Autor Tópico: Como conciliar ceticismo e convívio social ?  (Lida 5655 vezes)

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Offline Fred

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Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Online: 27 de Outubro de 2006, 14:32:43 »
Antes de mais nada, gostaria de comunicar que esta é a minha primeira participação em um fórum do Clube Cético. Sinto-me gratificado por ter descoberto um lugar onde pessoas inteligentes conseguem debater em altíssimo nível, com argumentações lógicas e grande respeito mútuo, ainda que defendendo posições distintas. Espero conseguir estar à altura de vocês e trazer alguma contribuição para o grupo.
Gostaria de abordar aqui um assunto que me aflige pessoalmente e que muito provavelmente já foi debatido entre vocês, que é a dificuldade de um cético em interagir socialmente fora de ambientes como este.
A vida inteira me senti "minoria", pois minha postura questionadora ( não no sentido de revolta, mas sim de reflexão ) diante dos fatos da natureza sempre causou estranheza e incômodo às pessoas que me rodeiam. Tenho uma necessidade quase que vital de que as coisas façam sentido e isto me causa um certo "desequilíbrio" no aspecto social e afetivo, pois naturalmente acabo me excluíndo ( e sendo exluído ) de boa parte do círculos de convívio. Eu sempre fui o "chato" que faz cometários complexos, que tem um senso de humor ferino, que faz perguntas inoportunas e que "não acredita em nada". Por muito tempo assumi minha postura cética e fiz questão de confrontar o mundo achando que poderia mudar alguma coisa. Hoje em dia, mais maduro, reconheci a minha impotência e o alto preço que se paga por ser "diferente".
Porém, reconheço que ainda tenho difilculdades em aceitar isto e me incomodo por momentos por não conseguir interagir mais com a maioria das pessoas. Não quero sacrificar mais relações nem amizades, mas ao mesmo tempo não quero violentar a minha natureza pessoal. Não quero mais ser causador de polêmicas e nem ofender as pessoas, pois a solidão é um preço alto demais para se pagar, e infelizmente esta é consequência natural. Por exemplo, assumir diante dos meu sogros o meu ateísmo poderia me trazer sérios problemas e acabo fugindo ou "maquiando" minhas posições. Minha pergunta é...existe uma maneira de achar o equilíbrio entre racionalidade e convívio social que não agrida o senso comum ? Como interagir em um meio de pessoas majoritariamente crédulas, místicas e esotéricas, mas que são nossos parentes, amigos e pessoas queridas ? Devo permanecer calado e morrer de úlcera ouvindo conversas sobre horóscopo e portais cósmicos que se abrem na hora do chá da tarde ? Vale a pena arrumar confusão com a sogra por simples idealismo deixando-a pensar que ela possa vir a ter um neto "pagão" ? Assistir passivamente às bobagens que circulam pela internet ou responder os e-mails ? Este é um problema comum à outros de vocês ou sou eu que devo me mudar para a Suécia ( ...rs...) ? Se alguém tiver alguma boa sugestão ou ao menos uma palavra de conforto, desde já agradeço. Grande abraço a  todos !
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Offline Mussain!

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #1 Online: 27 de Outubro de 2006, 14:45:12 »
Vc é se acha chato mesmo?

A primeira coisa que eu te recomendo é um elevado bom humor, isso ameniza o impacto “Meu Deus, ele é ateu!”.  :ok:

Offline Dbohr

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #2 Online: 27 de Outubro de 2006, 15:01:57 »
Olha, Fred, isso acontece com muita gente por aqui...!

Minha experiência pessoal é que talvez seja melhor você estabelecer prioridades nas suas discussões. Por exemplo: se você acha mais importante discutir pseudo-ciência do que crenças religiosas, então pare de argumentar com crentes.

E se você gosta de variar, mude as prioridades de vez em quando também :-)

Ontem mesmo teve um pequeno debate no café aqui do trabalho. Várias crentes estavam discutindo um ponto qualquer da doutrina evangélica e acabei me metendo. Como vejo pouco lucro em sair contestando as pessoas de cara - e algumas pessoas envolvidas eram de origem muito humilde - comecei a inserir aquelas pequenas sementes de dúvida sem mencionar em um só momento minhas crenças pessoais.

