próprio existir ou não, apenas deixa de existir. Trabalhar com a potencial vida não me parece ser sensato se essa potencial vida pode ter uma existência em suas piores condições.
2- Se as relações sexuais tivessem sido criadas >apenas< com a função de reproduzir, seu argumento poderia fazer algum sentido, mas realmente acho essa sugestão utópica e desnecessária. É hipócrita dizer isso quando a grande maioria das pessoas não tem relações sexuais com esse intuito, ou pelo menos não como foco, e isso é um direito de cada um. Uma pessoa que não pretende ter filhos se protege ao máximo para não tê-los, mas infelizmente não existe uma forma 100% segura.

MINHA RESPOSTA:
1- Não só não seria cruel quanto tirar sua vida como, pelo contrário, nem sequer seria de forma alguma crueldade, mas sim um ato de compaixão, porque está sendo dada a oportunidade essencial que é a de existir, e, pior do que a pior das condições é a condição da própria inexistência, porque esta não permite nem que sequer haja uma condição para avaliarmos, nos preocuparmos e transformarmos. Doentes, deficientes, miseráveis, órfãos, todas essas pessoas deveriam ser exterminadas em um processo de Eugenia ou se suicidarem só por que avaliamos suas condições como ruins? Não só elas não querem e não fazem isso como, pelo contrário, lutam muito mais por sua própria existência do que pessoas que tem todo o conforto material e social e, apesar disso, vivem vidas vazias e fúteis, em torno da satisfação pessoal de desejos egoístas. Se alguém avaliar suas próprias condições como insuportáveis, pode decidir por si próprio sobre o destino de sua própria vida, inclusive sobre a opção de abandoná-la. Entretanto, se alguém tira a sua oportunidade de viver, nem isso você terá direito de escolher, simplesmente alguém "escolheu por você" que a sua existência não vale a pena, e, pior do que qualquer dificuldade e necessidade material, te tirou o seu mais essencial e inalienável Direito à Vida e à Liberdade.
2- Se a maioria das pessoas estiverem fazendo uma coisa errada, ela não se torna certa só porque está todo mundo fazendo. Se é direito de cada um agir como quiser, é dever de cada um arcar plenamente com a consequência de seus atos. Se o que ela quer é não ter filhos, nós já concordamos sobre a possibilidade da adoção, contra a qual não tenho nada a argumentar. Acontece que a relação sexual é o Ato Criador e a Natureza simplesmente não pede nossa opinião, e se as pessoas querem usar e abusar da força criadora sem atentar para a sua consequência mais natural e essencial, estão querendo, no fundo, transgredir as Leis Naturais para satisfazer desejos egoístas, então estão erradas do mesmo jeito.

---

Tema pesado, cheio de implicações e consequências morais e psicológicas. Meu discurso não é no intuito de restringir a liberdade alheia com moralismo, mas, pelo contrário, demonstrar que só existe liberdade em atos deliberados - isto é, Atos de Vontade, atitudes e decisões conscientes - fora disso, o indivíduo está agindo escravizado pelo instinto e pelo impulso, então apenas pensa ser livre, quando não o é. De toda forma, o Direito Natural à Liberdade é incondicional e, por isso, mesmo me opondo a todas as decisões e atitudes que considero imorais e errôneas, não me dou o direito de interferir na liberdade que as pessoas têm, até mesmo, de escolher o pior para si. Sou contra o aborto, em si, como ato, bem como sou contra o uso das drogas, em si, mas, o máximo que posso fazer é tentar demonstrar para os outros o erro em suas próprias premissas e conclusões, mas não posso impedi-las de errar.
O homem é livre até mesmo para uma queda, se este for seu desejo. Só gostaria de atentar para a forma leviana, superficial e fútil com a qual temas como este têm sido tratados tanto pela direita hipócrita e moralista quanto pelos seres reais, racionais e morais que, como uma piada pronta, defendem que não existe Verdade, que não existe Razão e que não existe Moral - que tudo é relativo e pode-se fazer o que quiser.
« Última modificação: 10 de Março de 2018, 23:43:30 por criso »
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Offline Zero

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #1 Online: 10 de Março de 2018, 23:39:03 »
contexto:
- “mas por que não entregar a criança para a adoção ao invés de abortar?”

