Devo confessar que nunca levei a Escola Austríaca completamente a sério. A quantidade de absurdos e nonsenses que já vi em seus textos não é das menores (Ex: afirmar que o BC deveria aumentar a taxa de juros em épocas de recessão).
A impressão pessoal que tenho acerca da escola austríaca (que é uma minoria, talvez 1% dos economistas profissionais se auto-intitulam adeptos) é de um grupo de pessoas que pega aquelas simplificações para fins didáticos que vemos nos livros de introdução e economia e os dogmatizam como leis absolutas, puras, sem necesidade de nenhum tipo de detalhamento ou refinamento a mais. Já vi dizerem, por exemplo, que refutar a Lei de Say seria como refutar a lei da gravidade!
Outra característica dos mesmos é uma crença ingênua numa racionalidade espontânea da economia. Aparentemente eles não possuem uma "macroeconomia", ficam pegando princípios da microeconomia, aplicáveis à análise de entes individuais (firmas, pessoas) e extrapolam para a economia como um todo sem nenhuma correção.
Por exemplo: é sabido que se uma pessoa A poupa bastante, mantendo sua renda inalterada, a tendência é ela ficar mais "rica". Porém, se TODAS as pessoas pouparem demais, o mesmo não se sucederá, pois a pessoa A terá sua renda diminuida devido à redução em suas vendas para outras pessoas. (ou, caso seja um assalariado, da redução das vendas da empresa onde trabalha, o que pode levar à sua demissão).
Essa dualidade nível individual X nível global parece ser ignorada pelos ultraliberais. Isso é um retrocesso na ciência econômica.