A propósito, existe um tópico de apresentação lá na área de Papo-furado. Dá uma passada lá!

Offline Alegra

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #3 Online: 27 de Outubro de 2006, 16:41:31 »
Olá Fred, seja bem vindo!

Eu pessoalmente  prefiro ficar na minha e não entrar em discussões que na maioria das vezes não levam a nada. Acho que não vale a pena dar murro em ponta de faca.
Não omito a minha opinião sobre religiões e crenças, só quando me pedem opinião nesse sentido é que digo o que penso de maneira educada. E se mesmo assim a coisa esquentar prefiro por um ponto final na conversa e me retiro. Prefiro ser respeitada do que ser rotulada de pretensiosa.  :o
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Já sinto sua falta. Vá em paz meu lindo!

Offline PauloCesar

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #4 Online: 27 de Outubro de 2006, 17:44:36 »
Olá, Fred. Seja bem-vindo.

Eu evito entrar em conflito com meus familiares (protestantes) por causa de religião. Às vezes questiono umas coisas (como as contradições bíblicas) num tom mais enérgico, mas é mais no sentido de fazê-los pensar do que para dizer 'isso é uma grande besteira'. Se chegarem à essa conclusão, legal; se não chegarem, pelo menos a semente está lançada.

Decidi não criar conflitos pois apesar dos pesares, são minha família e tudo o que temos é nossa família. Então tolero o teísmo deles numa boa. Se tiver que ir à igreja pra alguma coisa, até vou numa boa. Não é o fato de ir que vai fazer com que eu acredite, ao contrário, nos discursos, hoje percebo muitas incoerências que não via no meu tempo crente. A grosso modo é como ir ao cinema assistir um filme (bem) ruim.

Para o resto, minha postura é de total descaso. Apenas discuto com pessoas que dão mostra de possuirem tendência ao livre pensamento, de resto me faço o bobo da turma e pronto. No começo rolava uma vontade de fazer com que as pessoas abrissem suas mentes para a realidade, mas com o tempo, amadurecendo minhas idéias percebi que isso era inútil, já que, para muitos, o teísmo é como uma tábua de salvação... não sei se tenho o direito de tirá-los da Matrix  à força.

Aprendi a aceitar a situação e hoje até me divirto com as bobagens que ouço.

Boa sorte e, mais uma vez, seja bem-vindo.
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Offline Fred

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #5 Online: 27 de Outubro de 2006, 17:50:55 »
Agradeço a vocês pelos comentários ! Isto que vocês colocaram faz sentido e hoje já evito abordar assuntos polêmicos que envolvam crenças. O problema é que a falta de lógica permeia praticamente todas as conversas mais comuns no dia a dia. Desde as lendas urbanas do roubo de rins , passando pela invasão norte-americana da Amazônia,  a  doação de notebooks grátis para quem repassar um e-mail,  a manipulação das pesquisas eleitorais pela Globo, os florais de Bach, etc, etc...
É quase impossível tratar de algum assunto seriamente, com fundamento, citando fontes idôneas. A primeira pergunta que faço sempre que ouço algo novo é " qual é a fonte de origem ?"...e a resposta imediata é "não sei, mas todo mundo está dizendo" ou "já foi comprovado cientificamente ( a áurea, por exemplo ) ".
Ou seja, não basta fugir apenas de assuntos mais sensíveis, pois a linha de raciocínio ( ou a falta de ) da maioria das pessoas com relação ao mundo é a mesma com a que tratam de religião. A tortura para o cético é constante. E o crédulo, ao sentir-se questionado, fica acuado e reage emocionalmente como se estivesse sendo agredido na sua idoneidade. Portanto, no meu entender, o atrito social independe do assunto.
Meu interesse não é o de convencer alguém, pois isto não me aufere nenhum ganho prático. O problema é a impossibilidade de manter um diálogo, seja sobre qual assunto for, de maneira racional e não-superficial.
Na prática, isto se aplica inclusive às pessoas com as quais passamos a maior parte do tempo ( como cônjuge, sogros, sócio, amigos, etc...). Fugir do estigma de "ateu" é relativamente fácil. Basta auto intitular-se "agnóstico" que a maioria das pessoas sequer sabe o que significa, pois acham que é algum tipo de religião ( tipo cientologia ) e param por aí. O importante é não ser ateu, pois isto implica em um pré-julgamento de caráter e falta de valores morais que pode causar muitos estragos nas relações sociais.
Eu me refiro às situações mais comlexas de fugir, que envolvem toda a família, como por exemplo batismos, crismas, catecismos e demais liturgias. Vale a pena enfrentar as pessoas por algo relativamente inócuo como uns pingos d'água na cabecinha do seu filho ?? Meu medo é que lentamente possa ser introduzido o chip GOD no seu cérebro e depois fique muito difícil de reverter o processo. Em casos como este não é uma simples questão de se "retirar da conversa e pronto". É isso aí.
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Offline Fernando Silva

