Autor Tópico: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile  (Lida 4132 vezes)

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Offline uiliníli

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Re: Re.: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #50 Online: 27 de Janeiro de 2006, 16:00:52 »
Citação de: Karl Rove
Mas como toda a propriedade privada pode vir a ser usada como meio de produção, acaba que o comunismo é uma restrição de liberdade de uso de toda e qualquer propriedade privada, e aqui podemos incluir o próprio corpo e a própria mente.


Não que eu não concorde em parte com isso, mas da forma como você expôs isso me cheir a Non sequitur. Da forma que eu vejo o comunismo restrige nossas liberdades por se tratar necessariamente de uma ditadura, mas a simples restrição da propriedade privada não implica em escravidão do corpo e da mente. ou você acha que em sociedades coletivistas como as indígenas as pessoas tem necessariamente mentalidades escravizadas?

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Outro erro induzido bastante comum.

O capitalismo premia a meritocracia, mas isso não impede as pessoas de não as praticarem. Mas como sabemos, empresas que não se preocuparem em ter os melhores trabalhando por lá, com a maior eficiência possível, serão engolidas pela concorrência, assim como países que priveligiarem politicagens em detrimento da administração racional e estratégica.

O direito à herança é conseqüência direta do direito à propriedade privada, e não deve ser questionado. Até porque um herdeiro incompetente simplesmente desperdiçará sua herança, num sistema capitalista.

Chances iguais é outra mentira sistematicamente divulgada. O que deve haver é liberdade para se aproveitar e se criar chances. Agora é impossível qualquer realidade que equalize as chances para todos, até porque estas dependem de tantas variáveis aleatórias ou desconhecidas que qualquer tentativa de controle é inerte.

Talvez, se falássemos de oportunidades mínimas, como freqüentar escolas de qualidade, e ter acesso aos ítens necessários para o desenvolvimento saudável e para o proveito das oportunidades que surgem, estaríamos tratando de um tema mais realista. Agora equalizar as chances exigiria poder absoluto sobre a realidade, e se alguém o detivesse, esse alguém seria Deus.


Sem chances iguais não há uma meritocracia plena. Eu não discordo da sua afirmação de que o capitalismo premia o mérito, o problema que eu vejo é que as pessoas não nascem com as mesmas condições para desenvolverem as suas capacidades e mostrar os seus méritos. Se duas crianças que se esforçam igualmente, mas uma pode freqüentar as melhores escolas e a outra não o mérito igual não levará a resultados iguais.

Eu concordo com você que não podemos controlar todas as variáveis de modo a dar chances rigorosamente iguais a todas as pessoas porque isso simplesmente não é possível: como dar a um portador de síndrome de down as mesmas chances que damos a todas as pessoas "normais"? Mas ainda assim eu acredito que o Estado deve se encarregar de onde for possível nivelar as oportunidades para que a causalidade não mate o mérito, até pelo bem do capitalismo pois excesso de mão-de-obra capacitada não faz mal nenhum à economia. Por isso acho importante o poder público não se omitir de oferecer educação fundamental e média gratuitas e de qualidade de modo a dar aos mais pobres chances iguais de conquistar uma vaga no mercado de trabalho. Também seria a favor de subsídios aos cursos extra-curriculares (inglês, informática, etc.) que derem bolsas a estudantes carentes.


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Aí está, você está com uma compreensão errada dos termos.

Cerceamento das liberdades é mais do que um objetivo do comunismo, é a sua condição necessária. A funcionalidade (ainda que precária) do mesmo depende desse escravismo.


Você tem uma definição muito ampla da palavra escravismo.

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Já o capitalismo alcança maior explendor na medida que maiores liberdades forem concedidas, embora sempre valha a máxima, aparentemente paradoxal, "sem leis, não há liberdade".


Eu concordo que o capitalismo é melhor do que o comunismo. Quem você tem que convencer disso é o ukrainian...

Karl Rove

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Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #51 Online: 29 de Janeiro de 2006, 12:32:42 »
Citação de: GCF
Não que eu não concorde em parte com isso, mas da forma como você expôs isso me cheir a Non sequitur. Da forma que eu vejo o comunismo restrige nossas liberdades por se tratar necessariamente de uma ditadura, mas a simples restrição da propriedade privada não implica em escravidão do corpo e da mente. ou você acha que em sociedades coletivistas como as indígenas as pessoas tem necessariamente mentalidades escravizadas?


A comparação não procede.

Uma coisa é você reprimir a propriedade privada com violência num ambiente onde ela já existia, outra é essa noção, ainda que presente, não se veja completamente desenvolvida em grupos selvagens primitivos.

E mesmo assim, embora meu conhecimento seja pequeno a respeito dos costumes índigenas, creio que mesmo essas sociedades lidavam com conceitos de hierarquia de poderes, onde os líderes tinham maiores direitos, e estes eram determinados pela capacidade de combate e pela coragem demonstrada. Outras tribos realizavam escambo com os colonizadores, o que pode significar que realizavam entre si algum tipo de troca proto-comercial.

De qualquer forma, não é esse o ponto.

O ponto é que existe uma grande diferença entre estabelecer uma proibição para um tipo de atividade humana e outro é essa atividade não ter se desenvolvido completamente, ainda que sua semente esteja lá, junto ao espírito humano.

Citação de: GCF
Sem chances iguais não há uma meritocracia plena. Eu não discordo da sua afirmação de que o capitalismo premia o mérito, o problema que eu vejo é que as pessoas não nascem com as mesmas condições para desenvolverem as suas capacidades e mostrar os seus méritos. Se duas crianças que se esforçam igualmente, mas uma pode freqüentar as melhores escolas e a outra não o mérito igual não levará a resultados iguais.


Mas talvez o mérito de uma criança que freqüenta uma boa escola e tem maiores oportunidades é em parte mérito da sua família (ou quem quer que esteja bancando sua formação), pois conseguiram construir um patrimônio e estão moldando um futuro controlador desse patrimônio.

É errado dizer que não é um sistema meritocrático, é apenas mais complexo. Se você conquistou um patrimônio, é óbvio que você tem o direito de usá-lo para formar seus filhos. E este é um direito muito justo.

Seu filho é parte da família, e se você dá importância para instituição familiar, seu mérito é mérito da família, e portanto, dele.

Da mesma forma, se o garoto for incompetente, ele não vai fazer o patrimônio familiar crescer, e provavelmente terá menos à disposição para formar seus próprios filhos. Além disso, os pais podem aplicar, e muitos deles aplicam, meritocracia com os próprios filhos, avaliando seus desempenhos acadêmicos, por exemplo, seus talentos ou os problemas em que eles se metem.