RESPOSTA DELA:
Eu não sei se você tem conhecimento sobre isso, mas você tem noção de QUANTOS orfanatos existem e em qual situação financeira 90% deles está? Você tem noção da dificuldade que é fazer uma adoção no Brasil? Você tem noção que a grande parte das crianças chega a idade adulta sem ser adotada? E sem estudo de qualidade. E sem saúde adequada. E sem qualquer tipo de boas condições de vida fornecidas. Se alguém não pretende ter o filho por não ter condições de criá-lo o que te faz pensar que um orfanato teria?

Essa primeira resposta me lembrou o vídeo do Alexandre Porto.


Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #2 Online: 11 de Março de 2018, 01:45:33 »
De uma maneira geral discordo dos argumentos dela. E também discordo dos seus.

O que deve me deixar em uma posição de não ser contra nem a favor, muito pelo contrário.

Mas não é bem assim porque não estou dizendo que sou contra o aborto, e nem que sou a favor. O que estou dizendo é que simplesmente não acho que façam sentido completamente os argumentos dela a favor do aborto, mas também não estou de acordo com os seus argumentos em contrário.

Pois vejamos...

Essencialmente o que ela diz é que não vale a pena gerar um ser infeliz, que irá sofrer. Seria mais humano não permitir essa existência.

Esse tipo de argumento é simplesmente ridículo: se for uma atitude humana impedir uma existência de sofrimento, seria então um ato da mais pura humanidade exterminar todo ser humano que sofre. Certamente que a não vida é a mais garantida prevenção que pode haver contra os sofrimentos da vida, só que isso faz tanto sentido quanto um médico matar seu paciente para eliminar o sofrimento causado pela enfermidade.

E é apenas cínico que uma mulher aborte por interesse próprio, para evitar um problema na sua própria vida, mas justifique o aborto como um ato de auto sacrifício humanitário em favor de um não ser.

Se o embrião não pode ser considerado um ser humano, ou mesmo se não possa ser considerado ainda uma forma de vida dotada de algum grau de consciência, o bastante que seja para desejar a vida e temer a morte, gozar e sofrer, então o embrião não é mais que um não ser, e, como nenhum mal pode ser causado a um não ser, da mesma forma nenhum bem pode ser feito ao que não existe.

E se existe, se é um ser, terminar sua existência é um ato de violência e não uma caridade.

Daí porque não se pode usar o argumento altruísta em favor do aborto: não existe altruísmo em favor de um não ser e não há altruísmo em fazer um ser deixar de ser.

Mas você, incorrendo no mesmo absurdo, considera desumano não permitir a existência a uma não existência.

Ambos os pontos de vista não fazem sentido pela mesma razão: o aborto só é uma possibilidade passível de discussão se considerarmos que o embrião é ainda um não ser. Mas não se pode fazer o mal nem o bem a um não ser, portanto não faz sentido discutir se a mulher que aborta está sendo caridosa ou perversa.

Eu, como não sou religioso, não posso conceber que um embrião que ainda não formou seu primeiro neurônio seja mais que um óvulo ou um espermatozoide, ou mesmo mais do que qualquer simples célula no corpo de uma mulher. Portanto decidir abortar um embrião ainda nestes primeiros estágios de desenvolvimento não difere moralmente de fazer sexo e impedir a concepção. Por que deveria existir a obrigação moral de tentar gerar cada embrião, mas não seria condenável NÃO TENTAR fecundar cada óvulo?

Tanto quanto um embrião, o zigoto é um não ser que carrega a potencialidade de ser. Tanto quanto um zigoto, o óvulo é um não ser que carrega a potecialidade de ser.

Na verdade o problema moral delicado que envolve a questão do aborto, assim como da eutanásia, é o problema da relativização da vida humana e suas possíveis consequências. Mesmo que não seja verdadeiro que toda vida humana tenha o mesmo valor ( por exemplo, a de um idoso de 97 anos no último estágio do alzheimer e a de uma criança de 10 anos ), estabelecer que isto seja uma verdade inquestionável é a base para uma sociedade superiormente civilizada e torna a vida de todos nós mais segura.

