Bem, eu tenho 20 anos, sem filhos e sem nenhum medo de estar morto e nenhuma revolta ou insatisfação com o fato que eu vou morrer.
Vocês já pensaram como seria viver para sempre? Acho que isso sim seria terrível. Para sempre é para sempre mesmo, não são 500 anos nem 500 milhões de anos, mas um tempo infinito. Isso sim, aquilo que afirmam muitas religiões é que seria uma coisa terrível. Imaginem o tédio de uma existência eterna. Para quê fazer qualquer coisa agora se eu tenho um tempo infinito pela frente e se, não importa o que eu faça, isso vai me entreter por um tempo finito e insignificante. A vida eterna, não importa se é passada em um vale vulânico cheio de enxofre ou um bosque florido com rios de mel, seria uma coisa terrível. Isso iria elouquecer qualquer um.
Acho uma existência finita uito mais agradável, pois ela coloca significado em nossas ações. Todos os dias eu acordo e levo adiante meus projetos porque sei que tenho um tempo finito e, portanto preciosíssimo que não deve ser desperdiçado, mas sim aproveitado em cada momento. Eu gosto de pensar na morte. Toda vez que eu lembro que irei um dia estar morto apodrecendo em um caixão, me sinto mais preparado para enfrentar o meu dia. A morte me lembra quais são as coisas realmente importantes em minha vida e quais são as coisas fúteis e desnecessárias.
É claro, que se eu pudesse escolher, eu viveria um período de talvez uns 200 anos. Mas como eu não posso mudar ou interferir nisso, acho uma perda de tempo idiota. Pensem que a vida é como um jogo de xadrez. Você pode se mostrar insatisfeito com a posição atual das peças no tabuleiro e se esforçar para mudar isso seguindo as regras do xadrez. Chamo isso de insatisfação produtiva. Por outro lado, você pode, se mostrar insatisfeito com a posição das peças no tabuleiro e começar a lamentar sobre as regras do jogo: "Que droga! Por que a rainha tem que ser tão poderosa? Se ela se movesse como um peão, eu não estaria perdendo o jogo!". Chamo isso de insatisfação cretina e infantil. Lamentar o fato de que não é imortal e passar a aproveitar cada momento da vida e cuidar da saúde é uma insatisfação produtiva. Agora ficar se lamentando com a mortalidade e ficar sentindo medo disso, eu chamo de insatisfação cretina e infantil. Acho uma imensa bobagem nos revoltarmos contra algo que não pode ser mudado, ou que dadas as condições atuais, não temos como alterar.