Tópico: Por que em geral Homens tem facilidade com matemática e mulheres com línguas?

[uiliníli]

Na escola as minhas amigas me pedem resposta do dever de matemática.

  Acho que isso quer dizer que elas nem pensam em dar para você

[Daniboy]

Eu acho mesmo é que exatas são chatas demais, mulheres gostam de pessoas legais e gostam de coisas legais, por isso não fazem Física, Matemática, Engenharia, etc.

[Nero]

  Acho que isso quer dizer que elas nem pensam em dar para você

E nem eu me interesso em comer elas. Não seria muito esperto fazer isso porque minha escola é cristã e qualquer merdinha, como namoros e etc, eles já vem encher o saco.

[uiliníli]

E nem eu me interesso em comer elas. Não seria muito esperto fazer isso porque minha escola é cristã e qualquer merdinha, como namoros e etc, eles já vem encher o saco.

Quem falou em namoro? 

Brincadeira

[CyberLizard]

Eu acho mesmo é que exatas são chatas demais, mulheres gostam de pessoas legais e gostam de coisas legais, por isso não fazem Física, Matemática, Engenharia, etc.

Como assim!? Matemática é muito legal! Pelo menos, segundo a minha opinião...

Eu acho que eu me encaixo exatamente no estereótipo masculino sugerido no tópico. Adoro exatase detesto humanas. Quando eu estudo algo relacionado à humanas, eu tento sempre que possível "exatizar" a matéria sempre pensando de alguma forma possível de ser quantificada ou compreendida segundo algum modelo matemático, lógico ou estatístico.

Eu faço Ciência da Computação. Na minha sala, somos 54 homens e 1 mulher. Mas tem turmas formadas apenas por homens. Segundo um de meus professores, no passado, as turmas eram bem misturadas. Haviam muito mais mulheres à uma década atrás no nosso curso. Vá entender o que aconteceu para afugentar as mulheres do curso de computação...

[Nero]

Vai ver elas estão achando que isso tudo é muito difécil.

[uiliníli]

Haviam muito mais mulheres à uma década atrás no nosso curso. Vá entender o que aconteceu para afugentar as mulheres do curso de computação...

Pois é... Vá entender...

[CyberLizard]

É... Pensando bem, não é tão difícil de entender... A imagem que se tem de um estudante de computação não é muito agradável. Uma pena que seja assim...  :'(

Todo ano na minha universidade, a gente faz uma feira de cursos para divulgar o que é o nosso curso. A gente tenta mudar essa imagem, mas é difícil.

Até é verdade que a área atrai gente esquisita... Mas eu garanto que a maioria das pessoas é quase normal e não é tão esquisita assim...

[Daniboy]

Quem é muito sedentário nunca é atraente e na maioria das vezes gosta de tecnologia e entende de computação, em vez de malharem um pouquinho né? Pegar um solzinho e tal...

[Nero]

Então temos que colocar aulas de Educação física no curso de ciência da computação e, também, esse lema: Vamos tranformar essa preguissa em músculos, seus vagabundos.

[SnowRaptor]

Uma amiga minha, física, teve acesso a um estudo que mostra que essas preferências são forçadas ao longo da educação fundamental. Não necessariamente de propósito. Exemplos: garotas são recompensadas quando obtêm sucesso em atividades que envolvam literatura ou artes e não são recompensadas quando obtêm sucesso em atividades que envolvam matemática. Vou ver se consigo a referência com ela.

[Unknown]

Assunto relacionado:

Matemática também é feminina

Uma questão polêmica defendida em diversos círculos acadêmicos envolve a noção de que as mulheres teriam naturalmente menos facilidade do que os homens para a compreensão da matemática, especialmente em seus níveis mais complexos.

A controvérsia aumentou ainda mais em 2005, quando o então presidente da Universidade Harvard, Lawrence Summers – hoje assessor econômico do governo de Barack Obama –, comentou que a diferença entre os gêneros seria um dos motivos principais para explicar a escassez de professoras de matemática nas principais universidades dos Estados Unidos.

