Autor Tópico: Viva a revolução Cubana!!!!  (Lida 12053 vezes)

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Offline Hugo

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #50 Online: 30 de Julho de 2006, 10:16:46 »
Irônico, os direitistas brasileiros vão para os EUA/Japão para servirem de faxineiros e viverem em condições piores do que a do mais pobre brasileiro. No final, voltam para o Brasil se achando injustiçados por terem nascido no "país errado". :depre:


O interessante é que os cubanos tb vão, e ainda arriscam a vida indo de bote.Os alemães tb se arriscavam pulando o muro, os chineses pagam fortunas para sair do país escondidos em porões de barcos.Países comunistas devem ser ótimos de se viver.

Voce deve saber que os cubanos são os únicos no mundo que podem ir para os EUA e serem recebidos com beijinhos e tudo mais. Até existe lei para isso.

Não é o caso dos outros povos do mundo; vejamos os brasileiros e mexicanos, por exemplo, por que eles não são recebidos com beijinhos??? se arrsicam para viverem nos EUA e vivem clandestinamente.

Se os EUA dessem os benesses que dão aos Cubanos... imaginem só... o que aconteceria???
« Última modificação: 30 de Julho de 2006, 10:18:47 por Hugo »
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Hugo

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #51 Online: 30 de Julho de 2006, 10:24:53 »
o que poderiam dizer do artigo:

http://en.wikipedia.org/wiki/Opposition_to_Fidel_Castro


Tenho um professor que é cubano e às vezes conversamos sobre a ilha. Não há comparação melhor quando se olha para antes da revolução (1959) e depois... O país que era o quintal dos EUA e seu bordel particular, hoje exporta saúde e educação. No mais, já foi dito por alguns aqui, a ilha é outra e as pessoas vivem dignamente.

VIVA A REVOLUÇÃO!!!!!

Por que seu professor deixou Cuba? Por que ouve-se tanto falar de gente querendo fugir de lá? É tudo lenda ou são loucos?

Será que ningúem pode sair de Cuba de forma normal, isto é, para trabalhar em outro país e produzir?

Claro que pode! As notícias que temos pela imprensa capitalista é de que só sai de Cuba fugido... mentira.

POr que os EUA só aceitam os Cubanos que fugiram e não aceitam os que apoiam o regima? Todo o mundo sabe da aberração que os EUA fizeram ao prenderem cinco compatriotas cubanos, apenas por serem líderes da revolução e estarem no seu território.

É  muito perigoso ficar só no "ouvi falar"... :wink:
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Offline Guinevere

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #52 Online: 30 de Julho de 2006, 11:12:40 »
nao disse que era. disse que é dificil acreditar em quem fala bem

Offline Alenônimo

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #53 Online: 30 de Julho de 2006, 11:47:41 »
nao disse que era. disse que é dificil acreditar em quem fala bem

Geralmente porque o discurso se assemelha bastante ao proselitismo religioso. Tira-se a religião e coloca-se um pensamento utópico de igualdade a todas as pessoas que nunca consegue se realizar entre seus próprios organizadores.
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Eriol

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #54 Online: 30 de Julho de 2006, 13:12:24 »
pois deverias conhecer melhor o discurso e suas bases filosóficas

ukrainian

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #55 Online: 30 de Julho de 2006, 13:17:33 »
pois deverias conhecer melhor o discurso e suas bases filosóficas

Exato.
« Última modificação: 30 de Julho de 2006, 13:19:25 por Ukrainian »

Offline Hugo

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #56 Online: 30 de Julho de 2006, 13:41:19 »
pois deverias conhecer melhor o discurso e suas bases filosóficas

Exato.

Não é tão difícil ver isso... acho...

A igualdade é um objetivo para ser alcançado... não é algo que se queira por força...

Parece até que quem quer a igualdade de direitos, quer algo utópico e irreal... podemos ter direitos iguais, mesmo sendo pessoas diferentes, isto é, desiguais...
« Última modificação: 30 de Julho de 2006, 13:45:19 por Hugo »
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #57 Online: 30 de Julho de 2006, 14:35:45 »
Citar
Como é que se pode confiar em fontes cubanas (a autora do texto é de uma universidade cubana)

Daniel, a que texto, especificamente, você está se referindo?

Se for a esse aqui: "Guía para comprender el Sistema Político Cubano actual"

No site da Georgetown University postado acima há as mesmas informações.

Fontes yankees são dignas de seu crédito?

não generalizadamente. Procuro fazer uma média.

Me é no mínimo um pouco suspeito um país tão maravilhoso ter tanta gente fugindo a nado. Com esse artigo da constituição, aumenta a minha desconfiança sobre coisas boas faladas de lá.

Eriol

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #58 Online: 30 de Julho de 2006, 14:45:06 »
procure sobre a propriedade privada em qualquer outra constituição e ai terás o outro lado da estória.

Offline HSette

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #59 Online: 30 de Julho de 2006, 15:15:55 »
Citar
Como é que se pode confiar em fontes cubanas (a autora do texto é de uma universidade cubana)

Daniel, a que texto, especificamente, você está se referindo?

Se for a esse aqui: "Guía para comprender el Sistema Político Cubano actual"

No site da Georgetown University postado acima há as mesmas informações.

