Autor Tópico: pergunte a um místico  (Lida 1375 vezes)

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Offline Eliphas Levi

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pergunte a um místico
« Online: 05 de Dezembro de 2019, 12:20:11 »
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Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #1 Online: 05 de Dezembro de 2019, 12:32:19 »
Por quê em vez da objetividade, da ciência e do esclarecimento, o mistério a ambiguidade e a elusividade inerentes ao misticismo?
« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 12:34:20 por Sergiomgbr »
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #2 Online: 05 de Dezembro de 2019, 12:51:21 »
Por quê em vez da objetividade, da ciência e do esclarecimento, o mistério a ambiguidade e a elusividade inerentes ao misticismo?
Bom dia, ir. sérgio. Obrigado pela pergunta.

Não vamos ao escritório de bermuda, e nem de terno para a praia, certo? Cada coisa em seu lugar.

Imagine que alguém, escutando a Flauta Mágica de Mozart, comece a dizer - "por que vocês estão contemplando isso? por que estão se comovendo? é apenas um monte de ondas sonoras, frequências, hertz!". Bem, certamente tomaríamos alguém assim por um sujeito limitado, certo? De certa forma, embotado até.

"Amor é fogo que arde sem se ver" diz um poema. Imagine um cético que, diante disso, interrompa a declamação para protestar - "Ué, mas amor não é fogo! Fogo é fogo, amor é amor! Amor é dopamina! Dopamina não arde!" etc etc.

O que temos que entender é que nós, seres humanos, somos um verdadeiro micro-cosmo (pequeno universo). Temos uma riqueza de faculdades e percepções que nos permitem explorar diversas esferas da experiência. Um exemplo para facilitar o entendimento:

Imagine tentar apreender um livro unicamente através dos sentidos e da investigação empírica. OK, você pode descrever o material de que as folhas são feitas, as espessura da capa, o traço da fonte dos caracteres, analisar seu peso, sua conservação etc. O significado do livro, isto é, a essência das ideias que o espírito de um autor quis ali colocar, não podem ser apreendidas unicamente no plano da matéria. Sim, nossos olhos leem letras, sim, nossas mãos tocam o objeto-material do livro, mas algo que é, em nós, invisível e inteligível, toca e apreende relações e conceitos que são, eles também, invisíveis e inteligíveis.

Em suma, não é um caso de "por que o mistério em vez da objetividade", como se eles se opusessem, mas sim de colocá-los cada um em seu devido lugar. A ciência é boa quando aplicada ao plano da matéria, conhecendo as propriedades de suas leis e elementos. Alguém que tente explicar os fenômenos materiais e objetivos da realidade através de misticismo é tão tolo e embotado quanto alguém que tente reduzir a profundidade, valor e significado da existência humana aos fatores puramente biológicos e materiais.

Tenho olhos. Meus olhos percebem luz. Se quero perceber sons, não o farei olhando para eles. Tenho ouvidos. Meus ouvidos percebem sons. Se quero perceber luzes, não o conseguirei escutando. Para a luz, olhos; para os sons, ouvidos. Nossa mente também possui diversas faculdades, das mais objetivas e lógicas às mais profundas, simbólicas e íntimas camadas da nossa essência. Cada uma de nossas faculdades é apropriada para um modo específico de contato e investigação da experiência.
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Offline Pedro Reis

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #3 Online: 05 de Dezembro de 2019, 12:54:30 »
Ué, a pergunta óbvia que me vem à cabeça é: qual a diferença de um místico para um esoterista?

E o desdobramento natural desta: o que um místico pode me responder que um esoterista não pode?

Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #4 Online: 05 de Dezembro de 2019, 13:03:43 »
Por quê em vez da objetividade, da ciência e do esclarecimento, o mistério a ambiguidade e a elusividade inerentes ao misticismo?
Bom dia, ir. sérgio. Obrigado pela pergunta.

Não vamos ao escritório de bermuda, e nem de terno para a praia, certo? Cada coisa em seu lugar.

