Desculpe a troca de ironias, mas não há tb nenhuma virgem que engravida, morto que ressucita, mar que se abre para a passagem de pessoas, etc, de forma que a melhor explicação para a origem das crenças abraâmicas está realmente na invenção de literários e superstições de 2 milênios atrás. Mas quem disse que a crença em papai noel é mera superstição?
Então, sem ironias agora, pq vc acha que o seu deus é menos superstição que o papai noel?
Ainda não comentei nada sobre as crenças de religiões abraâmicas (embora eu mesmo seja evangélico). Estamos discutindo tão somente a existência de Deus. Quanto à última pergunta, acho que a diferença deveria saltar aos olhos de quem está realmente comprometido com a busca da verdade. Quanto somam só os adeptos do cristianismo + islamismo + judaísmo? Quantos [adultos] acreditam seriamente no papai noel?
Caro Sanmoo.
Quero parabenizá-lo pela sua última postagem, na qual voce se mostrou mais humilde, bem diferente de suas postagens pregressas.
Quanto ao seu texto. Permita-me começar por alerta-lo de que o fato de mais ou menos pessoas acreditarem em algo não torna este uma verdade. Apelar para este argumento é uma falácia do tipo
ad populum.
Voce já notou que a maioria dos foristas daqui não aceita nenhum tipo de conhecimento que não seja o científico e a filosofia materialista. Então, não adianta ficar na expectativa de que alguém corrobore a sua "busca da verdade", a não ser, é claro, os poucos foristas religiosos cristãos.
Mais uma coisa, realmente não existem no mundo natural nada dessas coisas que você citou, e o cristianismo em particular não ensina que existam. Todos esses casos, segundo as principais correntes teológicas cristãs, foram "milagres", que são eventos causados primariamente por "Deus". E milagres, por definição, só ocorrem ocasionalmente.
Talvez elas (fadas, gnomos, papai-noel) existam e voce não possa vê-las, pois que elas só aparecem para alguns "eleitos".
O argumento acima é uma variação do "dragão na garagem" de Sagan, para demonstrar que aqueles que se pautam pela fé necessitam, com frequência, de proposições
ad hoc.
Mas só isto não basta num fórum cético, beleza? Se você tem algum argumento que sustente o que afirma, coloque aí e nós debatemos. Agora alegar que a proposição A e B e blá blá blá blá... Dá um tempo, ok?
Nada pessoal. Eu e um monte de gente aqui estamos preocupados em debater idéias. Do contrário, eu estou ocupado.
ok. Também só quero debater ideias e aprender mais.
Estamos aqui para discutir e aprender.
Este argumento é uma variação do argumento ontológico proposto por Anselmo e que foi refutado por Gaunilo no século XI.
Na verdade eu não estou defendo o argumento de Anselmo, só dei uma definição para Deus que gosto. Ele só foi satisfatoriamente refutado por Kant (cerca de o quê, 7 séculos depois!). Mas o argumento ontológico tem sido revisitado por filósofos contemporâneos e gerado bastante discussão. Veja a versão de Alvin Plantinga, por exemplo, em termos de lógica modal.
A versão de Plantinga, revisitada por Craig, padecem do mesmo problema: Ambas usam de certos predicados, o que as levam a cair na vala aberta por Kant.
E a sua definição de deus não é religiosa e sim metafísica.
Por que elas têm de ser mutuamente excludentes? O Deus cristão, por exemplo, tem todas essas características e outras mais.
Eu não afirmei que elas são excludentes e sim que se baseiam em premissas distintas. O deus metafísico é "alcançado" pela razão e o deus judaico-cristão é "alcançado" pela fé.
A crença no deus metafísico envolve uma epistemologia diferente da crença no deus das religiões monoteístas abraamicas, embora os cristãos insistam em negar este fato.
A conciliação só é possível com o uso de muita petição de princípio.
Não entendi. O que é o Deus metafísico e o Deus da religião, e quais diferenças existem entre esses diversos modelos epistemológicos. (sou leigo em filosofia).
Os conceitos ligados ao deus metafísico foram elaborados por Aristóteles em sua obra
Metaphisika, e consistem na investigação racional de um ser supremo. É importante ressaltar que Aristóteles admitia a existência de mais de um deus, embora somente um ocupasse o topo da hierarquia.
As filosofias cristãs, a Patrística e depois a Escolástica, foram estruturadas com base na filosofia aristotélica, tomando o cuidado de modificá-la onde lhes interessavam, como o caso de tornar o deus principal em um ser supremo único.
O deus da religião judaico-cristã, Iavé, é descrito no compêndio base da sua religião, a Bíblia. O conhecimento dele provem da “verdade revelada” que é um tipo de “verdade de fé e de autoridade”, incluindo a interpretação daquele compêndio. A exceção ocorre por conta de algumas correntes protestantes mais recentes, onde somente se aceita a literalidade dos textos.
A inclusão e a adaptação dos elementos cristãos, como por exemplo, Jesus Cristo, santíssima trindade e anjos, no domínio da metafísica é que caracteriza um tipo de petição de princípio, pois foram necessários ajustes contínuos na doutrina para acomodá-los.
Ainda assim cabe a voce demonstrar primeiro a sua proposição, para então aguardar a refutação (ou não) dela.
Não estou defendendo minha crença aqui. Teria de ser noutro tópico. Só coloquei que muitos ateus simplesmente não têm justificativas racionais pra sustentar seu ateísmo. É incrível ver tantos ateus (não agnósticos) querendo que teístas justifiquem sua crença quando eles mesmos não justificam a sua própria!
Como eu já havia mencionado, a maioria dos foristas daqui tem como premissa de que somente o conhecimento científico é válido.
Assim os teístas teriam de apresentar evidências científicas da existência de “deus”, o que é impossível como você deve saber, pois não há como falsear tais evidências. O mesmo ocorre com as supostas violações das leis naturais por intervenção divina, os assim chamados “milagres”. Para a ciência os milagres só existem como “verdade de fé” e não como parte da realidade objetiva.
Mas é claro que existem muitos ateus que defendem muito bem o que acreditam. O problema do mau é um dos argumentos mais fortes contra-existência de Deus, mas que já foi satisfatoriamente invalidado por filósofos e apologetas cristãos (na minha humilde opinião, é claro).
E, na minha humilde opinião, o problema do mal ainda é um obstáculo filosófico não-transposto de modo satisfatório pelos teístas.
Se quiser abra um tópico sobre o tema e lá discutiremos mais.
E quanto a sua proposição, típico argumento ontológico, Kant já respondeu.
Nah. Como já disse, não tive nem tenho a intenção de defender o argumento ontógico (principalmente o original que já está tão ultrapassado). Acho que existem argumentos melhores a favor da existência de Deus.
Eu conheço alguns deles, bem como as suas refutações. Recentemente eu postei uma refutação ao argumento ontológico Kalam.