Fontes yankees são dignas de seu crédito?

não generalizadamente. Procuro fazer uma média.


Ainda bem! :ok:
E sobre isso estamos de acordo, pois também procuro proceder assim!

Citar
Me é no mínimo um pouco suspeito um país tão maravilhoso ter tanta gente fugindo a nado. Com esse artigo da constituição, aumenta a minha desconfiança sobre coisas boas faladas de lá.


Eis o trecho da Constituição citado pelo Danniel. Acho relevante pô-lo sobre análise.
Alguém se aventura?

Artículo 62.- Ninguna de las libertades reconocidas a los ciudadanos puede ser ejercida contra lo establecido en la Constitución y las leyes, ni contra la existencia y fines del Estado socialista, ni contra la decisión del pueblo cubano de construir el socialismo y el comunismo. La infracción de este principio es unible.

Trata-se, a meu ver, de causa pétrea, prática consagrada no Direito Internacional e Constitucional, e nossa Constituição também as possui. Um exemplo:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.


Cadê a galera do Direito?

« Última modificação: 30 de Julho de 2006, 15:18:29 por HSette »
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Chaves

Offline Diegojaf

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #60 Online: 30 de Julho de 2006, 18:23:32 »
Olha... pode não ser emendada, maaaaas pode ocorrer uma interpretação extensiva do que está descrito na lei...

Lembra do lance do Direito adquirido da isenção dos aposentados? pois é... inciso IV...

As constantes ingerências do STF nas decisões da Câmara de cassação? Inciso III...

Não importa se a emenda É referente a alguma dessas limitações... importa é se será INTERPRETADA como tal por aqueles que possuem as atribuições para faze-lo...

A de Cuba, ME PARECE, dá um sentido mais "você nunca deverá se opor ao Estado socialista e comunista que o povo pediu pra existir... mesmo que você seja o povo..."
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline HSette

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #61 Online: 30 de Julho de 2006, 18:44:04 »
Acho que meu exemplo não é dos mais adequados.

Vejam o que diz Ronaldo Rebello de Britto Poletti, professor da UnB e ex-Consultor-Geral da República, sobre o artigo que citei:

O significado de pétrea está na "pedra angular"das construções góticas medievais. A cláusula pétrea da Constituição pode assim ser identificada com a sua "pedra angular", o ponto principal, sem o qual o edifício desmorona. Nesse sentido, os itens do art. 60, § 4º, à obviedade, nada têm que ver com a "pedra angular" da Constituição.

Mas há Cláusulas Pétreas em todas as Constituições.
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Offline Diegojaf

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #62 Online: 30 de Julho de 2006, 18:48:31 »
Acho que meu exemplo não é dos mais adequados.

Vejam o que diz Ronaldo Rebello de Britto Poletti, professor da UnB e ex-Consultor-Geral da República, sobre o artigo que citei:

O significado de pétrea está na "pedra angular"das construções góticas medievais. A cláusula pétrea da Constituição pode assim ser identificada com a sua "pedra angular", o ponto principal, sem o qual o edifício desmorona. Nesse sentido, os itens do art. 60, § 4º, à obviedade, nada têm que ver com a "pedra angular" da Constituição.

Mas há Cláusulas Pétreas em todas as Constituições.

Sim, sem dúvida...

Mas a interpretação dada a essas cláusulas muda com o passar do tempo... para atender às necessidades...

Elas não são tão intocáveis quanto as pessoas imaginam...
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Offline HSette

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #63 Online: 30 de Julho de 2006, 18:54:26 »
Cláusulas pétreas são intocáveis sim, pelo menos na vigência da Constituição em vigor.
Só muda se se fizer uma nova Constituição, que pode inclusive vir através de solução de continuidade (guerras, revoluções, etc.).

Em Cuba, eu não sei como é isso, ou seja, a possibilidade de convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Ainda não vi nada a respeito.
Seria até interessante se descobríssemos.

Aqui no Brasil, acho que o Congresso Nacional tem esse poder, com 3/5 dos votos das duas Casas (Câmara e Senado), e em duas votações. Acho que é isso mesmo.
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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #64 Online: 30 de Julho de 2006, 19:06:14 »
Cláusulas pétreas são intocáveis sim, pelo menos na vigência da Constituição em vigor.
Só muda se se fizer uma nova Constituição, que pode inclusive vir através de solução de continuidade (guerras, revoluções, etc.).

Em Cuba, eu não sei como é isso, ou seja, a possibilidade de convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Ainda não vi nada a respeito.
Seria até interessante se descobríssemos.

Aqui no Brasil, acho que o Congresso Nacional tem esse poder, com 3/5 dos votos das duas Casas (Câmara e Senado), e em duas votações. Acho que é isso mesmo.


Sim HSette, elas são intocáveis... não podem ser mudadas... Mas pode-se mudar a forma de interpretá-las, sacou? Qual o conceito de dignidade hoje? Vamos supôr como exemplo: Trabalho, educação, saúde e cultura...

Dessa interpretação de dignidade temos diversas decisões que por exemplo visem sanear alguma causa em que elas estejam em discussão... Até que dígamos, um dia ao conceito de dignidade acrescentamos algo como esportes... e tíramos a parte da cultura... As decisões mudam, mas a letra da lei está intocável...

