Me dê um argumento sério, mas que não seja um ataque ao capitalismo de estado.
Tudo bem, eu li um livro(maravilhoso por sinal)de Carl Sagan, vou postar um trecho deste livro, ele diz tudo o que penso. O nome do livro é Bilhões e Bilhões e o nome do artigo é O Inimigo Comum. Iria postar o artigo todo, que, pra mim, dá uma bela explicação sobre isso. Mas, como disse, aqui vai um trecho:
"Imagine-se primeiro um observador soviético refletindo sobre alguns dos acontecimentos da história norte-americana: os Estados Unidos, fundados em princípios de independência e liberdade foram a última grande nação a acabar com a escravidão: muitos de seus fundadores - George Washington e Thomas Jefferson entre eles - eram proprietários de escravos; e o racismo foi legalmente protegido durante um século depois da libertação dos escravos. Os Estados Unidos têm sistematicamente violado mais de trezentos tratados que assinaram garantindo alguns dos direitos dos habitantes originais do país. Em 1899, dois anos antes de se tornar presidente, Theodore Roosevelt, num discurso admirado por muita gente, defendeu a "guerra virtuosa" como o único meio de realizar a "grandeza nacional". Os Estados Unidos invadiram a União Soviética em 1918, numa tentativa frustrada de anular a Revolução Bolchevique. Os Estados Unidos inventaram as armas nucleares e foram a primeira e única nação a lançá-las contra populações civis - matando centenas de milhares de homens mulheres e crianças no processo. Os Estados Unidos tinham planos operacionais para a aniquilação nuclear da União Soviética, antes mesmo que houvesse uma arma nuclear soviética, e têm sido o principal inovador na contínua corrida de armas nucleares. As muitas contradições recentes enre a teoria e a prática nos Estados Unidos incluem o fato de o governo atual Reagan com um alto grau de rancor moral, instruir seus aliados a não vender armas ao Irâ terrorista enquanto secretamente era o que fazia; travar guerras encobertas por todo o mundo em nome da democracia enquanto se opunha a apoiar sanções econômicas efetivas contra o regime su-africano, no qual a imensa maioria dos cidadãos não tem direitos políticos; indignar-se com as minas iranianas do golfo Pérsico por serem uma violação da lei internacional, enquanto colocava minas nos portos da Nicarágua e mais tarde fugia à jurisdição da Corte Mundial: difamar a Líbia por matar crianças e, em retaliação, matar crianças; e denunciar o tratamento das minorias na União Soviética, enquanto os Estados Unidos têm mais rapazes negros na cadeia do que nas faculdades. Tudo isso não é apenas uma questão de propaganda soviética malévola. Até as pessoas congenialmente dispostas a apoiar os Estados Unidos podem ter graves ressalvas a respeito de suas reais intenções, em especial quando os norteamericanos relutam em reconhecer os fatos incômodos de sua história.
Agora imagine-se um observador ocidental considerando alguns dos acontecimentos na historia soviética. As ordens de avançar do marechal Tukhachevskv, em 2 de julho de 1920. foram: "Com a força de nossas baionetas levaremos paz e felicidade à humanidade trabalhadora. Avante para o Ocidente!". Pouco depois, V. I. Lenin. em conversa com delegados franceses observou: "Sim. as tropas soviéticas estão em Varsóvia. Logo a Alemanha será nossa. Vamos O reconquistar a Hungria. Os Bálcãs vão se levantar contra o capitalismo. A Itália vai tremer. A Europa burguesa está se arrebentando toda nesta tempestade". Depois considerem-se os milhões de cidadãos assassinados pela política deliberada de Stalin nos anos entre 1929 e a Segunda Guerra Mundial - na coletivização forçada, na deportação em massa de camponeses, na fome resultante de 1932-3 e nos grandes expurgos (nos quais quase toda a hierarquia do Partido Comunista acima de 35 anos foi presa e executada, e durante os quais uma nova constituição que alegadamente salvaguardava os direitos dos cidadãos soviéticos foi orgulhosamente proclamada). Depois considere-se a decapitação do Exército vermelho feita por Stalin, o protocolo secreto de seu pacto de não-agressão com Hitler e sua recusa em acreditar numa invasão nazista da URSS mesmo depois de já iniciada - e quantos milhões mais foram mortos em consequência. Pense-se nas restrições soviéticas aos direitos civis, à liberdade de expressão e ao direito de emigrar, e nos constantes antisemitismo e perseguição religiosa endémicos.
Em outro trecho.
Para muitos norte-americanos, o comunismo significa pobreza, atraso, o "Gulag" para quem diz o que pensa, um esmagamento cruel do espírito humano e uma sede de conquistar o mundo.
Para muitos soviéticos, o capitalismo significa ganância impiedosa e insaciável, racismo, guerra, instabilidade econômica e uma conspiração mundial dos ricos contra os pobres.
Bem, é isso.
Abraços.