Autor Tópico: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino  (Lida 10774 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #50 Online: 16 de Dezembro de 2007, 07:35:58 »
O uso de drogas precisa ser tachado como coisa de fraco, fracassado, imbecil, pega ninguém, pinto pequeno de uma vez por todas.
Dizem isso a respeito dos terroristas. Quando o japinha saiu atirando nas pessoas e os jornais publicavam foto dele todo armado e papá, alguns colunistas diziam que o que ajudaria MESMO na prevenção dos jovens malucos que matam os colegas de escola seria dizer que o menino era socialmente desajustado, não tinha amigos, nunca tinha beijado na boca e usava fralda.

É claro que é a melhor tática.

Está sendo sarcástica?  De qualquer jeito, não entendi o que você quer dizer aqui.

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Agora, questiono seriamente o alegado "glamour" das drogas. Parece-me que, depois da maioridade, todo mundo entende em algum grau que há um quê de deprimente nisso tudo.

Hmm? Você praticamente dizia o oposto até agora...
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rizk

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #51 Online: 16 de Dezembro de 2007, 15:37:46 »
Aaaah, Luis, veja só. Aparentemente, uma das coisas que ambos concordamos é que o escárnio público é uma das armas mais eficientes.

E jamaaaais disse o oposto. Eu não conseguiria esquematizar, mas parece-me que todas as pessoas têm uma pretensão de domínio, e que, talvez mais importante que isso, acreditem ter uma identidade una e indivisível. Todos tendemos, em algum grau, a desejar controlar o próprio corpo. Daí que consumir coisas que nos façam sentir "diferentes" é, sim, uma coisa meio chata e meio vergonhosa - como o que você disse outro dia, de deliberadamente prescindir da própria sanidade e não-sei-quê.

Por outro lado, mesmo essa crítica tem seu lado ridículo, por sua vaidade. Como se, cada um de nós, individualmente, fosse muito vip. Se é ridículo viver escravo da própria satisfação, não é igualmente ridículo viver escravo da própria soberba?

(Ilustro com aquela cena em Trainspotting em que o rapaz está usando droga em supositório e tem de ir ao banheiro, e de repente ele se apercebe de que cagou a droga dele e "mergulha" na privada (http://br.youtube.com/watch?v=1XrvpEIiC1w)? É uma das seqüências mais COOL que eu já vi na vida, mas ao mesmo tempo é de tamanho ridículo que a gente fica numa perplexidade agridoce, sabem? Não consigo pôr em palavras. Vejam)

Daí que parece-me que, tudo no mundo sendo meio deprimente, que se há de fazer senão permitir que cada um seja imbecil a seu modo?

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #52 Online: 16 de Dezembro de 2007, 15:41:39 »
Não se conformar e procurar aprender a ser mais sensatos, dignos e responsáveis? :)

Desculpe a atitude, mas é que é um tanto óbvio.

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Aparentemente, uma das coisas que ambos concordamos é que o escárnio público é uma das armas mais eficientes.

Em alguns sentidos e em muitas situações realmente é... PORÉM... se fosse a resposta para tudo, nunca teria havido a mudança de mentalidade que ocorreu na década de 1960.

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E jamaaaais disse o oposto. Eu não conseguiria esquematizar, mas parece-me que todas as pessoas têm uma pretensão de domínio, e que, talvez mais importante que isso, acreditem ter uma identidade una e indivisível. Todos tendemos, em algum grau, a desejar controlar o próprio corpo. Daí que consumir coisas que nos façam sentir "diferentes" é, sim, uma coisa meio chata e meio vergonhosa - como o que você disse outro dia, de deliberadamente prescindir da própria sanidade e não-sei-quê.

Em termos... não sei se você concorda, mas minha impressão é que há considerável "cansaço emocional" em manter esse tipo de controle.  Por isso é muito comum, talvez até mesmo universal, o desejo de pelo menos parte do tempo "liberar geral" de alguma forma.  Há várias maneiras, desde colo de mãe até viagem psicodélica.  E segundo alguns, quanto mais se vai para um extremo mais necessário é oscilar para o outro.

Mas isso são só sentimentos e vaidades.  Minha objeção às drogas tem início na minha própria vaidade, sim, mas se sustenta principalmente na constatação (um tanto óbvia, mas ainda assim importante) de que quando alguém perde o juízo (mesmo que voluntariamente por intoxicação) as consequências não são menos reais ou menos significativas.  E, principalmente, praticamente nunca influenciam apenas ao próprio intoxicado.  Essa história de que droga é questão estritamente pessoal simplesmente não me convence; usuários de drogas recreativas não vivem isolados no meio do mato para que seus passos em falso não influenciem mais ninguém.

A propósito, pelos mesmos motivos eu também tenho um pé atrás com fármacos psicoativos.  Com ou sem receita.

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Por outro lado, mesmo essa crítica tem seu lado ridículo, por sua vaidade. Como se, cada um de nós, individualmente, fosse muito vip. Se é ridículo viver escravo da própria satisfação, não é igualmente ridículo viver escravo da própria soberba?