Ela pode não poder ser alterada na forma em que está escrita, mas sim na forma como é lida... da mesma forma que aquela cláusula america "Todos os homens são iguais desde o nascimento" antes englobava somente homens brancos... depois passou a incluir negros e quaisquer outros homens e, finalmente, aceitou a juntada das mulheres ao grupo...
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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #65 Online: 30 de Julho de 2006, 19:17:26 »
Eu acho que Cláusulas Pétreas já são elaboradas com o intuito de não deixar margens para diferentes interpretações.

Por exemplo, a Federação e a República são Cláusulas Pétreas no Brasil. Não há interpretações possíveis. Só outra Constituição pode alterar isso.

Mas eu não entendo a fundo dessa questão. Será que não tem nenhum jurista por aqui não?

PS: Geralmente, a gente encontra um advogado em cada esquina!  :histeria:
Tô só brincando, hein?  :D
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Offline Rodion

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #66 Online: 30 de Julho de 2006, 19:26:18 »
ê, pra mim constitucional só no segundo ano.. :)
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Diegojaf

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #67 Online: 30 de Julho de 2006, 19:57:17 »
Eu acho que Cláusulas Pétreas já são elaboradas com o intuito de não deixar margens para diferentes interpretações.

Por exemplo, a Federação e a República são Cláusulas Pétreas no Brasil. Não há interpretações possíveis. Só outra Constituição pode alterar isso.

Mas eu não entendo a fundo dessa questão. Será que não tem nenhum jurista por aqui não?

PS: Geralmente, a gente encontra um advogado em cada esquina!  :histeria:
Tô só brincando, hein?  :D

Podem ter esse intuito... geralmente são os príncipios que vão reger aquela nova sociedade... Mas quando ocorre (como por exemplo na taxação dos inativos), quem vai decidir se é ou não é vai ser o STF e o STF é um tribunal extremamente político...

Um ministro vai fundamentar uma decisão e os outros vão concordar com ela...

E o princípio da separação dos poderes também é um bom exemplo (devem funcionar de forma harmônica, porém independente, sistema de pesos e contra-pesos). A CPI´s e a Câmara se viram de mãos amarradas por decisões do STF que foram consideradas por muitos como uma ingerência do judiciário no plano legislativo...
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Offline HSette

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #68 Online: 30 de Julho de 2006, 20:08:04 »
Citar
como por exemplo na taxação dos inativos

Mas isso é matéria ordinária.

Citar
A CPI´s e a Câmara se viram de mãos amarradas por decisões do STF que foram consideradas por muitos como uma ingerência do judiciário no plano legislativo...

Aqui, de fato, a coisa me parece mais complicada. Daí a luta de muitos por uma Reforma Política urgente. Nossa Constituição é muito longa, e acaba complicando mais do que solucionando.
Todo mundo encontra por lá algum direito, e empurra os deveres para os outros.

Voltando à de Cuba, ela parece-me mais bem amarrada (com ou sem trocadilho, como quiserem  :hihi: ).
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Offline Diegojaf

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #69 Online: 30 de Julho de 2006, 20:15:38 »
Citar
como por exemplo na taxação dos inativos

Mas isso é matéria ordinária.

Mecheu na parte dos direitos adquiridos que de forma alguma devem ser perdidos... a fundamentação do STF? o "inovador principio coletivo da solidariedade"

Acho que foi este termo mesmo que foi o utilizado... :hein:

Amanhã dou uma olhada... tenho a cópia da ADIn...

Citar
Aqui, de fato, a coisa me parece mais complicada. Daí a luta de muitos por uma Reforma Política urgente. Nossa Constituição é muito longa, e acaba complicando mais do que solucionando.
Todo mundo encontra por lá algum direito, e empurra os deveres para os outros.  Smile

Voltando à de Cuba, ela parece-me mais bem amarrada (com ou sem trocadilho, como quiserem :)).

A nossa CF é considerada por alguns a mais completa de todas... só que é completa demais e vez ou outra em algumas situações aparecem umas contradições... parece que o pessoal tava biblicamente inspirado quando a escreveu... :lol:

Por isso eu estava te dizendo... me pareceu ser muito limitadora de novas interpretações...
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Marcell

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #70 Online: 06 de Setembro de 2006, 13:57:07 »
Quanto às cláusulas pétreas, os milicos pisaram e defecaram em cima delas na revolução de 64.

Marcell

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #71 Online: 06 de Setembro de 2006, 13:59:46 »
Armando Valladares





Contra Toda a Esperança












22 anos no "Gulag das Américas"

As prisões políticas de Fidel Castro






Cuba: ¿“sinais” do reino de Deus, ou do inferno?