É um erro pensar que a meritocracia é violada pela herança num sistema capitalista. Ela continua valendo, pois os incompetentes acabam por torrar sua própria herança. Ela é violada pela paternalidade estatal (ou mesmo "privada"), quando resultados não são avaliados e os melhores não são separados dos piores. Como num sistema comunista onde um médico ganha apenas uns trocados a mais que um cortador de cana, ou burocratas que não produzem nada além de mais burocracia continuam a ganhar promoções.

Citação de: GCF
Eu concordo com você que não podemos controlar todas as variáveis de modo a dar chances rigorosamente iguais a todas as pessoas porque isso simplesmente não é possível: como dar a um portador de síndrome de down as mesmas chances que damos a todas as pessoas "normais"? Mas ainda assim eu acredito que o Estado deve se encarregar de onde for possível nivelar as oportunidades para que a causalidade não mate o mérito, até pelo bem do capitalismo pois excesso de mão-de-obra capacitada não faz mal nenhum à economia. Por isso acho importante o poder público não se omitir de oferecer educação fundamental e média gratuitas e de qualidade de modo a dar aos mais pobres chances iguais de conquistar uma vaga no mercado de trabalho. Também seria a favor de subsídios aos cursos extra-curriculares (inglês, informática, etc.) que derem bolsas a estudantes carentes.


Eu até concordo, com relação ao direito à educação básica, mas sou contra à benefícios que visem apenas os mais carentes. Os benefícios devem buscar os mais competentes (ou servir a toda a população, sem discriminação), e, é claro, eles podem avaliar a competência levando-se em consideração condições adversas, como uma criança que teve todas as oportunidades e uma que não teve nenhuma, mas só o fato de ser pobre não é mérito algum. Muitos pobres não são pobres apenas por herança, mas por incompetência e falta de empreendedorismo da parte de suas próprias personalidades. Encher alguém de direitos por ser pobre é uma manobra populista comum em democracias subdesenvolvidas.

O pobre deve ter os mesmos direitos fundamentais que o rico, e estes podem envolver o direito à assistência médica e uma educação básica. Eles só não devem ter o direito de desfrutar de benesses pagas pelo contribuinte apenas por serem pobres. Se um particular ou alguma instituição privada de caridade como Igrejas ou similares estiver disposta a ajudá-los apenas por serem pobres, que assim seja. Não o Estado, não a caridade oficial.

Citação de: GCF
Você tem uma definição muito ampla da palavra escravismo.


A perda da liberdade de pensar e agir e dispor do próprio corpo não teria outro nome senão escravidão, e o comunismo é exatamente isso. Um regime com milhões de escravos, uns poucos feitores e um único Senhor (o Partido).

Citação de: GCF
Eu concordo que o capitalismo é melhor do que o comunismo. Quem você tem que convencer disso é o ukrainian...


Pode até ser, mas você ainda partilha de idéias anti-capitalistas diferentes apenas em intensidade do tal bolchevista.

Offline uiliníli

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Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #52 Online: 29 de Janeiro de 2006, 13:12:35 »
Citação de: Karl Rove
O ponto é que existe uma grande diferença entre estabelecer uma proibição para um tipo de atividade humana e outro é essa atividade não ter se desenvolvido completamente, ainda que sua semente esteja lá, junto ao espírito humano.


Mas o que você está afirmando é que sem propriedade privada não há liberdade. Nesse caso as pessoas que vivem em condição de miséria total no capitalismo também são escravizadas.

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Mas talvez o mérito de uma criança que freqüenta uma boa escola e tem maiores oportunidades é em parte mérito da sua família (ou quem quer que esteja bancando sua formação), pois conseguiram construir um patrimônio e estão moldando um futuro controlador desse patrimônio.


Eu não considero isso justo. Mesmo que pais que batalharam para poder dar o melhor a seus filhos mereçam ter acesso a melhores escolas, quem acaba de nascer não pode ser punido pela falta de mérito de seus ancestrais tendo nenhuma escola ou escolas que não lhe darão oportunidade de lutar por um futuro melhor para os seus próprios filhos.

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É errado dizer que não é um sistema meritocrático, é apenas mais complexo. Se você conquistou um patrimônio, é óbvio que você tem o direito de usá-lo para formar seus filhos. E este é um direito muito justo.


Não discordo dessa afirmação, mas discordo da recíproca de que seria certo que alguém que não conquistou um patrimônio não tenha direito de dar uma formação a seus filhos.

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Seu filho é parte da família, e se você dá importância para instituição familiar, seu mérito é mérito da família, e portanto, dele.


Eu não dou tanta importância quanto você, aparentemente.

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É um erro pensar que a meritocracia é violada pela herança num sistema capitalista. Ela continua valendo, pois os incompetentes acabam por torrar sua própria herança.


O problema não é com os incompetentes, é com os igualmente competentes que não têm oportunidade. Para mim em uma meritocracia plena os mais competentes são mais bem recompensados do que os menos competentes, mas o volume inicial de riqueza desquilibra as coisas. Não estou falando que devamos proibir a herança, isso para mim seria uma violência, entretanto não podemos chamar de meritocrático um sistema que as admite. Por isso creio que o estado não pode se abster totalmente de "tirar dos ricos para dar aos pobres" na forma de impostos quando isso tiver como objetivo facilitar a ascensão social. Note que não estou falando de assistencialismo barato que somente escraviza os mais pobres tornando-os dependentes de esmola oficial, estou falando de educaçaõ e capacitação profissional.

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Eu até concordo, com relação ao direito à educação básica, mas sou contra à benefícios que visem apenas os mais carentes. Os benefícios devem buscar os mais competentes (ou servir a toda a população, sem discriminação), e, é claro, eles podem avaliar a competência levando-se em consideração condições adversas, como uma criança que teve todas as oportunidades e uma que não teve nenhuma, mas só o fato de ser pobre não é mérito algum. Muitos pobres não são pobres apenas por herança, mas por incompetência e falta de empreendedorismo da parte de suas próprias personalidades. Encher alguém de direitos por ser pobre é uma manobra populista comum em democracias subdesenvolvidas.


Não sou a favor de todas as oportunidades a todas as pessoas pobres sem distingüir suas capacidades. As mais talentosas deveriam receber mais, as não tão talentosas receberiam menos e as sem nenhum talento receberiam só a educação suficiente para encontrar o emprego mais modesto. Mas eu penso que ninguém deve ficar sem educação.

Aliás, acho que a universalização da educação é de interesse dos ricos também, pois quanto menos incompetentes que não prestam para nada, menos criminosos também.

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O pobre deve ter os mesmos direitos fundamentais que o rico, e estes podem envolver o direito à assistência médica e uma educação básica. Eles só não devem ter o direito de desfrutar de benesses pagas pelo contribuinte apenas por serem pobres. Se um particular ou alguma instituição privada de caridade como Igrejas ou similares estiver disposta a ajudá-los apenas por serem pobres, que assim seja. Não o Estado, não a caridade oficial.