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #6 Online: 28 de Outubro de 2006, 12:18:57 »
Eu me refiro às situações mais comlexas de fugir, que envolvem toda a família, como por exemplo batismos, crismas, catecismos e demais liturgias. Vale a pena enfrentar as pessoas por algo relativamente inócuo como uns pingos d'água na cabecinha do seu filho ?? Meu medo é que lentamente possa ser introduzido o chip GOD no seu cérebro e depois fique muito difícil de reverter o processo. Em casos como este não é uma simples questão de se "retirar da conversa e pronto". É isso aí.
Eu cresci num mundo católico: família católica, escolas católicas, sociedade católica, mídia católica. Eu não via furos ou divergência. Havia pecadores, sim, mas eram pecadores católicos.
Espíritas, protestantes ou umbandistas eram coisas exóticas e marginais. Aliás, espíritas e umbandistas também se diziam católicos...

É difícil se tornar ateu num mundo assim. Levei décadas. Não conhecia nenhum ateu e nunca tinha ouvido um argumento ateu que me fizesse pensar.

Já o seu filho crescerá consciente de que há modos diferentes de ver a coisa. Se ele se tornar crente ou católico, terá sido, em parte, por decisão dele. Faça sua parte: semeie a dúvida. Apresente-lhe seus argumentos. Deixe que ele escolha.

Eu não tive essa opção.

Offline Fernando Silva

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #7 Online: 28 de Outubro de 2006, 12:25:05 »
Eu pessoalmente  prefiro ficar na minha e não entrar em discussões que na maioria das vezes não levam a nada. Acho que não vale a pena dar murro em ponta de faca.
Não omito a minha opinião sobre religiões e crenças, só quando me pedem opinião nesse sentido é que digo o que penso de maneira educada. E se mesmo assim a coisa esquentar prefiro por um ponto final na conversa e me retiro. Prefiro ser respeitada do que ser rotulada de pretensiosa.  :o
Cada um acredita no que quer e naquilo que mais lhe convém... :ordem3:
Eu não puxo conversa a respeito de religião, mas o assunto surge a toda hora, já que vivo cercado de crentes, católicos e carismáticos proselitistas.
Daí eu digo o que penso. Resultado: uns se escandalizam e se afastam. Parece que ficam com medo de ter sua fé abalada.
Outros se tornam agressivos e encerram o assunto.
Outros continuam insistindo sempre que podem, na ilusão de que ainda vou mudar um dia.

Acho que o importante é ser o tipo de pessoa que surpreenda os crentes: "Você é ateu?! Puxa, mas nem parece!". Eles não conseguirão conciliar a imagem que fazem de você com o estereótipo do "ateu malvado" e ficarão confusos.

rizk

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #8 Online: 28 de Outubro de 2006, 12:38:51 »
Ontem mesmo teve um pequeno debate no café aqui do trabalho. Várias crentes estavam discutindo um ponto qualquer da doutrina evangélica e acabei me metendo. Como vejo pouco lucro em sair contestando as pessoas de cara - e algumas pessoas envolvidas eram de origem muito humilde - comecei a inserir aquelas pequenas sementes de dúvida sem mencionar em um só momento minhas crenças pessoais.
Eu gosto de dizer 1 ou duas coisas, sair e deixar o circo pegando fogo :lol:

Fred, perdôa. Mas sabe, as pessoas fazem isso com partido político, time de futebol, corrente historiográfica, sistema operacional, etc. Ou você se acostuma com o fato de que existe muita gente no mundo diferente de você, e que você não é o redentor pessoal delas, ou vai sempre ser o chato.