Essa é a arte que todos nós somos levados a aprender... sentir o chamado de ambos os extremos sem nos deixar aprisionar por eles :)
« Última modificação: 16 de Dezembro de 2007, 15:51:30 por Luis Dantas »
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Offline Herf

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #53 Online: 16 de Dezembro de 2007, 15:46:56 »
Daí que consumir coisas que nos façam sentir "diferentes" é, sim, uma coisa meio chata e meio vergonhosa - como o que você disse outro dia, de deliberadamente prescindir da própria sanidade e não-sei-quê.
Continuo sem entender essa postura de colocar tudo que é droga num mesmo saco. Drogas com alto potencial alucinógeno devem ser proibidas, não se pode deixar que alguém prescinda de sua sanidade. Mas por que o álcool, o cigarro comum e mesmo a maconha devem figurar neste grupo?

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #54 Online: 16 de Dezembro de 2007, 15:52:44 »
Mas por que o álcool, o cigarro comum e mesmo a maconha devem figurar neste grupo?

O álcool, porque cria estados mentais perigosos para o usuário e para as pessoas em volta.

O tabaco, porque tem um efeito particularmente sério na saúde do corpo.

A maconha, por ambos os motivos, com ênfase no primeiro.
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Offline Herf

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #55 Online: 16 de Dezembro de 2007, 16:17:38 »
O álcool, porque cria estados mentais perigosos para o usuário e para as pessoas em volta.
Só se consumido em excesso e sem responsabilidade. Repito o que disse antes: proibir o álcool é nivelar por baixo. De todos os milhões de consumidores de bebidas alcoolicas apenas uma fração mínima comete delitos em virtude do consumo.
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O tabaco, porque tem um efeito particularmente sério na saúde do corpo.
Proibir o tabaco me parece com menos sentido ainda. Fora os casos em que se fuma em locais públicos fechados - o que já é proibido -, o tabaco não causa mal a outros. Se ele causa danos ao corpo do consumidor, bem, fumar foi uma escolha dele. O corpo é dele. Informações acerca dos males do tabaco constam em profusão nas suas embalagens e em toda a mídia.

Quanto à maconha, ainda não estou bem certo. Gostaria de saber mais sobre como as coisas são em locais onde é permitido o consumo.

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #56 Online: 16 de Dezembro de 2007, 16:20:05 »
O álcool, porque cria estados mentais perigosos para o usuário e para as pessoas em volta.
Só se consumido em excesso e sem responsabilidade. Repito o que disse antes: proibir o álcool é nivelar por baixo. De todos os milhões de consumidores de bebidas alcoolicas apenas uma fração mínima comete delitos em virtude do consumo.

O que já é suficiente para causar muitos problemas com violência doméstica e acidentes de trânsito.

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O tabaco, porque tem um efeito particularmente sério na saúde do corpo.
Proibir o tabaco me parece com menos sentido ainda. Fora os casos em que se fuma em locais públicos fechados - o que já é proibido -, o tabaco não causa mal a outros. Se ele causa danos ao corpo do consumidor, bem, fumar foi uma escolha dele. O corpo é dele. Informações acerca dos males do tabaco constam em profusão nas suas embalagens e em toda a mídia.

Admito que é um caso um tanto mais controverso, mas ainda assim não me oporia à proibição do tabaco.
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Offline Herf

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #57 Online: 16 de Dezembro de 2007, 17:50:30 »
Acho que ninguém se torna mau caráter pela bebida. Um homem que bate na esposa e nos filhos por chegar bêbado em casa certamente seria capaz do mesmo quando sóbrio.

De qualquer forma, não acha que isto é inverter a questão? Quero dizer, quando analisando a validade de se permitir o consumo de álcool, o que realmente devemos observar é a porcentagem de pessoas consumidoras de álcool que cometem delitos em virtude do consumo, e não a porcentagem de delitos cometidos em virtude do cosumo.

rizk

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #58 Online: 16 de Dezembro de 2007, 17:52:42 »
Não se conformar e procurar aprender a ser mais sensatos, dignos e responsáveis? :)

Desculpe a atitude, mas é que é um tanto óbvio.

Mas Luissss, a pergunta é uma só: PRA QUÊ?!?!?

Eu SEI que o que eu digo é niilismo iluminista liberal ateu papá, nem precisa dizer. Acho que é mais PRÁTICO descriminalizar de vez o consumo de droga recreativa e não estou pondo conotação moral nenhuma nisso -  é a conclusão que eu tiro da minha vivência cotidiana.

SE eu tiver que colocar, porém, o que eu acredito ali com todo o meu coração, digo que, meu ver, o que interessa mesmo é ser feliz. A sensatez e a dignidade não geram, por si sós, uma vida feliz. Se a pessoa é feliz sendo má, roubando e matando, QUE O FAÇA. Obviamente a coletividade (e eu com ela, caso eu queira), tem todo o direito de segregá-la e puni-la e que diabos se queira, mas não sou eu quem vai chegar na pessoa e tentar convencê-la de que ooooh isso é errado e feio e tal.
Por outro lado, se digo que responsabilidade, por si, não gera felicidade, é porque felicidade é incompatível com culpa. E, convenhamos, culpa costuma doer mais que o sofrimento físico. Daí a necessidade de colocar as coisas na balança pra maximizar o prazer e minimizar a dor. Nisso, as pessoas costumam escolher o caminho da legalidade e daí que existe mais gente fora do que dentro das prisões e hospícios.

