Tática de troll por que?
Porque eu tô repetindo essa pergunta trocentas vezes, inclusive ao Nightmare, hehehe. E isso sim é tática de troll…
Vou sintetizar o que entendi com o seu "mérito", me corrija se não peguei a definição, ok? Mérito, segundo você, significa a criação de bens de consumo que satisfaçam efetivamente as necessidades humanas. Sejam do estômago ou do fetiche.
Vou considerar que é isso, e analisar um pouco em relação ao bem de consumo.
(ah, não repare: sou prolixo assim mesmo.)
O que é necessário para a criação de tais bens? Que tal um exemplo… a minha Ferrari vermelha, com rodas de liga leve, um som fodônico e a Pamela Anderson no banco do lado. Baaah, simplificando o modelo, um carro qualquer, rsrs. Focando no aspecto industrial:
Matéria-prima - couro, chapas metálicas, parafusos, eletricidade, mão-de-obra, tintas, etc.; em sentido amplo, qualquer coisa que se consome durante a produção.
Meios de produção - capital inicial, maquinaria, o galpão da indústria… coisas que não são consumidas no processo, porém são necessárias para fabricar o bem.
Mercado consumidor - a vazão do produto, alguém para consumir o bem de produção.Vou pular a matéria-prima e o mercado, por enquanto. Quanto aos meios de produção… como obtê-los, inclusive o capital inicial? Ter dinheiro, nessa hora, ajuda. Com uma pequena fortuna herdada, posso montar um pequeno negócio, para ir ampliando com o tempo. O passo necessário é menor. Então, vamos incluir "ter dinheiro" como coisas a serem levadas em conta, na sua definição de mérito.
Ter uma educação com qualidade também pode ser incluído como meio de produção, pois não é algo que se gaste com o processo. Um mínimo de gestão empresarial, conhecimento do processo, engenharia social e marketing, são coisas que você aprende formal ou informalmente. Vamos incluir no seu mérito: "educação voltada ao empreendorismo".
[em off: se eu fosse cristão, eu incluiria questões inatas relativas à alma do sujeito. Se eu fosse darwinista social, incluiria os genes. Entretanto, a parte genética contribui um nada perto da parte "ambiental", e o conceito de alma é ridículo para mim.]
Há um "quê" de caos e de probabilidades, também… ter uma idéia eficiente não é
só questão de criação, mas também da chance da idéia dar certo. Isso explicaria os Sílvio Santos da vida. Porém, se analisados em relação ao todo, você percebe que são só "ruído estatístico". O modelo que fiz, assim como o behaviorismo, tem um problema: não explicar casos específicos. Entretanto, em termos gerais, acho que reduzi o seu "mérito" como herança (financeira e intelectual) e probabilidades, não? Ou seja, o mérito principal está em ter nascido em uma família com dinheiro e educação.
Se você trabalhar o suficiente e com qualidade produzindo coisas que as pessoas querem ter (tiver mérito), você pode sim ter a sua Ferrari. Por que não?
Oi, só uma coisa… volte à realidade. Ainda que todos trabalhassem com afinco, e produzindo bens de consumo úteis, as Ferraris ainda seriam limitadas.
Gostaria que explicasse melhor o trecho em negrito.
Estou falando estritamente em horas de trabalho útil à sociedade. Ninguém enriquece de acordo com as horas de trabalho, ou os professores brasileiros seriam milionários.
Entretanto, falo de trabalho sem considerar o grau de produção desse trabalho, a "qualidade" dele. Mas a qualidade de um trabalho é definida essencialmente pelos meios de produção que você usa.
Não caia no engano de pensar em "produzir" apenas como o trabalho braçal árduo:(…)
Ok, entendi o que você quis dizer, e concordo: trabalho braçal é somente parte do trabalho.
E daí?
Esqueça meu apelo à moral, um dia me livro dele.
É o "mérito" de fazer algo que as pessoas querem: emprestar dinheiro quando precisam. O mais importante: Se elas estão dispostas a pagar pelo dinheiro, qual o problema? Mesmo a atividade do empréstimo está sujeita às leis do mercado: "tem mais mérito" aquele que cobra menos juros por mais empréstimo.