Eu acho que o segredo de tudo é HUMOR, mas em sentido diverso do que diz o Mussolim. Uma coisa que eu aprendi na vida, como ateísta, são-paulina e estudante de história, é que ninguém é CONVENCIDO de nada por argumentação racional; as pessoas só mudam de idéia quando não aguentam a opinião pública. Nesse sentido, o esquema, pra gente com pouca voz como nós, é tirar sarro. Aquele sarrinho básico, que passa como piada pra todo mundo, que vale como entretenimento e como cutucãozinho. Não deve ser feito em grupos homogêneos, que não funciona.
(pensa em futebol. pensa AGORA em futebol que vc pega o jeito)
 
Diz o dito que o riso corrige os costumes, e nada é mais verdadeiro.

E declarar-se ateu assim, de graça, é a maior bobagem do universo-e-além. A PRESSÃO DOS PARES é a coisa mais fantástica do universo-e-além e, se nós somos assim tão sabidos, devemos saber usá-la a nosso favor.
Ajamos com graça e desenvoltuuura.  :lol:

Offline Antônio de Lima

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #9 Online: 28 de Outubro de 2006, 14:02:28 »
   Embora eu não seja ateu (sou espírita) também já passei por situações difíceis, pois tive de perder uma namorada apos 09 meses juntos por causa da minha opção.  Ela e a família de católicos fervorosos jamais iriam querer um espírita "contaminando" a família...

   Até uns 06 meses de namoro tudo ia bem, eu na época não frequentava nenhum centro, era apenas simpatizante da D.E, final de semana ia até à missa com ela, cheguei a pensar em me declarar católico, só não fiz porque aquilo tudo não me dizia nada ao coração e muito menos à razão... então ela começou a me pressionar, queria que eu fizesse 1a comunhão e outras coisas que eu ia enrolando e nunca fazia, foi pressionando tanto que aos poucos ela foi conseguindo o efeito contrário, que eu me tornasse o que ela mais temia...rs, acabei assumindo a D.E, e aí foi o começo do fim, a gente não namorava mais, toda semana era briga porque ela queria ficar me convencendo e malhava a D.E o tempo todo, enquanto que eu procurava atenuar, dizendo que fé era coisa pessoal entre outros argumentos que de nada serviam... então eu também fui perdendo a esportiva e entrando nos debates com ela, daí o namoro acabou esfriando até congelar.

   Bem, hoje eu vejo que foi melhor assim, que se ela gostasse de mim pra valer a religião não seria tão importante, poderíamos conviver muito bem cada um com sua fé.   Ainda bem que acabou antes de um possível casamento, pois aí seria mais difícil assumir minha posição religiosa antagônica a dela.

  O que digo pra todos aqui é o seguinte, que se vocês são ateus é porque pelo menos até hoje ainda não encontraram motivos pra mudar de idéia, e pode ser que nunca encontrem, isso é de cada um e quem gostar de vocês tem que gostar de vocês pelo que são e não pelo que crêem, quem se afastar só por isso não merece a amizade ou amor de vocês.   Porém, se preferirem não arriscar a "chocar" algumas pessoas queridas é melhor ir com cautela.

