A vida não é preto e branco.
Minha resposta nada tem a ver com essa afirmação, basta olhar o argumento a qual me refiro. O próprio autor do tópico o inicia com "sou contra o aborto"
A razão principal não é essa.
Se pra você não é, tudo bem. Mas a posição mainstream de quem é contra o aborto é de que o feto/embrião possui o direito à vida e que deve ser protegido.
Por quê?
Porque para manter a consistência do argumento, a base dele não pode ser abandonada. Se o feto tem direito a vida, o argumento não pode entrar em conflito ou contradição com a base.
Pra ser mais claro:
Situação 1: moça tem gravidez indesejada, está com 2 meses, sem nenhum risco ou problema de saúde, mas deseja abortar por não querer o filho.
A resposta com base no princípio de que o feto/embrião tem direito a vida é de ser contra o aborto nesse caso, pois ele morrerá. E é essa a resposta que é dada pelo mainstream "pro vida"
Situação 2 : moça tem gravidez indesejada, está com 2 meses, foi estuprada e quer abortar, não há risco na gravidez, mas devido à trauma físico e psicológico, a mãe deseja abortar e continuar com a sua vida
a resposta com base no princípio de que o feto/embrião tem o direito à vida é ser contra o aborto também nesse caso. Se o feto tem direito a vida, este direito depende apenas da sua condição é não de fatores externos que o próprio não causou e não tem controle. Foi estupro? Foi, mas ele da mesma forma possui 2 meses de vida e é inocente, portanto, sua vida deve ser protegida. Porém o que se observa é uma exceção, mesmo os mais conservadores dão um passe pra caso de estupro, e a moça poderia abortar, mas isso vai em contradição ao argumento inicial. A atitude de terceiros é que define o seu direito à vida? Não.
Conclusão: o argumento mainstream pro vida tem 2 possibilidades: ou ele é contraditório ao seu princípio. Ou o princípio do argumento não é a proteção da vida do feto, mas a condição da vida da mãe.
A quem não interessa?
A uma lei baseada no princípio exposto.
E a morte da mãe ou de ambos não importa?
Claro que importa, ambos possuem o direito à vida é se sua vida está em risco, ambos devem tentar ser salvos. Isso nada tem a ver com o ponto que eu estava fazendo aqui. Ou você acha que se uma grávida estiver doente os médicos podem dar um remédio pra ela que irá deixar apenas ela boa mas vai matar o feto? Independentemente da permissão ou não do aborto. Uma mulher grávida num hospital é considerada como dois pacientes.
Assassinato?? É sério isso?
Com base no princípio de que o feto tem direito a vida. É um atentado à vida, esqueça o assassinato então.
Assim decreta alguém com zero empatia...
Não é esse o ponto. Alguém poderia chegar com você e dizer que você tem zero empatia pela vida do feto.
Eu fico com um "não concordo", pode ser?
Pode. Mas se você é contra o aborto em certa situação em defesa da vida do feto na situação 1 com base na proteção à vida do feto, mas é a favor na situação 2 , há uma contradição no seu princípio.
O motivo principal de eu ter feito aquele comentário é de que a proibição do aborto não tem muito a ver com a vida do feto, mas sim a atitude da mãe. Se é apenas uma gestação indesejada, é visto como irresponsabilidade e deve ser proibido. A mãe é uma monstra, gostou de fazer e não quer assumir a consequências. No caso de estupro, ela não teve culpa, então passa. A base do argumento é essa, a vida do feto pouco importa.