Autor Tópico: O comunismo dos imbecis  (Lida 612 vezes)

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Offline -Huxley-

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O comunismo dos imbecis
« Online: 14 de Agosto de 2018, 00:08:57 »
O comunismo dos imbecis

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 14 de maio de 2015         

Definir o comunismo como “estatização dos meios de produção”, como o fazem o sr. Marco Antonio Villa e seus admiradores, que por incrível que pareça existem, é descrevê-lo pelo sistema econômico ideal que lhe serve de bandeira e slogan, e não pela sua realidade de movimento político e intelectual com um século e meio de uma história tremendamente complexa.

É explicar fatos históricos pela definição de uma palavra no dicionário, procedimento no qual nenhuma pessoa com mais de doze anos de idade tem o direito de confiar.

Procedimento que se revela ainda mais pueril e inaceitável quando a definição é usada como premissa de um raciocínio (ou raciossímio, diria o Reinaldo Azevedo) segundo o qual um partido que não prega ou pratica ostensivamente a estatização dos meios de produção não pode ser comunista de maneira alguma.

Pois, ao longo de toda a sua história, os grandes partidos comunistas do mundo, a começar pelo da própria URSS, preferiram quase sempre deixar essa meta hipotética e longínqua num discreto segundo plano, ou omiti-la completamente, concentrando-se em objetivos concretos mais imediatos que pudessem compartilhar com outros partidos e forças, ampliando a base das suas alianças possíveis.

Característica, nesse sentido, foi a política do Front Popular, que na década de 30 angariou apoio mundial para a URSS na base de um discurso “antifascista”, onde tudo soava como se nenhuma incompatibilidade tivesse existido jamais entre o regime comunista e os interesses da burguesia democrática dos países ocidentais.

O velho Partido Comunista Brasileiro de Luís Carlos Prestes sempre falou muito menos em estatizar a economia do que em “defender os interesses nacionais” e a “burguesia nacional”, supostamente ameaçados pelo capital estrangeiro.

No período da luta contra a ditadura militar, então, não se ouvia um só comunista, fora do meio estudantil enragé ao qual pertencia o sr. Villa, pregando estatização do que quer que fosse: só clamavam por “democracia”.

Mao Dzedong, no início da carreira, falou tanto em patriotismo antijaponês e foi tão discreto no que diz respeito ao fim do livre mercado, que superou Chiang Kai-Shek nas simpatias do governo americano, ante o qual fez fama de “reformador agrário cristão”.

Mesmo quando se fala em estatização, na maior parte dos casos ela é sempre parcial e aplicada de tal modo que não fira indiscriminadamente os interesses da burguesia e o direito a toda propriedade privada dos meios de produção, mas pareça mesmo favorecê-los a título de “aliança entre Estado e iniciativa privada”. Mesmo no Chile de Allende foi assim.

Sendo, malgrado todas as suas mutações e ambiguidades, um movimento organizado de escala mundial, o comunismo sempre comportou uma variedade de subestratégias locais diferenciadas, as quais, não raro, se pareciam tanto com um comunismo de dicionário quanto as intrigas diplomáticas do Vaticano se parecem com a salvação da alma.

A famosa “solidariedade comunista internacional” consiste precisamente numa bem articulada divisão de trabalho, de modo que as ações dos partidos comunistas locais contribuam para o sucesso mundial do movimento pelas vias mais diversas e às vezes até incompatíveis em aparência.

Nos anos 30 do século passado, Stálin ordenou que o Partido Comunista Americano se abstivesse de tentar organizar a militância proletária e, em vez disso, se concentrasse em ganhar o apoio de bilionários, de intelectuais célebres e do beautiful people da mídia e do show business, na base de apelos ao “pacifismo”, aos “direitos humanos” e à “democracia”, de modo que o discurso comunista se tornasse praticamente indistinguível dos ideais formadores do sistema americano.

