Imagina-se que o preso possa ser ressocializado, mas não existem provas da eficacia do Estado nessa tarefa - aliás, não existe nem uma teoria que explique como se forma a personalidade; as personalidades criminosas explicadas atualmente são casos extremos. Atribui-se à família muitas mazelas da deformação social do preso, mas irmãos criados pelos mesmos pais têm comportamentos diferentes. Atribui-se à sociedade a formação da personalidade criminosa, mas pessoas com os mesmos ambientes e que compartilham experiências muito semelhantes apresentam diferentes comportamentos. A não ser casos extremos onde o sujeito é constantemente seviciado e patologias a formação da personalidade não apresenta padrões discerníveis.
Imagina-se o trabalho como fonte de transformação moral e comportamental. Um nível de eficácia, provavelmente, o trabalho atinge, mas qual o índice de sucesso? Não estaremos transformando o trabalho numa terapia mágica que resolve todos os casos?
Culpar a sociedade é culpar cada um individualmente. Isso é impossível! A sociedade não é mais que a soma de seu componentes. Se culparmos os valores sociais que a sociedade emula ainda estaremos nos defrontando com o problema de que os criminosos são minoria e estão explorando a maioria que labora dentro das regras da sociedade.
O quanto o preso pode ser reintegrado ainda é questão aberta não respondida pela ciência.
Há o fato inconteste que o criminoso deve ser apartado do convívio social, pois ele representa risco para a ordem pública. Sem ordem, sem garantias de segurança a sociedade fica tolhida na sua capacidade de desenvolvimento e fruição de bem-estar - o qual, aliás, outro não é o seu objetivo. Se se alega que o criminoso delinque porque não consegue fruir do bem-estar da sociedade há-de se ver os muitos exemplos daqueles que também não fruem do bem-estar e nem por isso delinquem. A disparidade de renda deveria gerar revolução, não crime.
Outro fator é que a pena aplicada deve servir de desestímulo à pratica do crime, ou seja, deve ficar bem claro que o crime será punido. Para isso a polícia tem que ter um aparato funcional capaz de resolver um alto índice de casos. E a justiça deve estar equipada com os instrumentos legais adequados para julgar e punir, se for o caso, o mais rapidamente possível.
Por fim, não podemos desconsiderar a natureza humana. Ela é algo desconhecida, mas podemos afirmar com certeza de que dentro do homem existem regiões de luz e sombras. É muito provável que o homem médio tenha um grau mediano de altruísmo; dentro dos seus limites fará tudo para ajudar, mas não além do que julga razoável. O criminoso pode ser esse homem que por causa da loteria da vida tende a ter um grau reduzido de altruísmo exigindo da sociedade mais do que ela pode dar ou do que lhe é de direito. Para muitos criminosos a pena, o trabalho, podem levar o preso à reintegração. Porém, muitos outros serão irrecuperáveis.