Miami (FL), 25 de agosto de 2006.-

Caros amigos brasileiros,

Umas breves e afetuosas palavras de apresentação da edição eletrônica condensada, em português, de "Contra Toda a Esperança", minhas memórias de mais de duas décadas de cárcere e torturas contínuas no "Gulag" castrista, publicadas pela primeira vez em 1985, em espanhol. Como uma amostra de amizade e afeto, esta edição eletrônica será difundida gratuitamente, por e-mail, a todos os interessados.
No Brasil, figuras representativas da chamada esquerda católica, como o cardeal Arns, Frei Betto e Leonardo Boff chegaram a ver em Cuba comunista “sinais” do Reino de Deus onde, na realidade, o que existe é uma ante-sala do inferno. É esta a realidade que descrevo em “Contra Toda a Esperança”.
Os brasileiros têm dado muitas mostras de afeto e de compreensão pelo sofrimento do povo cubano. Em 2001, por exemplo, foi decisiva a preocupação da opinião pública, de autoridades e de meios de comunicação desse gigantesco país para que as jovens Sandra Becerra Jova e Anabel Soneira Antigua, literalmente seqüestradas e retidas na ilha contra a vontade de seus pais, profissionais cubanos residentes no Brasil, fossem finalmente libertadas e enviadas a esta nobre e acolhedora terra, para reunir-se com suas respectivas famílias.
No momento em que escrevo estas breves linhas de apresentação, estamos a poucas semanas das eleições presidenciais nesse grande País sul-americano. Me atrevo então a pedir a esse mesmo povo brasileiro, afetuoso, bondoso e compassivo, que se manifeste ante os candidatos presidenciais, solicitando-lhes um compromisso público para que o futuro governo atue com firmeza no campo diplomático e humanitário, de maneira a contribuir para a libertação de 11 milhões de meus irmãos cubanos que na ilha-cárcere continuam seqüestrados, desde há quase 50 anos, em sua própria pátria.
Que a Providência recompense a todos os brasileiros que assim procedam.
Com um abraço afetuoso, subscreve-se

Armando F. Valladares
E-mail: ArmandoValladares2005@yahoo.es





Este livro não é uma novela. É uma denúncia mundial. É um relato rigorosamente autêntico do que seu autor, Armando Valladares, viu e padeceu durante 22 anos de prisão -absurda e arbitrária- nos cárceres políticos de Fidel Castro.

Valladares descreve a tenebrosa prisão do castelo de "La Cabaña", onde os opositores do regime comunista são justiçados com um simples tiro na cabeça. Denuncia os campos de trabalhos forçados, onde a vida perde todo o sentido. Descreve as celas de repressão e confinamento, a maldade refinada de estilo stalinista.

Revela o funcionamento do "Centro de Exterminação e Experiência Biológica" da prisão de Puerto Boniato, a pior de Cuba, onde médicos soviéticos, alemães orientais e tchecoslovacos, junto com seus colegas cubanos, sistematicamente provocam doenças e realizam experiências psicológicas entre os presos políticos.

Pela primeira vez, possivelmente, são denunciadas as condições desumanas nos centros de detenção juvenil e a violência que ali impera.

Nunca antes se haviam detalhado as condições subumanas a que as mulheres, prisioneiras políticas, são submetidas em Cuba; a humilhação que sofrem essas infelizes quando repelem a "reabilitação" política comunista, obrigadas a vestir apenas roupas íntimas; o risco constante de serem enviadas para as prisões comuns de mulheres delinqüentes, na mesma nudez, para enfim sofrer sua definitiva desestabilização emocional e psíquica.

Este relato verídico começa e termina na prisão política. Mas também atravessa seus muros para narrar a perseguição e o tormento a que são submetidas as pessoas que tenham um ente querido isolado no vasto presídio político de Cuba.

Angústias, privações, torturas e assassinatos... dor infinda que, nestas páginas,é recolhida para dar uma mensagem -na verdade, um grito de angústia- pelos fatos tétricos que acontecem em nosso próprio continente, no "Gulag das Américas": a Cuba de Fidel Castro.




