Se eu fosse Deus e se eu existisse, assim, na condição de Deus eu faria o seguinte: eu aproveitaria minha eternidade tomando emprestado o corpo de todas as pessoas que já viveram neste mundo, uma de cada vez.
Não entenderam? Assim, digamos que eu inventaria um monte de universos paralelos, infinitos ou até mais!, todos iguaizinhos. Mas em cada um eu seria uma pessoa diferente num período histórico diferente, numa cultura diferente, quem sabe até em planetas diferentes. E por que não seres diferentes também, eu planta, eu bactéria, eu animal?
Dessa forma eu poderia experimentar na pele todas as sensações possíveis, as boas e as ruins, e entender profundamente o significado de cada vida, de cada sentimento, de cada idéia, estar na pele uma vez na da presa e outra na do predador; uma vez na da vítima e outra na do agressor. Eu viveria entre minhas criações, seria solidário a elas e possivelmente ainda transformaria a todas elas em deuses também para experimentarem a mesma viagem eterna de conhecimento.
Eu não seria um Deus arrogante, não teria chiliques de desejar ser o único absoluto. Preferiria ser um deus camarada, entre tantos deuses que eu não poderia mais nem saber se sou eu mesmo o criador, ou se sou só um tão bom quanto qualquer outro. Talvez eu não fosse tão importante, mas com certeza não seria tão sozinho quanto o triste Deus dos cristãos.