Nessa perspectiva, arregimentar militantes e intoxicá-los de doutrina marxista era muito menos importante do que seduzir possíveis “companheiros de viagem”, pessoas que, sem ser comunistas nem mesmo em imaginação, pudessem, nos momentos decisivos, colaborar com as iniciativas do Partido e com os interesses da URSS, usando, justamente, da sua boa fama de insuspeitas de comunismo.

Foi por isso que o Partido, na América, sempre foi uma organização minúscula, dotada de um poder de influência desproporcional com o seu tamanho.

O objetivo dessa estratégia era não só criar em torno do comunismo uma aura de humanismo inofensivo, mas também fazer do capitalismo americano a fonte de dinheiro indispensável à sustentação de um movimento político sempre deficitário quase por definição.

A operação teve sucesso não só em desviar para a URSS e para o PCUSA quantias vultuosas provenientes das grandes fortunas privadas, mas em transformar o próprio governo americano no principal mantenedor e patrono do regime soviético, que sem isso não teria sobrevivido além dos anos 40.

Quanto a este segundo ponto, é evidente que simples idiotas úteis e agentes de influência não poderiam ter obtido tão esplêndido resultado; eles serviram apenas para dar suporte moral e político à ação de agentes de interferência, profissionais de inteligência altamente treinados, cuja infiltração maciça nos altos postos do governo de Washington, como se sabe hoje, foi muito além do que poderia ter calculado, na época, o infeliz senador Joe McCarthy.

Por todos esses exemplos vê-se como é imbecil esperar que um partido saia pregando a “estatização dos meios de produção” para só então notar que ele é comunista.

O próprio PT já deixou clara, para quem deseje vê-la, a sua quádrupla função e tarefa no movimento comunista internacional:

1. No plano diplomático, alinhar o Brasil com o grande bloco antiocidental encabeçado pela Rússia e pela China. O BRICS não é nada mais que uma extensão embelezada da Organização de Cooperação de Shanghai, que já expliquei aqui em 2006 (leia aqui).

2. Na esfera de ação continental, salvar e fortalecer o movimento comunista, como bem o reconheceram as Farc, mediante a criação do Foro de São Paulo e de um sistema de proteção que permita a transfiguração da narcoguerrilha, ameaçada de extinção no campo militar, em possante e hegemônica força política e econômica.

3. Por meio de empréstimos ilegais e da corrupção, usar os recursos do capitalismo brasileiro para salvar os regimes comunistas economicamente moribundos, como os de Cuba e de Angola.

4. Na política interna, eliminar as oposições, aparelhar o Estado e estabelecer de maneira lenta, discreta e anestésica um poder hegemônico indestrutível.

Quem tem toda essa complexa e portentosa missão a cumprir há de ser louco de sair por aí pregando “estatização dos meios de produção” para assustar e pôr em fuga a burguesia local, sem cuja colaboração o cumprimento da tarefa se torna impossível?

Na perspectiva do sr. Marco Antonio Villa, nada disso é atividade comunista, já que falta “estatizar os meios de produção”.

A desproporção entre a complexidade do fenômeno comunista e a estreiteza mental de um autor de livrinhos compostos de recortes de jornal já é patética por si, sem que ele precise ainda enfatizá-la afetando sua superioridade de portador de um diploma ante os que, sem diploma nenhum, conhecem a matéria porque a estudaram.

Como eu mesmo me incluo entre estes últimos, sendo tão carente de estudos formais quanto Machado de Assis, João Ribeiro, Capistrano de Abreu, Luís da Câmara Cascudo, Manuel Bomfim, José Veríssimo e outros construtores maiores da cultura brasileira, deve parecer mesmo revoltante ao sr. Villa que eu tenha acumulado mais honrarias acadêmicas, prêmios literários, citações em trabalhos universitários e aplausos de grandes intelectuais de três continentes do que ele, com seu canudinho da PUC e seu currículo mirim, poderá angariar em trinta reencarnações, caso existam.