1. Detenção



O cano frio da submetralhadora em minha têmpora me acordou. Abri os olhos, assustado. Três homens armados estavam ao redor de minha cama... Um deles disse que eu tinha de acompanhá-los e que me vestisse. Na sala, um quarto policial vigiava minha mãe e minha irmã.
Tranqüilizei-as, disse-lhes que com toda certeza tratava-se de um erro, uma vez que eu não tinha cometido crime algum.
Eu era, então, funcionário do Governo Revolucionário na Caixa Econômica, anexa ao Ministério de Comunicação, e minha subida àquele departamento oficial havia sido rápida, motivada, em grande parte, por minha condição de estudante universitário.
Realizaram uma busca minuciosa, prolongada: levaram quase quatro horas revistando tudo. Não ficou um só centímetro da casa sem ser examinado. Abriram garrafas, verificaram livros, folha por folha, esvaziaram tubos de pasta dental, examinaram o motor da geladeira, os colchões...
Eu conversava com minha mãe, que era quem estava mais nervosa; enquanto isso, pensava em quem me teria denunciado. Pensei que a denúncia deveria ter saído de meu emprego. Eu sabia que tinha uns colegas que me eram hostis, devido às minhas idéias religiosas e minhas concepções idealistas do mundo, que esgrimia freqüentemente para discordar do comunismo como sistema.
Também sabia que eu estava marcado como anticomunista. Uma de minhas últimas discussões havia sido provocada por um lema que era repetido no país inteiro, lançado pelo aparelho propagandístico do Governo, e que tinha por objetivo ir preparando as massas, ir infiltrando nelas a idéia comunista. Castro já era acusado disso e, então, divulgaram a ordem:
"Se Fidel é comunista, que me ponham na lista: eu estou de acordo com ele".
O lema foi impresso em adesivos para serem colocados em automóveis, em placas de latão para serem fixadas às portas das casas, era diariamente publicado nos jornais, foram feitos cartazes e fixados ns paredes de escolas, quartéis, fábricas, oficinas e escritórios do Governo. O propósito era bem claro e simples: Castro era apresentado ao povo como um Messias, um salvador, o homem que devolveria a liberdade, a prosperidade e a felicidade a Cuba.
Os comunistas do Ministério apareceram para colocar um daqueles lemas na minha mesa de trabalho... "se Fidel é comunista...". Eu recusei. Ficaram surpresos e desorientados porque, se bem que soubessem de minha aversão ao marxismo, haviam achado que eu não iria recusar, uma vez que isso seria recusar Castro. Perguntaram-me se eu não estava de acordo com Fidel. Respondi que se ele era comunista, não, que não faria parte dessa lista.
Os policiais continuavam a revista. Terminaram nos dormitórios, banheiros, cozinha e passaram para a sala. Revistaram os quadros, as estatuetas de porcelana; uma delas chamou-lhes a atenção: tinham descoberto algo dentro. Com uma caneta esferográfica, um deles conseguiu tirar um papel: era um dos usados para embalar louças e cristais. Abriu-o e ao perceber que eu o observava com ar divertido, amassou- e atirou-o pela janela. Fizeram-nos levantar do sofá, viraram-no e o examinaram cuidadosamente. Terminou a revista e não apareceram armas, nem explosivos, nem propaganda, nem listas. Se bem que nada houvessem encontrado, eu tinha que responder a umas perguntas de rotina. Minha mãe argumentou que não havia motivo para me levarem. Eles responderam que não se preocupasse, que eu voltaria logo: eles mesmos me trariam de volta para casa. Só que a volta demorou mais de vinte anos.
Chegamos à esquina da 5a Avenida com a Rua 14, no Departamento Miramar. Era, então, a sede centra da Polícia Política, a Lubianka cubana. Várias residências, produtos do despojo, formavam o complexo do G-2, que era como, a princípio, chamavam a Segurança do Estado. Fui levado ao segundo andar, ao arquivo. Tiraram minhas impressões digitais e me fotografaram com um letreiro que dizia: "contra-revolucionário".
- Conhecemos suas declarações onde você trabalha; você andou atacando a revolução - afirmaram.
Defendi-me, dizendo-lhes que não havia atacado a revolução como instituição.