Porque quando se admite que é possível que nem toda a vida humana tenha o mesmo valor, que a pena por tirar a vida de A possa ser menor que a pena por tirar a vida de B, se torna admissível também discutir-se qual vida humana deva valer mais ou menos que outra.

A do embrião menos que a do feto? A do idoso moribundo menos que a da criança? A da mulher menos que a do homem? A do negro menos que a do branco? A do escravo menos que a do homem livre? A do judeu menos que do ariano?

Nunca existiu genocídio na História sem que se antes se relativizasse o valor da vida humana.
« Última modificação: 11 de Março de 2018, 01:48:57 por Pedro Reis »

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #3 Online: 11 de Março de 2018, 04:41:40 »

Na verdade o problema moral delicado que envolve a questão do aborto, assim como da eutanásia, é o problema da relativização da vida humana e suas possíveis consequências. Mesmo que não seja verdadeiro que toda vida humana tenha o mesmo valor ( por exemplo, a de um idoso de 97 anos no último estágio do alzheimer e a de uma criança de 10 anos ), estabelecer que isto seja uma verdade inquestionável é a base para uma sociedade superiormente civilizada e torna a vida de todos nós mais segura.

Porque quando se admite que é possível que nem toda a vida humana tenha o mesmo valor, que a pena por tirar a vida de A possa ser menor que a pena por tirar a vida de B, se torna admissível também discutir-se qual vida humana deva valer mais ou menos que outra.

A do embrião menos que a do feto? A do idoso moribundo menos que a da criança? A da mulher menos que a do homem? A do negro menos que a do branco? A do escravo menos que a do homem livre? A do judeu menos que do ariano?

Nunca existiu genocídio na História sem que se antes se relativizasse o valor da vida humana.


Mas relativizar o valor da vida humana é algo extremamente corriqueiro,  é algo extremamente comum. 

Pessoas normalmente se importam (valorizam) com vida humana na seguinte ordem:

1)Primeiramente com a sua própria vida humana;

2)Com a vida humana de seus familiares bem próximos (irmãos, mãe, pai);

3)Com a vida humana de seus familiares um pouco mais distantes próximos (tios, tias, primos, primas de 1° grau);

4)Com a vida humana de seus amigos (que realmente tem  convivencia);

5)Um pouquinho com a vida humana de colegas de trabalho, tipo assim: se o fulano for da mesma sala em que trabalha (ou que já trabalhou) uma notícia de que ele morreu causa um choque inicial (isso se não forem inimigos / se não estivessem disputando alguma coisa nos dias desse acontecimento ou que já não tivessem disputado algo antes ou tido alguma desavença, porque caso isto tivesse ocorrido, então a notícia da morte do colega poderia trazer até uma satisfação, a qual seria convenientemente disfarçada);

6)Um tiquinho com a vida de humanos desconhecidos em geral, e quanto mais longe do bairro, município, estado, país em que a pessoa mora, normalmente menor será a preocupação e/ou choque com a morte desses desconhecidos, tipo assim:

Notícia na TV (ou internet): Um tsunami matou 220.000 pessoas na Ásia.
 
Pessoas que veem a notícia:

_Nossa ! Que terrível (e internamente pensa, que bom que eu ou meus familiares não estavam lá, que alívio). Depois ocorre um período com  algumas lamentações e comentários, e posteriormente as pessoas esquecem e vão se preocupar com coisas que realmente lhes importam, como com o que vão comer no jantar ou com o que vai acontecer  no próximo capítulo da novela das 20:00 h .


 :D



« Última modificação: 11 de Março de 2018, 04:45:33 por JJ »

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #4 Online: 11 de Março de 2018, 04:51:17 »



Isso para não falar nos casos em que há explícito regozijo e satisfação com a morte de desconhecidos. Como por exemplo no caso de uma notícia na TV (ou internet):

Polícia entra num presídio e mata 110 presidiários.