O pobre deve ter os mesmos direitos fundamentais que o rico e ter a chance de batalhar por um futuro melhor é um deles. Acontece que esses direitos os ricos podem comprar com dinheiro, os pobres não podem. Em nome do equilíbrio social eu acho que o Estado deve sim intervir pela meritocracia

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A perda da liberdade de pensar e agir e dispor do próprio corpo não teria outro nome senão escravidão, e o comunismo é exatamente isso. Um regime com milhões de escravos, uns poucos feitores e um único Senhor (o Partido).


Miséria não seria também escravidão?

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Eu concordo que o capitalismo é melhor do que o comunismo. Quem você tem que convencer disso é o ukrainian...


Sou de centro e sou pragmático, o que me interessa é o que funciona. Não me incomodo em pinçar características que me agradem à direita e à esquerda.

ukrainian

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Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #53 Online: 29 de Janeiro de 2006, 13:52:11 »
Eu não queria falar, mas é tudo culpa do FORO DE SÃO PAULO.

Karl Rove

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Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #54 Online: 30 de Janeiro de 2006, 16:38:23 »
Citação de: Willy Nilly
Mas o que você está afirmando é que sem propriedade privada não há liberdade. Nesse caso as pessoas que vivem em condição de miséria total no capitalismo também são escravizadas.


Eu disse que a proibição da propriedade privada é uma determinação escravista.

Por mais pobre que seja um indivíduo num sistema capitalista ele ainda é livre para trabalhar ou não para a sua própria propriedade privada ou para a de outros. É claro que uma existência plenamente miserável coloca muitos empecilhos, mas ainda sim, inerentemente ele possui Liberdade.

Você se confunde se pensa que eu sou a favor da existência da miséria absoluta. Não sou mesmo. Para mim, esta é uma coisa brutal. Mas ainda considero mais brutal do que a existência desta, as formas de combatê-la que se valham da premissa de estabelecer uma igualdade que reduz todos (exceto alguns burocratas) à indigência dos primeiros, matando centenas de milhões nesse processo.

Sou veemente contra qualquer combate a desigualdade social, pois qualquer um que tenha como prioridade o combate à desigualdade, e não à miséria, tem seus interesses motivados principalmente pelo sentimento de inveja da prosperidade alheia. Deve-se buscar reduzir a miséria fazendo crescer às riquezas e dando liberdade para que todos aproveitem desse crescimento individualmente e pelo próprio esforço. E é óbvio que nesse processo devemos brutalizar criminosos e corruptos, sanar gastos públicos, privatizar empresas estatais perdulárias e reduzir o Estado ao seu tamanho mínimo, de forma que assim seja mais eficiente prestando seus serviços à população, diminuir a carga tributária para níveis de sobriedade, ao mesmo tempo combater a sonegação, honrar os contratos assinados com credores e devedores, oferecer boas condições para novos e velhos empreendedores realizarem seus projetos, e isso se reflete numa burocracia reduzida e em encargos trabalhistas menos opressivos para com relação ao empregador, educar a população para uma mentalidade de mercado, zelar pelas instituições familiares e pelas tradições que agregam os valores e a identidade de um povo, honrar nossos soldados e nossas forças armadas, tratando-os com dignidade e respeito que merecem, investir e permitir o investimento em tecnologia, abandonar práticas assistenciais/populistas que ao longo dos anos só prejudicaram o país.

Citação de: Willy Nilly
Eu não considero isso justo. Mesmo que pais que batalharam para poder dar o melhor a seus filhos mereçam ter acesso a melhores escolas, quem acaba de nascer não pode ser punido pela falta de mérito de seus ancestrais tendo nenhuma escola ou escolas que não lhe darão oportunidade de lutar por um futuro melhor para os seus próprios filhos.


Eu acho que uma família que organizou-se para o nascimento de uma criança tem o direito de conceder a mesma tudo aquilo que achar que deve. Assim como uma família que não se organizou também. A diferença é entre as possibilidades da primeira e da segunda família.

Crianças podem não ter culpa por pais fracassados ou irresponsáveis, mas acho que essa é uma culpa que esses pais devem carregar, o fato de sua irresponsabilidade ou seu fracasso pessoal ter atrapalhado as possibilidades de seus filhos, e que sirva de aprendizado para quem quer que se compadeça da situação.

É claro que essa criança deve ter seu acesso garantido ao mínimo necessário para que com o próprio esforço ela venha a prosperar (se assim quiser), mas não devemos tirar dos pais que se planejaram muito bem sua família o direito que eles tem dar uma boa vida para seus filhos em virtude do erro e da irresponsabilidade de outros pais.

Como eu disse, eu não discordo de um sistema de ensino básico público (não necessariamente estatal, pois devemos temer qualquer tipo de monopólio estatal, principalmente o da educação), aliado a uma rede de bibliotecas (porque quem realmente quer crescer não vai esperar que sua turma chegue ao seu nível, vai estar sempre dois ou três ou vinte passos à frente) que ofereçam a possibilidade dessas crianças desprivilegiadas crescerem intelectual e moralmente para competirem nos níveis mais altos.
Mas mesmo o mais fraco ensino que impute na mente dessas crianças o espírito de luta pela Liberdade e busca da prosperidade por meio do esforço e do mérito (e da ética) já terá um êxito enorme, muito maior do que o mais sofisticado ensino de física e biologia quando aliado às esperanças vãs de socialismos utópicos e paternalismos estatais desestimulantes, coisa que nosso modelo educacional sistematicamente se esforça em transmitir para as crianças (exceto pela parte da física e da biologia).

Citação de: Willy Nilly
Não discordo dessa afirmação, mas discordo da recíproca de que seria certo que alguém que não conquistou um patrimônio não tenha direito de dar uma formação a seus filhos.


A pessoa só tem direito de dar aquilo que possui ou que pode possuir. A questão é o quanto o Estado deve dar para aquela criança para que ela seja livre o suficiente para buscar a sua própria prosperidade em níveis competitivos.

O Estado não deve dar o mesmo que é dado para crianças ricas. Isso seria incoerente, impraticável e injusto (para aqueles que planejaram). Deve dar as ferramentas mais básicas que sirvam para acordar a semente do espírito do capitalismo contida em cada alma, pois uma vez que esta esteja desperta, o céu é o limite. Estimular o crescimento próprio e o uso das próprias pernas, dar a vara e ensinar a pescar, e nunca dar o peixe, tirando dos que já sabem fazer, mas precisam alimentar suas famílias e guardar para os dias difíceis. Funcionar como um incentivador, gerando novas levas de libertos e futuros incentivadores, num processo retro-alimentativo de crescimento material e principalmente moral e espiritual.

