Autor Tópico: Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)  (Lida 8848 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Alguem aí tentaria tirar a crença em vida após a morte de um doente terminal?

Dados insuficientes.  Eu sei que em muitos casos seria uma péssima idéia, mas ainda acho essa situação um tanto estranha. 

Nunca entendi por que o medo de morrer é algo tão difundido.  Outras fobias são muito mais raras, e não há um bom motivo claro para essa diferença toda de ocorrência.

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Eu acredito que um idoso mentalmente é tão fraco quanto, o medo da morte e a ciência de que não há muito mais o que viver.

Essa ciência de que os dias estão no fim pode ser libertadora também.  Quando se está no fim da vida, é possível ser mais ousado e mais autêntico.
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Offline Daniboy

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #1 Online: 13 de Maio de 2007, 11:28:36 »
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Dados insuficientes.  Eu sei que em muitos casos seria uma péssima idéia, mas ainda acho essa situação um tanto estranha.

Nunca entendi por que o medo de morrer é algo tão difundido.  Outras fobias são muito mais raras, e não há um bom motivo claro para essa diferença toda de ocorrência.
É mais difundido porque é sobre algo desconhecido, e um modo de se reconfortar é a religião, já que a maioria das pessoas acredita em vida após a morte essa "fobia" fica um tanto confusa.


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Essa ciência de que os dias estão no fim pode ser libertadora também.  Quando se está no fim da vida, é possível ser mais ousado e mais autêntico.
Em raros casos ela liberta a pessoa, na maioria das vezes ela dificulta a liberdade pela limitação do movimento e doenças cada vez mais frequentes.
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Offline Luis Dantas

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #2 Online: 13 de Maio de 2007, 11:35:57 »
Mas é esse o ponto, Dani; se não há mesmo muito a perder, por que ter angústia?
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #3 Online: 13 de Maio de 2007, 11:39:36 »
Mas é esse o ponto, Dani; se não há mesmo muito a perder, por que ter angústia?
Não há nada a perder, mas o medo do desconhecido, o medo de tudo acabar é muito grande.

Já pensou na morte? O fim de sua consciência, é um tanto assustador, mesmo para alguem que está com a vida insuportável.

Pelo menos eu não me mataria sem a certeza de que em seguida eu teria uma morte horrível.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #4 Online: 13 de Maio de 2007, 11:55:14 »
Não há nada a perder, mas o medo do desconhecido, o medo de tudo acabar é muito grande.

Já pensou na morte? O fim de sua consciência, é um tanto assustador, mesmo para alguem que está com a vida insuportável.

Isso é puro condicionamento cultural. E tem MONTES de exceções até mesmo na nossa cultura.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #5 Online: 13 de Maio de 2007, 11:59:14 »
Não há nada a perder, mas o medo do desconhecido, o medo de tudo acabar é muito grande.

Já pensou na morte? O fim de sua consciência, é um tanto assustador, mesmo para alguem que está com a vida insuportável.

Isso é puro condicionamento cultural. E tem MONTES de exceções até mesmo na nossa cultura.

Exceções você se refere ao medo de morrer ou na ação de um suicídio?
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #6 Online: 13 de Maio de 2007, 12:10:13 »
Os dois.
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Offline CyberLizard

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #7 Online: 13 de Maio de 2007, 21:36:58 »
Eu já cheguei a ter medo da morte depois de virar ateu. Mas foi algo bastante rápido. Depois de raciocinar um pouco sobre o assunto, perdi completamente esse medo. Afinal, vai ser exatamente como era antes de eu nascer. Não vou sentir nada desagradável. Atualmente não dou a mínima pro fato de que vou morrer e em algumas ocasiões, brinco com o assunto. Com isso, aprendi a dar um valor maior à vida e a não perder meu tempo me preocupando com coisas fúteis e desnecessárias. Descobrir que não há céu ou inferno ou coisa alguma após a morte foi muito bom para mim.