Comentário de cidadão apoiador de uso de  mais e mais força bruta, e de  violência policial geral contra pessoas que cometem atos tipificados como crimes e/ou que cumprem penas:

_Legal. É isso mesmo, é assim que tem que fazer. Passa o rodo. Metralha geral. Foi é pouco.


 :D






« Última modificação: 11 de Março de 2018, 04:55:17 por JJ »

Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #5 Online: 11 de Março de 2018, 05:27:31 »
Claro, mas a relaltivização perigosa é a do Estado. Quando nem todas as pessoas são iguais perante a lei.

Por isso, na Suíça, ao contrário do que a maioria pensa, aborto e eutanásia continuam ilegais. O que existe lá é um acordo tácito na sociedade em que as autoridades fazem vista grossa se a eutanásia é realizada de acordo com determinadas regras. Porém, por uma questão jurídica conceitual, os legisladores suíços preferiram não promulgar alguma lei que permita tirar determinados tipos de vida humana. Pois isso seria relativizar o direito universal do homem à vida.

Cê sabe, essa ideia de que todos os homens são iguais é recentíssima na História. Só passou a ser universalmente aceita - não na prática, mas filosoficamente - depois da 2ª guerra, quando surge então a Carta Universal dos Direitos do Homem. E para isso foi preciso que os nazistas fizessem tudo que fizeram e da forma como fizeram.

Note que qualificar estes direitos como "universais" tem o papel de afirmar o caráter absoluto destes direitos. Ou seja, estes direitos se aplicam a qualquer ser humano, em qualquer lugar, qualquer época, vivendo sob qualquer regime. Bom, pode ser uma fantasia moral; como eu disse a vida de um moribundo de 95 anos não tem o mesmo valor da vida de uma criança. Mas, se levarmos em consideração a natureza humana e a História humana, em como sempre os semelhantes trataram com desprezo a vida dos dessemelhantes, essa noção de universalidade é fundamental para prevenir flagelos como racismo, escravidão, genocídios, etc... Ainda que todas estas coisas continuem a ocorrer, pelo menos se tornaram
ideologicamente indefensáveis. Diferentemente do que sempre houve até o fim da 2ª grande guerra.

E não foram 110, foram 111. Mas veja a diferença: embora algum zé povinho tenha tido orgasmos múltiplos, o massacre gerou uma comoção nacional e internacional. Nenhuma autoridade, nenhum jurista, nenhum político, nenhuma grande empresa de comunicação ousa defender publicamente o que aquele coronel fez.

A não ser o imbecil do Bolsonaro, o que é um dos muitos motivos que o tornam particularmente perigoso.

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #6 Online: 11 de Março de 2018, 05:58:22 »

E não foram 110, foram 111. Mas veja a diferença: embora algum zé povinho tenha tido orgasmos múltiplos, o massacre gerou uma comoção nacional e internacional. Nenhuma autoridade, nenhum jurista, nenhum político, nenhuma grande empresa de comunicação ousa defender publicamente o que aquele coronel fez.

A não ser o imbecil do Bolsonaro, o que é um dos muitos motivos que o tornam particularmente perigoso.



Certamente que publicamente,  poucos (tem mais gente além do Bolsa que teria coragem, mas que não encontra espaço na grande mídia) ousariam defender isso  (mesmo porque  um canal de TV (atualmente) dificilmente veicularia isso).  Entretanto, o percentual de pessoas que concordam com o uso de mais e mais violência  policial  contra pessoas que fazem atos atualmente tipificados como crimes no Código Penal, e que não são "nobres",  não é desprezível  (tipo menos de 2%),  eu diria que tal percentual estaria na casa dos 25% da população (maior do que 16 anos), e com propaganda adequada este percentual poderia subir ainda mais.


« Última modificação: 11 de Março de 2018, 06:23:04 por JJ »

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #7 Online: 11 de Março de 2018, 06:12:11 »
sou contra o aborto e gostaria de ouvir a opinião de vocês sobre esse meu debate com uma feminista:

contexto:
- “mas por que não entregar a criança para a adoção ao invés de abortar?”