   Abraços.
Antônio de Lima

Offline Clarice

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #10 Online: 28 de Outubro de 2006, 23:37:48 »
Sou novata tambem, Fred!
  :wink:
E fiquei tao movida com o teu tema que resolvi me abrir!
 :oops:
Estou nesse momento brigada com o namorado por ter entrado na ardua discussao se era ou nao certo aceitar a astrologia como profissao regulamentada! (ouvi dizer que ela e no brasil e fiquei chocada!)
Sei que antes de tudo esta uma inabilidade completa de se discutir um assunto sem brigar...
Mas ja por ai fica complicado... ainda mais quando no teu meio social ou afetivo nunca se ouviu falar falacia e levam contra-argumentos como ofenca pessoal! (o que e tao tipico em pessoas crentes)
Dai nao existe troca de argumentos pra comecar....
Resumindo acho complicadissimo!  :grito:
O que alguns aqui comentaram eu acho muito sabio!
Levar na esportiva e com muito humor as baboseiras misticas...
Acho isso fundamental e ja me salvou muitas vezes...
mas acho que tambem pode ser complicado quando ja sabem do teu curriculo de ateu/cetico e entao rir e brincar com a coisa parece mais desrespeito... :hmph:
Nao sei mesmo! e me vejo enfrentando esse conflito pela primeira vez num relacionamento! o que e mais complicado!

Bem... posso dizer que estou progredindo... pelo menos ja consegui fazer ele parar de usar o crucifixo! :yess: hehe

 :demonio:
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Offline Stéfano

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #11 Online: 29 de Outubro de 2006, 00:17:20 »
Bem... posso dizer que estou progredindo... pelo menos ja consegui fazer ele parar de usar o crucifixo! :yess: hehe
Isso é progresso em que sentido ??
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Offline Eremita

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #12 Online: 29 de Outubro de 2006, 01:33:31 »
Fred, eu sou mais da teoria que ateu, gay, negro, judeu, mãe solteira, etc., tem tudo que sair do armário e se orgulhar do que é. Nenhuma dessas coisas faz a pessoa melhor ou pior que as outras, mas são partes integrantes da identidade pessoal, e se escondendo a auto-estima vai pra merda.

Isso não significa chegar em cada um que você conhece e dizer, "ó, eu sou ateu, viuuuu?"; eu digo que sou ateu só quando me perguntam, e debato a partir do momento que a outra pessoa começou. Claro, sempre tem um chato pra querer te impor a opinião dele, mas isso é detalhe.

Quanto à família, amigos, etc., somente seja sincero e educado... a partir daí, só se afasta quem não tolera a diferença. E, pra mim, esse tipo de pessoa nunca fez diferença.

Ah, e evite o proselitismo ateu. Há muito mais teísta que ateu por aí, a pressão é maior.

Abraços!
Latebra optima insania est.

Offline Fred

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #13 Online: 29 de Outubro de 2006, 09:50:51 »
Bem... posso dizer que estou progredindo... pelo menos ja consegui fazer ele parar de usar o crucifixo! :yess: hehe
Isso é progresso em que sentido ??
Esta questão é fundamental ! Como disse antes, meu objetivo não é convencer alguém a mudar de opinião, mas simplesmente conseguir conviver socialmente com respeito e harmonia. Minha dificuldade é em conseguir fazer-me entender, seja qual for o assunto, sem que as pessoas se ofendam. Não quero ganhar uma medalha por converter um crente...rs...principalmente porque isto é quase impossível quando esta pessoa teve o chip GOD implantado no cérebro desde que nasceu e os seus conceitos de lógica são completamente distorcidos. Se desde criancinha alguém te ensinar que um círculo é quadrado, teus sentidos não conseguirão aceitar o contrário quando adulto.
Retirar-se da conversa ou omitir-se não resolve o problema do convívio social, apenas evita uma discussão. O problema da exclusão persiste. O dilema que eu coloquei em questão é justamente este...como participar socialmente de meios não céticos ( leia-se do 95% do mundo ) sem ofender e sem ficar calado ou fugir ?
Minha sugestão neste tópico e deixar o "convencimento" de lado e focar no "convívio" somente.
A técnica do humor ainda acredito que seja a melhor saída, mas desde que usada com extrema delicadeza ( que ainda não consegui adquirir...rs...). Uma diferença brutal que existe entre céticos e crentes é que os primeiros são muito menos sensíveis a se ofender, pois não costumam levar as conversas ao nível pessoal e se mantêm no campo teórico ( ao menos no meu caso ). Jamais me senti ofendido por alguém acreditar em algo, nem me sentiria agredido se alguém tentasse me convencer a usar um crucifixo com argumentos racionais e consistentes. Seria deveras uma tarefa hercúlea, mas eu encararia com bom humor.
Vou citar um caso curioso que aconteceu comigo recentemente. Lendo os fúruns sobre ateísmo nesta semana, encontrei uma pesquisa com um ranking sobre os 50 países com maior índice de ateus/agnósticos e obviamente quase todos eram europeus e países social e culturalmente muito mais avançados que o Brasil. Enviei esta pesquisa para alguns amigos via e-mail e as poucas respostas que tive foram do tipo "o que você está sugerindo com isto...que nós somos ignorantes ??". Eu apenas tentei mostar um dado sério e concreto para provocar a reflexão de pessoas que considero aptas para tanto ( todas com nível universitário, viajadas, no mínimo bilíngues e bons cargos executivos em grandes empresas ) e o que consegui foi ofendê-las sem querer.
É por isso que este dilema ceticismo/ convívio social me aflige tanto ! Não desejo ter que plagiar o nick do nosso caro colega Eremita...rs...
Abraço a todos e muito obrigado por suas considerações !!