- Mas atacou o comunismo.
Isso eu não neguei. Não podia, nem queria fazê-lo.
- Sim, é verdade - disse-lhes, - considero o comunismo uma ditadura pior da que acabamos de padecer e se ele se estabelecer em Cuba, seria como na Rússia: passar do czarismo à ditadura do proletariado.
Naquela mesma tarde me levaram com os outros detidos - entre eles, uma mulher - a um pequeno salão. Mandaram que nos sentássemos em um banco de madeira. Havia refletores, que se acenderam; os fotógrafos e câmeras começaram a fotografar e a filmar. No dia seguinte, aparecemos nos jornais e televisão como um bando de terroristas, agentes da CIA, capturados pela Segurança do Estado.
Eu não conhecia nenhuma daquelas pessoas. Nunca as tinha visto. Foi lá que entrei em contato com Nestor Piñango, Alfredo Carrión e Carlos Alberto Montaner, três estudantes universitários. Também conheci Richard Heredia, que havia sido um dos chefes do Movimento 26 de Julho, na província de Oriente.
No dia seguinte houve o segundo interrogatório.
- Você estudou em um colégio de padres - disseram.
- Sim, nos Escolapios; mas o que importa isso?
- Importa, sim. Os padres são contra-revolucionários e o fato de ter estudado nessa escola é mais uma evidência contra você.
- Mas Fidel Castro estudou no Colégio Belém,dos padres jesuítas.
- Mas Fidel é um revolucionário e você é um contra-revolucionário, aliado aos padres e aos capitalistas; por isso vamos condená-lo.
- Não há nenhuma prova contra mim, não descobriram nada.
- É verdade que não temos prova alguma, concreta, contra você, mas temos a convicção de que é um inimigo em potencial da revolução. Para nós, é o suficiente.
À noite, cedo, tiraram Richard Heredia e eu da cela. Levaram-nos para um salão e exibiram-nos um filme feito para os noticiários de cinema e tevê. Um dos jornalistas, referindo-se a mim, comentou, a meia voz, que era uma pena me fuzilarem tão moço. A campanha organizada pelos comunista alcançou proporções tão vastas que me fez temer seriamente por minha vida.
Nessa madrugada fui levado para o último interrogatório. Foi como uma despedida.
- Sabemos que você conhece elementos que estão conspirando, que deve ter contato com alguns deles. Se cooperar conosco, podemos deixá-lo em liberdade e reintegrá-lo em seu trabalho.
- Não conheço nenhuma dessas pessoas, nem tenho contato com conspiradores.
- Esta é a última oportunidade que você tem de sair desta encrenca.
- Eu não sei de nada. Vocês não podem me condenar porque não fiz nada. Não há provas contra mim. Não podem demonstrar nada.
Nessa mesma noite, Carlos Alberto, Richard e eu, com um abridor de latas, começamos a fazer um buraco na parede posterior do banheiro. Íamos tentar fugir. Era tarefa difícil. Trataríamos de retirar o reboque da parede e arrancar o primeiro tijolo. Revezávamo-nos na perfuração. Sabíamos que nos arriscávamos a represálias. Mas nos dedicamos ao trabalho com afinco. No entanto, não conseguimos terminá-lo. Tiraram-nos de lá antes. Nunca soubemos se foi por casualidade ou se algum dos muitos que ali se encontravam era delator ou agente da Polícia Política.
Eram os primeiros dias do ano de 1961. Todo o litoral de Havana estava cheio de canhões que apontavam para o norte. Os Estados Unidos haviam rompido relações com Cuba e o Governo agitava a ameaça de invasão. O vento erguia grandes ondas que saltavam por cima da mureta da avenida que acompanha a costa da Capital. O carro corria a grande velocidade. Passou o túnel da baía e entrou na fortaleza de La Cabaña.
De repente, eu me vi no pátio, no meio daquela multidão de prisioneiros. Não conhecia ninguém. Designaram-me para o pavilhão 12 e me dirigi para lá. Na porta, um preso jovem, de óculos claros, ficou me olhando, sorriu, afável, e me estendeu a mão. Era Pedro Luis Boitel, dirigente estudantil universitário. Combateu Batista na clandestinidade, depois tinha conseguido fugir para a Venezuela, de onde voltou quando o ditador caiu. Havia me reconhecido pelas fotografias publicadas nos jornais. Foi a primeira pessoa que conheci lá e chegamos a ser grandes amigos, como irmãos.