Imagine que alguém, escutando a Flauta Mágica de Mozart, comece a dizer - "por que vocês estão contemplando isso? por que estão se comovendo? é apenas um monte de ondas sonoras, frequências, hertz!". Bem, certamente tomaríamos alguém assim por um sujeito limitado, certo? De certa forma, embotado até.

"Amor é fogo que arde sem se ver" diz um poema. Imagine um cético que, diante disso, interrompa a declamação para protestar - "Ué, mas amor não é fogo! Fogo é fogo, amor é amor! Amor é dopamina! Dopamina não arde!" etc etc.

O que temos que entender é que nós, seres humanos, somos um verdadeiro micro-cosmo (pequeno universo). Temos uma riqueza de faculdades e percepções que nos permitem explorar diversas esferas da experiência. Um exemplo para facilitar o entendimento:

Imagine tentar apreender um livro unicamente através dos sentidos e da investigação empírica. OK, você pode descrever o material de que as folhas são feitas, as espessura da capa, o traço da fonte dos caracteres, analisar seu peso, sua conservação etc. O significado do livro, isto é, a essência das ideias que o espírito de um autor quis ali colocar, não podem ser apreendidas unicamente no plano da matéria. Sim, nossos olhos leem letras, sim, nossas mãos tocam o objeto-material do livro, mas algo que é, em nós, invisível e inteligível, toca e apreende relações e conceitos que são, eles também, invisíveis e inteligíveis.

Em suma, não é um caso de "por que o mistério em vez da objetividade", como se eles se opusessem, mas sim de colocá-los cada um em seu devido lugar. A ciência é boa quando aplicada ao plano da matéria, conhecendo as propriedades de suas leis e elementos. Alguém que tente explicar os fenômenos materiais e objetivos da realidade através de misticismo é tão tolo e embotado quanto alguém que tente reduzir a profundidade, valor e significado da existência humana aos fatores puramente biológicos e materiais.

Tenho olhos. Meus olhos percebem luz. Se quero perceber sons, não o farei olhando para eles. Tenho ouvidos. Meus ouvidos percebem sons. Se quero perceber luzes, não o conseguirei escutando. Para a luz, olhos; para os sons, ouvidos. Nossa mente também possui diversas faculdades, das mais objetivas e lógicas às mais profundas, simbólicas e íntimas camadas da nossa essência. Cada uma de nossas faculdades é apropriada para um modo específico de contato e investigação da experiência.
Ou seja, embromation wins.  :biglol:
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #5 Online: 05 de Dezembro de 2019, 13:20:07 »
Ou seja, embromation wins.  :biglol:
Amigo, de uma forma sincera e verdadeira, foi isso ("embromation") o que você conseguiu extrair e entender do que eu disse? Juro que fiz um esforço para sintetizar e ser direto. Você leu tudo? Entendeu? Qual foi a embromação?
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Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #6 Online: 05 de Dezembro de 2019, 13:23:17 »
Ou seja, embromation wins.  :biglol:
Amigo, de uma forma sincera e verdadeira, foi isso ("embromation") o que você conseguiu extrair e entender do que eu disse? Juro que fiz um esforço para sintetizar e ser direto. Qual a embromação?
Me responda você,  você é que é o místico aqui... 
« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 13:27:59 por Sergiomgbr »
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #7 Online: 05 de Dezembro de 2019, 13:27:09 »
Ou seja, embromation wins.  :biglol:
Amigo, de uma forma sincera e verdadeira, foi isso ("embromation") o que você conseguiu extrair e entender do que eu disse? Juro que fiz um esforço para sintetizar e ser direto. Qual a embromação?
Me responda você,  você é que é o místico.
Claro, irmão. Qual sua pergunta? Se não entendeu algum trecho de meu texto anterior, pode por favor "quotar" explicitando a dúvida para que eu explique?
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #8 Online: 05 de Dezembro de 2019, 13:41:59 »
Ué, a pergunta óbvia que me vem à cabeça é: qual a diferença de um místico para um esoterista?