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Offline Dr. Manhattan

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #14 Online: 29 de Outubro de 2006, 11:35:37 »
Bem-vindo Fred,

Os demais já disseram coisas bem interessantes, mas tem algo que eu queria acrescentar que pode lhe ser útil:
aprenda a distinguir entre os diversos tipos de crédulos! De acordo com minha experiência, existem pelo menos quatro tipos: os que eu chamo de "crédulos de torcida organizada", os "crédulos festivos", os "crédulos intransigentes" e os "crédulos patológicos". 

Os da torcida organizada são aqueles para os quais a crença, seja lá qual for, é algo que cria uma identidade com seus pares. Isso é fácil de ver entre os evangélicos: eles vão à festas evangélicas, têm amigos evangélicos, ouvem música evangélica, etc. Ou seja, a crença é algo que faz parte da identidade deles. Nesses casos, é melhor mesmo evitar qualquer discussão com eles, pois sua crença é algo mais profundo do que apenas um conjunto de idéias. É algo que faz parte deles.

Os intransigentes são uns chatos. Eles não só acreditam naquilo, como também fazem questão de querer impor sua crença nos outros. Eles não se importam se ninguem acredita neles e sua mente é completamente fechada para argumentos lógicos. Com essas pessoas a discussão é praticamente impossível.

Os patológicos são aqueles que acreditam em quase tudo. Você até pode convencê-los de que uma crença é infundada que dias depois eles aparecem com outra mais maluca ainda. Esses não têm jeito mesmo.

Felizmente, a maioria dos crédulos são os que chamo de "festivos" (em analogia com a "esquerda festiva"). Para esses, acreditar em algo, seja numerologia, seja astrologia, é como seguir uma moda. Muitos nem acreditam realmente, mas fingem, porque (na mente deles) isso lhes dá um certo charme. O risco que você corre ao confrontar essas pessoas é de parecer "chato". Você estaria estragando a brincadeira deles. Por outro lado, esses são também mais passíveis de serem convencidos, se você tiver tato.

Quanto a "sair do armário" como ateu, acho isso importante. Não para que outras pessoas deixem sua religião de lado, mas para que se acabe com o preconceito. Ainda espero ver o dia em que um político abertamente ateu seja eleito para um governo de estado no Brasil.
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Alan Watts

