Ao ser assinado por Emir Sader esse texto já nasceu refutado.
Mas cheguei em casa insone embora sem fôlego e condições mentais para encarar uma atividade mais exaustiva ou construtiva, ou seja, por pura falta do que fazer, vou refutar essa exposição de propaganda rasteira e pueril.
Ele começa com a mentira sistematicamente repetida de que o Brasil já experimentou algum regime <<neoliberal>>.
Arrecadação de 40% do PIB em tributos, máquina estatal inchada, gastos públicos exorbitantes, esmolões e mensalões, protecionismo atroz, juros altos decorrentes disso tudo, burocracia mordaz, moratória, intervencionismo, paternalismo, confisco do dinheiro público, violação dos direitos de propriedade pelo Estado, populismo et caterva, não fazem parte da agenda <<neoliberal>>, embora sejam políticas velhas conhecidas dos brasileiros.
Assim, já começa o texto comprometido por usar do chavão #1 de 9 entre 10 intelectuais de esquerda (culpar o neoliberalismo por tudo), a partir do momento em que as tais <<transformações impostas>> não poderiam ocorrer em função do liberalismo nunca ter se instalado aqui
A segunda conclusão errada se dá logo na segunda frase (e essa será uma constante no texto, uma frase, uma besteira ou até duas). O liberalismo não induz o investimento em áreas de maior liquidez e retorno a curto prazo. O que induz isso é o receio do investidor, receio esse gerado por países com históricos de intervencionismo e irresponsabilidade fiscal, além de falta de respeito a contratos. Quando o Estado cumpre simples regras, como gastar menos do que arrecadar, intervir menos no mercado e respeitar contratos firmados, o investidor se sentirá seguro para optar pelo longo prazo, com retornos maiores para ambos os lados.
E se o grosso da arrecadação é canalizada para o pagamento das dívidas, isso se deve a falta de responsabilidade de gastadores do passado, que assumiram contratos com os quais não podiam arcar e legaram para os próximos, passando a banana deficitária adiante. E como não aparece ninguém para fazer o óbvio, para enxugar o Estado de tudo que lhe é perdulário, de tudo que apresenta ineficiência assombrosa, de tudo que suga recursos num volume assombroso, e apresentar propostas que permitam ao mercado desenvolver-se de maneira racional e livre, o quadro tende a estender-se. Enquanto a máquina de propaganda se esforçar em proclamar coisas como superávit primário, quando há um déficit nominal mesmo havendo arrecadação recorde de tributos, e a mídia e a intelligentzia defenderem esse tipo de impostura, não veremos a luz no fim desse túnel.
E questionar a alta taxa de juros por si só, como se ela não fosse dependente de uma conjuntura complexa, é um expediente sórdido de delegar os efeitos colaterais de suas próprias ações a ideologia alheia.
Informalidade do mercado de trabalho, o próximo ponto do autor. O mesmo delega tal informalidade ao mecanismo liberal, mas seria uma tarefa digna de um hábil contorcionista intelectual descobrir como a informalidade, isto é, a existência de trabalhadores desempenhando seus serviços sem os avais estatais e sem pagar impostos, pode originar-se no liberalismo quando o este pauta-se exatamente pela facilitação na aquisição dessas permissões e na redução de impostos. É de uma miséria intelectual de dar dó, miséria essa que exigiria do leitor analfabetismo total em termos de economia, política e lógica, simultaneamente, para ser aceita.
Depois de uma sessão de louvor ao populismo e ao marxismo, ele volta com a teoria chave de sua exposição: a velha conhecida redução de horas de trabalho para que mais pessoas trabalhem.
Numa economia amarrada por leis trabalhistas extremamente desvantajosas para o setor produtivo, seja na extrema dificuldade de se realizar processos simples, como demitir ou contratar um funcionário, seja no sem número de direitos trabalhistas e last but not least nos impostos pagos pelo empregador que tornam um funcionário duas vezes mais caro que o seu salário.
Diminuir as horas de trabalho, ao invés de estender as oportunidades para um maior espectro do mercado de trabalhadores, vai é criar maiores dificuldades para as já escassas empresas formais, o que resultará numa redução do investimento e do crescimento, e um aumento da informalidade (ou precaridade, dada a preferência do autor).
Fora que a manobra de impedir um trabalhador de alcançar seu máximo potencial, demonstrando assim seu empenho e motivação, reflexos de valores elevados e o espírito motor do capitalismo saudável ao longo da história, para que o espaço seja ocupado por gente menos competente e disposta do que ele, é simplesmente uma ofensa a qualquer um que não se encaixe como uma luva no perfil do Imbecil Coletivo. É moralmente degradante. É favorecer o preguiçoso, o inerte em prejuízo da disposição e dos valores daqueles que merecem de fato estar trabalhando. Só não é surpreendente pois já conhecemos a laia e a capacidade de fabricar excremento travestido de idéias do referido autor. Na verdade, é até lisonjeiro para com tal verme dizer que ele fabrica, quando de fato ele apenas regurgita a lavagem ideológica da qual se alimenta. E, é claro, haverá sempre idiotas para trazê-lo a discussão.
As relações de trabalho devem envolver cargas horárias que sejam satisfatórias tanto para o empregador quanto para o empregado, ou seja, que encontrem um ponto de equilíbrio entre produtividade e satisfação com o trabalho, estabelecendo assim a justiça de um contrato livre e voluntário, e não serem manifestações de iluminados engenheiros sociais, que julgando-se mais capazes que os próprios envolvidos em determinar aquilo que é justo e que gerará mais felicidade para todos, acabam por produzir apenas miséria e morte em escala industrial.
Isso mostra o quanto o esquerdismo, além de ser estupidamente ineficiente na gestão politico econômica, é ainda fomentador de uma moral inversa, de valores ao avesso, e para conseguir tal feito introduzem conceitos relativistas que apesar da baixeza, encontram um público muito grande. Pois é só nisso que o comunismo é competente, na disseminação do caos dentro de tudo que lhe é alheio. É um sistema de destruição, não de construção.
A imensidão do erro socialista, que facilmente pode ser considerado o maior flagelo que já acometeu a humanidade em toda a História, parece não ser grande o suficiente para desmotivar novos arautos de novas revoluções de outubro. Ou talvez, na cabeça desses, a desproporção alarmante do caráter criminoso das idéias comunistas frente a qualquer tipo de ideologia já ou passível de ser formulada apenas funciona como estímulo a sua torpeza, numa espécie de deleite macabro com aquilo que já se mostrou efetivamente como manifestação do Mal.