Autor Tópico: Keynes X Hayek  (Lida 3592 vezes)

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Offline Roberto

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #50 Online: 30 de Junho de 2006, 08:34:14 »
HSette, a questão seria saber se o narcotráfico pode prescindir desse resquício de formalidade ou não. Se botam dinheiro no mercado financeiro, é porque dá retorno, mas se não houvesse essa opção? O mercado de drogas ruiria? Me parece evidente que não.

Mas, pra evitar mal-entendidos, que tipo de papel você acha que cabe ao Estado?
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Offline HSette

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #51 Online: 30 de Junho de 2006, 08:54:03 »
Falou, Roberto.
Vamos esquecer essa história de narcotráfico. Daqui a pouco a PF está atrás de nós, achando que nós estamos metido nisso! :histeria: :histeria: :histeria:

Mas voltando ao foco. Penso que o Estado deve se concentrar nas funções essenciais para o bom funcionamento da sociedade: educação, saúde, segurança pública e segurança nacional. Isso sem tirar a possibilidade de a iniciativa privada atuar nas áreas de saúde e educação.
E ainda: os investimentos em infra-estrutura que a iniciativa privada não tem como bancar devem ser transacionados como a mesma. Me parece que na França (não tenho certeza, vou conferir depois), tais investimentos são planejados com muita antecedência. É criado um Fundo específico, e os setores que se beneficiarão diretamente do mesmo farão os aportes necessários ao longo do tempo, em troca de benefícios fiscais diluídos também ao longo do tempo.
Por aqui (e em outros lugares também, porque não?) o perigo é a corrupção crescer o olho sobre esses Fundos. Já vimos esse filme aqui antes: o dinheiro simplesmente desaparece e ninguém dá satisfação.

PS: aqui está se tentando algo parecido em relação ao Setor de Geração de Energia, com o tal do Seguro Apagão que vem todo mês nas contas de energia. Vamos ver se sobrevive. Se for levado a sério, acho que tem tudo para dar certo.
« Última modificação: 30 de Junho de 2006, 08:58:59 por HSette »
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Chaves

Offline Roberto

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #52 Online: 30 de Junho de 2006, 09:12:44 »
HSette, falando assim você me parece um liberal moderno, ou um neoliberal (como a esquerda gosta de chamar). Os adeptos do liberalismo clássico que conheço possivelmente o definiriam como um social-democrata, só que pendendo mais para a direita do que para a esquerda. Mas você mesmo, como se define?
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Offline Rodion

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #53 Online: 30 de Junho de 2006, 16:56:47 »
já ouviu o rótulo liberal democrata, roberto?
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline HSette

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #54 Online: 30 de Junho de 2006, 18:32:33 »
Roberto, eu prefiro adotar uma postura mais pragmática.
Apesar de ter grande simpatia pelo ideário Socialista, entendo que passamos por um momento histórico em que se abre uma janela de oportunidade para que países do porte do Brasil redefinam seu posicionamento no Mercado Global, o que permitiria superarmos em parte nossa situação de grande dependência de capital especulativo, bem como alterarmos nossa pauta exportadora, maximizando o valor de produtos com maior agregado.
Como acho que a iniciativa privada é mais eficiente para movimentos dessa natureza, penso que o melhor no momento uma política mais liberal em relação ao capital privado.
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Chaves

Rhyan

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #55 Online: 30 de Junho de 2006, 19:34:08 »
Alguém já leu America's Great Depression do Rothbard?

http://www.amazon.com/gp/product/0945466056/103-4270284-2843831?v=glance&n=283155

Não só Hayek...

Tem Friedman pai, Friedman filho, Mises, Rothbard, Ayn Rand e etc.

Offline Kao

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #56 Online: 30 de Junho de 2006, 21:30:27 »
Eu entendo que a política keynesiana é um caso especial.

Essa história de usar o Estado para criar demanda agregada só funciona em um caso especial, como após uma grande recessão em que há uma grande capacidade ociosa para ser aproveitada.

Uma vez aproveitada a capacidade ociosa, as políticas keynesianas vão acabar provocando ou aumento da dívida pública ou da inflação.

Quer ter crescimento econômico sem inflação e sem endividamento.
Não tem como fugir daquela tradicional receita de poupança interna para financiar investimentos, concorrência para forçar trabalhadores e empresas a ser eficientes, investir em tecnologia e educação para aumentar a produtividade.

Pode-se adotar o keynesianismo como uma política anticíclica, quando tem um recessão, se estimula a economia e quando a economia estiver em crescimento se faz um aperto para compensar o gasto anterior.

O problema é que politicamente é fácil gastar mais quando tem recessão, mas é difícil cortar quando tem crescimento, então essa política acaba virando uma bola de neve em que o Estado e a dívida pública crescem sem parar, levando à perda de eficiência da economia.

O keynesianismo (talvez mal interpretado) acabou servindo de base teórica para o inchaço do Estado no pós-guerra, e os países que levaram essa política com mais intensidade hoje não conseguem mais crescer.

Offline HSette

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #57 Online: 30 de Junho de 2006, 21:42:05 »
Citar
O keynesianismo (talvez mal interpretado) acabou servindo de base teórica para o inchaço do Estado no pós-guerra, e os países que levaram essa política com mais intensidade hoje não conseguem mais crescer.

Isso é um fato, e muito bem lembrado.
Muito das crises de endividamento público que explodiram no início da década de 80 tiverem origem nesse abuso das propostas keynesianas (muitas vezes usada para encher os bolsos de políticos corruptos).
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Chaves

Offline Roberto

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #58 Online: 03 de Julho de 2006, 08:53:25 »
já ouviu o rótulo liberal democrata, roberto?