Deve ter quem explique melhor que eu. Mas é isso aí.

Ao mesmo tempo, convenhamos... colocar colo de mãe e viagem psicodélica no mesmo saco é uma coisa MUITO DOENTE, cara. Pára tudo!!!! :lol:

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #59 Online: 16 de Dezembro de 2007, 18:22:14 »
Acho que ninguém se torna mau caráter pela bebida. Um homem que bate na esposa e nos filhos por chegar bêbado em casa certamente seria capaz do mesmo quando sóbrio.

De qualquer forma, não acha que isto é inverter a questão? Quero dizer, quando analisando a validade de se permitir o consumo de álcool, o que realmente devemos observar é a porcentagem de pessoas consumidoras de álcool que cometem delitos em virtude do consumo, e não a porcentagem de delitos cometidos em virtude do cosumo.

Não, não acho.  Talvez eu pensasse de outra forma se visse algum benefício no consumo do álcool.
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Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #60 Online: 16 de Dezembro de 2007, 18:28:17 »
Mas Luissss, a pergunta é uma só: PRA QUÊ?!?!?

Para desfrutar das alegrias grandes e pequenas da vida.  Como aquele dia dos pais em que você tirou a foto com o seu, lembra? :)

Citar
Eu SEI que o que eu digo é niilismo iluminista liberal ateu papá, nem precisa dizer. Acho que é mais PRÁTICO descriminalizar de vez o consumo de droga recreativa e não estou pondo conotação moral nenhuma nisso -  é a conclusão que eu tiro da minha vivência cotidiana.

Mais prático pode até ser, em algum sentido. Não tenho como avaliar.  Mas não consigo imaginar que sentido seria esse.

Citar
SE eu tiver que colocar, porém, o que eu acredito ali com todo o meu coração, digo que, meu ver, o que interessa mesmo é ser feliz. A sensatez e a dignidade não geram, por si sós, uma vida feliz.

Isso é verdade.  Mas tem muito mais condição de criá-la do que as suas alternativas.

Citar
Se a pessoa é feliz sendo má, roubando e matando, QUE O FAÇA. Obviamente a coletividade (e eu com ela, caso eu queira), tem todo o direito de segregá-la e puni-la e que diabos se queira, mas não sou eu quem vai chegar na pessoa e tentar convencê-la de que ooooh isso é errado e feio e tal.

Há uma contradição inerente nessa premissa, Mi.  Percebe qual é?

Citar
(...)

Ao mesmo tempo, convenhamos... colocar colo de mãe e viagem psicodélica no mesmo saco é uma coisa MUITO DOENTE, cara. Pára tudo!!!! :lol:

Não vejo por que.  São duas alternativas em um espectro amplo de formas de tentar conseguir proteção ou pelo menos fuga das angústias do cotidiano.  Claro que alternativas bem distintas e até opostas...

(correção: eu havia escrito "aspecto", mas quis dizer "espectro".  Já mudei)
« Última modificação: 16 de Dezembro de 2007, 18:46:30 por Luis Dantas »
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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #61 Online: 16 de Dezembro de 2007, 19:04:55 »
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Se a pessoa é feliz sendo má, roubando e matando, QUE O FAÇA. Obviamente a coletividade (e eu com ela, caso eu queira), tem todo o direito de segregá-la e puni-la e que diabos se queira, mas não sou eu quem vai chegar na pessoa e tentar convencê-la de que ooooh isso é errado e feio e tal.

Há uma contradição inerente nessa premissa, Mi.  Percebe qual é?
Não vejo CONTRADIÇÃO propriamente dita, só um equilíbrio muito do precário entre o público e o privado :lol:

Notando que foi você quem colocou a minha vida offline no meio da conversa e que foi você quem fez a analogia entre colo de mãe e barato de droga... acho que entendo por que você individualmente faz essa opção pela consciência a qualquer preço, e acredito ser óbvio, nessa linha, as motivações da minha.
Brinco que não tenho religião, não tenho partido, o São Paulo só me dá desgosto, taltal... mas sempre tive quem olhasse por mim quando eu não estivesse a fim de encarar a desgraça. A dois, que se eu ando assim folgada, é porque você não conversa mais comigo. Oi, meu nome é mimi e eu sou uma PIPA, voaaaaaando pelo mundo. :D
Mas não aceito a pecha de "quanto mais se vai para um extremo mais necessário é oscilar para o outro" não!!!

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #62 Online: 16 de Dezembro de 2007, 19:44:07 »
Citar
Se a pessoa é feliz sendo má, roubando e matando, QUE O FAÇA. Obviamente a coletividade (e eu com ela, caso eu queira), tem todo o direito de segregá-la e puni-la e que diabos se queira, mas não sou eu quem vai chegar na pessoa e tentar convencê-la de que ooooh isso é errado e feio e tal.