Offline Clarice

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #15 Online: 29 de Outubro de 2006, 11:40:42 »
Gente!
Acho que me expressei mal!
Nao queria transmitir a ideia que meu conflito com o assunto e pq quero que todos os teistas desconvertam!
A conquista do crucifixo foi totalmente sutil!  :wink:
Nunca pedi nada... imagina!
Simplesmente dei minha opiniao... do que achava sobre religiao... e de simbolos religiosos...
Acho que a abdicacao ao crucifixo foi expontanea...
Ta bem! admito que tambem contei o quao nojento eh o comercio de crucifixos e santinhos na porta do vaticano...
Aquela igreja sao pedro forrada de ouro enquanto os italianinhos homeless estao com fome nos muros da catedral...
:fiu-fiu:
(vide o nordeste brasileiro...)
Comentei... como quem nao quer nada... que nao via nada de  :jesus: naquilo tudo...
e que pra mim, o que o crucifixo simboliza mesmo eh a distorcao das ideias de um cara legal...  :erm2:
 :/
acham que fui uma ateia intolerante e manipuladora???   :erm:
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #16 Online: 29 de Outubro de 2006, 11:43:50 »
Existe também o fato de que o crucifixo representa UM HOMEM SENDO TORTURADO ATÉ A MORTE!!

Desculpem o tom de voz, mas desde criança considero o crucifixo (não a cruz, mas aqueles com o bonequinho) um símbolo abominável.

 :wink:

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Alan Watts

Offline Zaratustra

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #17 Online: 29 de Outubro de 2006, 20:07:05 »
Eu me refiro às situações mais comlexas de fugir, que envolvem toda a família, como por exemplo batismos, crismas, catecismos e demais liturgias. Vale a pena enfrentar as pessoas por algo relativamente inócuo como uns pingos d'água na cabecinha do seu filho ?? Meu medo é que lentamente possa ser introduzido o chip GOD no seu cérebro e depois fique muito difícil de reverter o processo. Em casos como este não é uma simples questão de se "retirar da conversa e pronto". É isso aí.

Olá Fred,

A grande jogada nesse tipo de situação é você introduzir ou colocar a proposta do livre pensamento na cabeça das pessoas. Acho que o livre pensamento é a peça fundamental para que as pessoas racionalizem mais e progridam mais em suas vidas. Ser extremista e fundamentalista não leva a nada e isso inclui o ateísmo.

Se você é ateu, beleza, são as suas convicções e você deve manter-se seguro nela quando for questionado. Mas apenas quando for questionado. Existe uma grande diferença entre sinceridade e - me perdoem todas as mulheres e moderadores do fórum - paunocuzice.

Se você for questionado sobre sua religião ou sobre sua crença em Deus e você responder "Pô, não acredito em Deus, não acho que ele exista.", bem, você está sendo sincero. Agora, se você sai por aí em comunidades de orkut ou no meio de evangélicos falando "Bando de burros! Seres repugnantes e manipuláveis! Vermes!!!", aí é paunocuzice. Ninguém te perguntou o que você achava deles ou da crença deles, ora pois.

Acho que seguindo essa regrinha básica, dá pra se inserir na sociedade. Mas lembre-se que a sociedade é só um local onde você usa uma maquiagem para conseguir algumas coisas. Sempre que possível, defenda a liberdade de pensamento e faça com que as pessoas libertem-se desses grilhões que acorrentam suas mentes.

Abs.

P.S: Que frase estilo Martin Luther King foi essa última? Vai entrar no top 5 frases mais gays ditas até hoje por mim.
« Última modificação: 29 de Outubro de 2006, 20:08:56 por Zaratustra »
"Todo isolamento é um erro. Assim fala o rebanho."

rizk

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #18 Online: 29 de Outubro de 2006, 21:04:06 »
Não fale essa palavra. Diegón e Chiquinho vão aparecer aqui pra competir com você.

O POBREMA é que o Fred é um pau-no-cu bem intencionado, o pobre. Nem dá pra chamar disso, é ingênuo mesmo. Migo, as pessoas são ruins e não têm bom senso e levam tudo pro pessoal.
Dizia o senhor jesus que não se dá pérolas aos porcos, cara.
O que lasca é que a gente nunca sabe quem é porco, né?

-------------------

E ALTO LÁ, o crucifixo representa um cara que foi torturado até a morte para nos salvar a todos. Não creio nesses crentes que usam a cruz sem ele pendurado. A ausência dele pode significar que ele ressuscitou, claro, mas é preciso LEMBRAR todo o TEMPO que ele sofreu pra lavar os nossos pecados, e se a gente vê uma imagem de Jesus todo fodido cai no arrependimento. Toda a idéia do cristianismo é essa, se arrepender do pecado para poder alcançar a redenção.
Ou é como na piada do joãozinho: se eu não fizer tudo direitinho, vão me pedurar lá também :D

E eu moooorrro de ódio desses carros que levam o peixinho. Peixinho é muito DEMODÊ. Acho que não se usa peixinho desde a época do Constantino, meu deus.

