Gui, talvez você não esteja entendendo o caso como ele realmente ocorreu. Esse assassinato pode ter sido cometido por vários motivos. O rapaz pode ter se sentido muito ofendido por estar transando com uma transexual e por esta não ter sido honesta com ele. Ainda constitui um crime, mas e se a transexual não ofendeu o rapaz de uma maneira para deixá-lo ainda mais constrangido? Não teria afetado o discernimento do rapaz?
Veja bem por exemplo, eu respeito a individualidade das pessoas e não me importo o que elas façam de suas vidas. Elas podem fazer operação de sexo e tudo mais se quiser. Mas eu, pessoalmente, não me sentiria nada à vontade de saber que estaria num relacionamento com uma transexual. Sei que essa visão não tem muita lógica, mas eu tenho isso na minha individualidade e odiaria que isso fosse desrespeitado. Claro que eu não mataria uma pessoa só por isso, mas e se ela debochasse de mim? Ou insinuasse espalhar para todo mundo? Ou insistisse patologicamente em continuar o relacionamento, ligando para minha casa todos os dias? Num acesso de raiva, eu não responderia por mim.
Apenas tente pensar que pode não ter acontecido tudo exatamente como aparece na mídia. Apenas tente entender que pode ter acontecido algo que o fizesse matar aquela pessoa. Por que não conceder o direito da dúvida?
O STJ pode ter entendido que aqueles rapazes cometeram o crime de cabeça quente, e que normalmente não causariam maiores distúrbios na sociedade, e que poderiam sair da prisão desafogando um pouco o sistema carcerário. E nem houve julgamento ainda, o que indica que eles ainda podem ser condenados — pois apesar de tudo, eles cometeram o crime. O que diferencia este caso dos outros é que o motivo pode não ter sido tão ruim quanto parece.