Agora, um novo estudo, que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, afirma que o motivo maior para a disparidade em relação à compreensão matemática entre os públicos masculino e feminino se deve não a fatores biológicos, mas culturais.

“Não se trata de uma diferença inerente entre homens e mulheres. Há países em que a disparidade entre os gêneros, com relação à performance em matemática, simplesmente não existe, tanto no nível médio como nos mais altos. Esses países tendem a ser os mesmos em que se verificam as maiores igualdades entre os gêneros”, disse Janet Mertz, professora da Universidade de Wisconsin-Madison, autora do estudo junto com Janet Hyde, da mesma instituição.

Após reunir dados de diversas fontes – exames estaduais, olimpíadas internacionais de matemática e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), entre outros –, as cientistas documentaram um padrão de performance que aponta fortemente para fatores socioculturais como explicação para a disparidade.

O estudo verificou que o padrão tem se alterado grandemente nas últimas décadas e que meninas em níveis mais básicos de ensino passaram a ter aproveitamento semelhante aos dos meninos em exames. No ensino médio, meninas estão tendo aulas de cálculo em taxas similares às dos meninos. Outro ponto é que a proporção de doutorados em ciências matemáticas para mulheres pulou de 5% na década de 1950 para 30% na atual.

“Na média, as meninas estão atingindo a paridade com os meninos nos Estados Unidos e em outros países e a diferença em relação aos gêneros nos níveis mais altos está diminuindo bastante”, disse Janet Hyde.

No novo estudo, as pesquisadoras questionam a validade da hipótese defendida por Summers de que os homens teriam uma variabilidade biológica maior em relação à habilidade matemática. Elas apontam que as notas obtidas por meninas em alguns países e em alguns grupos étnicos nos Estados Unidos variam tanto como as dos meninos.

Segundo elas, a proporção de meninas para meninos com relação à performance em matemática é basicamente a mesma que se verifica na questão das diferenças entre os gêneros no país.

“Se oferecermos às mulheres mais oportunidades educacionais e de trabalho em campos que exigem o conhecimento avançado da matemática, certamente passaremos a encontrar mais mulheres aprendendo e executando muito bem essa área do conhecimento”, disse Janet Mertz.

“Nos Estados Unidos, é comum que os estudantes achem que o talento para a matemática é algo inato. Se alguém não for naturalmente bom na disciplina, não há o que fazer para reverter esse cenário. Mas, em outros países, a própria valorização da matemática é maior e as pessoas correlacionam o aproveitamento nessa área com o esforço”, disse Janet Mertz.

Segundo as autoras do estudo, a diferença em atitude é provavelmente o maior motivo por que as notas médias em matemática de meninas em países asiáticos são maiores do que nos Estados Unidos. E por que filhas de imigrantes desses países, educadas em escolas norte-americanas, tendem a apresentar bom conhecimento matemático.

O artigo Gender, culture, and mathematics: contemporary evidence regarding greater male variability and differences in mean and high-end performance, de Janet Hyde e Janet Mertz, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/10582/matematica-tambem-e-feminina.htm

[Buckaroo Banzai]

Tem um debate interessante da Elizabeth Spelke contra o Steven Pinker onde entra esse tema. Ela comenta que por exemplo, contadores são na maior parte mulheres, diferente do estereótipo de que "preferem profissões com mais contato humano e menos matemática". Tem um monte de contra-argumentações possíveis que se poderia fazer a essa colocação isolada, mas no debate ficou melhor contextualizado.

Debate interessante, desengatado pela infame declaração do Larry Summers por volta de 2005. O debate também se deu por volta daquela época.