Citação de: Willy Nilly
Eu não dou tanta importância quanto você, aparentemente.


Considero a dignidade das bases familiares um dos principais pilares para a formação de caráter. É o primeiro contato humano e o mais íntimo e intenso que uma pessoa terá durante a sua vida, e valorizá-lo para mim é uma questão primordial.

Citação de: Willy Nilly
O problema não é com os incompetentes, é com os igualmente competentes que não têm oportunidade. Para mim em uma meritocracia plena os mais competentes são mais bem recompensados do que os menos competentes, mas o volume inicial de riqueza desquilibra as coisas. Não estou falando que devamos proibir a herança, isso para mim seria uma violência, entretanto não podemos chamar de meritocrático um sistema que as admite. Por isso creio que o estado não pode se abster totalmente de "tirar dos ricos para dar aos pobres" na forma de impostos quando isso tiver como objetivo facilitar a ascensão social. Note que não estou falando de assistencialismo barato que somente escraviza os mais pobres tornando-os dependentes de esmola oficial, estou falando de educaçaõ e capacitação profissional.


A meritocracia emerge espontaneamente da concorrência. Ela não deve ser imposta, pois não existe um critério claro para definir méritos maiores e menores do que os êxitos em situações locais e variáveis.

Um sistema que gire em torno da competitividade vai buscar os melhores para ocupar os maiores e mais importantes cargos, contudo isso pode não impedir a prática de politicagens e de apadrinhamentos, que são processos anti-meritocráticos. Contudo, o apadrinhamento em empresas privadas só causa danos a uma única estrutura: ela própria. Desde que estejamos num sistema de livre concorrência, qualquer um que se abster de buscar eficiência total está apto a ser sobrepujado pela manada logo atrás, e portanto podemos deixar que o próprio sistema se encarregue de puni-los.

Quanto a educação e capacitação profissional, estamos de pleno acordo, estes devem ser itens de acesso a qualquer que mostrar interesse e capacidade, e nos níveis mais básicos, é um direito das pessoas exigir que o Estado desenvolva nelas esse interesse e desperte suas capacidades (quando existirem, pois outro erro é achar que não existem vagabundos e idiotas naturais, que nasceram com a única finalidade de serem perdedores, casarem com outros perdedores e produzirem novas levas de perdedores).

Citação de: Willy Nilly
Não sou a favor de todas as oportunidades a todas as pessoas pobres sem distingüir suas capacidades. As mais talentosas deveriam receber mais, as não tão talentosas receberiam menos e as sem nenhum talento receberiam só a educação suficiente para encontrar o emprego mais modesto. Mas eu penso que ninguém deve ficar sem educação.

Aliás, acho que a universalização da educação é de interesse dos ricos também, pois quanto menos incompetentes que não prestam para nada, menos criminosos também.


Eu não acho que a educação seja um dever, mas sim um direito. Quem não quiser, que não se eduque, ou que se eduque da maneira alternativa que lhe for mais conveniente.

Se o garoto quiser passar o dia inteiro jogando futebol e mãe do garoto não se preocupar, que nem matricule seu filho. Deixe a vaga para alguém mais interessado.

O que se deve é garantir que os interessados tenham acesso, e de preferência, tenham seus interesses ainda mais despertos e suas capacidades ainda mais ampliadas, isso independente da sua classe social de origem. E que isso se reflita em motivação para que essas pessoas, independentes da boa vontade do Estado, busquem para si próprias aquilo que consideram melhor, e que disponham das ferramentas necessárias nessa busca, mesmo que a tarefa seja árdua. E não perder tempo com quem escolheu a posição de perdedor, ou que naturalmente pertence a ela e não tem interesse algum de sair.

Citação de: Willy Nilly
O pobre deve ter os mesmos direitos fundamentais que o rico e ter a chance de batalhar por um futuro melhor é um deles. Acontece que esses direitos os ricos podem comprar com dinheiro, os pobres não podem. Em nome do equilíbrio social eu acho que o Estado deve sim intervir pela meritocracia


Não, os direitos fundamentais não devem ser aqueles obtidos pelo patrimônio, mas sim pela condição de cidadão. E nestes devem estar as ferramentas para permitir o crescimento próprio dos pobres, assim como para permitir o crescimento dos ricos também.

Se o pobre vai precisar de mais esforço por ter saído de trás na corrida, que isso se acrescente no seu mérito (e as pessoas reconhecem um self-made man), e que esses valores sejam passados para seus filhos, com o bastão sempre na frente, nunca atrás.

Citação de: Willy Nilly
Miséria não seria também escravidão?


Miséria só é escravidão quando não existe nenhuma possibilidade de escapar dela. Nesse sentido a miséria comunista é um estado perene, e portanto configura escravidão, enquanto a miséria capitalista, ainda que dificulte muito as coisas, não aniquilou o espírito de liberdade que alimenta o desejo pelo crescimento.

Citação de: Willy Nilly
Sou de centro e sou pragmático, o que me interessa é o que funciona. Não me incomodo em pinçar características que me agradem à direita e à esquerda.


A questão é: como pragmático você se interessa pelo que se sabe que funciona. A cartilha esquerdista em 100% (veja bem, não é 98%, nem 99,9%, é 100% mesmo) dos casos se mostrou no mínimo ineficiente, e no máximo um erro brutal que levou ao genocídio de centenas de milhões de seres humanos. Por que diabos as pessoas ainda acreditam nessa velha fórmula e ainda se consideram pragmáticos?

Até concordo que o esquerdismo tem um quê de sedutor, é aparentemente justo (apenas muito superficialmente), é muitas vezes símbolo de um inconformismo altruísta (embora se saiba que as coisas não são bem assim), tem ideais que lembram um paraíso de igualdade e fraternidade e líderes carismáticos que sabem muito bem falar o que o povo quer ouvir (ainda que sejam absurdos estapafúrdios). Mas penso que para um ser racional, algo que se mostra errado 100% das vezes sequer deve ser cogitada sua repetição, e não estou nem entrando no mérito do sistema oposto ser moralmente muito superior (o que também é um fato óbvio), estou apenas no âmbito da prática mesmo. Para um pragmático puro, que se abstêm de um julgamento moral mais profundo e que se ocupa apenas de resultados, não há sequer o que se discutir. O pragmático deve ser o liberal mais ferrenho, perdendo apenas para o liberal moralista, que compreende a superioridade moral do capitalismo sobre qualquer outra forma de regime econômico, além de perceber sua superioridade prática em rigorosamente 100% dos casos.