RESPOSTA DELA:
Eu não sei se você tem conhecimento sobre isso, mas você tem noção de QUANTOS orfanatos existem e em qual situação financeira 90% deles está? Você tem noção da dificuldade que é fazer uma adoção no Brasil? Você tem noção que a grande parte das crianças chega a idade adulta sem ser adotada? E sem estudo de qualidade. E sem saúde adequada. E sem qualquer tipo de boas condições de vida fornecidas. Se alguém não pretende ter o filho por não ter condições de criá-lo o que te faz pensar que um orfanato teria?


Resposta um tanto quanto absurda,  pois obviamente  ser  pobre num orfanato é bem melhor do que ser executado  enquanto se está sendo gerado.  Apenas como hipótese imaginemos que fosse possível fazê-la voltar no tempo e que  então  ela pudesse apertar um de dois  botões (antes de voltar no tempo) que determinassem as seguintes opções:


1)Botão 1:  você será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (será cortada em pedaços);

2)Botão 2: você não será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (não será cortada em pedaços), mas será  entregue a um orfanato do Estado e viverá nele até os 18 anos.


Se isto pudesse ser feito realmente qual será que seria o botão que ela iria realmente apertar ?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:



Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #8 Online: 11 de Março de 2018, 06:17:46 »

Cê sabe, essa ideia de que todos os homens são iguais é recentíssima na História. Só passou a ser universalmente aceita - não na prática, mas filosoficamente - depois da 2ª guerra, quando surge então a Carta Universal dos Direitos do Homem. E para isso foi preciso que os nazistas fizessem tudo que fizeram e da forma como fizeram.



Muita gente (bolsominions e outros semelhantes) acham que os direitos humanos foram inventados (e são mantidos) pelos esquerdistas para proteger os bandidos. Eles até gostam de se referir a isso como sendo os "direitos dos manos".



 
« Última modificação: 11 de Março de 2018, 06:23:56 por JJ »

Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #9 Online: 12 de Março de 2018, 13:09:25 »
  Apenas como hipótese imaginemos que fosse possível voltar no tempo e que então pudesse apertar um de dois  botões (antes de voltar no tempo) que determinassem as seguintes opções:


1)Botão 1:  você será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (será cortada em pedaços);

2)Botão 2: você não será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (não será cortada em pedaços), mas será  entregue a um orfanato do Estado e viverá nele até os 18 anos.


Se isto pudesse ser feito realmente qual será que seria o botão que iria realmente apertar ?


Eu apertaria o nº 1.
GNOSE

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #10 Online: 12 de Março de 2018, 13:15:05 »
  Apenas como hipótese imaginemos que fosse possível voltar no tempo e que então pudesse apertar um de dois  botões (antes de voltar no tempo) que determinassem as seguintes opções:


1)Botão 1:  você será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (será cortada em pedaços);

2)Botão 2: você não será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (não será cortada em pedaços), mas será  entregue a um orfanato do Estado e viverá nele até os 18 anos.


Se isto pudesse ser feito realmente qual será que seria o botão que iria realmente apertar ?


Eu apertaria o nº 1.



Parece que você não gosta de estar viva.




Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #11 Online: 12 de Março de 2018, 13:17:29 »
Parece que você não gosta de estar viva.

Conclusão errada.
GNOSE

Offline JJ

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #12 Online: 12 de Março de 2018, 13:21:10 »


  Apenas como hipótese imaginemos que fosse possível voltar no tempo e que então pudesse apertar um de dois  botões (antes de voltar no tempo) que determinassem as seguintes opções:


1)Botão 1:  você será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (será cortada em pedaços);

2)Botão 2: você não será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (não será cortada em pedaços), mas será  entregue a um orfanato do Estado e viverá nele até os 18 anos.


Se isto pudesse ser feito realmente qual será que seria o botão que iria realmente apertar ?


Eu apertaria o nº 1.


Como poderíamos  verificar a veracidade de tal  afirmação ?


 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:



Offline Lorentz

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #13 Online: 12 de Março de 2018, 13:52:37 »
sou contra o aborto e gostaria de ouvir a opinião de vocês sobre esse meu debate com uma feminista:

contexto:
- “mas por que não entregar a criança para a adoção ao invés de abortar?”