Destaque para a contraposição ao Steven Pinker pela Elizabeth Spelke, também do departamento de psicologia de Harvard, uma vez que o lado homens-são-de-Marte-mulheres-são-de-Vênus da coisa é consideravelmente mais batido e mais abordado pela mídia.

http://mbb.harvard.edu/resources/pastnews2005.php

São três as possibilidades de vídeo, mas apenas essas duas valem a pena, a outra tem cerca de 1GB mas não compensa em qualidade.

http://mbb.harvard.edu/content/The_Science_of_Gender_and_Science.rm
(~200MB) - esse pode ser assistido "online", sem baixar, se tiver o plugin do real player ou equivalente, ou colando o link no programa em si.

http://mbb.harvard.edu/videos/spelke384K_Stream.mov
(~400MB)

Os slides das apresentações estão disponíveis aqui:

http://www.edge.org/3rd_culture/debate05/debate05_index.html

Mas os links para os vídeos desse último endereço não estão mais ativos.


Os slides resumem bem a apresentação, mas eles discorreram um pouco mais sobre cada ponto, e depois houve um breve debate.


A posição geral da Spelke não é de que não existam diferenças entre os sexos, mas que elas não parecem ser as causas das diferenças de representação das mulheres em áreas científicas. Outro ponto interessante ressaltado é que as diferenças existentes também não são exatamente como os chavões HSDMMSDV, "homens são sistematizadores, mulheres empatizadoras", "mulheres são verbais, homens são matemáticos", mas coisas mais sutis, como tendências a diferentes "estratégias" de raciocínio matemático.

Mais significativamente que essas diferenças, há as diferenças de percepção, "preconceitos", causando discriminação contra mulheres, mesmo quando as pessoas são totalmente contra esses preconceitos. Ela comenta estudos sobre como os pais, mesmo relatando que não tratam seus filhos bebês de forma diferente de acordo com o sexo, na verdade já o fazem de maneira consistente, de acordo com diversos estudos interessantes. Isso não acaba na infância, como alguns efeitos da influência dos pais na personalidade, mas provavelmente é algo que se mantém por toda a vida. E de fato, CVs idênticos dentro de uma variação média são avaliados diferentemente de acordo com o sexo. Um CV medíocre "é melhor" se for de um homem do que de uma mulher, algo que independe do avaliador ser homem ou mulher, interessantemente. Isso perde o efeito conforme o nível de qualificação aumenta, de qualquer forma; não é como se as pessoas sofressem total "alucinação"; o mesmo vale para reações não-ambiguas dos bebês.

Talvez queiram bloquear aquele tópico, já que era só esse post, e aqui fica já onde tem uma discussão andando, evitando assim maior fragmentação em uma possível resposta a aquele lá.

[Buckaroo Banzai]

Outro aspecto interessante do tema, talvez já abordado, é o do efeito dos estereótipos. Lembro de ter lido sobre experimentos em que fizeram mulheres asiáticas se saírem abaixo da média no desempenho em testes matemáticos quando "lembradas" que eram mulheres, e acima da média quando "lembradas" que eram asiáticas (grupo estereotipicamente melhor em matemática).

[Madame Bovary]

Eu acho que eu me encaixo exatamente no estereótipo masculino sugerido no tópico. Adoro exatase detesto humanas. Quando eu estudo algo relacionado à humanas, eu tento sempre que possível "exatizar" a matéria sempre pensando de alguma forma possível de ser quantificada ou compreendida segundo algum modelo matemático, lógico ou estatístico.

Eu também me encaixo perfeitamente no estereótipo feminino. Sou da área de humanas e faria qualquer um dos cursos relacionados. Nadaaaa de exatas. Não posso falar por todas as mulheres, mas no meu caso falta um pouco de percepção que todos os estudantes/adoradores das exatas desenvolvem/têm.

[Bruno Coelho]

Não acredito que as diferenças biológicas sejam assim tão gritantes entre homens e mulheres, mesmo que se demonstre posteriomente que existem tal diferença, não será de grande impacto assim.Talvez sirva para tentar modificar a forma como são educadas as crianças, escolha de disciplinas e encaminhamento a universidade.