E o desdobramento natural desta: o que um místico pode me responder que um esoterista não pode?
Esoterismo é a interpretação interior, filosófica e profunda das vestes e formas de um culto exterior. Se opõe assim ao exoterismo, que caracteriza a crença literal e a religiosidade vulgar. Então, por exemplo, um católico que vai à missa e cumpre seus preceitos pratica uma religiosidade exotérica. Já alguém que se relacione de maneira profunda com o significado interior daquelas imagens, símbolos e formas exteriores pratica um culto esotérico. Na vertente esoterista de Louis-Claude de Saint-Martin (a que sigo), por exemplo, todos os acontecimentos bíblicos são alegorias de uma transformação espiritual - a Criação e a Queda no Genesis não se tratam de figuras literais de um passado mágico, mas acontecimentos interiores. Nesse sentido, a "Queda de Adão" é a história de todos nós - a individuação, a separação, a vinda do homem a este mundo e sua solidão existencial são verdades essenciais mascaradas pelas imagens figuradas da religiosidade. No Hinduísmo, um exemplo de esoterismo é a tradição do Advaita Vedanta - enquanto o povo pratica superstições e venera ídolos com suas histórias e propriedades, os Vedantistas tomam aquele panteão de divindades por símbolos da míriade de diferentes expressões e qualidades do Ser Absoluto. Assim, praticam uma compreensão profunda, interior, daquela mesma religião.

Já o misticismo é a experiência pessoal e direta da União, da absorção extática que arrebata a alma de seus vícios, egoidade, desejos e imperfeições. Uma experiência mística pode ser breve, como os satoris do Zen-Budismo ou causar impressões tão profundas que modifiquem para sempre a atitude de alguém no mundo, especialmente pela transformação moral que acarreta, marcada pelos sentimentos de Amor e Compaixão por toda a humanidade, como na história de Sidarta.

Sou ambos, esoterista e também místico, mas é possível que alguém estude o esoterismo de maneira puramente objetiva (não sendo místico), bem como alguém pode passar por uma experiência mística sem ter tirado ainda o véu da religiosidade exotérica.
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Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #9 Online: 05 de Dezembro de 2019, 14:00:54 »
Ou seja, embromation wins.  :biglol:
Amigo, de uma forma sincera e verdadeira, foi isso ("embromation") o que você conseguiu extrair e entender do que eu disse? Juro que fiz um esforço para sintetizar e ser direto. Qual a embromação?
Me responda você,  você é que é o místico.
Claro, irmão. Qual sua pergunta? Se não entendeu algum trecho de meu texto anterior, pode por favor "quotar" explicitando a dúvida para que eu explique?
Vamos lá. Por exemplo,  isso aqui(até para  não me estender muito a gastar bits a toa  ao me  prolongar a questionar todo resto)
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Não vamos ao escritório de bermuda, e nem de terno para a praia
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 14:08:24 por Sergiomgbr »
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Offline Pedro Reis

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #10 Online: 05 de Dezembro de 2019, 14:02:36 »
Em suma, não é um caso de "por que o mistério em vez da objetividade", como se eles se opusessem, mas sim de colocá-los cada um em seu devido lugar. A ciência é boa quando aplicada ao plano da matéria, conhecendo as propriedades de suas leis e elementos. Alguém que tente explicar os fenômenos materiais e objetivos da realidade através de misticismo é tão tolo e embotado quanto alguém que tente reduzir a profundidade, valor e significado da existência humana aos fatores puramente biológicos e materiais.


Do meu ponto de vista, o embotado reducionista é você. E antes que se ofenda, atente para o fato que você me chamou de embotado primeiro.

Pois é...

Está lembrado daquele texto narrando minha pequena odisseia no riacho de Valério?

O que imagina que eu quis dizer?

No fundo, no fundo, só havia a intenção de mostrar porque pessoas como eu rejeitam a abordagem esotérica.

Eu posso rejeitar intelectualmente seus argumentos - e rejeito - mas os argumentos são construídos depois que fazemos nossas escolhas. O argumento não te leva a decidir (o que só seria verdade se fossemos seres racionais), mas é uma justificativa para a escolha que você já fez. E as escolhas são condicionadas 90% por subjetividades. Em seguida acionamos a razão para encontrar uma razão para a escolha que foi feita.