Mas no caso da sua avó, eu não tentaria convertê-la. Normalmente eu só tento falar sobre isso com pessoas jovens. Eu tenho receio de que pesssoas mais velhas não entendam meus argumentos por estarem muito habituadas a não questionar e também tenho medo de que devido à educação que tiveram entrem em crise existencial ao terem contato com a verdade. Acho que correr este risco seria desnecessário e não mudaria nada no mundo. Eu aconselho só fazer isso se você tiver certeza de que sua avó tem a mente aberta o suficiente para viver numa boa com isso.

Offline Daniboy

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #8 Online: 14 de Maio de 2007, 10:51:43 »
Os dois.
Claro, existem exceções em tudo, por esse motivo não devemos usar casos separados para concluir algo em um assunto tão abrangente.

Há pessoas que se matam mas a maioria esmagadora tem medo de morrer em demasia para um ato desse.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #9 Online: 14 de Maio de 2007, 11:05:08 »
Sim, suicídio é e deve mesmo ser exceção, por vários motivos. 

Mas medo da morte, isso sim é algo que não tem por que ser comum. 

Ainda é, por circunstâncias históricas, mas provavelmente vai deixar de ser no futuro.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #10 Online: 14 de Maio de 2007, 11:28:21 »
Sim, suicídio é e deve mesmo ser exceção, por vários motivos. 

Mas medo da morte, isso sim é algo que não tem por que ser comum. 

Ainda é, por circunstâncias históricas, mas provavelmente vai deixar de ser no futuro.

Por que não tem que ser comum???? Eu acho hiper comum!
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #11 Online: 14 de Maio de 2007, 11:51:57 »
Concordo com o Luíz, mas com uma ressalva: na minha opinião existem dois medos relacionados à morte. Um é o que chamo de
medo de "perder o espetáculo", de deixar a vida sem ter feito nada de significativo com ela ou não poder satisfazer a curiosidade
de assistir o desenrolar da História. Esse medo pode existir tanto em alguem que creia na vida após a morte como no ateu
que acredita que a morte é o fim da consciência.
O outro medo é que chamo de medo de "estar morto", ou seja, o medo do que vem depois. Acho esse temor bastante natural, pois temos mesmo a tendência a temer o desconhecido. Nesse caso, a postura do ateu
chega a ser mais confortadora: não há nada a temer, pois "você" não vai estar lá, por assim dizer.
O medo de estar morto deixa de ser um problema para o ateu, mas o "medo de perder o espetáculo" pode despertar uma certa
ansiedade. Acho que a melhor cura para esse medo é procurar não só viver a sua vida plenamente, como também procurar deixar
algo mais permanente para as gerações futuras.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #12 Online: 14 de Maio de 2007, 11:59:02 »

Concordo com o Amon, o medo da morte não é só comum, é essencial. A covardia foi largamente selecionada evolutivamente, e culturalmente também. Por quê uma fobia como o medo da morte se espalharia mais do que outras? Porque é determinante para a sobrevivência ou não dos indivíduos. Historicamente, os mais covardes, ou seja, os conformados, eram os que obtinham maiores chances de sobrevivência, os audaciosos sempre passaram por grandes riscos e apesar de adquirirem maiores recompensas com seus sucessos, as baixas não compensavam.

Abri um tópico sobre este assunto:../forum/topic=11401.0.html

O ateísmo, na minha opinião, é pouco difundido justamente por deixar a pessoa a mercê de seu medo da morte, por mais verdadeiro que seja; neste caso, como sempre, o desejo de autopreservação persevera, mesmo que ilusoriamente. Creio que isto é um efeito colateral do desenvolvimento da consciência, como discuti no tópico acima.

Agora, concordo com o Dantas que o medo da morte pode acabar no futuro; mas certamente com uma forte dose de engenharia emocional, forte o bastante para substituir a religião.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #13 Online: 14 de Maio de 2007, 12:31:35 »
Por que não tem que ser comum???? Eu acho hiper comum!

E é mesmo, mas não por algo que TENHA de existir... hoje quase todo mundo tem, assim como no passado já foi igualmente comum a convicção de que negros eram uma raça inferior ou a de que homossexualismo era doença.