Há uma contradição inerente nessa premissa, Mi.  Percebe qual é?
Não vejo CONTRADIÇÃO propriamente dita, só um equilíbrio muito do precário entre o público e o privado :lol:

Eu me referia à busca da felicidade por meios que podem (e "quase" certamente vão) levar outros a se colocar no caminho.  Isso é possível, por assim dizer, só no papel.  Na prática todos nós estamos muito ligados às circunstâncias que vivemos e ao apoio que recebemos (ou não) dos outros.

Citar
Notando que foi você quem colocou a minha vida offline no meio da conversa e que foi você quem fez a analogia entre colo de mãe e barato de droga...

Peço desculpas se fiz algo que você não aprova.  Mas afinal, não é nada tão raro assim.  Felizmente :)

Quanto à analogia, bom, não acho que foi bem uma analogia.  Está mais para dois exemplos extremos.

Citar
acho que entendo por que você individualmente faz essa opção pela consciência a qualquer preço, e acredito ser óbvio, nessa linha, as motivações da minha.

Me explica em MP então?  Porque você se engana.  Não entendo a sua motivação e de fato nem tenho certeza de qual seja a sua opção.  E tampouco a minha própria motivação.

Citar
Brinco que não tenho religião, não tenho partido, o São Paulo só me dá desgosto, taltal... mas sempre tive quem olhasse por mim quando eu não estivesse a fim de encarar a desgraça. A dois, que se eu ando assim folgada, é porque você não conversa mais comigo.

Ora, Mi, eu gasto anos tentando me conformar que você tem sua vida e preciso aprender a viver sem você e você vem pisar em mim reacendendo a chama da esperança?

Cê é MÁÁÁ... :)

Citar
Oi, meu nome é mimi e eu sou uma PIPA, voaaaaaando pelo mundo. :D
Mas não aceito a pecha de "quanto mais se vai para um extremo mais necessário é oscilar para o outro" não!!!

Eu me referia ao equilíbrio instável entre a individualidade ("ser nós mesmos", ser autênticos) e a integração (ter QUEM NOS ACEITE COMO SOMOS).  AMBOS os movimentos cansam e ambos são, simplesmente, NECESSÁRIOS.

Ou não? :)
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Rhyan

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #63 Online: 16 de Dezembro de 2007, 19:57:27 »
Vocês gotam da opção autoritário que reprime o usuário de drogas com penas duras?
 
Digo que seria melhor que a atual.

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #64 Online: 16 de Dezembro de 2007, 19:59:30 »
Vocês gotam da opção autoritário que reprime o usuário de drogas com penas duras?
 
Digo que seria melhor que a atual.

Gostar não gosto, mas talvez fosse mesmo melhor.
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Offline Pregador

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #65 Online: 17 de Dezembro de 2007, 09:06:32 »
Vocês gotam da opção autoritário que reprime o usuário de drogas com penas duras?
 
Digo que seria melhor que a atual.

Trancafiar um usuário não funciona simplesmente. Seria necessário algum tipo de programa médico e educacional para combater o vício...
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Rhyan

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #66 Online: 17 de Dezembro de 2007, 11:43:12 »
Amon, nem todo usuário é viciado.

Pesquisem um pouco sobre um grupo chamado "Redução de Danos". Acho bem coerente a idéia deles.

Offline Herf

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #67 Online: 17 de Dezembro de 2007, 18:22:47 »
Acho que ninguém se torna mau caráter pela bebida. Um homem que bate na esposa e nos filhos por chegar bêbado em casa certamente seria capaz do mesmo quando sóbrio.

De qualquer forma, não acha que isto é inverter a questão? Quero dizer, quando analisando a validade de se permitir o consumo de álcool, o que realmente devemos observar é a porcentagem de pessoas consumidoras de álcool que cometem delitos em virtude do consumo, e não a porcentagem de delitos cometidos em virtude do cosumo.

Não, não acho.  Talvez eu pensasse de outra forma se visse algum benefício no consumo do álcool.
Isso seria algo como restringir ou mesmo proibir a posse de facas e objetos cortantes porque eles podem ser usados para cometer crimes. E são, de fato.

Você pode alegar que facas possuem uma utilidade, mas, pelamordedeus, que história é essa de que o consumo de álcool é inválido por não ter nenhum "benefício"? Você parece partir de um gosto pessoal para deduzir regras que deveriam se aplicar a todos. E também de uma definição bem restrita e particular de "benefício". Não acho que os milhões de consumidores de álcool responsáveis (que consituem a maioria, indubitavelmente) do país consomem esta substância sem pensar que isto lhes traz um benefício. Só se entrentenimento estiver fora do que se considera "benefício"...

Offline Luis Dantas

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #68 Online: 17 de Dezembro de 2007, 20:09:41 »
Nope, Procedure.  Facas são dos instrumentos mais úteis que temos.  A comparação não procede.

Álcool, se você quer que eu seja COMPLETAMENTE sincero, só serve para encorajar gente a não assumir a responsabilidade pelo que faz ou diz.

Mas enfim, não esquente com isso.  Eu não estou em cruzada.
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Offline Adriano

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #69 Online: 17 de Dezembro de 2007, 22:49:16 »
Amon, nem todo usuário é viciado.

Pesquisem um pouco sobre um grupo chamado "Redução de Danos". Acho bem coerente a idéia deles.
Gostei também, mas não entra em contradição com o endurecimento de penas?