Entre os anos 40-70 do século passado, a idolatria dos diplomas, tão característica da Primeira República e tão bem satirizada nos romances de Lima Barreto, parecia uma doença infantil finalmente superada numa época em que a cultura brasileira ia vencendo o subdesenvolvimento e igualando-se às de países mais ricos.

Um quarto de século de “Nova República”, e sobretudo doze anos de PT no poder, trouxeram-na de volta com força total, numa espécie de compensação ritual que, sentindo vagamente no ar a ausência da alta cultura desfeita em pó, busca apegar-se supersticiosamente aos seus símbolos convencionais, como o viúvo inconsolável que dorme agarrado a um chumaço de cabelos da falecida, para trazê-la de volta.

Não é de todo coincidência que entre os sacerdotes desse culto caquético se destacassem justamente alguns daqueles que minutos antes perguntavam “Diploma para quê? ” e buscavam persuadir a nação de que a fé democrática trazia como corolário a obrigação de eleger um semianalfabeto presidente da República.

Uma vez que o Partido domina as universidades, é indispensável que elas monopolizem a atividade cultural, marginalizando e achincalhando toda criação ou pensamento independente.

Se o sr. Villa colabora gentilmente com esse empreendimento, não há nisso nada de estranho, já que ele se empenha também em acobertar as atividades do Foro de São Paulo, reduzindo todo combate antipetista a uma “luta contra a corrupção” imune ao pecado mortal de anticomunismo.

Qualquer que seja o caso, num país em que cinquenta por cento dos formandos das universidades são comprovadamente analfabetos funcionais, todo portador de um diploma deveria pensar duas vezes antes de exibi-lo como prova de competência, para não falar de superioridade.

Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/o-comunismo-dos-imbecis/
« Última modificação: 14 de Agosto de 2018, 01:01:38 por -Huxley- »

Offline 3libras

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #1 Online: 14 de Agosto de 2018, 02:31:44 »
Tem-se essa ideia em grande parte por uso de anacronismos, achando que linhas políticas e ideológicas não evoluem com o tempo e pela ausência de entendimento dos diacronismos e sincronismos existente com outras linhas de pensamento.

Por exemplo, cristãos defenderam a união de estado e igreja e cristãos também foram os primeiros a defender regimes laicos.

Alguém que não saiba usar as ferramentas históricas adequadamente acaba caindo nisso.

Porém eu acho que o VIlla não é esse boçal que a esquerda pinta e nem o gênio que a direita diz que ele é.

É um cara que usa as ferramentas históricas e sabe separar bem o que é opinião do que é análise histórica (pena que seus fãs e seus desafetos misturem isso )
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Offline -Huxley-

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #3 Online: 14 de Agosto de 2018, 12:44:13 »
O que seria não-comunismo?

Não-comunismo é a negação do comunismo. Comunismo, na visão do autor do artigo, seria definido como a luta pelo "controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um 'modo de produção' cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos".

Offline pehojof

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #4 Online: 14 de Agosto de 2018, 15:43:32 »
O que seria não-comunismo?

Capitalismo individualista.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #5 Online: 14 de Agosto de 2018, 19:14:08 »
Você compra e vende coisas para si mesmo, brincando de capitalisminho?





O que seria não-comunismo?

Não-comunismo é a negação do comunismo. Comunismo, na visão do autor do artigo, seria definido como a luta pelo "controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um 'modo de produção' cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos".

Ou seja, é infalseável. Você pode dizer que qualquer grupo que advogue por alguma mudança na sociedade é comunista, como olavetes que dizem que o MBL é comunismo fabiano e etc.

Offline pehojof

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #6 Online: 14 de Agosto de 2018, 21:07:01 »
Você compra e vende coisas para si mesmo, brincando de capitalisminho?

Não, quem brinca disso são os comunistas. :) Como não dá certo, roubam dos outros. :no: :hmph: :nojo: :enjoo:







O que seria não-comunismo?

