Na minha opinião, esse argumento não faz o menor sentido.
Trata-se apenas de dois pesos e duas medidas.
A questão é: por que a Coréia do Norte, ou qualquer outro país, deve ser impedida de desenvolver um programa nuclear bélico?
Eu penso da seguinte forma: se ninguém tiver armas nucleares, tudo bem. Os que quiserem ter devem impedidos. Se alguém tiver, todos têm o direito de ter.
Mas são dois pesos e duas medidas. O mundo não é justo, a vida não é justa, Deus não existe e política é a arte do possível. Você pode espernear, chorar, fazer biquinho, fazer birra ou aceitar que as coisas são assim e jogar conforme as regras.
Você acha que adianta fantasiar essas utopias singelas de que todos os países deviam se desarmar e pronto? Você acha possível que EUA, Rússia, França, Reino Unido, China, Israel, Índia e Paquistão de bom grado se desfaçam de seus arsenais?
Então se eles podem, para sermos justos, você acha que deveríamos deiar todos os países terem armas nucleares. É soa justo. Mas em que mundo você vive? Num conto de fadas? Amiguinho, este aqui é o mundo real, é um mundo de limpeza étnica e de genocídios. É um mundo onde um cara chamado Saddam Hussein matava curdos, um cara chamado Slobodan Milosevic matava albaneses, onde em um belo dia em algum lugar do mundo alguém já teve a idéia de matar tutsis, tâmiles, sérvios, croatas, bósnios, búlgaros, armênios, judeus... E mesmo diante dessa realidade você acha seguro permitir que qualqer um tenha armas nucleares?
Os EUA e as outras potências nucleares têm muitos defeitos, já fizeram muita coisa errada, não duvido nem que tenham apoiado algum genocida no passado ou até apóiem algum no presente. Mas pelo menos, desde o fim da guerra fria nós podemos dormir tranqüilos sabendo que vamos acordar amanhã cedo e o mundo não terá acabado. A quantidade de ogivas nucleares no mundo é da ordem de dezenas de milhares, e até hoje só foram usadas duas.
Há uma assimetria nas relações internacionais? Há. Há injustiça na distribuição de poder militar? Há. Mas é melhor que continue assim do que desequilibrar o balanço de forças.