inferências dedutivas não tem nada a ver com o caráter verdadeiro-falso das proposições. Elas apenas mostram que uma determinada conclusão deriva necessariamente das premissas, Ex:
P1: Todos os mamíferos têm pêlos.
P2: A baleia é mamífero.
Logo, a baleia não tem pêlos.
A conclusão é logicamente válida (deriva necessariamente das premissas), mas não é verdadeira devido ao enunciado P1 ser falso. O que decide sobre verdade-falsidade são outros critérios (a experiência, por exemplo).
Ora...Mas foi exatamente o que eu disse .
Não. Não foi exatamente o que você disse (pelo menos não é o que se entende do seu post). Vou citar aqui o seu post:
"O fato é que inferências dedutíveis sâo aplicáveis à situaçâo hipotéticas ou situaçôes apiorísticas e nâo à fatos empíricos indubitáveis.As leis da termodinâmica já foram exaustivamente testadas e comprovadas.Para os enunciados das leis da termodinâmica, a deduçâo é um processo inútil e desnecessário.O processso lógico que deve ser empregado é a induçâo.Foi o que eu empreguei e portanto nâo cometi nenhum equívoco."
Você inicialmente diz que inferências dedutíveis não seriam aplicáveis a "fatos empíricos
indubitáveis", mas a "situações hipotéticas" e "apriorísticas". Ora, como eu disse anteriormente, inferências dedutíveis não têm nada a ver com o caráter verdadeiro-falso de um enunciado; servem apenas para evidenciarem a conexão necessária entre uma determinada conclusão e as premissas,
não importa quais premissas sejam (veja o exemplo do post anterior meu).
Acho (só um palpite com alta probabilidade de estar errado) que você cometeu um equívoco (que infelizmente não é pequeno): provavelmente você confundiu a denominação "enunciados hipotéticos" que é dada a enunciados do tipo "se p, então q" (que também podem ser chamados de "condicionais") com o enunciado ser
de fato uma "situação hipotética". A denominação "hipotética" ou "condicional" é dada a enunciados deste tipo por exprimirem que, se ocorrer uma determinada situação, ocorrerá uma outra necessariamente, Ex: "Se chover, então a rua ficará molhada" . A primeira proposição ("Chover") é a condição suficiente para a ocorrência da segunda. O termo "hipotético" decorre da
forma do enunciado (que contém a partícula "se") e não tem nada a ver com o enunciado "chover" ocorrer de fato ou não. O enunciado não informa se choveu ou não, apenas diz que
se chover, segurá necessariamente que a rua ficará molhada. Você confundiu termos. Tanto é que você contrapôs às "situações hipotéticas" os "fatos empíricos indubitáveis" nesta frase:
"O fato é que inferências dedutíveis sâo aplicáveis à situaçâo hipotéticas ou situaçôes apiorísticas e nâo à fatos empíricos indubitáveis"
Segue-se após isso você dizendo que inferências dedutíveis não seriam aplicáveis às leis da Termodinâmica, ou seja, você confundiu verdade com validade e atribuiu propriedades e "restrições" às inferências dedutivas que não existem.
Por quê?
Tudo que lhe foi pedido é que monte um argumento do tipo do exemplo que dei, usando como premissas as "leis exaustivamente comprovadas da termodinâmica" ou qualquer outro enunciado que você acha que nós também concordamos e, a partir delas, mostre que a conclusão que você quer provar deriva necessariamente dessas premissas, só isso.
E eu simplesmente disse que os enunciados da termodinâmica já foram comprovados por inúmeros e repetitivos testes expemimentais.
... E também que as inferências dedutivas seriam, de alguma forma, "não aplicáveis" às mesmas. (comentário anterior)
A indução consiste na inferência de leis universais a partir de leis particulares, Ex:
P1: Este cisne é branco
P2: Este outro cisne é branco
P3: Este terceiro cisne é branco
.
.
P10000: Este cisne é branco
logo, todos os cisnes são brancos.
Exato.E porque ela parte dos particulares,ela obrigatoriamente parte do sensível para elaborar princípios gerais e nâo o contrário.Portanto eu continuo correto no que citei,e vc,equivocado.
Se você prestar um pouquinho de atenção em como é um argumento indutivo, verá que ele, a partir de vários casos repetidos, conclui que este caso é regra universal ou geral. No seu caso, para que a sua conclusão fosse indutivamente demonstrada, você deveria mostrar vários casos da mesma (Se a conclusão for: "Todo A é B", você deveria mostrar vários A que são B ), ou seja, você deveria mostrar vários "criadores". Não entendi POR QUÊ você disse que a sua conclusão foi obtida via indução (cá entre nós, uma confusão destas é grave para quem faz filosofia).
Sem entrar no mérito sobre a validade do indutivismo ( eu o acho útil), eu não entendi o que você provou indutivamente, como, quando e onde. Você nos mostrou alguns "criadores" para nós? Além disso, o indutivismo é aplicado para adquirir enunciados universais a partir de particulares. Um enunciado existencial (Por exemplo: "Há um criador") não é universal: basta você nos mostrar um ou o criador para sabermos que criador(res) existe (em).
Errado.O enunciado:"Há um Criador" nâo é auto evidente,o que nâo significa que nâo seja universal nem que seja universal.Porém,os princípios necessitam ser gerais e nâo universais pois as leis naturais admitem excessôes e portanto vc estipulou erroeneamente a exigência científica.
O que é que tem a ver o que eu falei com "auto-evidência", preste atenção! Ser enunciado universal ou particular NÃO TEM NADA A VER com "auto-evidência" ou qualquer outra qualidade de verdadeiro-falso. Tem a ver unicamente com a sua FORMA: enunciados universais afirmam que algo é assim e assado para todos os casos e normalmente é acompanhado da partícula "Todos" (Ex: "Todos os cisnes são brancos"). Enunciados particulares não afirmam que algo é para todos os casos e vêm acompanhado de partículas como "alguns" ou "este" (Ex: "este cisne é branco"). Como o enunciado "há um criador" não é universal (é existencial, pois afirma a existência de algo e vem com a partícula "Há"), ele não pode ser obtido via indução (que obtêm enunciados
universais de enunciados particulares);para ele, basta um só caso (mostrar o "criador") para que sua existência seja comprovada de forma conclusiva.
Me desculpe, mas um equívoco destes não é brando, principalmente para quem faz filosofia.