Método de criação de célula-tronco afasta questão ética A empresa americana que desenvolveu uma forma de criar células-tronco embrionárias humanas sem destruir embriões disse na sexta-feira estar otimista de que a técnica vai superar as preocupações éticas que até agora vêm impedindo os avanços nessa área.
A Advanced Cell Technology, da Califórnia, desenvolveu uma tecnologia que pode acabar com o debate ético nos EUA sobre as células-tronco embrionárias que até então só podiam ser obtidas com a destruição de embriões humanos.
"Para as pessoas mais racionais, isso remove a última objeção racional para se opor a esta pesquisa", disse Robert Lanza, cientista-chefe da Advanced Cell, em entrevista no centro de pesquisas da empresa, em Worcester, Massachusetts.
A Casa Branca se manifestou sobre a nova técnica na quinta-feira, dizendo-se animada. Em julho, o presidente George W. Bush vetou uma ampliação das verbas federais para pesquisas com células-tronco embrionárias, por considerar que contribuintes que se opõem a elas não devem arcar com seu custo.
O principal argumento dos adversários das pesquisas é que destruir os embriões equivale a acabar com uma vida humana em potencial. Alguns especialistas disseram que a técnica anunciada na quarta-feira não resolve os debates éticos e políticos que há anos dividem o país.
Embora Lanza duvide do apoio de Bush, ele disse torcer para que o novo método agrade uma quantidade suficiente de senadores e deputados para derrubar o veto presidencial.
"Ainda estamos tentando descobrir como transformar essas células-tronco embrionárias em células de reposição que possam ser usadas para ajudar pessoas com uma ampla gama de doenças", acrescentou Lanza.
Em conferência telefônica com investidores na sexta-feira, a empresa disse que os primeiros projetos serão no tratamento de doenças oculares, como a degeneração macular, no desenvolvimento de terapias cutâneas que resultem em feridas que se curam sem cicatrizes e na reversão dos efeitos de ataques cardíacos.
Lanza, que é médico, disse que a Advanced Cell pretende solicitar até o final do ano às autoridades permissão para os primeiros testes em humanos com células-tronco derivadas do tratamento experimental.
A empresa disse na sexta-feira que espera arrecadar 13,5 milhões de dólares vendendo títulos para financiar suas atividades.
A equipe de Lanza usou um método já empregado em tratamentos de fertilidade para remover uma célula de um embrião sem danificá-lo. Eles cultivaram as células-tronco a partir dessa única célula.
Mas a publicação
Baptists for Life ("Batistas pela Vida"), voltada a pastores que se opõem a pesquisas com embriões, disse que essa célula única precisa ser combinada com outras células colhidas anteriormente, supostamente de um processo que destruiria embriões.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,17560,OI1107186-EI238,00.html