Não-comunismo é a negação do comunismo. Comunismo, na visão do autor do artigo, seria definido como a luta pelo "controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um 'modo de produção' cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos".

Ou seja, é infalseável. Você pode dizer que qualquer grupo que advogue por alguma mudança na sociedade é comunista, como olavetes que dizem que o MBL é comunismo fabiano e etc.

Agora diga você: afinal existe capitalismo que não seja comunismo? :hein:

O que você "espera" como "resposta" à sua "questão"? :?
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Offline -Huxley-

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #7 Online: 14 de Agosto de 2018, 21:58:56 »
O que seria não-comunismo?

Não-comunismo é a negação do comunismo. Comunismo, na visão do autor do artigo, seria definido como a luta pelo "controle efetivo e total da sociedade civil e política, sob o pretexto de um 'modo de produção' cujo advento continuará e terá de continuar sendo adiado pelos séculos dos séculos".

Ou seja, é infalseável. Você pode dizer que qualquer grupo que advogue por alguma mudança na sociedade é comunista, como olavetes que dizem que o MBL é comunismo fabiano e etc.

Como é uma visão de significado do comunismo baseado numa teoria que Olavo possui em relação a esse conceito, que é explicado no artigo "O comunismo real", então não há como categorizar um liberal como "comunista" nessa perspectiva. No arcabouço teórico de Olavo, mesmo os comunistas sabem que a economia é por natureza a parte mais incontrolável da vida social, daí ser perfeitamente compreensível que os governos comunistas de todos os continentes fizeram o possível para controlar o que fosse controlável no aspecto econômico, utilizando os canais de partidos e movimentos políticos, a mídia, a educação popular, a religião e as instituições de cultura, tudo isso sem a menor necessidade de exercer um impossível controle igualmente draconiano sobre a produção. Assim, nessa perspectiva, um verdadeiro fomento liberal econômico, seja por meio direto ou indireto, seria um suicídio da militância comunista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #8 Online: 17 de Agosto de 2018, 21:00:06 »
Olavo de Carvalho diz que agora os comunistas são secretamente a favor da liberdade de mercado, objetivando apenas um comunismo verdadeiro em escala mundial, em longo prazo.

Não sei se ele chega a equiparar os liberais a comunistas como faz com fascistas (são no mínimo bestas quadradas, xingamento que admito que deveria ser reavivado), mas ele diz que são culpados/cúmplices em fazerem uma oposição apenas no sentido de liberalismo econômico (ou liberdade em geral), enquanto aceitam ao esquerdismo cultural, "abortismo, gayzismo, feminismo, maconhismo", etc. Que são as armas de dominação do comunismo.






















Agora diga você: afinal existe capitalismo que não seja comunismo? :hein:

O que você "espera" como "resposta" à sua "questão"? :?

As definições de livros-texto sem teorias de conspiração. Propriedade comunal, provavelmente abolição de capital, etc e tal.

Offline -Huxley-

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #9 Online: 17 de Agosto de 2018, 22:04:45 »
Essa crítica de Olavo de Carvalho só poderia ser extrapolada ao que você disse se todos os liberais se preocupassem com uma coisa, a liberdade de mercado, e no mais, fossem favoráveis a todo programa cultural e moral da esquerda. Eles estariam "ajudando em tudo aquilo onde os comunistas estão efetivamente lutando", mas, só ao dizer essa frase, Olavo já pressupõe que eles seriam colaboradores acidentais, mas não colaboradores deliberados do comunismo. Ele acha que quem se enquadra nessa categoria seria "a maior parte do pessoal que se diz liberal"*, e não todos os liberais de fato. Isso não é um fato trivial, pois ser liberal e se dizer liberal são duas coisas muito distintas. Mas, mesmo assim, acho que a generalização dele seja bastante imprudente.