Novamente, essa atividade não existiria se as pessoas não quisessem por algum motivo pedir dinheiro emprestado pagando juros. Por mais "acomodada" que pareça uma atividade, ela só existe por que as pessoas usufruem dela. Eis aí o mérito (hehe) do sistema liberal capitalista: é o mais eficiente em suprir a vontade das pessoas, tudo pelas leis do mercado, e o que mais respeita a liberdade individual de produzir e consumir o que cada um achar melhor para si.
O mérito (na sua def.) do empréstimo do dinheiro só cabe dentro do capitalismo. Não caberia dentro do socialismo ou do feudalismo. É uma necessidade que nasceu com o capitalismo e morrerá com ele, não uma necessidade humana intrínseca.
E a minha vontade da Ferrari, o capitalismo não supre. Por que professores não podem ter Ferraris??? Acho que vou montar uma fábrica automotiva pra mim.
Falando sério, a "liberdade de produção e consumo", no capitalismo, é exclusiva para 10% da população. Vamos ao mundo real, Procedure.
Sem dúvida, o capitalismo é mais eficiente na supressão das vontades
que os sistemas anteriores, entretanto, ele ainda deixa muito a desejar.
É muito fácil saber o que é "desordem" e quem são os desordeiros para então puní-los adequadamente.
Mas como definir o que de fato é uma "necessidade"? Estou com o pressentimento de que você vai cair no engano de querer começar a definir o que é bom para cada um.
Eu posso, no máximo, arriscar uma definição do que seria uma necessidade. Mas apenas especulativa, sem caráter taxativo.
Nestes exemplos especificamente, de fato, não há por onde o vagabundo entrar, são muito simples. Mas em que outros casos você defende o "ganha mais quem precisa mais"?
Essencialmente, questões biológicas. Necessidades primárias - comida, medicamentos, educação; como você disse, necessidades simples. Pois necessidades psicológicas atreladas a bens de consumo são meramente psicológicas, nelas não há "quem precise mais".
Diz que "não é necessário negar ao ser humano o direito da individualidade" mas é só o que faz quando defende que a pessoa seja submissa do coletivo!
Submissa… interessante palavra. Não é necessária a submissão forçada da pessoa, dela abdicar da sua individualidade. Entretanto, considerar que seus atos vão afetar o corpo social. Ok, foda-se o corpo social, mas afetarão outras pessoas também. Isso, para mim, se chama bom senso.
"Falácia de apelo à natureza"?? Onde está a falácia?
A falácia está em dizer que, pelo fato do ser humano ter um lado individualista, uma sociedade na qual ele viva precisa se basear nisso. Somos artificiais por natureza.
Comparei a individualidade com a agressão apenas quanto a isso: nossa sociedade não é baseada na agressão, embora ela seja natural ao ser humano. E só.
Me diga: qual destas duas propensões naturais é a que viola o dreito da liberdade individual?
Não é sempre que a propensão à agressão viola a liberdade individual. O
football estadunidense, o boxe, ou mesmo quando você desconta a sua raiva cavando buraco numa horta são exemplos. Você não está ferindo liberdades, entretanto, usa a agressividade inata para coisas que, se não produtivas, ao menos não prejudiciais. Somos a espécie dominante do planeta por sermos agressivos. Isso não quer dizer que eu vou sair dando porrada no primeiro que me aparecer na frente, por simples bom senso: viver num lugar onde todos fazem isso não é muito interessante.
Assim como a individualidade. Aliás, "individualidade" quando você tem explicar ao seu chefe aonde estava por ter chego 15min atrasado? Ao explicar, você já abdicou de parte da sua individualidade por algo que você considera mais interessante - manter seu emprego, talvez.
A individualidade de se pegar uma hora de folga e vadiar sem rumo, ou ler um livro, ou ir pro bar tomar cerveja… quando não produtivas, ao menos não prejudiciais. Tanto no capitalismo como no socialismo.
"Tentar dirigir a individualidade a coisas mais produtivas"? Voltamos à questão anterior: como definir o que é uma necessidade? Isso não vai totalmente contra o que você disse antes, que "não é sequer necessário negar ao ser humano o direito da individualidade", na medida em que tenta impor o que cada um deve ou não achar bom ou mal, produtivo ou improdutivo, necessário ou desnecessário?
Sério mesmo… quando as coisas caem em semântica, acho que o papo já rendeu o que tinha que render. E as definições do dicionário são vagas demais.
Corrija-me se eu estiver errado, mas me parece que você acha que falo em coerção.
Abraços!