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Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #55 Online: 30 de Janeiro de 2006, 18:00:54 »
Citação de: Karl Rove
Por mais pobre que seja um indivíduo num sistema capitalista ele ainda é livre para trabalhar ou não para a sua própria propriedade privada ou para a de outros. É claro que uma existência plenamente miserável coloca muitos empecilhos, mas ainda sim, inerentemente ele possui Liberdade.


Isso não depende somente do indivíduo. Depende da economia do país que pode oferecer emprego ou não, depende de ele ter recebido educação no passado, há muitas variáveis em jogo e não é questão somente de vontade.

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Você se confunde se pensa que eu sou a favor da existência da miséria absoluta. Não sou mesmo. Para mim, esta é uma coisa brutal. Mas ainda considero mais brutal do que a existência desta, as formas de combatê-la que se valham da premissa de estabelecer uma igualdade que reduz todos (exceto alguns burocratas) à indigência dos primeiros, matando centenas de milhões nesse processo.


Claro que não é! Eu não sou maniqueísta, eu sei que você realmente acredita que o libertarianismo é a melhor forma de trazer qualidade de vida para todos, mas há alguns pontos com que eu discordo.

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Sou veemente contra qualquer combate a desigualdade social, pois qualquer um que tenha como prioridade o combate à desigualdade, e não à miséria, tem seus interesses motivados principalmente pelo sentimento de inveja da prosperidade alheia. Deve-se buscar reduzir a miséria fazendo crescer às riquezas e dando liberdade para que todos aproveitem desse crescimento individualmente e pelo próprio esforço.


Perfeito! Eu mesmo defendi essa mesma idéia algumas semanas atrás debatendo no Orkut sobre as conquistas do Chile, que conseguiu elevar o padrão de vida de sua população mesmo mantendo um elevado grau de de desigualdade social.

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E é óbvio que nesse processo devemos brutalizar criminosos e corruptos, sanar gastos públicos, privatizar empresas estatais perdulárias e reduzir o Estado ao seu tamanho mínimo, de forma que assim seja mais eficiente prestando seus serviços à população, diminuir a carga tributária para níveis de sobriedade, ao mesmo tempo combater a sonegação, honrar os contratos assinados com credores e devedores, oferecer boas condições para novos e velhos empreendedores realizarem seus projetos, e isso se reflete numa burocracia reduzida e em encargos trabalhistas menos opressivos para com relação ao empregador, educar a população para uma mentalidade de mercado, zelar pelas instituições familiares e pelas tradições que agregam os valores e a identidade de um povo, honrar nossos soldados e nossas forças armadas, tratando-os com dignidade e respeito que merecem, investir e permitir o investimento em tecnologia, abandonar práticas assistenciais/populistas que ao longo dos anos só prejudicaram o país.


Perfeito. Com um discurso desses eu até votaria em você para presidente.

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Eu acho que uma família que organizou-se para o nascimento de uma criança tem o direito de conceder a mesma tudo aquilo que achar que deve. Assim como uma família que não se organizou também. A diferença é entre as possibilidades da primeira e da segunda família.

Crianças podem não ter culpa por pais fracassados ou irresponsáveis, mas acho que essa é uma culpa que esses pais devem carregar, o fato de sua irresponsabilidade ou seu fracasso pessoal ter atrapalhado as possibilidades de seus filhos, e que sirva de aprendizado para quem quer que se compadeça da situação.


E se mantém um ciclo vicioso de crianças que crescem sem educação decente, sem capacidade de oferecer tudo o que desejam a seus próprios filhos que também vão crescer miseráveis e ignorantes até que algum ou por nascer excepcionalmente talentoso em alguma coisa, nem que seja futebol, ou que simplesmente tanha muito sorte, nem que seja ganhando na loteria, consiga romper com essa maldição.

Como você quer que alguém consiga ascenção social sem receber uma educação adequada, ainda mais na sociedade competitiva de hoje onde já não basta mais só ter concluído o ensino médio, você tem que saber usar um computador e falar inglês e às vezes até mais outra língua?

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É claro que essa criança deve ter seu acesso garantido ao mínimo necessário para que com o próprio esforço ela venha a prosperar (se assim quiser), mas não devemos tirar dos pais que se planejaram muito bem sua família o direito que eles tem dar uma boa vida para seus filhos em virtude do erro e da irresponsabilidade de outros pais.


Com o mínimo necessário eu não concordo. A educação pública deve ser a melhor possível com os recursos disponíveis. O triste no Brasil é que está tudo ao contrário: a educação pública é pior que a privada no nível fundamental e melhor no superior; em países sérios costuma acontecer o oposto.

Os pais que tiveram sucesso financeiro (devido à boa educação que tiveram ou a saber jogar futebol) podem recompensar seus filhos pagando para eles a melhor universidade que encontrarem, os pais que não tiveram esse sucesso vão torcer para seus filhos conseguirem uma bolsa de estudos ou para terem sucesso em sua formação técnica profissionalizante.

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Como eu disse, eu não discordo de um sistema de ensino básico público (não necessariamente estatal, pois devemos temer qualquer tipo de monopólio estatal, principalmente o da educação), aliado a uma rede de bibliotecas (porque quem realmente quer crescer não vai esperar que sua turma chegue ao seu nível, vai estar sempre dois ou três ou vinte passos à frente) que ofereçam a possibilidade dessas crianças desprivilegiadas crescerem intelectual e moralmente para competirem nos níveis mais altos.


De acordo. E quem sabe alguns computadores e laboratórios também.

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Mas mesmo o mais fraco ensino que impute na mente dessas crianças o espírito de luta pela Liberdade e busca da prosperidade por meio do esforço e do mérito (e da ética) já terá um êxito enorme, muito maior do que o mais sofisticado ensino de física e biologia quando aliado às esperanças vãs de socialismos utópicos e paternalismos estatais desestimulantes, coisa que nosso modelo educacional sistematicamente se esforça em transmitir para as crianças (exceto pela parte da física e da biologia).


Tudo isso é muito bonito, mas se a escola não ensinar física, biologia, matemática, língua portuguesa & cia direito ela não presta. O estudante deve sair de lá no mínimo apto a conseguir um emprego.

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A pessoa só tem direito de dar aquilo que possui ou que pode possuir. A questão é o quanto o Estado deve dar para aquela criança para que ela seja livre o suficiente para buscar a sua própria prosperidade em níveis competitivos.


Educação suficiente para ela poder ser um cidadão autônomo e independente, ou seja, conseguir um emprego formal de que possa tirar o seu sustento.

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O Estado não deve dar o mesmo que é dado para crianças ricas. Isso seria incoerente, impraticável e injusto (para aqueles que planejaram).


