Que tal um neurologista?
E neurologista vai fazer o que?
mapear seu cérebro, e ver se existe alguma anomalia.
Amon, é natural sua desconfiança com relação aos tratamentos que envolvem a subjetividade. Afinal, muitos deles baseiam-se em conceitos que estão longe de poderem ser levados a sério. É mais natural ainda que procure nos fenômenos orgânicos a causalidade das alterações de comportamento (não me refiro aqui à opção sexual de Guinevere ou outros comportamentos tidos pela moral vigente como desviantes, mas sim a problemas vivenciais que trazem mal-estar e/ou desejo de mudança).
Concordo que muitas vezes encontraremos a causa de alguma alteração psíquica em exames laboratoriais ou de ressonância magnética, etc. Porém, mesmo nesses casos, em que há um diagnóstico médico correto e preciso, a Terapia Cognitiva pode ser indicada, com ganhos que certamente irão se aliar aos demais tratamentos (refiro-me apenas àqueles que podem comprovar sua eficácia). Talvez você não conheça os métodos de trabalho de um terapeuta cognitivo, ou esteja por demais habituado a ouvir as idéias antiquadas que hoje são costumeiramente ensinadas nos cursos de psicologia pelo país. Não escreverei mais, pois sei que muitas pessoas têm o costume de não ler comentários com mais de 5 linhas. Procure informar-se a respeito da Psicoterapia Cognitiva. Tenho testado e comprovado seus resultados em meu trabalho como terapeuta; resultados que prezam pela rapidez, objetividade e economia.
Não descarto que a psicologia cognitiva, principalmente os métodos de Kelly e Albert Bandura tenham alguma validade. Contudo, primeiro acho melhor pesquisar e se possível identificar qualquer anomalia física, que nenhuam espécie de terapia de psicologia, seja ela comportamental, cognitiva, por traços etc possa resolver. Se não houver nada de diferente no funcionamento cerebral, quem sabe vale a pena tentar. A psicologia cognitiva, embora possa ter bons resultados, não funciona para todos, porquanto, como qualquer terapia da psicologia, ela é carregada de subjetivismos e; sendo assim, nunca deixa de ser, de certa forma, loteria.
Amon, talvez eu tenha me expressado mal. Como você, considero essencial que se investigue a origem orgânica de qualquer transtorno psíquico (repito que opção sexual, por si só, não pode ser considerado transtorno psíquico. Friso bastante isso por ser o tema inicial do tópico). Fazer o encaminhamento de um paciente que suspeitamos padecer de algum acometimento orgânico a um profissional qualificado é dever de todo terapeuta que se orienta pela ética pessoal e profissional. Afinal, sendo profissionais da área da saúde, não poderia ser diferente. Ao considerar melhor que se esgotem todas as possibilidades de diagnósticos médicos, antes que se inicie uma psicoterapia, você, sem dúvida, não está errado. É esse o caminho seguido pela maioria dos pacientes que buscam a alternativa psicoterápica. Porém, alguns transtornos como fobias, stress pós-traumático, luto persistente e outros, na maioria das vezes, não necessitam de exames neurológicos como ressonância magnética para que se consiga a remissão dos sintomas. Esses exames são caros e têm uma indicação bastante criteriosa e precisa.
Pode-se perceber em seu comentário uma concepção errônea do alcance de um tratamento em psicoterapia (falo da Terapia Cognitiva, que é a abordagem que considero atualmente a mais eficaz). Um diagnóstico médico como câncer, para ficarmos em um exemplo bastante doloroso, tanto para os familiares quanto para o paciente, não necessariamente exclui as possibilidades de benefícios psicoterapêuticos. Uma doença grave é um evento traumático na história de vida de qualquer pessoa, de seus familiares e amigos, certamente acompanhada de sofrimento, dúvidas, possivelmente culpa. São nesses aspectos que se focam as estratégias de tratamento, visando, sobretudo, qualidade de vida e melhora no estado clínico. Imagine-se um doente de AIDS que dissesse “OK, tudo bem. Descobri qual é minha doença. Não preciso de psicoterapia”. Espero estar sendo suficientemente claro ao dar esse exemplo. Não há relação de exclusão entre presença de diagnósticos clínicos e demanda de psicoterapia. Mesmo nas doenças mentais e acometimentos neurológicos pode, sim, haver demanda de psicoterapia. Um paciente diagnosticado com Alzheimer, que vem perdendo dia a dia suas conexões neurais, pode se beneficiar de uma psicoterapia, enquanto tiver condições de estabelecer pensamentos e raciocínios. Um paciente com Transtorno Bipolar de Humor (doença sabidamente com componentes hereditários) pode beneficiar-se da Terapia Cognitiva, seja num melhor entendimento da doença, ou no desenvolvimento de estratégias de previsão e tratamento das fases de mania/depressão.
Os autores citados, George Kelly e Albert Bandura, são pessoas que contribuíram para o aparecimento de uma maneira de pensar que possibilitou o aperfeiçoamento da Terapia Cognitiva, embora não sejam os autores atualmente mais indicados no caso de se iniciar um estudo da matéria. Recomendo que leia Terapia Cognitiva dos transtornos da personalidade de Aaron Beck, Arthur Freeman e Denise D. Davis.