Um subproduto do medo da morte para um ser consciente não seria o medo do fim da própria consciência? A consciência não deseja extinguir-se nem mesmo após a morte, este é o motivo pelo qual a fé em uma pós-existência persiste.
Galthaar, esse argumento evolucionário para o medo da morte esbarra num problema: a premissa da evolução não é a preservação
do indivíduo, mas dos genes. Por exemplo, em termos evolutivos seria indiferente se um indivíduo, após ver seus descendentes crescidos, de repente sentisse um impulso suicida. Também esbarra no fato do auto-sacrifício: pessoas que se sacrificam para que
seus descendentes possam sobreviver.
Se formos analisar a questão da morte, existem muitos outros fatores além do fim da experiência subjetiva que podem despertar
temor. Por exemplo, a sensação de impotência diante da morte (seria diferente se pudéssemos escolher precisamente o momento
de morrer). A sensação de injustiça, ao vermos um criminoso (Pinochet, por exemplo) "escapar" da punição ao morrer. A decadência
física, a sensação de futilidade em muitos casos (Virginia Tech - o assassino não era um monstro transcendente, não ameaçou a
humanidade como um todo, era apenas um maluco qualquer). Ou seja, o fim da consciência é apenas um (1) elemento de um processo
complexo.
Esse elemento, francamente, não me causa temor algum...