It's me.
Se eu disser ou escrever hoje algo que venha a contradizer o que eu disse ou escrevi ontem, a razão é simples: mudei de idéia.

Eriol

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #59 Online: 15 de Julho de 2006, 12:13:41 »
o Liberalismo funciona de maravilhas. Para os ricos. Sejam países ou oligarquias locais.

Keynes fez o capitalismo funcionar... os ciclos do mercado são letais, e "a longo prazo estamos todos mortos"... mas não gosto do senhor porque acomodou ao Obreiro e impediu o avance da luta de classes... se bem que com o fim da CCCP, e a "flexibilização" dos mercados, muita coisa está a ponto de estalar.

Rhyan

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #60 Online: 18 de Fevereiro de 2010, 01:02:44 »
<a href="http://www.youtube.com/v/9XjcAO_doUY" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/9XjcAO_doUY</a>

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #61 Online: 18 de Fevereiro de 2010, 13:46:56 »
Citação de: [url=http://][/url]
"Is Austrianism Serious?"

I have no desire to do so myself, but if anyone wants to try and defend the Austrians, feel free:

   
Citação de: [url=][/url]
Is Austrianism Serious?,  by Ian Crosby: I am merely an incidental economist.  In my education and career as an antitrust and patent lawyer, I have been formally trained in and had occasion to apply as much microeconomics and econometrics as is required to understand applied theory of competition and property.  But in macroeconomics, I am as susceptible to enthusiasm and blindness as any autodidact.

    Knowing this, I tend to seek and and rely on the consensus of experts.  But unlike, say, in evolutionary biology and climatology, the fundamental controversies in macro do not seem to be largely manufactured by interests and cranks.  The efficient-markets hypothesis, for example, appears to be genuinely and increasingly contested among serious scholars.  Yet should not the recent success of monetary and fiscal intervention in staving off another Great Depression have cemented the Keynesian portion of the neoclassical synthesis?

    Lately, I’ve become aware of a number of self-styled “Austrians” who claim that Keynesian policies not only fail to ameliorate business cycles, but in fact, produce them.  It’s an audacious assertion, and one I might trouble myself to investigate if I were convinced that it reflected a serious vein of dissent among professional economists.

    Paul Krugman maintains that Austrian business cycle theory is “as worthy of serious study as the phlogiston theory of fire.”  Milton Friedman claimed, less colorfully but no less categorically: “The Hayek-Mises explanation of the business cycle is contradicted by the evidence. It is, I believe, false.”

    Am I right to interpret this concurrence of opinion by two Nobelists from opposite ends of the political spectrum as a strong evidence that the Austrian critique is misguided?  Are latter-day Austrians the economic equivalent of creation scientists and climate-change deniers?  Or are there mainstream economists who take them seriously?  And if they do, what does it say about macro as science that there should be basic disagreements about a fundamental object of study in the discipline?

    I ran these questions by three professional economists – two university professors and one at the Fed.  As to how many working economists take Austrians seriously, the answers were, respectively, “don’t know,” “don’t know,” and “maybe one percent.”  The one-percenter compared the stature of Austrians in the discipline to that of Marxists.  While the respected Austrian may not be a unicorn, he or she is definitely a snow leopard.

    But that doesn’t make the neo-Austrian a crank.  And in point of fact, one of my economists assured me that at least those few self-identified Austrians of whom he knew with jobs in their field accepted (if not loudly) the need for fiscal and monetary stimulus to spur aggregate demand in times of economic crisis.  The real lack of consensus in macro, it seems, is not how to respond to a downturn in the business cycle, but what causes the business cycle in the first place.  And if mainstream macroeconomists agree that the Austrian explanation of this phenomenon is demonstrably lacking, it is not because they have a well-supported alternative or viable research program of their own.

    Today’s Austrians may be a small and dubious minority.  But they have hardly opposed themselves to the edifice of a successful science.


http://economistsview.typepad.com/economistsview/2010/02/is-austrianism-serious.html

Offline DDV

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Re: Keynes X Hayek
« Resposta #62 Online: 18 de Fevereiro de 2010, 14:14:00 »
Devo confessar que nunca levei a Escola Austríaca completamente a sério. A quantidade de absurdos e nonsenses que já vi em seus textos não é das menores (Ex: afirmar que o BC deveria aumentar a taxa de juros em épocas de recessão).

A impressão pessoal que tenho acerca da escola austríaca (que é uma minoria, talvez 1% dos economistas profissionais se auto-intitulam adeptos) é de um grupo de pessoas que pega aquelas simplificações para fins didáticos que vemos nos livros de introdução e economia e os dogmatizam como leis absolutas, puras, sem necesidade de nenhum tipo de detalhamento ou refinamento a mais. Já vi dizerem, por exemplo, que refutar a Lei de Say seria como refutar a lei da gravidade!

Outra característica dos mesmos é uma crença ingênua numa racionalidade espontânea da economia. Aparentemente eles não possuem uma "macroeconomia", ficam pegando princípios da microeconomia, aplicáveis à análise de entes individuais (firmas, pessoas) e extrapolam para a economia como um todo sem nenhuma correção.

Por exemplo: é sabido que se uma pessoa A poupa bastante, mantendo sua renda inalterada, a tendência é ela ficar mais "rica". Porém, se TODAS as pessoas pouparem demais, o mesmo não se sucederá, pois a pessoa A terá sua renda diminuida devido à redução em suas vendas para outras pessoas. (ou, caso seja um assalariado, da redução das vendas da empresa onde trabalha, o que pode levar à sua demissão).

Essa dualidade nível individual X nível global parece ser ignorada pelos ultraliberais. Isso é um retrocesso na ciência econômica.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

 

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