Eu rejeito o esotérico porque é feio. Onde você enxerga beleza e fascínio, eu vejo feiura.

Você não deseja viver em uma realidade fisicalista porque tal fere sua sensibilidade estética, ao te parecer que sua existência transcorre em um mundo árido e sem propósito. Já eu não suportaria trocar a liberdade da minha insignificância diante do infinito mistério, o terror proporcional ao maravilhamento diante da incerteza sobre o presente e sobre o destino, pela ideia de ser um mero peixinho no grande aquário do Senhor.

Porque é assim que o místico enxerga a realidade: de uma forma ou de outra, ele é uma marionete nas mãos de algum titereiro invisível. Tudo foi estabelecido conscientemente e há regras e procedimentos seguros: se segui-los, tudo estará bem. Então o místico estabelece as regras de acordo com seu próprio desejo, de acordo com o que a sua própria natureza define o que seja o bom e o belo.  Confere sua própria moralidade e senso de justiça ao inanimado, e aí finge que as obteve as regras por meio da experiência esotérica.

Tudo se resume a uma questão de gosto. E gosto não se discute.

Pelo mesmo motivo a fantasia da Terra plana seduz a tantos. São pessoas intelectualmente mais simples que você, mas de estrutura psicológica e estética semelhante. Acham reconfortante imaginarem que estão simplesmente dentro de um grande aquário, e lá fora o tratador dos peixes providenciando tudo de acordo com Sua vontade.

Mas é horrível, totalmente horrível. Dominados pela covardia, abrem mão da fantástica beleza dessa Terra azul - em todos os sentidos do belo - para limitarem infinitamente a existência em uma ideia que chega a ser sufocante, claustrofóbica.

E o auto confinamento a que se impõe o terraplanista, que nesse caso é também físico - com a cúpula celeste e o plano da Terra delimitando o espaço da realidade -, se relaciona, de alguma forma, com o extremo auto confinamento metafísico a que se restringe todo místico.

Um horror!

Offline Pedro Reis

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #11 Online: 05 de Dezembro de 2019, 14:31:50 »
Na vertente esoterista de Louis-Claude de Saint-Martin (a que sigo), por exemplo, todos os acontecimentos bíblicos são alegorias de uma transformação espiritual - a Criação e a Queda no Genesis não se tratam de figuras literais de um passado mágico, mas acontecimentos interiores. Nesse sentido, a "Queda de Adão" é a história de todos nós - a individuação, a separação, a vinda do homem a este mundo e sua solidão existencial são verdades essenciais mascaradas pelas imagens figuradas da religiosidade.

É disso que falo, irmãozinho.

O místico/esotérico é um reducionista que diminui a realidade para que caiba dentro dos seus próprios anseios.

O "materialista" permite que as coisas sejam como são. Infinitamente mais fantásticas, assombrosas.

A História da criação destes mitos é razoavelmente conhecida. Os relatos bíblicos ( assim como os textos dos quais se originam, e os textos dos quais estes textos se originam... ) estão cheios de conveniências mundanas. Quem faz uma interpretação esotérica do dogma da santíssima trindade, deve necessariamente desconhecer as politicagens que determinaram os trabalhos nos Concílios de Niceia e no Quarto Concílio de Latrão.

E talvez muita coisa na vertente Louis-Claude de Saint-Martin parecesse simplesmente cômica para o autor original de algum destes textos que a vertente Louis-Claude de Saint-Martin interpreta.

Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #12 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:18:25 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação... eu não quero dizer que alguém não possa, literalmente, ir à praia de terno ou ao escritório de bermuda. É claro que isso pode ser feito. Mas, em um senso comum bem generalizante, há uma ideia de "inadequação". Ao longo do texto, trouxe outros exemplos - tentar "ouvir com os olhos" e "ver com os ouvidos", ou tentar "voar de barco" e "navegar de avião" são outras metáforas para o que tento expressar. O que quis dizer com isso, é que a forma científica e a mística de perceber as coisas não se opõem como você colocou em seu primeiro comentário ("por que misticismo em vez da ciência?"). Não tem "em vez". E nem tem que ter, aliás, se tiver, então o indivíduo está incorrendo num embotamento, seria como tentar apreciar música quando, em vez de nos comovermos pelos sentimentos que os sons evocam, parássemos para analisar unicamente os números de frequências das ondas acústicas. Seria uma inadequação. Ciência e Misticismo são faculdades diversas do homem, para a experimentação de esferas complementares da experiência humana. Ambos são ótimos enquanto permanecem, cada um, em seu respectivo lugar. A ciência é um instrumento, nunca um fim em si. Nas mãos de homens sábios e morais, pode produzir a medicina, a engenharia, a tecnologia; quando destituída do elevado princípio moral da inteligência humana, torna-se cega e produz coisas como Eugenia e Bomba de Hidrogênio. Sejamos, portanto, seres humanos integrais, fazendo uso de todas as nossas faculdades mentais e sensoriais conforme o tipo de propósito e investigação que lhes sejam devidas.
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Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #13 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:31:46 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação...


Foi, é?
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #14 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:37:38 »
Eu posso rejeitar intelectualmente seus argumentos - e rejeito - mas os argumentos são construídos depois que fazemos nossas escolhas. O argumento não te leva a decidir (o que só seria verdade se fossemos seres racionais), mas é uma justificativa para a escolha que você já fez. E as escolhas são condicionadas 90% por subjetividades. Em seguida acionamos a razão para encontrar uma razão para a escolha que foi feita.
Ótimo! Schopenhauer revelou muito bem este processo no livro "O Mundo como Vontade e Representação". Sim, a razão vem depois, para justificar. O que pulsa dentro de nós, que nos move no mais íntimo, é essa subjetividade insondável que não tem conta alguma a prestar para com a lógica aristotélica e linear. Reconhecer isso já é um grande passo para quebrar essa lógica - entendendo que ela é construída por nós, podemos abrir-nos para a percepção do universo como inerentemente mágico, misterioso, com um nexum metaphysicum (diria Schopenhauer), ou uma natureza naturante (diria Espinosa) muito mais profunda que essa nossa racionalização tosca e estereotipada. Todas estas ideias, profundamente místicas, estão presentes nos relatos de Jakob Böhme, outro pilar da corrente de que faço parte.
Eu rejeito o esotérico porque é feio. Onde você enxerga beleza e fascínio, eu vejo feiura.
Perfeito! Você "vê" feiura, e essa feiura que você rejeita não é senão a que você mesmo vê. No fundo, você rejeita uma projeção sua, uma ideia que você mesmo faz do que seja o esotérico. Dito de outra forma, a ideia de que não travamos contato direto com o Real, mas com nossas próprias projeções e representações, é exatamente o Véu de Maya descrito nos clássicos místicos hinduístas como o Ashtavakra Gita. A sabedoria tradicional do Advaita Vedanta diz-nos que tanto nossas aversões quanto predileções não passam de ilusões projetadas por nossa própria mente. Não parece muito distante do que você está dizendo, apesar de você ter todo um conceito pronto, engessado, sobre o que "deve ser" o misticismo, conceito que você rejeita para autoafirmar sua identidade de anti-místico, etc.
Você não deseja viver em uma realidade fisicalista porque tal fere sua sensibilidade estética, ao te parecer que sua existência transcorre em um mundo árido e sem propósito. Já eu não suportaria trocar a liberdade da minha insignificância diante do infinito mistério, o terror proporcional ao maravilhamento diante da incerteza sobre o presente e sobre o destino, pela ideia de ser um mero peixinho no grande aquário do Senhor.
Ora, o próprio Jacob Boehme, grande místico o qual sigo, diz-nos que é a própria ilusão da razão humana que nos leva a procurar um Senhor dirigindo tudo, entronado acima dos Céus. Diz ele que, em vez disso, deveríamos olhar para o Real, tal como já se revela para nós com toda a sua profundeza e mistério. Isso que você chama de fisicalismo, isto é, a ideia do monismo ontológico da Substância, que o Ocidente levou séculos para descobrir, já era relatada por milênios de misticismo oriental e ocidental. O centro da experiência mística é justamente o êxtase pela revelação dessa ilusoriedade de toda separação, divisão, diferenciação. Reconhecer-se Um com o Universo, com os Seres e com toda a Humanidade é a grande transformação buscada pelos que praticam o misticismo.
Pelo mesmo motivo a fantasia da Terra plana seduz a tantos. São pessoas intelectualmente mais simples que você, mas de estrutura psicológica e estética semelhante. Acham reconfortante imaginarem que estão simplesmente dentro de um grande aquário, e lá fora o tratador dos peixes providenciando tudo de acordo com Sua vontade.
Tem pessoas que acham reconfortante imaginarem que vieram do nada, são um conjunto caótico de moléculas que se desagregará e pronto, sem valores perenes ou conta alguma a prestar. Eu, pessoalmente, acho que se as coisas forem desta forma, são infinitamente mais profundas e misteriosas do que um estereotipado mundo espiritual com um arquiteto e seus anjos, planos, reencarnações etc. A verdade profunda das coisas, nenhum de nós sabe. Quer eu acredite que não, não há Deus, nem vida após a morte, nem Eternidade, quer eu acredite que sim, estarei no fundo acreditando em uma extensão de mim mesmo, em uma projeção que eu mesmo faço, como já explicitamos anteriormente. Será, então, um obstáculo entre nós e a Verdade, um véu a mais interposto. Cabe a nós removê-lo.
« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 15:43:33 por Eliphas Levi »
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #15 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:40:09 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação...