2. A visita



A primeira visita foi de manhã. Homens não podiam visitar os presos. Só permitiam a entrada de mulheres. As revistas que faziam eram humilhantes. Deixavam-nas completamente nuas, sem respeitar sequer as velhas. Entre as mulheres que faziam as revistas havia duas que protagonizaram vários escândalos: "A China" e "Mirta", duas lésbicas que se aproveitavam da situação.
Por muito que minha mãe e minha irmã quisessem ocultar-me a vergonha e a indignação pela revista que tinham sofrido, não conseguiram. Eu as proibi de voltar.
Todas as noites havia fuzilamentos, no "paredão". Os gritos dos patriotas de "Viva Cristo Rei!", "Abaixo o comunismo!" estremeciam os fossos centenários daquela fortaleza. Quando escutava a descarga de fuzilaria, o horror apoderava-se de mim e me agarrava a Cristo com desespero. Compreendi, de repente, como numa revelação súbita, que Cristo não apenas servia para eu pedir-lhe que não me matassem, mas também para dar à minha vida e à minha morte, se chegasse a acontecer, um sentido ético que as dignificasse. Acredito que foi naquele momento, e não antes, quando o cristianismo, além de ser uma fé religiosa, transformou-se em uma forma de vida que em minha particular circunstância só podia se concretizar em resistir, mas com a alma cheia de amor e de esperança.
Aqueles gritos transformaram-se num símbolo. Já em 1963 os condenados a morte eram fuzilados no "paredão", amordaçados. Os carcereiros temiam esses gritos. Não toleravam naqueles que iam morrer nem sequer uma última exclamação viril. Aquele gesto de rebeldia, de desafio, nos instantes supremos; aquela demonstração de valor e integridade daqueles que morriam proclamando seus ideais, podia ser um mal exemplo para os soldados: podia fazê-los meditar.
Na prisão e em situações difíceis há uma necessidade de comunicação urgente com os outros. O amigo novo nos fala de sua vida, de seus filhos, na visita nos apresenta à família. Em apenas alguns dias forjam-se as grandes amizades, estabelece-se um afeto e simpatia muito profundos. Mas, uma tarde, chamam esse amigo para julgamento e ele não volta. E, à noite, é fuzilado. Compreendi muito bem, então, a atitude dos mais velhos, que não queriam conhecer os que ainda não tinham ido a julgamento.
Jesus Carreras era um dos chefes das guerrilhas contra a ditadura de Batista. Operava em Escambray, cordilheira montanhosa da zona central da ilha. Sua coragem pessoal nos combate o havia transformado em um herói lendário naqueles lugares. Mas o comandante Carreras tampouco havia combatido para a instauração de uma ditadura mil vezes mais feroz da que ajudou a derrubar. E Castro mandou-o para o cárcere, como a tantos outros oficiais; Mas contra os de alta graduação havia um ódio especial, como uma fúria. Carrera havia tido atritos com Che Guevara em plena guerra, porque não aceitava a imposição de Castro de situar um comunista como chefe da frente guerrilheira de Escambray. Quando Che Guevara penetrou na zona rebelde controlada por Carreras, este chegou quase a ponto de matá-lo. Che e Castro nunca esqueceram isso. Conversamos com freqüência porque vivíamos no mesmo grupo de liteiras e ele me disse que tinha certeza de que seria condenado à morte por causa daquilo.
Jesus Carreras foi fuzilado. Pelos constantes fuzilamentos, a prisão de La Cabaña havia se transformado no mais terrível de todos os cárceres. E para nos manter sob o terror, começaram as requisições de madrugada.Os pelotões, armados com barras de madeira, correntes, baionetas e tudo mais que servisse para bater, irrompiam nos pavilhões,gritando e batendo sem contemplação.
A ordem que nós, presos, tínhamos era a de sair como estivéssemos. Abriam-se as grades e a turba enfurecida de soldados entrava como uma tromba, distribuindo pancadas às cegas. Os presos, também como uma tromba, tratavam de sair para o pátio. Mas lá, uma fileira dupla de guardas armados de fuzis, com baioneta calada, encarregava-se de fazer com que ninguém ficasse sem sua ração de pancadas.
Muitos saíam meio despidos, de cuecas, ou nus, com sapatos ou descalços. Quando todos estávamos fora, arremetiam contra a gente e batiam com mais sanha. À medida que iam batendo e gritando, os soldados se empolgavam, seus rostos se descompunham. Em cima, no telhado, uma fileira de militares - mulheres, inclusive -, fuzil na mão, contemplava o espetáculo. Entre eles, um grupo de oficiais e civis da Polícia Política que jamais faltavam. O capitão Hernán F. Marks, um norte-americano, havia sido nomeado por Fidel Castro chefe da guarnição de La Cabaña e verdugo oficial. Era esse homem que disparava os tiros de misericórdia e quem dirigia as requisições.Quando se embebedava, coisa que fazia muito freqüentemente, Hernán mandava formar a guarnição e investia contra os presos em formação de combate. Ele mesmo chamava o presídio de seu "couto de caça". Outro de seus divertimentos era passear pelos pavilhões, chamar às grades aqueles para os quais se pedia pena de morte e perguntar-lhes atrás de qual dos ouvidos queria que atirassem. Anos mais tarde voltou para sua terra, os Estados Unidos.
Cada amanhecer La Cabaña despertava com nova interrogação: "Quem vão fuzilar hoje?"
Depois da chamada da manhã, abriam as grades e nos reuníamos no pátio, na interminável fila para tomar o café. O mais jovem do nosso grupo era Carlos Alberto, ainda menor de idade,se bem que em altura nos ultrapassasse a todos. Carlos Alberto havia se casado muito menino e sua esposa havia trazido, na última visita, Gina, filhinha de ambos, de apenas alguns meses. A família de Carlos Alberto estava tentando conseguir que, devido à idade dele, o transferissem para um presídio de menores. Uns dias depois do julgamento foi chamado à sala da chefia do presídio, com seus poucos pertences: ia ser mandado para uma prisão nos arredores de Havana. Algumas semanas depois, tendo conseguido uma lima, cortou os barrotes da cela e fugiu. Conseguiu entrar na Embaixada da Venezuela e, depois de meses de pressões, o governo cubano permitiu que saísse do país.
Carrión, Piñango, Boitel e eu festejamos com júbilo a fuga de Carlos Alberto. Um a menos naquele inferno!