* O discurso em que ele fala disso:
« Última modificação: 17 de Agosto de 2018, 23:45:58 por -Huxley- »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #10 Online: 30 de Maio de 2019, 23:31:18 »
Importantíssimo complemento às elucubrações expostas no texto citado na mensagem inicial:

Citação de: Olavo de Carvalho
[...] Em primeiro lugar, a religião do Novo Mundo é maçônica. Todos os signatários da Declaração da Independência, sem exceção, pertencem a alguma loja maçônica. Desse momento em diante, ninguém, mas absolutamente ninguém faz carreira política nas três Américas sem ter de entrar para a Maçonaria, prestar satisfações à Maçonaria ou enfrentar a Maçonaria. O fato é demasiado notório para que seja preciso demonstrá-lo. A carreira de Fernando Henrique Cardoso — o político ruim de voto que, recebendo a iniciação maçônica, em poucos anos chega à presidência vencendo a candidatura aparentemente imbatível de Luís Inácio Lula da Silva — ilustra-o novamente.

[...]

[...] As duas guerras mundiais do século XX tiveram como único resultado duradouro a destruição final das potências coloniais européias e a ascensão dos EUA condição de Império mundial: o nazifascismo e a URSS não foram, dentro do curso maior da História, senão momentos dialeticamente absorvidos na linha perfeitamente nítida de desenvolvimento que leva da Revolução maçônica à mundialização do Estado leigo e à americanização do mundo. [...]

[...] E, quando examinado do ponto de vista de suas conseqüências psicológicas, culturais e espirituais, a ascensão do Império mundial é, como vimos ao longo dos últimos capítulos deste livro, uma ameaça tenebrosa. 

[...] o antagonismo conceptual das formas políticas denominadas “neoliberalismo” e “socialismo” ou“socialdemocracia” tende a obscurecer o fato de que aquilo que se propõe como perspectiva de futuro a um mundo pós-socialista não é o neoliberalismo “em si”, como mera estrutura abstrata de um Estado possível, e sim o neoliberalismo encarnado na forma concreta do Império, e aliás fortemente tingido de elementos socialdemocráticos. O destino do mundo não se decide hoje num conflito entre formas de regimes possíveis, mas sim, por trás desse conflito aparente, na contradição interna do Estado imperial, que parece só poder crescer à custa da destruição do legado espiritual de onde ele extrai sua única legitimação moral possível. É neste e só neste sentido que se pode ver alguma utilidade na expressão de Daniel Bell sobre o “fim da ideologia”: no novo quadro mundial, já não se trata de um conflito entre ideologias – por mais que um hábito de dois séculos induza muitos intelectuais a continuarem encarando as coisas por esse prisma –, mas sim de um confronto entre os elementos espirituais e os elementos ideológicos no seio do Estado imperial, conflito que por força da expansão desse Estado se alastra para o mundo todo.

Alastra-se até o ponto de contaminar até mesmo aquelas forças que, nominalmente, são ou se imaginam as mais antagônicas ao Império: pois no coração do mundo islâmico o que se vê hoje é que a resistência à expansão imperial acaba por endurecer e desespiritualizar a tradição mussulmana, fossilizando-a no simplismo belicoso e grosseiro do chamado fundamentalismo,[ 264 ] isto é, reduzindo a religião a um receituário ideológico como qualquer outro, fazendo com que cada novo jihad só sirva para desvitalizar e reduzir a uma horrenda caricatura a tradição que imagina defender. Se, de um lado do mundo, o Estado imperial leigo usurpou o manto de Cristo, do outro lado o sionismo ateu usurpou a autoridade de Moisés e a ideologia fundamentalista usurpou a mensagem corânica trazida por Mohammed. O que está em jogo no mundo não é portanto um mero conflito entre  ideologias, mas sim a possibilidade de sobrevivência espiritual da humanidade num mundo onde todas as opções ideológicas díspares e antagônicas se uniram num pacto entre inimigos para varrer da face da Terra o legado das antigas religiões – pelo menos das três grandes religiões do grupo abrahâmico –, de cujo crédito essas ideologias se alimentam parasitariamente. A total laicização do Estado imperial trouxe consigo a laicização de todos os conflitos, o rebaixamento de todas as religiões e de todos os valores civilizacionais, a degradação de todos os motivos pelos quais os homens vivem e morrem.
[...]