Mas não TEM de ser assim.  E pessoalmente estou convicto de que vai deixar de ser.
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« Resposta #14 Online: 14 de Maio de 2007, 12:32:48 »
Agora, concordo com o Dantas que o medo da morte pode acabar no futuro; mas certamente com uma forte dose de engenharia emocional, forte o bastante para substituir a religião.

Engenharia emocional é a base do que a prática religiosa deveria ser.
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #15 Online: 14 de Maio de 2007, 12:37:55 »
Por que não tem que ser comum???? Eu acho hiper comum!

E é mesmo, mas não por algo que TENHA de existir… hoje quase todo mundo tem, assim como no passado já foi igualmente comum a convicção de que negros eram uma raça inferior ou a de que homossexualismo era doença.

Mas não TEM de ser assim.  E pessoalmente estou convicto de que vai deixar de ser.

Particularmente, ainda não vi argumento nenhum que me convença que deixar de existir seja algo bom, considerando nossa circustância atual...
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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #16 Online: 14 de Maio de 2007, 12:47:42 »
Particularmente, ainda não vi argumento nenhum que me convença que deixar de existir seja algo bom, considerando nossa circustância atual…

Nem eu.  Só que eu não vejo a morte exatamente como deixar de existir, nem propriamente como algo "bom".  É, apenas e simplesmente, algo que acontece e que tem consequências tanto desejáveis quanto indesejáveis.  Como tantas outras coisas na vida.  E devemos e podemos nos preparar para ela realisticamente, inclusive deixando de alimentar o medo fóbico de sua chegada.

A graça da vida está em cultivar e saborear a maturidade de aprender a fazer limonada com os limões que caem na nossa mão; a gratidão pelas dádivas grandes e pequenas que caem aos nossos pés; e a coragem e valor de tomar as decisões difíceis quando elas tem de ser tomadas.

Morte não é algo particularmente notável nesse drama da vida; pouco mais irreversível é do que, por exemplo, ver os filhos crescerem, os colegas de escola indo para outras vizinhanças ou a maturidade chegando.  E tem vantagens como a de dar fim a doenças crônicas, trazer descanso a quem está cansado da vida e limpar o terreno para que pessoas com cabeças mais "duras" e mais dificuldade em se ajustar às mudanças abram espaço naturalmente para gente mais fluida e adaptável.

Triste, sim, mas só se quisermos ver dessa forma, o que não é automático nem inevitável.
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« Resposta #17 Online: 14 de Maio de 2007, 12:52:16 »
Particularmente, ainda não vi argumento nenhum que me convença que deixar de existir seja algo bom, considerando nossa circustância atual…

Nem eu.  Só que eu não vejo a morte exatamente como deixar de existir, nem propriamente como algo "bom".  É, apenas e simplesmente, algo que acontece e que tem consequências tanto desejáveis quanto indesejáveis.  Como tantas outras coisas na vida.  E devemos e podemos nos preparar para ela realisticamente, inclusive deixando de alimentar o medo fóbico de sua chegada.

A graça da vida está em cultivar e saborear a maturidade de aprender a fazer limonada com os limões que caem na nossa mão; a gratidão pelas dádivas grandes e pequenas que caem aos nossos pés; e a coragem e valor de tomar as decisões difíceis quando elas tem de ser tomadas.

Morte não é algo particularmente notável nesse drama da vida; pouco mais irreversível é do que, por exemplo, ver os filhos crescerem, os colegas de escola indo para outras vizinhanças ou a maturidade chegando.  E tem vantagens como a de dar fim a doenças crônicas, trazer descanso a quem está cansado da vida e limpar o terreno para que pessoas com cabeças mais "duras" e mais dificuldade em se ajustar às mudanças abram espaço naturalmente para gente mais fluida e adaptável.

Triste, sim, mas só se quisermos ver dessa forma, o que não é automático nem inevitável.

