Para chegar aos níveis superiores é preciso ser (1) crédulo e pouco inteligente ou (2) muito inteligente e intelectualmente desonesto. Céticos, inteligentes com honestidade intelectual nem passam na porta. Inteligentes com "mente aberta" e intelectualmente bem intencionados acabam caindo fora logo. Pode existir ainda uma terceira categoria de iludidos: os socialmente desajustados que apesar de supostas inteligência e honestidade intelectual fazem qualquer sacrifício para se livrar do seus estados de privação social. Estão lá mais porque o pessoal é maneiro e dão a atenção que necessitam tanto.
Doeu, Eliphas?
Doeu a lógica por trás do texto. Veja, você incorre pela terceira vez no mesmo erro - a necessidade de imediatamente rejeitar, rotular, encaixotar e engavetar algo que não sabe como interpretar cognitivamente. Para não ser confrontado com o desconhecido, você necessita repetir para si mesmo uma explicação material, social, psicológica, o que for, na ânsia de se ver urgentemente livre da remota possibilidade de ter que criar novas categorias interpretativas, de estar diante de um novo modelo de experiência, de ter, enfim, que de alguma forma expandir a sua capacidade de apreensão do mundo. Não! Isso é perigosíssimo. O "livre-pensamento" ateísta e materialista tem seus limites - a partir de certo ponto, pode pôr-se em risco. Por isso, para que possa se manter em salvaguarda, confortável e invulnerável, é mister julgar-se conhecedor de tudo e entoar para si mesmo o repetitivo mantra de que todos os outros devem ser otários, desajustados, iludidos, cegos, fanáticos, bobocas etc. Eu, o ateuzinho ocidental do sécXXI, sou a epitome e auge de toda a sabedoria produzida pelas ciências, filosofias e tradições ocidentais e orientais, e todos os demais são ou tolos, ou desonestos, ou desajustados etc. Enfim, novamente a "religião universal" do preconceito, da autoafirmação e da rejeição da alteridade.
OBS: Ter sido membro de uma certa instituição X, mesmo que por décadas, não torna alguém mais conhecedor do esoterismo do que seguir o Olavo no YouTube torna alguém perito em Ciência Política. Analogamente falando, sair de lá pensando conhecê-lo e criticá-lo e algo meio parecido com alguém que vire um detrator do estudo de Filosofia após dispender anos da própria vida com Olavo e descobri-lo charlatão. A revolta mimizenta e individual do ex-seguidor é incapaz de ferir a Edmund Burke.