Foi, é?
Irmão, você não teria por que pedir confirmação... suponho que, então, esteja sendo sarcástico. Se está sendo sarcástico, é porque entendeu. Se entendeu, por que o comentário dizendo que hoje em dia pessoas trabalham de bermuda? Não é isso o que importa, não é aí onde as metáforas queriam chegar... você leu o resto dos textos? Eu respondi sua primeira pergunta através deles. Foi satisfatório ou algo ainda permaneceu obscuro? Por favor, qual é exatamente a sua dúvida?
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Re:pergunte a um místico
« Resposta #16 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:43:30 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação...


Foi, é?
Irmão, você não teria por que pedir confirmação... suponho que, então, esteja sendo sarcástico. Se está sendo sarcástico, é porque entendeu. Se entendeu, por que o comentário dizendo que hoje em dia pessoas trabalham de bermuda? Não é isso o que importa, não é aí onde as metáforas queriam chegar... você leu o resto dos textos? Eu respondi sua primeira pergunta através deles. Foi satisfatório ou algo ainda permaneceu obscuro? Por favor, qual é exatamente a sua dúvida?
Muitas perguntas. O respondedor é tu.


E não não quer dizer que tendo  eu entendido esteja sendo sarcástico, ainda  bem que é  como  você mesmo disse, só uma suposição sua..  Mesmo  por que  foi antes uma pergunta retórica.

« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 15:53:42 por Sergiomgbr »
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Offline Eliphas Levi

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #17 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:43:56 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação...


Foi, é?
Irmão, você não teria por que pedir confirmação... suponho que, então, esteja sendo sarcástico. Se está sendo sarcástico, é porque entendeu. Se entendeu, por que o comentário dizendo que hoje em dia pessoas trabalham de bermuda? Não é isso o que importa, não é aí onde as metáforas queriam chegar... você leu o resto dos textos? Eu respondi sua primeira pergunta através deles. Foi satisfatório ou algo ainda permaneceu obscuro? Por favor, qual é exatamente a sua dúvida?
Muitas perguntas. O respondedor é tu.
Certo, irmão. Estou à disposição.
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Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #18 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:55:32 »
Quem disse? Você está defasado no  tempo, precisa ir nos escritórios do Google  e ver por si próprio. Parece que também  devia ir a um casamento na praia.
Irmão, isso foi uma metáfora, uma comparação...