Ou seja algo horrível. O que justifica o medo. A sua comparação com fases da vida que não voltam mais não procede, por que por mais que o passado não retorne, ainda existe o futuro, e milhares de coisas que virão. Morrer significa aniquilar o passado, o presente e o futuro. Deixar de existir para todo o sempre, o sumir da consciência não tem nenhum lado bom.
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« Resposta #18 Online: 14 de Maio de 2007, 13:04:09 »
Particularmente, ainda não vi argumento nenhum que me convença que deixar de existir seja algo bom, considerando nossa circustância atual…

Nem eu.  Só que eu não vejo a morte exatamente como deixar de existir, nem propriamente como algo "bom".  É, apenas e simplesmente, algo que acontece e que tem consequências tanto desejáveis quanto indesejáveis.  Como tantas outras coisas na vida.  E devemos e podemos nos preparar para ela realisticamente, inclusive deixando de alimentar o medo fóbico de sua chegada.

A graça da vida está em cultivar e saborear a maturidade de aprender a fazer limonada com os limões que caem na nossa mão; a gratidão pelas dádivas grandes e pequenas que caem aos nossos pés; e a coragem e valor de tomar as decisões difíceis quando elas tem de ser tomadas.

Morte não é algo particularmente notável nesse drama da vida; pouco mais irreversível é do que, por exemplo, ver os filhos crescerem, os colegas de escola indo para outras vizinhanças ou a maturidade chegando.  E tem vantagens como a de dar fim a doenças crônicas, trazer descanso a quem está cansado da vida e limpar o terreno para que pessoas com cabeças mais "duras" e mais dificuldade em se ajustar às mudanças abram espaço naturalmente para gente mais fluida e adaptável.

Triste, sim, mas só se quisermos ver dessa forma, o que não é automático nem inevitável.

Ou seja algo horrível. O que justifica o medo. A sua comparação com fases da vida que não voltam mais não procede, por que por mais que o passado não retorne, ainda existe o futuro, e milhares de coisas que virão. Morrer significa aniquilar o passado, o presente e o futuro. Deixar de existir para todo o sempre, o sumir da consciência não tem nenhum lado bom.
Acertou na mosca, esse é exatamente minha linha de pensamento, somente faria sentido para quem não almeja nada e odeia a vida, eu não sou assim e nunca serei, acho que sempre terei medo da morte e acho isso totalmente comum, e esse meu medo da morte é maior que o medo de qualquer outra coisa, por isso tentarei ficar longe dela o máximo possível.
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« Resposta #19 Online: 14 de Maio de 2007, 13:20:19 »
Citação de: Amon
Morrer significa aniquilar o passado, o presente e o futuro. Deixar de existir para todo o sempre, o sumir da consciência não tem nenhum lado bom.
Citação de: Daniboy
Acertou na mosca, esse é exatamente minha linha de pensamento, somente faria sentido para quem não almeja nada e odeia a vida,
Penso que é uma questão pessoal, mas mesmo assim, é bom lembrarmos que houve um tempo em nenhum de nós ainda existia. Vocês por
acaso lamentam esse fato? Claro, podemos saber como as outras pessoas viviam antes de termos existido, mas, num sentido bem profundo,
isso não é o mesmo que estar lá. Não vou dizer que já não senti medo de morrer (deixando de lado os instantes de risco imediato), mas
esse medo era mais relacionado ao temor de não deixar nenhum "rastro" para as gerações futuras, não ao medo de estar morto. Hoje já não
tenho esse medo (talvez a situação mude depois que eu tiver filhos). E podem acreditar, estou bem longe de odiar a vida :).


Aliás, mesmo os religiosos talvez possam concordar que, de certa forma, todas as crianças morrem: já vi várias crianças
cheias de sonhos de aventura e realizações se tornarem adultos medíocres e mesquinhos.  :?
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« Resposta #20 Online: 14 de Maio de 2007, 13:22:32 »
Me expliquem por favor, o que há de horrível nisso?

Citação de: Amon
Morrer significa aniquilar o passado, o presente e o futuro.