O Estado não vai é conseguir dar o mesmo que é dado às crianças ricas, simplesmente não é viável. Mas ele deve dar o melhor que puder. Deve ter como meta oferecer pelo menor custo possível ao contribuinte uma educação no nível das melhores do mundo. Tem que fazer bonito nas provas de ciências, matemática e leitura da OCDE, e devemos celebrar nossos avanços nessa área mais do que medalhas nas Olimpíadas (mas não do que Copas do Mundo, nada pode ser mais importante do que ganhar uma Copa do Mundo :P)

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Deve dar as ferramentas mais básicas que sirvam para acordar a semente do espírito do capitalismo contida em cada alma, pois uma vez que esta esteja desperta, o céu é o limite. Estimular o crescimento próprio e o uso das próprias pernas, dar a vara e ensinar a pescar, e nunca dar o peixe, tirando dos que já sabem fazer, mas precisam alimentar suas famílias e guardar para os dias difíceis. Funcionar como um incentivador, gerando novas levas de libertos e futuros incentivadores, num processo retro-alimentativo de crescimento material e principalmente moral e espiritual.


Realmente, é importante estimular o empreendedorismo, coisa que é raramente lembrada quando se trata de educação. Dar aos estudantes noções de como funciona a economia para que estejam aptas a tocar um negócio. Mas primeiro o Estado deve tirar esses entraves burocráticos irracionais que ele coloca contra os pequenos empresários.

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Considero a dignidade das bases familiares um dos principais pilares para a formação de caráter. É o primeiro contato humano e o mais íntimo e intenso que uma pessoa terá durante a sua vida, e valorizá-lo para mim é uma questão primordial.


Acho que as coisas não são tão simples assim. Famílias podem ser ambientes bastante problemáticos também, e as pessoas aprendem muito se relacioando com amigos. Mas isso não interessa para nossa discussão.

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A meritocracia emerge espontaneamente da concorrência. Ela não deve ser imposta, pois não existe um critério claro para definir méritos maiores e menores do que os êxitos em situações locais e variáveis.

Um sistema que gire em torno da competitividade vai buscar os melhores para ocupar os maiores e mais importantes cargos, contudo isso pode não impedir a prática de politicagens e de apadrinhamentos, que são processos anti-meritocráticos. Contudo, o apadrinhamento em empresas privadas só causa danos a uma única estrutura: ela própria. Desde que estejamos num sistema de livre concorrência, qualquer um que se abster de buscar eficiência total está apto a ser sobrepujado pela manada logo atrás, e portanto podemos deixar que o próprio sistema se encarregue de puni-los.


De fato.

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Quanto a educação e capacitação profissional, estamos de pleno acordo, estes devem ser itens de acesso a qualquer que mostrar interesse e capacidade, e nos níveis mais básicos, é um direito das pessoas exigir que o Estado desenvolva nelas esse interesse e desperte suas capacidades (quando existirem, pois outro erro é achar que não existem vagabundos e idiotas naturais, que nasceram com a única finalidade de serem perdedores, casarem com outros perdedores e produzirem novas levas de perdedores).


Triste verdade. Mas ainda é um desafio do Estado encontre utilidade aos perdedores antes que o crime encontre.

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Eu não acho que a educação seja um dever, mas sim um direito. Quem não quiser, que não se eduque, ou que se eduque da maneira alternativa que lhe for mais conveniente.

Se o garoto quiser passar o dia inteiro jogando futebol e mãe do garoto não se preocupar, que nem matricule seu filho. Deixe a vaga para alguém mais interessado.


Faz sentido.

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O que se deve é garantir que os interessados tenham acesso, e de preferência, tenham seus interesses ainda mais despertos e suas capacidades ainda mais ampliadas, isso independente da sua classe social de origem. E que isso se reflita em motivação para que essas pessoas, independentes da boa vontade do Estado, busquem para si próprias aquilo que consideram melhor, e que disponham das ferramentas necessárias nessa busca, mesmo que a tarefa seja árdua. E não perder tempo com quem escolheu a posição de perdedor, ou que naturalmente pertence a ela e não tem interesse algum de sair.


De acordo. Concordamos em quase todos os resultados, o problema está nos meios.

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Não, os direitos fundamentais não devem ser aqueles obtidos pelo patrimônio, mas sim pela condição de cidadão. E nestes devem estar as ferramentas para permitir o crescimento próprio dos pobres, assim como para permitir o crescimento dos ricos também.


O problema é quando certos direitos fundamentais estão atrelados demais ao patrimônio. No caso brasileiro isso vale especialmente para a educação.

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Se o pobre vai precisar de mais esforço por ter saído de trás na corrida, que isso se acrescente no seu mérito (e as pessoas reconhecem um self-made man), e que esses valores sejam passados para seus filhos, com o bastão sempre na frente, nunca atrás.


Que o pobre sempre precisa de mais esforço para atingir o mesmo lugar é inegável. Mas o Estado não pode dificultar.

[quoteMiséria só é escravidão quando não existe nenhuma possibilidade de escapar dela. Nesse sentido a miséria comunista é um estado perene, e portanto configura escravidão, enquanto a miséria capitalista, ainda que dificulte muito as coisas, não aniquilou o espírito de liberdade que alimenta o desejo pelo crescimento.[/quote]

Isso também se aplica à miséria do capitalismo freqüentemnte.

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A questão é: como pragmático você se interessa pelo que se sabe que funciona. A cartilha esquerdista em 100% (veja bem, não é 98%, nem 99,9%, é 100% mesmo) dos casos se mostrou no mínimo ineficiente, e no máximo um erro brutal que levou ao genocídio de centenas de milhões de seres humanos. Por que diabos as pessoas ainda acreditam nessa velha fórmula e ainda se consideram pragmáticos?


Não é do comunismo x capitalismo que tiro o que funciona, é do embate social-democracia x liberal-democracia, ambos dentro do capitalismo, um pouco mais ou um pouco menos à esquerda.

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Até concordo que o esquerdismo tem um quê de sedutor, é aparentemente justo (apenas muito superficialmente), é muitas vezes símbolo de um inconformismo altruísta (embora se saiba que as coisas não são bem assim), tem ideais que lembram um paraíso de igualdade e fraternidade e líderes carismáticos que sabem muito bem falar o que o povo quer ouvir (ainda que sejam absurdos estapafúrdios). Mas penso que para um ser racional, algo que se mostra errado 100% das vezes sequer deve ser cogitada sua repetição, e não estou nem entrando no mérito do sistema oposto ser moralmente muito superior (o que também é um fato óbvio), estou apenas no âmbito da prática mesmo. Para um pragmático puro, que se abstêm de um julgamento moral mais profundo e que se ocupa apenas de resultados, não há sequer o que se discutir. O pragmático deve ser o liberal mais ferrenho, perdendo apenas para o liberal moralista, que compreende a superioridade moral do capitalismo sobre qualquer outra forma de regime econômico, além de perceber sua superioridade prática em rigorosamente 100% dos casos.


