Mas não foi isso que eu disse. Eu disse que só consigo imaginar o eter como uma "terceira entidade", distinta do espaço.
Certo, entendi, mas foi o que eu quis dizer; você consegue imaginar algo, independente do espaço, mas “imaterial” se expandindo, e não consegue imaginar o próprio espaço, e no fundo, é a mesma coisa. Mas tudo bem, imaginar é um recurso / necessidade até para os físicos, mas não é indispensável em si para a Ciência.
COMO SE MEDE QUE O ESPAÇO SE EXPANDA? Tipo, se você usar uma régua, ela se expande junto e fica tudo igual, certo?
Não, corpos materiais não se expandem com a expansão do universo, somente o Espaço-Tempo.
Note que primeiramente essa expansão foi uma previsão da Relatividade Geral. Segundo, Hubble percebeu um desvio nas raias espectrais da luz proveniente das galáxias distantes, um desvio para o vermelho (freqüência), similar ao Efeito Dopler, o que indicava que tais galáxias se afastavam de nós em todas as direções. Hubble elaborou uma fórmula que dá a velocidade de recessão em função da distância das galáxias.
Se a Relatividade fosse desconhecida, e se tivéssemos que aplicar somente Newton, não se teria à época um cenário no qual o Espaço-Tempo fosse dinâmico, e sim, como comentei, um “pano de fundo” onde os eventos simplesmente se realizariam, sem sua participação.
Com isso, muito provavelmente, os cientistas chegariam à conclusão de que esses grandes aglomerados de corpos materiais se moviam pelo espaço, se afastando de nós.
Contudo, esse cenário hipotético acabaria por sofrer um golpe definitivo quando se chegasse aos dias atuais e fosse possível se medir a velocidade desses aglomerados, com uma excelente precisão, em relação ao Fundo de Microondas que permeia o universo, pois o resultado dessa medição é praticamente ZERO (!), ou seja, os aglomerados estão EM REPOUSO em relação à radiação de fundo, ou seja, mostra que o espaço entre eles se expande. É o mesmo que acontece se você marcar com uma caneta 2 pontos em um elástico, em cada extremidade, e depois esticá-lo. A velocidade dos pontos em relação ao elástico é zero, contudo, a distância entre eles aumenta.
A questão todo se resume ao fato de que Espaço (melhor chamar de “o Espaço”) não é uma concepção matemática e sim, algo físico, ou de propriedades físicas, que interagem conosco de modo dinâmico. Por exemplo, de uma maneira bastante simplificada, você, assim como tudo mais, somente fica “colado” à superfície da Terra exatamente pela deformação que a Terra ocasiona no Espaço. Essa deformação, ou curvatura, se preferir, é Gravidade. Ou seja, Gravidade não é algo que existe no Espaço; ela é uma característica da Geometria, da Métrica, do Espaço, similar à inclinação de uma montanha, por exemplo. A inclinação em si não é algo, mas sim, uma característica geométrica do relevo da montanha. A montanha existe; a inclinação é uma conseqüência de seu formato. Nesse sentido, o Espaço existe; a Gravidade é uma conseqüência de seu “formato”.
E quanto ao fato de não conseguir imaginar, nem se preocupe com isso. Em realidade, ninguém consegue, seja físico ou não, ainda por cima por estarmos falando de uma entidade de 4 dimensões (ou mais!). Nessa questão, trabalhamos apenas com a Matemática, ou seja, como disse, imaginar não é indispensável à Ciência; é apenas uma necessidade humana, da qual ninguém está isento.