RESPOSTA DELA:
Eu não sei se você tem conhecimento sobre isso, mas você tem noção de QUANTOS orfanatos existem e em qual situação financeira 90% deles está? Você tem noção da dificuldade que é fazer uma adoção no Brasil? Você tem noção que a grande parte das crianças chega a idade adulta sem ser adotada? E sem estudo de qualidade. E sem saúde adequada. E sem qualquer tipo de boas condições de vida fornecidas. Se alguém não pretende ter o filho por não ter condições de criá-lo o que te faz pensar que um orfanato teria?


Resposta um tanto quanto absurda,  pois obviamente  ser  pobre num orfanato é bem melhor do que ser executado  enquanto se está sendo gerado.  Apenas como hipótese imaginemos que fosse possível fazê-la voltar no tempo e que  então  ela pudesse apertar um de dois  botões (antes de voltar no tempo) que determinassem as seguintes opções:


1)Botão 1:  você será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (será cortada em pedaços);

2)Botão 2: você não será executada quando tiver  2,9 meses  de vida  (não será cortada em pedaços), mas será  entregue a um orfanato do Estado e viverá nele até os 18 anos.


Se isto pudesse ser feito realmente qual será que seria o botão que ela iria realmente apertar ?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:




Você já viu algum crítico do aborto incentivando a adoção, a criação de orfanatos, programas sociais para órfãos, etc? Eu quase nunca vejo.

O pessoal contra o aborto se consideram pró-vida, mas cagam litros para as dificuldades que essas crianças passam. Se elas morrerem 1 ano após o nascimento, dane-se. Isso causa algumas discussões acaloradas, e os mais liberais, ao serem chamados de abortistas, retrucam chamando o outro lado de pró-nascimento, pois com a vida eles não se importam. Só querem que o feto saia, e aleluia, glória, e partem pra outra.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #14 Online: 12 de Março de 2018, 14:24:42 »
Como poderíamos verificar a veracidade de tal afirmação?

Apenas por evidência anedótica.

Sou filha adotiva, só fiquei sabendo disso aos 40 anos e isso em nada mudou minha vida, não saí por aí querendo saber quem foram meus pais biológicos até porque não seria producente, nem material nem psicologicamente.

Me contaram que eu era uma bastarda nascida de uma empregada doméstica estuprada pelo patrão, devidamente defenestrada quando souberam da gravidez, vindo a óbito quando me trouxe ao mundo. Conveniente, pra se dizer o mínimo.

Tive sorte. MUITA sorte. Trabalhei voluntariamente por alguns anos em orfanatos e casas de recolhimento, e digo: eu preferiria mil vezes ter sido abortada do que ter crescido em uma Instituição, mas, como disse antes, dei sorte de ter sido criada como filha e neta amada, então pode me ignorar como parâmetro, se quiser...

GNOSE

Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #15 Online: 12 de Março de 2018, 14:34:10 »
Mas por que todas estas crianças infelizes do orfanato querem viver?

A resposta simples é que é melhor estar vivo em um orfanato que morrer.

Mas podemos pensar também que elas querem viver pelo mesmo motivo que os prisioneiros nos campos de concentração não queriam morrer, pelo mesmo motivo que condenados a morte que serão executados amanhã querem viver o dia de hoje... porque nascemos programados com o instinto de sobrevivência.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #16 Online: 12 de Março de 2018, 15:14:38 »
Mas por que todas estas crianças infelizes do orfanato querem viver?

A resposta simples é que é melhor estar vivo em um orfanato que morrer.

Não me atrevo a falar por todas as "crianças infelizes do orfanato", eu me referi apenas a mim, que isto fique claro.

E é melhor estar vivo debaixo de uma ponte, comendo restos, do que morto. Nossa... :umm:
GNOSE

Offline Lorentz

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #17 Online: 12 de Março de 2018, 15:24:57 »
Mas por que todas estas crianças infelizes do orfanato querem viver?

A resposta simples é que é melhor estar vivo em um orfanato que morrer.

Não me atrevo a falar por todas as "crianças infelizes do orfanato", eu me referi apenas a mim, que isto fique claro.

