Entre cortar gastos e prorrogar a CPMF, a primeira opção é muito melhor, tomara que a prorrgação não passe.
Essa estratégia é muito temerária tem grande chance de dar errado.
Primeiro sem diminuir o Estado eu considero praticamente impossível que a economia brasileira venha a crescer 5% ao ano e duvido que o PT realmente faça essa estratégia de ajustar a economia, é muito mais provável que eles deixem a terra arrasada em 2.010 para voltar em 2.014.
Outra coisa se há custos sociais em diminuir os gastos públicos também os há em não diminuir, a carga tributaria brasileira tem um custo altíssimo em termos sociais, os trabalhadores são obrigados a entregar uma parcela substancial de seus rendimentos para o governo e também inviabiliza muitas empresas gerando desemprego e falências.
Talvez o único debate são desta campanha.
Concordo em gênero, número e grau. 
Pena que estamos na reta final.
E aqui, um texto do site Valor Econômico sobre o assunto:
Site Valor Econômico
O programa fiscal de um eventual segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva está praticamente pronto. Seria anunciado logo, se o candidato tivesse ganho a reeleição no primeiro turno. Nele, o governo pretende atacar nas duas frentes para garantir receitas e promover um corte das despesas.
- prorrogação da vigência da Desvinculação de Receitas da União (DRU) – que significa margem para realocações e eventuais cortes, a idéia seria elevar gradualmente seu alcance dos atuais 20% sobre a receita total que, no Orçamento de 2007, significaria R$ 79,25 bilhões, para até 40%;
- prorrogação da CPMF, se fixaria uma trajetória de alíquotas declinantes até que a contribuição se estacionasse numa taxa residual (algo como 0,08%), servindo, assim, mais como instrumento de fiscalização e combate à sonegação do que propriamente de arrecadação.
Ambas - DRU e CPMF - têm prazo de vigência, pela legislação atual, até dezembro de 2007 e uma das primeiras tarefas do novo governo será apresentar emenda constitucional para prorrogá-las. Aumentar ou mesmo dobrar a DRU representaria, assim, um golpe na estrutura de vinculação que engessa o Orçamento e deixa pouquíssimos recursos para uso discricionário, sobretudo para financiar investimentos em infra-estrutura, que têm representado somente 0,4% do PIB/ano.
- estabelecer um teto para o gasto corrente, que teria apenas a correção pela inflação medida pelo IPCA e nada de aumento real, o que representaria trajetória cadente frente ao PIB. E, no lugar da reforma da previdência social, sempre politicamente onerosa, o então presidente colocaria a reforma do mercado de trabalho. A lógica dessa troca é simples: com regras mais flexíveis que representem redução de custos sobre a folha de pagamento das empresas, a tendência à formalização da economia se acentuaria e, com isso, mais trabalhadores passariam a contribuir para a previdência social, reduzindo a velocidade de crescimento do déficit e adiando uma reforma mais estrutural por alguns bons pares de anos.
- todos os poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - passariam a operar com novos limites de despesas de pessoal, aquém dos fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que se mostraram frouxos.
- superávit primário de 4,25% do PIB nos próximos quatro anos, juros em queda e um crescimento econômico na casa dos 4% a 4,5% ao ano; o governo eliminaria os atuais 3,54% do PIB de déficit nominal ao final do próximo mandato, encerrando, assim, um longo ciclo de endividamento.
O programa do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, também está centrado na remoção dos desequilíbrios fiscais e na força da idéia do déficit nominal zero. O diagnóstico dos tucanos não é muito diferente do que o PT faz: é preciso colocar um freio urgente nas despesas correntes do setor público, pois um país com uma carga tributária próxima a 40% do PIB - necessária para financiar os gastos -, uma dívida interna líquida de cerca de 50% do PIB e juros reais elevadíssimos está condenado a crescer de forma modesta.
- corte substancial das despesas, algo como 3% do PIB, segundo as contas de economistas ligados a Alckmin. Durante a gestão de Mário Covas no governo de São Paulo, lembra um tucano, Nakano demitiu devagar e sem qualquer alarde cerca de 120 mil funcionários públicos.
- ambos os programas coincidem no diagnóstico de que há um problema fiscal que precisa ser superado e quanto maior for o esforço do corte de gastos públicos, mais acelerado poderá ser o ritmo da redução da taxa de juros Selic, esta sim a grande anomalia da economia brasileira; e quanto menor a diferença entre os juros internos e os externos, menor será a tendência de valorização da taxa de câmbio.
- diferenças começam a surgir a partir daí, seja entre os dois possíveis governos, seja intra forças que os apóiam. O PT, por exemplo, não pretende colocar a reforma da previdência social no topo da sua lista de prioridades. Os economistas do PSDB, ao contrário, avaliam que essa é a principal raiz dos problemas fiscais.
- assessores do governo Lula acham que se reeleito, o presidente deveria passar os três primeiros anos do seu segundo mandato sem conceder qualquer aumento real ao salário mínimo, para colocar um freio nas despesas da seguridade social.
- os grandes dilemas macroeconômicos se encerrariam com uma nova equação fiscal de longo prazo, e as atenções do governo, seja Lula ou Alckmin, passariam a ser em questões mais microeconômicas: reforma tributária, uma agenda de inovação, melhoria substancial da educação, aumento dos investimentos públicos e privados, entre tantos outros temas que se descortinam e que precisam ser enfrentados para aumentar a produtividade da economia.
Em resumo, com inflação baixa e solidez externa, o momento é bastante oportuno para desobstruir os caminhos do crescimento.
Quem quer que seja o eleito, encontrará as condições dadas para levar o país a um novo patamar.
Pelo visto, de aumento/perpetuação de impostos não vamos escapar, ganhe quem ganhar.
E outra: se o crescimento não for retomado de forma sustentada em patamares em torno, pelo menos dos 5%, a coisa vai complicar. E aí sobra para quem assumir em 2010.
E é por apostar na possibilidade de retomada do crescimento que acho a proposta de corte forte e radical de Alckimin exagerada.
E continuo sustentando que corte de gastos não ajuda na redução do déficit. Se ajudar, o efeito é ínfimo, e os custos políticos e sociais são muito maiores.