O fato é que, sepultado o comunismo, os Estados Unidos voltam a ser a sede central da Revolução mundial, tal como no século XVIII foram seu berço. E o herdeiro nominal da tradição cristã assume sua identidade pós-cristã, ou anticristã, precisamente no momento em que as outras duas grandes religiões vizinhas se encontram também desvitalizadas,laicizadas e cortadas de suas fontes espirituais. Pela primeira vez na história do mundo a humanidade vive o perigo de uma ruptura completa com o Espírito, de uma total imersão no “historicismo absoluto”, de um total fechamento da porta dos céus.

[...]

 
No caso norte-americano, as coisas parecem equacionar-se de maneira um tanto diferente, na medida em que a casta sacerdotal não é cristã, e sim maçônica. Mas – e este é o pivô do drama – a Maçonaria só exerce uma parte das atribuições de uma casta sacerdotal: ela é o esoterismo, o rito interior, secreto ou discreto, que molda a mentalidade da elite intelectual e governante, ao passo que, no reino exterior ou exotérico, a alma do povo continua a ser formada, hoje como sempre, pela influência do clero cristão – católico ou protestante. Daí entendemos que a ascensão do governo maçônico se prevalece do prestígio cristão anexado de fora aos valores e princípios da democracia, mas não é capaz de dar a esses valores e princípios, desde que privados da seiva cristã que os alimenta, uma força de subsistência autônoma: a vitória da elite maçônica traz em si os germes de sua própria destruição, na medida em que, quanto mais se laiciza a sociedade, menos coerência, menos credibilidade e menos funcionalidade têm os valores democráticos em nome dos quais essa elite chegou ao poder e governa. O menos inviável dos regimes terminará por inviabilizar-se quando terminar de corroer, em nome da democracia, os princípios religiosos a que a idéia democrática deve toda a sua substância. [...]

[...]

Na medida em que o ideal maçônico do Estado leigo democrático se realiza, ele se assume como independente do cristianismo e, na mesma proporção, põe à mostra suas próprias fraquezas e contradições. Ele prega, por exemplo, que devemos respeitar a vida humana como um bem sagrado, ao mesmo tempo que ensina nas escolas que ela não é senão o resultado fortuito de uma combinação de átomos; que as diferentes culturas devem ser preservadas em sua pureza, contanto que consintam em perder toda importância vital e em tornar-se adornos turísticos para embelezar a cultura maçônico-democrática; que o homem tem o direito de cultuar Deus à maneira de sua religião, contanto que coloque acima desse Deus as leis e instituições do Estado leigo; que a liberdade sexual é um direito inalienável, contanto que os homossexuais não pratiquem sodomia e os heterossexuais não façam propostas eróticas às mulheres; e assim por diante, numa permanente estimulação contraditória que está na raiz da violência e da loucura que hoje marcam a sociedade americana e todas as sociedades que se colocaram sob a órbita da influência ideológica da Revolução Americana.

[...]

[...] porque a lei religiosa, não podendo ser mudada por arbítrio humano, é a instância superior onde se arbitram todos os conflitos entre facções, sejam elas religiosas ou políticas, ao passo que toda legislação política, sendo a expressão da ideologia de um grupo vencedor, é sempre um juiz parcial na hora de julgar os vencidos. Se as religiões – todas elas, ou praticamente todas – já deram provas de poder adaptar-se a todas as culturas,a todas as sociedades, a todas as constituições políticas, é porque elas existem e vigoram num plano de universalidade superior ao de todas as culturas, sociedades e constituições políticas. É porque, como disse São Paulo Apóstolo, o homem espiritual julga a todos e não é julgado senão por Deus. Na ausência da autoridade espiritual – que não se confunde de maneira alguma com as hierarquias de nenhuma burocracia eclesiástica, mas reside naqueles homens em que se manifesta de maneira patente o espírito mesmo da religião –, o poder é o único juiz.