Foi, é?
Irmão, você não teria por que pedir confirmação... suponho que, então, esteja sendo sarcástico. Se está sendo sarcástico, é porque entendeu. Se entendeu, por que o comentário dizendo que hoje em dia pessoas trabalham de bermuda? Não é isso o que importa, não é aí onde as metáforas queriam chegar... você leu o resto dos textos? Eu respondi sua primeira pergunta através deles. Foi satisfatório ou algo ainda permaneceu obscuro? Por favor, qual é exatamente a sua dúvida?
Muitas perguntas. O respondedor é tu.
Certo, irmão. Estou à disposição.
É, parece que sim, sempre. Tenha  uma boa  vida...
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Offline Gigaview

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #19 Online: 05 de Dezembro de 2019, 15:59:43 »
Você é um místico terraplanista?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Pedro Reis

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #20 Online: 05 de Dezembro de 2019, 16:09:04 »
Só um esclarecimento, meu caro mano:

Tô ciente que nem todo místico imagina um deus pessoal, personalizável.

Mas em outras oportunidades você já fez referência, por exemplo, a uma suposta moralidade subjacente no universo. É por isso que eu, na minha completa ignorância, concebo o místico como alguém que se imagina uma marionete ou um ser que deve seguir regras arbitrariamente estabelecidas. Que podem ser puramente ritualísticas ou até de natureza moral - dependendo do grau de sofisticação do próprio místico - mas não importa, a realidade para ele parece ter sido já estabelecida por algo além da realidade. Como se ele fosse um personagem atuando no roteiro que alguém escreveu.

É uma concepção de mundo que me parece feia, deselegante. Onde se perde a capacidade de realmente se assombrar com as coisas a volta. Embora o místico afirme justamente o contrário, me parece que a experiência mística é artificial.

Offline Gorducho

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #21 Online: 05 de Dezembro de 2019, 16:19:16 »
Estou iniciando a leitura d'O Ocultismo e o Espiritualismo
Exposição de Teorias Filosóficas e Adaptações do Ocultismo

por G. ENCAUSSE ( PAPUS )

Pra mim não tem ficado clara a diferenciação entre este ocultismo de vocês e o Espiritismo, pois:
  • tem o deus judaico-cristão;
  • tem o perispirito;
  • aparentemente (não cheguei ao detalhe disso ainda...) tem JC;
  • tem reencarnações...
Qual a diferenciação essencial :?:
Seria a queda judaico-cristã como um simbolismo (dando origem a uma réintégration des êtres); enquanto no Espiritismo o mecanismo é "evolutivo" :?:
M/impressão inicial tem sido duma certa tonalidade "classe média" ocidental — não essencialmente diferente da filosofia religiosa de socialistas romanticos que, junto c/o magnetismo animal do Mesmer, originaram o Espiritismo; se é que me entende... 🤔
+ pretendo me aprofundar no tema, claro :ok:
« Última modificação: 05 de Dezembro de 2019, 17:07:29 por Gorducho »

Offline JJ

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #22 Online: 06 de Dezembro de 2019, 14:15:56 »
Na vertente esoterista de Louis-Claude de Saint-Martin (a que sigo), por exemplo, todos os acontecimentos bíblicos são alegorias de uma transformação espiritual - a Criação e a Queda no Genesis não se tratam de figuras literais de um passado mágico, mas acontecimentos interiores. Nesse sentido, a "Queda de Adão" é a história de todos nós - a individuação, a separação, a vinda do homem a este mundo e sua solidão existencial são verdades essenciais mascaradas pelas imagens figuradas da religiosidade.

É disso que falo, irmãozinho.

O místico/esotérico é um reducionista que diminui a realidade para que caiba dentro dos seus próprios anseios.

O "materialista" permite que as coisas sejam como são. Infinitamente mais fantásticas, assombrosas.



O materialista não permite que as coisas sejam como são pois ele não tem poder evitar/impedir que as coisas sejam como ele concorda como os especialistas/cientistas dizem que é. Ele apenas concorda e conforma, pois sabe que não tem mesmo poder para alterar as chamadas leis físicas. Então, na sua impotência ele simplesmente conforma.

