Tem de ser muito míope para não perceber que impedir o acesso de mendigos não é resolver problema algum. É só tentar fugir de um problema real sem resolvê-lo.
Certo. Acho que ninguém discorda de que a
solução do problema seria prover emprego para que essas pessoas possam sobreviver dignamente (ou então
dar moradia, vale refeição, vale gas, vale saúde, vale educação, vale transporte, vale videogame...). Enfim, a escolha entre as duas é filosófica.
Porém (e era a esse porém que eu me referia no post das garagens), a solução nunca é tão simples assim. Pragmaticamente podem ser criados albergues, podem haver empregos a rodo que ainda assim existem desabrigados:
Um exemplo:Eu moro no japão, onde a desigualdade social é minima, existem empregos sobrando, tanto que tiveram que importar mão de obra, e mesmo assim, tem mendigo pra cacete..... pq será?
Corroborando: na praia onde moro há uma "cordilheira" de dunas que cruzao bairro diagonalmente. Há 10 anos quando me mudei para cá, cruzei as dunas e notei que havia um barraco construído sobre a areia. Lembro que comentei com minha mãe. Dois anos depois, eram 7. Então, 8 anos depois a prefeitura estudava um modo de resolver o problema de água causado pelas quase 200(!) famílias que moram alí, nna chamada "Favela do Sirí", erigida sobre o lençol freático da região. Curiosamente, o índice de criminalidade do bairro subiu violentamente. O índice de mortes ligadas ao tráfico só na Rua do Sirí é 9 vezes maior que para o resto bairro todo.
É óbvio que não se pode remover aquelas famílias, jogá-las na rua. É óbvio que não sepode matar aqueles miseráveis que não têm a mínima culpa pela própria miséria - e dependendo do ponto vista, muitas vezes nem têm culpa dos crimes que praticam. Podem ser consideradas vítimas sociais. Ok. Mas a questão é a seguinte: aquelas pessoas não poderiam (nem podem) estar lá. Como também não podem os mendigos de SP estar nos túneis. Simplesmente porque nao é o lugar. Como não o é na garagem de ninguém. Não é o lugar. Como não as garagens também não o são.
A real solução (normalmente a melhor é a preventiva) teria sido remover a primeira família: não deixar ninguém se instalar em locais inapropriados. Jogar todo mundo na sargeta não dá, como também não se pode deixar que qualquer lugar seja tomado. Seja uma praça ou um quintal particular.
Remover uma vila é quase inviável. Vide o fracasso do Proj Singapura (a favela esvaziava num dia e re-lotava nos dois seguintes). Remover uma família e reinstalá-la, é bem mais viável.
Pena que o
modus operandi nacional é aquele baseado "deixa prá lá", "finge que não vê", "não tenho nada com isso", "cada um com seus problemas". Claro, a não ser em época de demagogia eleitoreira.