3. Morte após morte



Treze dias tinham se passado desde a madrugada em que fui tirado de minha casa e levado à delegacia para que me fizessem umas perguntas. Nesse curto espaço de tempo a Polícia Política preparou todo o processo. Em doze ou treze dias era materialmente impossível realizar uma investigação, mas assim eram os julgamento. Não me foi possível conversar a sós com o advogado que atuou em minha defesa, nem permitiram a ele acesso ao sumário.
Sobre uma plataforma de madeira, uma grande mesa à qual os membros do tribunal conversavam entre si, riam e fumavam charutos que seguravam num canto da boca, mordendo-os, ao estilo dos valentões. Todos vestiam fartas militares. Era um desses tribunais típicos que se integravam de qualquer jeito, formado por operários e camponeses.
Ao começar o julgamento, o presidente do tribunal, Mário Taglé, colocou as pernas em cima da mesa, forçou para trás a cadeira reclinável e abriu uma revista em quadrinhos. DE vez em quando dirigia-se aos que estavam ao seu lado, mostrava-lhes alguma passagem da historieta que tinha despertado a hilaridade dele e riam juntos. Na verdade, demonstrar atenção e interesse, se bem que fosse cortês, não era necessário e eles sabiam disso. As sentenças já vinham decididas e redigidas da sede da Polícia Política. Dissesse o que se dissesse, fizesse o que se fizesse, a sentença não mudaria.
O promotor chamou o chefe do grupo que me deteve em minha casa.
- O senhor efetuou a prisão do acusado?
- Sim, senhor e fizemos uma revista na casa dele, mas não encontramos nada...
- Cale-se e só responda o que lhe for perguntado! - gritou o promotor, evidentemente incomodado por aquela declaração que era muito favorável para mim diante dos olhos dos poucos espectadores militares presentes; era proibido aos familiares assistirem aos julgamentos e eles nem sabiam quando teriam lugar.
O promotor não pode apresentar sequer uma prova contra mim. Fez-me duas ou três perguntas, principalmente ligadas à minha crença religiosa.
- Então você está de acordo com esses padres que redigem pastorais contra-revolucionárias.
- Eu nada tenho a ver com isso.
- Mas as investigações dizem que você tem muito relacionamento com os padres e que estudou em um colégio católico.
Voltou-se para o presidente do tribunal e lhe disse que eu era um inimigo da revolução e que havia cometido os crimes de estragos e sabotagem, depois recitou um número de artigos que supostamente referiam-se às sanções que eu merecia.
Nem então, nem depois, porque durante vinte anos continuei perguntando, nenhuma das autoridades pôde me dizer onde cometi um delito de estragos. Chama-se assim aos destroços que são ocasionados por uma bomba, um incêndio, um ato qualquer de sabotagem. São algo de concreto, visível, palpável. Perguntei ao promotor onde, em que fábrica, em que estabelecimento, em que data. Não pôde responder, porque nunca fiz nada parecido.
É como se alguém que estivesse sendo acusado de assassinato e perguntasse ao promotor a quem havia matado e este respondesse que não sabia; e se perguntasse pelo cadáver, respondesse que não havia cadáver. Algo assim como ter assassinado um fantasma. Nenhum tribunal em regime de direito teria podido me condenar. Não houve uma só testemunha que me acusasse, não houve quem me apontasse. Sem uma só prova, fui condenado pela equivocada convicção da Polícia Política.
Meu caso não foi uma exceção. Outro dos mais conhecidos foi o dr. Rivero Caro, advogado. Ele nunca esqueceu as palavras do interrogador da Polícia Política, Ildefonso Canales, que visivelmente zangado por não conseguir arrancar, nem com torturas, uma confissão do preso, disse-lhe claramente:
- Sabe o que acaba com você Sua mentalidade de advogado. Você está focalizando sua situação com mentalidade de advogado e se engana. Olhe, o que você declarar em juízo não importa; também pouco importam as provas que você puder apresentar; não importa o que diga, alegue ou proponha o seu advogado; não importa o que diga o promotor ou as provas que apresente; tampouco importa o que pense o presidente do tribunal. A única coisa que importa aqui é o que diga o G-2.
Em algumas ocasiões, os presos que tinham relacionamento com advogados muito próximos da direção da Polícia Política podiam saber, antes da realização do julgamento, a pena que receberiam no tribunal. Foi precisamente um contato como esse que permitiu à velha mãe do comandante Humberto Sorí Marín saber que seu filho, um dos homens próximos de Castro,ia ser fuzilado, acusado de conspiração.
Sorí Marín foi um dos mais estreitos colaboradores de Castro. Lutou ao lado deste nas montanhas e fez parte de seu Estado-Maior. Fez e assinou a lei da Reforma Agrária. Nos primeiros meses de triunfo revolucionário, esses laços apertaram-se mais ainda. Castro costumava almoçar de vez em quando na casa de Sorí Marín, atraído pela excelente cozinheira que era a mãe dele. Por isso, a senhora Marín, quando soube que seu filho ia ser fuzilado, transida de dor foi falar com Castro. O encontro foi dramático. A velha abraçou, chorando, o líder revolucionário que lhe acariciava a cabeça venerável.
- Fidel, eu te suplico.. que não matem meu filho, faz isso por mim...
- Acalme-se... Não vai acontecer nada com Humberto, eu prometo.
E a mãe de Sorí Marín, louca de alegria, ainda com os olhos cheios de lágrimas, beijou Fidel e foi correndo comunicar à família que tinha conseguido. Ela teve esperança que ele o perdoaria, tendo passado tantos perigos juntos, tendo partilhado tantos dissabores e angústias! Aquele passado comum não podia ser esquecido dessa maneira.
Na noite seguinte, por ordem expressa de Castro, Humberto Sorí Marín foi fuzilado.
Os homens que lutaram com Castro para estabelecer a democracia foram enganados; alguns fugiram do país, outros voltaram a empunhar armas ou participavam de planos conspiradores. Já os oficiais e policiais do regime deposto, acusados de crimes que em muitos casos não foram comprovados, haviam sido fuzilados. Aqueles eram dias em que um grupo de senhoras, vestidas de preto, penetrava nos pavilhões aguçando a vista, perscrutando rostos... bastava que uma daquelas mulheres levantasse o indicador para acusar alguém...
- Esse... foi esse que matou meu filho!
Aquele testemunho, sem qualquer comprovação, era o suficiente. O prezo era fuzilado. Essa situação prestou-se a vinganças pessoais, sem nenhum vínculo real com fatos criminosos. Nos primeiros dias de janeiro, 21, exatamente, em uma manifestação diante do palácio presidencial, Castro declarava:
- Os esbirros que estamos fuzilando não passarão de 400...
No entanto, muitos mais já haviam caído diante dos pelotões, naqueles dias de barbárie e morte.


Isto é apenas uma parte do livro que tem 160 páginas. Quem quiser o livro envie-me uma mensagem.

Offline Rodion

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #72 Online: 06 de Setembro de 2006, 16:39:48 »
black propaganda da cia!!
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Marcell

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #73 Online: 06 de Setembro de 2006, 16:42:31 »
Evidente. Cada moeda tem dois lados. Até porque Fidel é um santo.

Offline CoqueiroVermelho

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Re: Viva a revolução Cubana!!!!
« Resposta #74 Online: 06 de Setembro de 2006, 17:35:43 »
Ninguém disse que Fidel é santo por aqui se você ver bem... Só gostaria de fontes que provem que todas essas afirmações de humilhações, mortes indiscriminadas e entre outras coisas são fatos verídicos, alias não acredito em qualquer testemunho de crente por ai não...
Alias Regime comunista em cuba, só no sonhos desse cara...
...

 

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