[Gaúcho]

Eu sou ótimo com a língua

Serious, sou "menos pior" em línguas do que em matemática.

[Buckaroo Banzai]

Um artigo publicado na revista Science de outubro mostrou que a performance das mulheres em matemática é afetada pelo estereótipo de que o sexo feminino teria menos aptidão para o assunto.

Os pesquisadores avaliaram em que medida a crença em fatores genéticos para explicar a suposta dificuldade das mulheres com os números e relatos de experiências de preconceito relacionado a esse estereótipo influenciam o desempenho de algumas delas na área.

(...)

... a crença no estereótipo faz as pessoas agirem de acordo com ele. A hipótese foi comprovada com dois estudos realizados com mais de 220 mulheres entre 2003 e 2006. Na pesquisa, as participantes foram manipuladas durante um exame matemático para acreditar em explicações ou relatos sobre a existência de diferenças de desempenho entre os sexos na área. Os testes eram distintos entre si, de modo a fazer cada pessoa acreditar em uma teoria diferente.

As mulheres que realizaram exames em que a genética era considerada responsável pelos problemas com matemática tiveram o pior resultado...

Os melhores resultados saíram das pessoas que receberam a prova contando as experiências de preconceito e das que leram que não existe uma incapacidade feminina para os números.

(...)

Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/61131

Women's Quest to Be 'Romantically Desirable' Can Conflict With Scientific Pursuits, Study Suggests


[...]

In Park's studies of more than 350 participants, men and women were exposed to images (Study 1) or overheard conversations (Study 2a, 2b) that cued them to romantic goals or to other types of goals.

[...]

Results showed that on days when women pursued romantic goals, they engaged in more romantic activities and felt more desirable, but they engaged in fewer math activities. Furthermore, romantic goal strivings on one day predicted feeling more desirable, but being less invested in math on the following day.

Overall, the findings from these studies show that women's romantic goal strivings, which can be triggered by environmental cues or by personal choice, have important implications for the gender gap in attitudes and interest in math and science.

http://www.sciencedaily.com/releases/2011/08/110815101540.htm

[Rocky Joe]

Não penso que há uma diferença nos racíocinios utilizados em ciências humanas e exatas. O método de seleção de teorias pode mudar, mas não vejo nada de tão diferente em uma e outra para justificar a facilidade de uns para um e não para outro, a não ser interesse.

Women's Quest to Be 'Romantically Desirable' Can Conflict With Scientific Pursuits, Study Suggests

O mesmo vale para homens!

[Buckaroo Banzai]

O estudo não identificou isso.

[Buckaroo Banzai]

Só agora que notei a misoginia descarada logo no enunciado: "Homens" com H maiúsculo no meio da frase, e mulheres com m minúsculo. Sem falar que a "facilidade com línguas" em vez de com "idiomas" evoca o duplo sentido das mulheres satisfazerem as perversões sexuais masculinas.

[Rocky Joe]

"Gender scripts discourage women from appearing intelligent in masculine domains, like STEM," Park says, "and in fact, studies show that women who deviate from traditional gender norms, such as succeeding in male-typed jobs, experience backlash for violating societal expectations. On the other hand, men in gender-incongruent occupations don't experience the same degree of backlash as women do."

Puxa, ainda estamos nisso?

Enfim, ciências humanas são consideradas conhecimentos de "pessoas cultas", enquanto um conhecimento de ciências exatas é considerado "de nerds". Dá para entender porque escolher o caminho das exatas em geral não lhe auxilia nos flertes da vida. Mas porquê isto seria exclusivo das mulheres, conforme dito no artigo? Só porque ciência é considerada "de homens", isto é, de pessoas competitivas, determinadas ou sei lá qual o estereótipo de masculinidade? Que coisa.

Eu só sei que seria uma boa idéia o número de meninas nos cursos de exatas aumentarem. Melhora o ambiente.