[...]

[...] É ainda nos Estados Unidos que se encontra hoje o mais poderoso núcleo de resistência ao avanço do ateísmo oficial — o que abrange desde as comunidades que se organizam contra a lei do aborto até a elite espiritual concentrada em torno de figuras como Seyyed Hossein Nasr — exilado iraniano —, Huston Smith, Victor Danner e outros, profundamente influenciada pelo pensamento de Frithjof Schuon, homem espiritual de primeiro plano e inventor do único método válido já concebido para a comparação e aproximação das religiões. [...]



Se pesquisa por esse nome junto a "ritual" a primeira imagem é de um círculo de pelados sentados (mas é uma imagem de banco de imagens, provavelmente não registro desses eventos específicos).

Parece balbúrdia de faculdades, muito estranho...

O nome do ritual é "primordial gathering".

Pesquisando por isso junto ao nome vem essa foto:





É esse. Olavo entrou na tariqa dessa figura que sofreu um processo nos EUA por acusações de pedofilia.

Tem informações no blog do link, mas não consegui entender muita coisa porque está em Francês.

http://dossierschuonguenonislam.blogspirit.com/archive/2016/08/19/dossier-affaire-schuon-liens-3078361.html



Na imagem acima está o mesmo Schuon vestido de índio americano usando um capacete viking, ao lado de jovens seminuas. Dá uma ideia da palhaçada que deveria ser.

Ele saiu dessa seita por causa de desavenças financeiras e foi para a imprensa dizer que estava ameaçado de morte. Tudo indica que a seita era uma arapuca total. Depois disso ficou um tempo sumido.

Acredito que os órgãos de informação tenham conhecimento mais detalhado a respeito dos trambiques de Olavo.



Dá muito sobre o que se pensar. E é sempre importante ter também como referência algo básico, elementar, e fundamental, de astrologia e sua influência no comunismo e no capitalismo.


"A Astrologia é um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um analfabeto, um estúpido" - Olavo de Carvalho

Offline Sergiomgbr

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #11 Online: 30 de Maio de 2019, 23:51:30 »
Você compra e vende coisas para si mesmo, brincando de capitalisminho?

Não, quem brinca disso são os comunistas. :) Como não dá certo, roubam dos outros.
:duh:   
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O comunismo dos imbecis
« Resposta #12 Online: 31 de Maio de 2019, 11:00:38 »
Com relação à argumentação de Olavo de Carvalho de que comunismo = ateísmo = degeneração-da-democracia-(ainda-que-tirania-não-seja-tão-má) = imoralidade:

Citar
<a href="https://www.youtube.com/v/hOtUDQe4p5Y" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/hOtUDQe4p5Y</a>

PragerU posted a video called "Why God is a He," hosted by Dennis Prager himself. He argues that the biblical god is considered male for practical reasons. Prager asks, "Is God a man, a woman, or a genderless force that cannot be identified by masculine or feminine traits?" Dr. Hector Garcia, a clinical and evolutionary psychologist, author of Alpha God, joins me here to debunk Prager's claims, and show how evolutionary psychology explains the biblical god's gender. That god is a typical alpha male primate, which in the old and new testaments, acts with jealousy and aggression, like any male ape would. Thanks for working with me on this PragerU response, Doc!


O psicólogo evolutivo Hector Garcia destrincha a argumentação de Dennis Prager sobre o papel "Deus" como guia moral e a "vantagem estratégica" dessa entidade ser descrita como masculina apesar de não ser homem e nem mulher.


 

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