Offline Guinevere

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #19 Online: 29 de Outubro de 2006, 22:36:10 »
Mimi... a cruz sem ele é mais simples, né? É icôncio, e não pictográfico.


(...)

Acho que falei besteira mas você entendeu.

Offline Stéfano

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #20 Online: 30 de Outubro de 2006, 00:12:04 »
Retirar-se da conversa ou omitir-se não resolve o problema do convívio social, apenas evita uma discussão. O problema da exclusão persiste.
Citação de: Fred
Uma diferença brutal que existe entre céticos e crentes é que os primeiros são muito menos sensíveis a se ofender, pois não costumam levar as conversas ao nível pessoal e se mantêm no campo teórico ( ao menos no meu caso ). Jamais me senti ofendido por alguém acreditar em algo (...)
Não parece simples ? Evite o assunto com quem leva essas coisas para o lado pessoal. E se uma dessas pessoas tentar te convencer, seja educado e diga firmemente que não gosta de discutir esse assunto.
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

rizk

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #21 Online: 30 de Outubro de 2006, 00:41:45 »
Mimi... a cruz sem ele é mais simples, né? É icôncio, e não pictográfico.


(...)

Acho que falei besteira mas você entendeu.
Vivo duplipensando, mas você tbm entendeu. Você SABE que eu lá no fundo sou católica, e que tem que deixar Jesus pendurado lá, porra, pra gente entrar no processo de culpa, arrependimento e redenção. Ninguém pensa nisso por si só, tem que ter Jesus na cruz e ameaça de inferno e todas essas coisas.

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Eu não consigo me abster de dar conselhos.
Quanto a menino usando cruz. Você sabe como homem é, eles acabam esquecendo uma hora, e se for discutir aí que eles se apegam na coisa. Amiga, não se estresse. Você sempre pode tirar o crucifixo junto com as meias. SE você quiser o rapaz livre dele em todas as horas...um dia desses você ACIDENTALMENTE esquece ele no criado mudo, e ABÔ. :lol:

Offline Eremita

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #22 Online: 30 de Outubro de 2006, 03:07:17 »
Existe também o fato de que o crucifixo representa UM HOMEM SENDO TORTURADO ATÉ A MORTE!!

Desculpem o tom de voz, mas desde criança considero o crucifixo (não a cruz, mas aqueles com o bonequinho) um símbolo abominável.

 :wink:

Engraçado... eu também. Desde os tempos que era católico, eu preferia aquelas ilustraçõezinhas de livro de catequese em que mostrava um Jesus todo feliz junto a um monte de gente. Depois de algum tempo, achei a palavra certa: mostrar um homem sofrendo e dizer que a culpa é dos SEUS pecados é pornográfico, muito mais que um casal transando na rua.
« Última modificação: 30 de Outubro de 2006, 03:09:27 por Eremita »
Latebra optima insania est.

Offline Stéfano

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #23 Online: 30 de Outubro de 2006, 08:33:40 »
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

Luz

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Re: Como conciliar ceticismo e convívio social ?
« Resposta #24 Online: 30 de Outubro de 2006, 08:55:56 »
Você sabe como homem é, eles acabam esquecendo uma hora, e se for discutir aí que eles se apegam na coisa. Amiga, não se estresse. Você sempre pode tirar o crucifixo junto com as meias. SE você quiser o rapaz livre dele em todas as horas...um dia desses você ACIDENTALMENTE esquece ele no criado mudo, e ABÔ. :lol:

A mensagem não era para mim, mas não resisti... curiosidade é uma desgraça! Mas, bem... a gente sempre tem algo a aprender!  :lol:
« Última modificação: 30 de Outubro de 2006, 08:58:47 por Luz »

 

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