E quanto ao juízo de valor de  julgar que sejam mais fantásticas, assombrosas, sinceramente  não vejo o porque desse achar, pois a perspectiva científica faz é mostrar que as coisas e no final o o próprio Universo é no final uma porcaria destinada ao sem sentido e ao nada.  E não vejo nada de assombroso e fantástico a ausência de sentido e o nada. è uma bela duma porcaria, isso sim.


 :biglol:

Offline Sergiomgbr

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #23 Online: 06 de Dezembro de 2019, 14:30:05 »
Na vertente esoterista de Louis-Claude de Saint-Martin (a que sigo), por exemplo, todos os acontecimentos bíblicos são alegorias de uma transformação espiritual - a Criação e a Queda no Genesis não se tratam de figuras literais de um passado mágico, mas acontecimentos interiores. Nesse sentido, a "Queda de Adão" é a história de todos nós - a individuação, a separação, a vinda do homem a este mundo e sua solidão existencial são verdades essenciais mascaradas pelas imagens figuradas da religiosidade.

É disso que falo, irmãozinho.

O místico/esotérico é um reducionista que diminui a realidade para que caiba dentro dos seus próprios anseios.

O "materialista" permite que as coisas sejam como são. Infinitamente mais fantásticas, assombrosas.



O materialista não permite que as coisas sejam como são pois ele não tem poder evitar/impedir que as coisas sejam como ele concorda como os especialistas/cientistas dizem que é. Ele apenas concorda e conforma, pois sabe que não tem mesmo poder para alterar as chamadas leis físicas. Então, na sua impotência ele simplesmente conforma.


 :biglol:
"Conforma", não, "se conforma". Oras, "conforma" tem o  mesmo peso de ação transformadora do termo "permite" que  você tão pimpãomente questionara.
« Última modificação: 06 de Dezembro de 2019, 14:52:45 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:pergunte a um místico
« Resposta #24 Online: 06 de Dezembro de 2019, 14:31:50 »
Na vertente esoterista de Louis-Claude de Saint-Martin (a que sigo), por exemplo, todos os acontecimentos bíblicos são alegorias de uma transformação espiritual - a Criação e a Queda no Genesis não se tratam de figuras literais de um passado mágico, mas acontecimentos interiores. Nesse sentido, a "Queda de Adão" é a história de todos nós - a individuação, a separação, a vinda do homem a este mundo e sua solidão existencial são verdades essenciais mascaradas pelas imagens figuradas da religiosidade.

É disso que falo, irmãozinho.

O místico/esotérico é um reducionista que diminui a realidade para que caiba dentro dos seus próprios anseios.

O "materialista" permite que as coisas sejam como são. Infinitamente mais fantásticas, assombrosas.





O materialista não permite que as coisas sejam como são. Pois eles não tem poder para alterar como elas são. O que ocorre é que o materialista julga que a perspectiva científica dele seja a verdadeira e que a perspectiva não científica dos outros é um monte de besteiras, e a partir dessa perspectiva o que sobra para ele é concordar com o que dizem os especialistas/cientistas e conformar com a coisa sem sentido e cheia de tragédias  que é a vida e o próprio Universo.

Em outras  perspectivas, como em várias religiosas, a vida e o Universo tem um sentido futuro. Já na perspectiva científica  o futuro é o nada, inclusive para o próprio Universo.

Então, que coisa fantástica é essa: a falta de sentido e o nada.    Bela porcaria, isso sim.


Já no século XIX seria estranho alguém dizer algo como: Oh, veja que fantástico o Big Freeze.

O Big Freeze já era uma perspectiva de uma grande porcaria.  E mais  recentemente temos a perspectiva de uma porcaria ainda maior:  Oh, veja que  fantástico o Big Rip.

Antes o congelamento de tudo, mas pelo menos ainda sobrava planetas congelados. No caso do Big Rip nem isso sobra.  É apenas o nada. 


-------------------


Obs: a internet estava problemática, então não vi e pensei que tinha perdido a 1° resposta, respondi de novo, e agora que vi que tem a 1° fica a 2° também.
« Última modificação: 06 de Dezembro de 2019, 14:42:23 por JJ »

 

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