Não, não é isso; morrer é parar de existir ativamente, mas não nega o passado nem o presente - pelo contrário, o põe em perspectiva e torna cada momento único e insubstituível.

E o futuro continua recebendo a herança de nossos atos, decisões e exemplos.  Nós morremos, mas nossa herança perdura.

Citar
Deixar de existir para todo o sempre, o sumir da consciência não tem nenhum lado bom.

Não concordo.  É parar de cometer os mesmos erros e sentir os mesmos remorsos e arrependimentos de sempre.  É também parar de sofrer com doenças e limitações que não podem ser corrigidos.
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« Resposta #21 Online: 14 de Maio de 2007, 13:23:40 »
Aliás, mesmo os religiosos talvez possam concordar que, de certa forma, todas as crianças morrem: já vi várias crianças
cheias de sonhos de aventura e realizações se tornarem adultos medíocres e mesquinhos.  :?
Taí uma fobia que talvez devesse ser mais difundida do que é… :)
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« Resposta #22 Online: 14 de Maio de 2007, 13:26:59 »
Me expliquem por favor, o que há de horrível nisso?

Citação de: Amon
Morrer significa aniquilar o passado, o presente e o futuro.

Não, não é isso; morrer é parar de existir ativamente, mas não nega o passado nem o presente - pelo contrário, o põe em perspectiva e torna cada momento único e insubstituível.

E o futuro continua recebendo a herança de nossos atos, decisões e exemplos.  Nós morremos, mas nossa herança perdura.

Citar
Deixar de existir para todo o sempre, o sumir da consciência não tem nenhum lado bom.

Não concordo.  É parar de cometer os mesmos erros e sentir os mesmos remorsos e arrependimentos de sempre.  É também parar de sofrer com doenças e limitações que não podem ser corrigidos.
Dantas, não concordo em ponto algum sobre isso com você, claramente nossa história não morre mas nós morremos, nossa consciência acaba e nem pensar nós vamos, imagine isso, se você ver isso como uma coisa boa não estou entendendo seu raciocínio.

E sobre os lados bons e ruins, há um lado bom, se sua vida é sofrimento, se matar é um modo de acabar com ele, mas quem tem uma vida equilibrada morrer é horrível.
"Afirmar que "Deus fez isso" não é nada mais do que uma admissão de ignorância vestida enganadoramente como uma explicação."
Peter Atkins

"Sou ateu apenas porque Deus não existe. Se existisse e fosse como dizem as religiões, eu o odiaria!"

"Os teístas distorcem seus conhecimentos devido a suas crenças, os ateus distorcem suas crenças devido a seus conhecimentos."

Offline Daniboy

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #23 Online: 14 de Maio de 2007, 13:28:52 »
Aliás, mesmo os religiosos talvez possam concordar que, de certa forma, todas as crianças morrem: já vi várias crianças
cheias de sonhos de aventura e realizações se tornarem adultos medíocres e mesquinhos.  :?
Taí uma fobia que talvez devesse ser mais difundida do que é… :)
Acredito que as crianças amadurecem e perdem suas aspirações, ou porque viram que o caminho era muito difícil ou que elas cedem à ambição.
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Offline Luis Dantas

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Mortalidade e sentido da vida (era: Avó Crente, o que você faria?)
« Resposta #24 Online: 14 de Maio de 2007, 13:29:53 »
Dantas, não concordo em ponto algum sobre isso com você, claramente nossa história não morre mas nós morremos, nossa consciência acaba e nem pensar nós vamos, imagine isso, se você ver isso como uma coisa boa não estou entendendo seu raciocínio.

Aparentemente você tem uma vida mais prazeirosa que a minha :)

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E sobre os lados bons e ruins, há um lado bom, se sua vida é sofrimento, se matar é um modo de acabar com ele, mas quem tem uma vida equilibrada morrer é horrível.

Não vejo por que, sinceramente.  Ainda mais porque, já que é mesmo inevitável, não vale a pena cultivar ojeriza à morte.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

 

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