Eu não defendo a volta do comunismo. Só tenho uma quedinha por algumas idéias social-democratas, apesar de saber que o tal Estado de Bem-Estar Social é insustentável a longo prazo há certas qualidades desejáveis nesse sistema. O ideal é um equilíbrio com a liberal-democracia que permita a sobrevivência econômica do sistema.

Offline uiliníli

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Re.: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #56 Online: 04 de Fevereiro de 2006, 02:10:22 »
Engraçado, o botão citar não está funcionando...

Bom, Karl:

Você se considera tão livre quanto um milionário? E quanto a um mendigo? Um mendigo tem tanta liberdade quanto um milionário? Eu suponho que não, pois embora algumas liberdades sejam gratuitas, existem também liberdades que se compra com dinheiro. E em muitos casos, portanto, a liberdade se herda, o filho do milionário herda além de dinheiro a educação suficiente para um bom emprego que sustente seu padrão elevado de vida, enquanto filho do mendigo herda freqüentemente a sua miséria e incapacidade de se inserir no mercado de trabalho.

Minhas maiores críticas ao liberalismo já foram discutidas entre nós; em alguns pontos, como educação e saúde eu prefiro as políticas sociais-democratas. O governo não pode simplesmente zerar impostos e se omitir de certas questões que são de interesse do próprio capitalismo, como capacitar todos os cidadãos a se qualificarem como mão-de-obra qualificada e criativa, impedindo que hajam pessoas incapazes de se inserirem na economia convencional e que por isso alimentem economias parasitas, como o crime.

De resto eu compartilho da sua visão acerca das desigualdades sociais, embora eu acredite que o Estado em certas situações deva agir no sentido de nivelar as chances das pessoas (o que já estamos discutindo no que se refere a educação) e te asseguro que o erro de votar em Lula eu não cometo nunca mais.

Karl Rove

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Re.: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #57 Online: 04 de Fevereiro de 2006, 03:27:35 »
Eu tinha postado sem querer, enquanto ainda escrevia a mensagem. Aí eu deletei antes de você postar essa resposta.

Offline uiliníli

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Re.: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #58 Online: 04 de Fevereiro de 2006, 11:44:34 »
Ah, deve ser por isso que eu não estava conseguindo citar.

Sinta-se à vontade se quiser ignorar meu último post e dar uma resposta ao anterior que considere mais adequada.

Karl Rove

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Re: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #59 Online: 06 de Fevereiro de 2006, 19:10:35 »
Citação de: Gabriel dCF
Você se considera tão livre quanto um milionário? E quanto a um mendigo? Um mendigo tem tanta liberdade quanto um milionário? Eu suponho que não, pois embora algumas liberdades sejam gratuitas, existem também liberdades que se compra com dinheiro. E em muitos casos, portanto, a liberdade se herda, o filho do milionário herda além de dinheiro a educação suficiente para um bom emprego que sustente seu padrão elevado de vida, enquanto filho do mendigo herda freqüentemente a sua miséria e incapacidade de se inserir no mercado de trabalho.

Depende. Aqui no Brasil, nessa democracia incipiente em que vivemos, dificilmente pode-se afirmar que temos mais liberdade do que caciques que fazem o querem saindo impunes.

Mas numa democracia eficiente e capitalista, todos os cidadãos em liberdade são iguais nos seus direitos e deveres. E apenas os julgados criminosos, por juris populares, serão privados de alguns desses direitos. E mesmo que haja distorções localizadas, corrupções em alguns níveis, pois sempre haverá, o sistema se estrutura sobre os pilares da liberdade, e de que todos os homens são criados iguais, e vestem-se da mesma liberdade de agir e pensar.

Ainda assim, gozamos de liberdade de expressão e pensamento, que, caso suas ideologias fossem postas em prática, dificilmente você poderia ostentar esse botom na sua assinatura. O comunismo não sobrevive à liberdade, e vice-versa.

Citação de: Willy Nilly
Minhas maiores críticas ao liberalismo já foram discutidas entre nós; em alguns pontos, como educação e saúde eu prefiro as políticas sociais-democratas. O governo não pode simplesmente zerar impostos e se omitir de certas questões que são de interesse do próprio capitalismo, como capacitar todos os cidadãos a se qualificarem como mão-de-obra qualificada e criativa, impedindo que hajam pessoas incapazes de se inserirem na economia convencional e que por isso alimentem economias parasitas, como o crime.

Ah, sim claro. Isso é muito bonito, mas já houve aqueles que diziam que o governo não devia prescindir da alimentação do seu povo, e se pararmos para pensar, comida é algo mais básico até do que saúde e educação. Mas como resultado do controle governamental (ou social-democrata, nada mais contraditório, é verdade) da alimentação só resultou em ordens de apreensão de colheita e milhões de mortos. Já onde a comida é conseguida com trabalho, em geral as pessoas não passam fome.

Vale lembrar que nosso país tem o costume bastante peculiar de vez por outra lançar programas que visam "alimentar o povo", mas vemos bastante gente passar fome.

"The government solution to a problem is usually as bad as the problem." - Milton Friedman

Talvez haja alguma dificuldade de se compreender isso para quem crê na social-democracia, mas basta ver os resultados dos governos que mais intervinham e dos que menos intervinham, em todo leque de casos, já que educação e saúde são apenas dois itens.

É claro que controle estatal da saúde e educação não necessariamente implica em serviços ruins, mas contribuem para o inchaço do governo, o que é efetivamente ruim.

"There is no such thing as a free lunch" - Ele de novo. Na medida que você como contribuinte paga pela educação e saúde estatais com seus impostos, e de lambuja ainda paga todos os escalões de administradores e fiscais inócuos que sobrevivem as custas desse perdularismo.

O mesmo serviço poderia ser obtida, até através de impostos, com o sistema de concessões contratuais e concorrências, numa espécie de planos de saúde e educação gerais, onde o governo pagaria para administradoras privadas de hospitais e escolas, que ofereceriam seus serviços gratuitamente obedecendo aos termos do contrato assinado. Quem quisesse educação de maior luxo, ou saúde com maiores recursos, que pagasse por fora.

Garanto que um serviço como esse, estabelecido em cima do respeito ao contrato e da concorrência, pilares do capitalismo verdadeiro e benéfico, seria muito mais eficiente do que o controle estatal de ambos, que cansou de se mostrar instrumento da corrupção dos elevados escalões e da acomodação de funcionários despreocupados, por não poderem ser demitidos.

