Ah, eu tenho uma história legal também! Vou logo avisando que não teve nada de sobrenatural, mas que a explicação é interessante.
Quando tinha uns 14 anos eu estava morando no interior, em uma casa com um quintal grande, em um morro.
Por causa disso nós tinhamos uma cisterna no quintal. Era apenas um tanque de concreto armado enterrado no
chão, com uma pesada tampa de concreto. Não tinhamos vizinhos do lado do quintal, só um grande terreno baldio.
Eu, nerd que sou, costumava ficar à noite olhando as estrelas com um telescópio. Uma noite dessas escutei umas
vozes estranhas. Meus pais e irmão já estavam dormindo, e as vozes eram de homens. Olhei no quintal e no jardim,
mas não vi ninguem. A coisa só não era muito assustadora porque as vozes eram de duas pessoas conversando normalmente, como dois amigos. Eu não conseguia entender o que eles diziam, mas dava pra perceber o tom das
vozes. Fui seguindo o som e olha só: as vozes vinham de dentro da cisterna!

Eu, que já era meio cético, conclui que de alguma forma eu estava ouvindo um rádio. O problema é que não havia
nenhum radio por perto (procurei), e muito menos haveria um dentro da cisterna, que estava pela metade de água.
Muitos anos depois descobri uma possivel explicação.

Eu li na revista Newscientist, que tem uma seção de perguntas e respostas na última página. Lá alguem contou um história parecida, só que nesse caso o som vinha do mastro de um veleiro em pleno mar! Um especialista então explicou que provavelmente o mastro (de metal) estava captando uma estação de radio e o casco do barco funcionou como uma caixa de ressonância.
O meu caso deve ter sido parecido: a estrutura de metal da cisterna funcionou como uma antena, e como ela estava
meio cheia o tanque funcionou como uma caixa de ressonância. Isso só deu certo porque a cisterna era grande o
suficiente para captar os comprimentos de onda de estações AM. Mesmo assim o som era muito baixo, de forma que só consegui escutar à noite, quando tudo estava em silêncio. Fico imaginando se fosse uma pessoa mais crédula que
tivesse passado por isso...