Vocês gotam da opção autoritário que reprime o usuário de drogas com penas duras?
 
Digo que seria melhor que a atual.
A política de redução de danos é a contra a criminalização do usuário, o coloca como vítima do sistema, do comércio de drogas, que é mais forte que o estado, sendo por isso necessário tomar atitudes mais coerentes com a realidade. É o que entendi do assunto.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline -Huxley-

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #70 Online: 18 de Dezembro de 2007, 12:55:03 »
Como estou sem tempo (e paciência) para dá uma resposta completa, aí vai uma bem interessante:

A Liberação NÃO Eliminaria o Crime!

Ingênua idéia pressupor que o maior, se não o único, problema da questão das drogas é a guerra resultante de sua proibição, ainda mais supor que a legalização eliminaria esta guerra.
É difícil resistir a ver somente duas explicações para uma opinião desta: Ou o indivíduo tem interesse direto em vender e ou consumir drogas, ou é de uma ingenuidade cândida.
Essa dúvida poderia ser eliminada perguntando para qualquer traficante se ele pararia de traficar drogas se elas fossem legalizadas. Que motivo ele teria para isso? Se ele já considera que o negócio vale a pena mesmo tendo que arriscar a própria vida, porque acharia que não valeria se sua atividade deixasse de ser crime hediondo?
A contra resposta do defensor da liberação é tão previsível quanto risível. Ele acha que pagando impostos e arcando com todas as despesas de um comércio legal, muitos traficantes desistiriam da profissão. Uma opinião dessas deve incluir a crença de que Marcola e companhia estão ansiosos para adquirir um CNPJ, pagar direitos trabalhistas e recolher INSS de seus funcionários.
Agora, fazendo sempre o contraponto com a pirataria digital, por acaso a mesma não coexiste com o mercado legal de mídias?
Evidentemente o comerciante que se aventurasse no recém legalizado mercado de drogas nem conseguiria competir com os traficantes que manteriam seu negócio na ilegalidade, com a diferença que de crime hediondo, sua atividade passaria para mero contrabando. Possivelmente seriam considerados revendedores de drogas piratas!
E o que os traficantes fariam com seus armamentos? Os entregariam gentilmente à polícia porque não precisam mais deles? Se até contrabandistas de produtos comuns as vezes praticam outros crimes e brigam entre si, porque os traficantes abandonariam sua vida de violência, ainda mais com a perspectiva inevitável de uma concorrência cada vez maior?
Portanto, O CRIME CONTINUARIA EXISTINDO! Os traficantes não vão abraçar a legalidade integral, vão continuar à margem da lei. Para quem já faz isso com tanta eficiência praticando um dos 5 crimes inafiançáveis previsto na constituição, continuar a fazê-lo praticando um crime mais brando seria moleza.
Os revendedores legais teriam que arcar com altos impostos, principalmente para custear os danos que seus produtos fazem na população, e seu preço final seria muito maior que o dos traficantes.

A Liberação Seria um DESASTRE para a Saúde Pública

Mas com o tempo, empresas legais até poderiam ir aderindo ao comércio, aumentando a disputa de mercado, e a redução drástica do risco da atividade apenas incentivaria mais e mais revendedores ilegais, e a redução inevitável dos custos tornariam as drogas mais e mais baratas e mais acessíveis.
Vamos até imaginar alegremente que a guerra envolvida deixasse de existir. Bem, quem já tem um número de centenas de milhares de pessoas morrendo por ano em consequência do uso de álcool nem sequer precisa de guerra, mas como se não bastasse o estrago inenarrável que as drogas lícitas fazem em nossa vida, como eu disse no texto A Droga da Incoerência, ainda há quem queira trazer MAIS DROGAS para consumo liberado em nossa sociedade!!!
Já temos milhões de famílias desgraçadas pelo abuso do álcool entre seus integrantes, já temos desastres de trânsito que permanecem incólumes apesar de toda campanha do "Se beber não dirija", já temos milhões de vítimas do tabagismo morrendo por ano não sem antes consumirem fortunas em tentativas desesperadas de sobreviver. E então, ainda me vem uma espantosa 'inteligência' dizer que liberar uma miríade de outras porcarias é uma 51!
Dá até pra imaginar os pacotinhos de cocaína vindo com a inscrição "Cheire com moderação", ou quem sabe os cigarros de maconha tragam a etiqueta "O Ministério da Saúde adverte..."
E por falar em Ministério da Saúde, adivinhe quem vai pagar a conta!?
Claro que, invariavelmente, aparecerá alguém fazendo o favor de nos lembrar que em países tal e tal, a liberação deu certo. Contra isso, basta lembrar onde estão os países em questão, qual sua qualidade de vida, qual a parcela de sua população pobre, e se por lá, existem favelas com milícias armadas que desafiam a própria autoridade estatal.

E quanto ao Direito Individual de se Drogar?

Aqui, volto a questão anterior da Disposição Mental em se submeter a alteração psíquica. Repito, querer alterar seus estados mentais é direito de todos, e podemos fazer isso de diversas formas. Quer nos concentrando em certos pensamentos, ou respirando acelerada e profundamente por alguns minutos para induzir a uma sobrecarga de oxigênio**, o que faz um efeito surpreendente.