Citação de: Willy Nilly
De resto eu compartilho da sua visão acerca das desigualdades sociais, embora eu acredite que o Estado em certas situações deva agir no sentido de nivelar as chances das pessoas (o que já estamos discutindo no que se refere a educação) e te asseguro que o erro de votar em Lula eu não cometo nunca mais.

Então você não compartilha da minha visão.

A minha visão é que igualdade econômica é um dogma de justiça calcado em discursos de falsos profetas, que motivando a inveja e a mesquinharia das pessoas, e manipulando e alimentando seu ódio, promoveram as maiores carnificinas históricas, e igualaram o povo sim, porém na indigência completa.

Acho a miséria uma grande desgraça a ser combatida, mas só se combate promovendo liberdade e crescimento, e não roubando, para a seguir pilhar e matar.

Offline Perseus

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Re: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #60 Online: 06 de Fevereiro de 2006, 19:36:34 »
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Acho a miséria uma grande desgraça a ser combatida, mas só se combate promovendo liberdade e crescimento, e não roubando, para a seguir pilhar e matar.

Perfeito. O nosso maior problema aqui no Brasil porém, é a praticamente inexistente cultura empreendedora.. cultura essa muito comum nos Eua. Afinal, não chegaram aonde chegaram atoa.

Aqui no Brasil, mesmo que você de todas as condições economicas, empregos e o que mais for necessário, sempre vai haver pouquissimas pessoas ditas empreendedoras.

No meu ver, nosso maior problema depois da pifia média de crescimento, é a morosidade.
"Send me money, send me green
Heaven you will meet
Make a contribution
and you'll get a better seat

Bow to Leper Messiah"

Offline uiliníli

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Re: Bachelet é eleita oficialmente presidente do Chile
« Resposta #61 Online: 06 de Fevereiro de 2006, 20:24:09 »
Depende. Aqui no Brasil, nessa democracia incipiente em que vivemos, dificilmente pode-se afirmar que temos mais liberdade do que caciques que fazem o querem saindo impunes.

Mas numa democracia eficiente e capitalista, todos os cidadãos em liberdade são iguais nos seus direitos e deveres. E apenas os julgados criminosos, por juris populares, serão privados de alguns desses direitos. E mesmo que haja distorções localizadas, corrupções em alguns níveis, pois sempre haverá, o sistema se estrutura sobre os pilares da liberdade, e de que todos os homens são criados iguais, e vestem-se da mesma liberdade de agir e pensar.

Ainda assim, gozamos de liberdade de expressão e pensamento, que, caso suas ideologias fossem postas em prática, dificilmente você poderia ostentar esse botom na sua assinatura. O comunismo não sobrevive à liberdade, e vice-versa.

Como assim as minhas ideologias? Eu ainda não te convenci de que eu não sou comunista? Quando eu critiquei a liberdade de expressão? Tudo o que eu venho defendendo é a igualdade de oportunidades, pois para mim é mais que óbvio que todas as pessoas nascem iguais em direitos e que elas não podem ser responsabilizadas pelos erros de seus pais e que uma verdadeira meritocracia não pode existir em num ambiente onde as chances de sucesso são niveladas. Não existe meritocracia numa sociedade onde alguns já nascem derrotados.

Citação de: Karl rove
Ah, sim claro. Isso é muito bonito, mas já houve aqueles que diziam que o governo não devia prescindir da alimentação do seu povo, e se pararmos para pensar, comida é algo mais básico até do que saúde e educação. Mas como resultado do controle governamental (ou social-democrata, nada mais contraditório, é verdade) da alimentação só resultou em ordens de apreensão de colheita e milhões de mortos. Já onde a comida é conseguida com trabalho, em geral as pessoas não passam fome

Vale lembrar que nosso país tem o costume bastante peculiar de vez por outra lançar programas que visam "alimentar o povo", mas vemos bastante gente passar fome.

Não sou a favor de dar o peixe, sou a favor de ensinar a pescar. Esmola vicia o preguiçoso e penaliza o batalhador. Mas não se pode conseguir um emprego decente sem educação.

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"The government solution to a problem is usually as bad as the problem." - Milton Friedman

Talvez haja alguma dificuldade de se compreender isso para quem crê na social-democracia, mas basta ver os resultados dos governos que mais intervinham e dos que menos intervinham, em todo leque de casos, já que educação e saúde são apenas dois itens.

É claro que controle estatal da saúde e educação não necessariamente implica em serviços ruins, mas contribuem para o inchaço do governo, o que é efetivamente ruim.

Nos Estados Unidos e na Austrália há pouquíssima intervenção estatal em saúde e educação e o sistema funciona muito bem. Já no Canadá e na França há bastante investimento público nessas áreas e as coisas também funcionam. A questão é qual alternativa funcionaria melhor no Brasil, mas antes de responder a este trecho leia o de baixo.

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"There is no such thing as a free lunch" - Ele de novo. Na medida que você como contribuinte paga pela educação e saúde estatais com seus impostos, e de lambuja ainda paga todos os escalões de administradores e fiscais inócuos que sobrevivem as custas desse perdularismo.

O mesmo serviço poderia ser obtida, até através de impostos, com o sistema de concessões contratuais e concorrências, numa espécie de planos de saúde e educação gerais, onde o governo pagaria para administradoras privadas de hospitais e escolas, que ofereceriam seus serviços gratuitamente obedecendo aos termos do contrato assinado. Quem quisesse educação de maior luxo, ou saúde com maiores recursos, que pagasse por fora.

É uma boa solução. Estamos gastando dinheiro público do mesmo jeito, mas ele estaria sendo gasto com mais eficiência nesse caso. Mas para mim isso não deixa também de ser uma medida social-democrata.

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Garanto que um serviço como esse, estabelecido em cima do respeito ao contrato e da concorrência, pilares do capitalismo verdadeiro e benéfico, seria muito mais eficiente do que o controle estatal de ambos, que cansou de se mostrar instrumento da corrupção dos elevados escalões e da acomodação de funcionários despreocupados, por não poderem ser demitidos.

Embora eu não considere esse sistema totalmente à prova de corrupção, eu acredito que sua a eficiência seria superior.

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Então você não compartilha da minha visão.

A minha visão é que igualdade econômica é um dogma de justiça calcado em discursos de falsos profetas, que motivando a inveja e a mesquinharia das pessoas, e manipulando e alimentando seu ódio, promoveram as maiores carnificinas históricas, e igualaram o povo sim, porém na indigência completa.

Acho a miséria uma grande desgraça a ser combatida, mas só se combate promovendo liberdade e crescimento, e não roubando, para a seguir pilhar e matar.

Eu já disse que igualdade de resultados não é meu objetivo. Meu objetivo é oportunidades o mais equilibradas possível para que os resultados sejam influídos somente pelo mérito individual, e não pela quantidade de riqueza dos seus pais.

 

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