E é melhor estar vivo debaixo de uma ponte, comendo restos, do que morto. Nossa... :umm:

Ele quis dizer que após nascermos, temos o instinto de sobrevivência. Então preferir estar vivo será sempre verdade, mas impedir uma vida de se formar não é afetado pelo instinto.
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Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #18 Online: 12 de Março de 2018, 15:27:23 »
Ué, se a pessoa está comendo ( ainda que restos ) é porque deseja viver.

Isso me parece um tanto óbvio.

Mas eu não disse que é melhor estar vivo no lixo que morto no luxo. Inicialmente apenas constatei um fato: crianças órfãs em geral querem viver.

Sei porque já fiz o teste. Fui a um orfanato e ameacei as criancinhas com um facão e todas elas saíram gritando apavoradas.

A partir dessa constatação a curiosidade me levou a questionar o porquê delas quererem viver.

A hipótese nº1, a primeira que ocorreria à maioria das pessoas é que elas consideram que morrer é ainda pior que estar em um orfanato.

Mas também conjecturei uma segunda hipótese: talvez seja apenas uma programação biológica, o instinto de sobrevivência.

Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #19 Online: 12 de Março de 2018, 15:28:18 »
Mas por que todas estas crianças infelizes do orfanato querem viver?

A resposta simples é que é melhor estar vivo em um orfanato que morrer.

Não me atrevo a falar por todas as "crianças infelizes do orfanato", eu me referi apenas a mim, que isto fique claro.

E é melhor estar vivo debaixo de uma ponte, comendo restos, do que morto. Nossa... :umm:

Ele quis dizer que após nascermos, temos o instinto de sobrevivência. Então preferir estar vivo será sempre verdade, mas impedir uma vida de se formar não é afetado pelo instinto.

Correct.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #20 Online: 12 de Março de 2018, 15:30:41 »
Ele quis dizer que após nascermos, temos o instinto de sobrevivência. Então preferir estar vivo será sempre verdade, mas impedir uma vida de se formar não é afetado pelo instinto.

Eu sei. Só trocando espantalhos...
GNOSE

Offline Brienne of Tarth

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #21 Online: 12 de Março de 2018, 15:31:46 »
Sei porque já fiz o teste. Fui a um orfanato e ameacei as criancinhas com um facão e todas elas saíram gritando apavoradas.

 :hein:
GNOSE

Offline Pedro Reis

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #22 Online: 12 de Março de 2018, 15:38:48 »
Sei porque já fiz o teste. Fui a um orfanato e ameacei as criancinhas com um facão e todas elas saíram gritando apavoradas.

 :hein:

Ah, não seja hipócrita, Brienne.

Você apertaria o botão nº 1 e fica aí me julgando só porque eu corri atrás das criancinhas com um facão.

Offline El Elyon

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #23 Online: 12 de Março de 2018, 15:45:38 »
Citação de: Lorentz
O pessoal contra o aborto se consideram pró-vida, mas cagam litros para as dificuldades que essas crianças passam. Se elas morrerem 1 ano após o nascimento, dane-se. Isso causa algumas discussões acaloradas, e os mais liberais, ao serem chamados de abortistas, retrucam chamando o outro lado de pró-nascimento, pois com a vida eles não se importam. Só querem que o feto saia, e aleluia, glória, e partem pra outra.

Mas isso é algo facílimo de responder sob uma perspectiva pró-vida - a oposição moral ao assassinato (que é como um argumentador pró-vida encara o aborto) não implica na responsabilidade moral pela sustentação da vida alheia. Caso contrário, todo opositor do assassinato, por consistência de acordo com seu argumento, deveria defender o Estado do Bem Estar Social (essa, aliás, é a postura do Evangelho Social da Igreja Católica, os opositores mais consistentes do aborto).
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São Beda.

Offline Pasteur

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Re:Aborto e Direito à Vida
« Resposta #24 Online: 12 de Março de 2018, 15:48:54 »
Imaginou se o homem engravidasse sendo vítima de estupro? Aí sim gostaria de ver as opiniões dos colegas. Pimenta no c* dos outros....

 

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