** Não se anime. Doses extremas de oxigênio podem ter efeitos tão fortes quanto drogas pesadas. Já há até bares de aspiração recreativa de doses de oxigênio em alguns países. É claro que não dá pra proibir ninguém de vender oxigênio, no entanto, os efeitos colaterais do hábito prolongado podem ser tão severos quando os de muitas drogas. Oxigênio em excesso com muita frequência provoca deterioração neural, acelera o envelhecimento e super estimula a produção de radicais livres. 


Originalmente, não brado nem mesmo contra a iniciativa de experimentar substâncias incomuns para produzir tais alterações. Eu mesmo já o fiz por meio do Ayahuasca, que é legal, com objetivos místicos, e mesmo assim não pretendo repetir.
Mas por que uma necessidade constante? Por que uma necessidade forte, maior que uma simples curiosidade? Por que uma necessidade tão forte que justifica financiar a dor e o sofrimento de milhares de pessoas?
Em suma, por que existe uma disposição psíquica para que alguém pretenda alterar artificial, e radicalmente, seus estados mentais com tanta recorrência?

Sigamos o raciocínio.

Se você quer mudar seu estado mental momentâneo, é porque considera que o estado para o qual quer mudar é mais desejável do que o atual, não?
Claro. Qualquer um que esteja triste gostaria de ficar alegre. Tudo bem. Mas se você só consegue fazer isso mediante meios artificiais, é porque não consegue fazê-lo espontaneamente. Por isso, está sofrendo de uma deficiência momentânea de controlar seus próprios estados mentais.
Tudo bem. Todo mundo passa por isso. É radicalismo condenar alguém que numa situação isolada decidiu se embriagar para esquecer um grande sofrimento. Estamos todos sujeitos a momentos depressivos.
Mas se você precisa alterar seu estado mental artificialmente com muita frequência, é porque, evidentemente, considera seus estados mentais naturais predominantes insatisfatórios.
Em última instância, se você precisa se alterar frequentemente, com grande necessidade, a conclusão inevitável e que você gosta menos de seu estado normal, e, consequentemente e evidentemente, GOSTA MENOS DE SI PRÓPRIO ao natural.
Isso na realidade é óbvio para quem, como eu, jamais teve necessidade alguma de recorrer a drogas. Eu gosto de como eu sou! Gosto de meus pensamentos, de meus estados mentais comuns. É claro que ocasionalmente enfrento sofrimento, e é claro que já desejei que certo sofrimento desaparecesse. Mas na maioria das vezes não sinto a menor necessidade de mudar o que já sou!
Esse é o principal motivo da pessoa que, mesmo podendo experimentar drogas livremente, não o faz. Porque não sente necessidade. Isso está diretamente relacionado a auto-estima, amor próprio, gostar de si.
Portanto, quem tem a necessidade frequente de se alterar artificialmente sofre de algum problema de auto-estima, ou ao menos, pensa não ser capaz de relaxar e se divertir por si próprio. Fundamentalmente, todo o fenômeno social do narcotráfico repousa na pura e simples fraqueza mental do usuário.
Na sua BAIXA AUTO-ESTIMA!
Uma pessoa que tem deficiência de amor próprio, certamente terá deficiência em amar a outrem, e uma das formas mais claras desta deficiência e sua insensibilidade pelo sofrimento alheio, mesmo porque já está bastante ocupado com o próprio sofrimento. Assim, por que haveria de se importar com as vítimas do tráfico de drogas?

Quem é a Vítima?

Acho detestável a política de tratar o usuário de drogas como uma vítima do tráfico, como se alguma vez ele tivesse sido obrigado a usá-las, ou sequer persuadido por marketing. Casos há deste tipo, mas nem sequer chegam a minoria significativa.
Assim, dá pra entender quando o Capitão Nascimento afirma que "traficante é traficante e amigo de traficante é bandido". Mesmo sem qualquer reflexão filosófica profunda, é uma síntese de tudo o que uma reflexão séria sobre o tema tende a demonstrar. O indivíduo intelectualmente simples pode chegar a essa conclusão por pura sorte, mas também por uma intuição genuína e por vezes mais eficiente que um vasto raciocínio.
Se alguém quer usar drogas, e está disposto a pagar muito caro por isso, fatalmente alguém irá fornecê-las, e se isto é ilegal, a debandada para toda a criminalidade resultante não é somente inevitável, e previsível. Numa era onde tanto se fala em liberalismo econômico, no poder do mercado que emerge da simples troca espontânea de necessidades, deveria ser óbvio que o tráfico de drogas é inextirpável como uma continuidade material de uma cadeia de coisas que começa numa simples disposição mental.
Quase dá pra dizer que, num contexto social e impessoal, o traficante é na verdade a vítima, visto que em sua maioria são pessoas pobres que adentraram a atividade motivadas pelas necessidades de consumo tão devidamente estimuladas em nossa civilização atual, e que, com isso, trabalham servilmente, ainda que de forma indireta, para uma elite economicamente já favorecida que não abre mão deste luxo.
Com certeza o combate ao tráfico de drogas teria mais sucesso se atacasse os consumidores, mas isso é ilusório, afinal, são uma classe social privilegiada, podem ser considerados doentes, mentais, e de qualquer modo, não são diferentes de qualquer amante inveterado do álcool.
A Disposição Psíquica para o entorpecimento é a mesma tanto para os usuários de drogas quanto para os usuários sistemáticos de álcool, como examinei em A Droga da Incoerência. É um problema que tem sido parcamente atacado, recebendo muito menos verba do que o combate direto ao tráfico puro e simples. E não é para menos, tentar se indispor contra o álcool é briga na certa em qualquer lugar que se vá, exceto no A.A., ou talvez em alguns centros religiosos. Há que se louvar a atitude do governo em adotar a tardia Política Nacional sobre o Álcool, ainda que me pareça pouco promissora.
Assim, a verdadeira raiz do problema, o núcleo duro de toda a desgraça, permanecerá praticamente intocado, como quase todos os núcleos fundamentais dos problemas do mundo. Protegido, como se não bastasse, pela própria virtualidade do mental, como por um sistema cultural que não abre mão de prazeres discutíveis independente de quanto sofrimento cause.
Diante da impossibilidade da abordagem real, no entanto, não deveríamos pensar que descambar para o exato oposto seja a solução. É até plausível que se libere uma droga mais leve, como a maconha, visto que seu potencial ofensivo é inegavelmente inferior ao do álcool, e mesmo dos cigarros comuns, e considerando que possui aplicações medicinais e que um de seus subprodutos, o cânhamo, é um tecido promissor. Ainda por cima, é fácil de ser cultivada, até mesmo em apartamentos, como a polícia vive constatando. Aliás o sujeito que planta e consome somente a própria erva ao menos pode ter a consciência tranquila de não estar mais financiando o tráfico.
Mas não é por isso que devemos admitir uma liberação pura e simples. Além de já estar associada ao tráfico de outras drogas mais pesadas, a maconha ainda é uma droga prejudicial a saúde, e com potencial lesivo a sociedade. E ainda que sua liberação seja passível de alguma razoabilidade, o mesmo não se pode dizer de praticamente todas as demais drogas, que seguramente seriam postas na fila da legalização numa eventual liberação de uma droga mais leve.
Ademais, a liberação atende, fundamentalmente, não a uma reivindicação de segurança pública, não uma preocupação com a saúde ou o bem-estar social. A liberação, no fundo, visa nada menos que atender ao mero capricho do dependente mental que considera o uso de drogas necessário ao seu bem-viver. É muita subversão de todo o bom senso querer dobrar o estado e a sociedade em função do puro e simples prazer controverso e artificial.
O único "crime" que pode e deve ser legalizado é mesmo a Pirataria Digital, que nem sequer era crime há pouco tempo atrás, que é praticada ou apoiada pela quase totalidade da população, é que se é ofensiva, só o é para para uma milionária elite que construiu sua fortuna no breve hiato histórico onde a telecomunicação esteve concentrada em suas mãos.

A Tragédia em Tropa de Elite

Nenhuma pessoa decente pode achar que o modo como o BOPE é retratado lidando com os criminosos é louvável, mas é difícil negar que poderia ser de outra forma, devido ao nosso contexto atual. O Capitão Nascimento e seus companheiros, tragicamente, lançam mão do método reprovável da tortura para que consigam cumprir o dever que lhes é imposto. Não tendo acesso a métodos mais sofisticados de combate ao crime, não tendo sequer o apoio aberto da sociedade, e ainda por cima tendo que lidar com um inimigo transmorfo e covarde, fica realmente difícil encarar um suspeito, cuja experiência leva a detectar com altíssima probabilidade de culpa, e não pegar pesado uma vez que se sabe que ele está trabalhando para, ou acobertando, tal inimigo.
Ainda assim, causou surpresa, até aos produtores do filme, o modo como o público tende a ver nos policiais, heróis comparáveis ao norte-americanos Chuck Norris e Rambos da vida. Não deveria ser surpreendente. Por mais que o cinema nacional tenha melhorado, continua preso a fórmulas previsíveis e monótonas de exploração sistemática de tudo o que há de pior em nosso país.
Não parece haver disposição para outra coisa que não exibir nossas favelas, nossos sertões miseráveis, ou nossa já estereotipada corrupção político e social. Para piorar, os filmes que exploram maciçamente o tráfico de drogas tem sido feitos, até agora, do ponto de vista de personagens suficientemente próximos ao tráfico a ponto da visão pessoal dos traficantes acabar sendo privilegiada. O traficante termina sendo visto de forma simpática, se não quase heróica.
Pela primeira vez essa estrutura foi rompida numa grande produção. Desta vez a polícia é vista não somente como um irremediável antro de corrupção, mas também como um local onde existem pessoas honestas querendo fazer o que realmente se espera delas.
Se o Capitão Nascimento, o Mathias e o André são vistos como heróis, é pelo simples fato de que pela primeira vez os personagens centrais de uma trama violenta não são o exato oposto, isto é, vilões ou anti-heróis declarados. Após tanto tempo tendo que aguentar estórias de personagens corruptos, decadentes, asquerosos, ou na melhor das hipóteses, bons e honestos mas fracos demais para se impor como humanos dignos e respeitáveis, personagens como os de Tropa de Elite são tudo o que o público brasileiro precisava para despertar sentimentos de heroísmo e gerar identificação imediata.
Isso tudo, porém, não evita o trágico subjacente. O detestável absurdo do fato de que, numa escala mais ampla, toda aquela guerra é inútil enquanto não tivermos coragem de encarar o problema em toda a sua dimensão. Responsabilizamos o traficante, e passamos a mão na cabeça do usuário. Condenamos o vício, mas toleramos, ou pior, glorificamos, a disposição mental para o entorpecimento. O resultado disso é um conflito sem fim em nós mesmos, que nunca termina, e se manifesta física e socialmente num problema de proporções bélicas.
Pressionados por um crime organizado bem armado, brutal, covarde e que é ainda por cima apoiado por vastas parcelas das elites, não há que se esperar que a polícia aja como se esperaria de um herói romântico. Ela há que endurecer! E se ninguém parece muito preocupado com o fato de que traficantes sejam duramente tratados, todos certamente lamentam os inocentes que serão pegos neste fogo cruzado.
Se bem que isso é chover no molhado, o problema das guerras é justamente o fato de que elas fazem vítimas inocentes. Se as guerras só afetassem os que estão diretamente interessados e envolvidos nela, nao seria um problema!
A tragédia em Tropa de Elite, é que por mais que se lute, não se pode derrotar um inimigo que tira forças sobretudo de nossa própria covardia e contradição. De nossa própria miséria mental

Pode-se dar uma dura nos bandidos, mas esquadrão especial nenhum do mundo irá derrotar um inimigo que se apoia num fundamento inatacado, e que é antes de tudo a viciada disposição mental vergonhosa que leva ao consumo de drogas, principalmente pelas elites privilegiadas.
Uma Droga de Elite.

Marcus Valerio XR
Outubro de 2007

http://www.xr.pro.br/ENSAIOS/ELITE.HTML
« Última modificação: 18 de Dezembro de 2007, 13:08:05 por -Huxley- »

Offline Pregador

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #71 Online: 18 de Dezembro de 2007, 14:12:26 »
Amon, nem todo usuário é viciado.

Pesquisem um pouco sobre um grupo chamado "Redução de Danos". Acho bem coerente a idéia deles.
Gostei também, mas não entra em contradição com o endurecimento de penas?

Vocês gotam da opção autoritário que reprime o usuário de drogas com penas duras?
 
Digo que seria melhor que a atual.
A política de redução de danos é a contra a criminalização do usuário, o coloca como vítima do sistema, do comércio de drogas, que é mais forte que o estado, sendo por isso necessário tomar atitudes mais coerentes com a realidade. É o que entendi do assunto.

Acho que nem vou ler então. Cansei de estudar política criminal e escutar este papinho de que o sujeito é "vítima" de algum "sistema". Se o sujeito é viciado, um tratamento apra cobater o vício seria bem-vindo. Se não é, coisa um tanto difícil, as punições tradicionais seriam indicadas. Creio que encarcerar só em caso de reincidência ademais, seriam úteis penas de serviços comunitários, restrições de finais de semana, penas pecuniárias etc.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Rhyan

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #72 Online: 18 de Dezembro de 2007, 16:01:47 »
Gostei também, mas não entra em contradição com o endurecimento de penas?

Claro, mas eu quis dizer que as penas duras é melhor que a forma atual. Hoje em dia usuário não vai preso.

Offline Adriano

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #73 Online: 18 de Dezembro de 2007, 18:27:16 »
O ponto central da discussão sobre a legalização das drogas passa pelo atual estágio do mercado de drogas. Como é um mercado mundial, com alta lucratividade, então o combate ao tráfico é a forma mais difícil de resolver as coisas.

A política de redução de dados visa o consumidor, ao tratar este como indivíduo consciente de seus atos, mesmo que não tenha todas as informações necessárias ou que as utilize inadequadamente. É um conjunto de profissionais que busca o esclarecimento e a melhoria da qualidade de vida dos usam a drogas de forma recreativa (mesmo os viciados pensam assim).

No final das contas é lidar de forma eficaz com a demanda e não com a oferta. O sistema é o tráfico de drogas mundial, uma rede global de produção, consumo e distribuição do produto, que é mais forte que as atuais ações governamentais por agir pelas leis de merdado.

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

rizk

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Re: Pela Legalização das Drogas por Rodrigo Constantino
« Resposta #74 Online: 18 de Dezembro de 2007, 19:20:10 »
Gentes, aliás, eu vi uma coisa que eu não FAZIA IDÉIA. Vi uma proposta de TRANSAÇÃO pra usuário de entorpecente, gentes. O menino vai lá e paga a multinha e puf, cabou-se tudo.

Pasma, fui perguntar e descobri que o usuário pode fazer transação INDEFINIDAMENTE. Mas não perguntei e queria saber: 1) vale aquele prazo dos 5 anos pra poder fazer outra transação, não? 2) se o cidadão dá droga pro amigo, também pode? 3) Se o cara tem um vasinho em casa, também pode?!?!?

Tudo isso me pegou de calças curtas. Eu, já achando que era moleza DEMAIS tomar bronca de juiz! :D

 

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