Tem outros estudos que apontam a desigualdade racial nas universidades públicas. Não é questão de opinião, é algo comprovado. E o racismo vai além da pobreza, como é possível de ver que entre os mais pobres tem mais negros. Mas não quer dizer que não existe a discriminação entre as classes mais favorecidas, pois o racismo extrapola a distinção de classes sociais.
As críticas ao vestibular é para demonstrar que já não ocorre a seleção dos melhores, e sim de determinados grupos privilegiados, inclusive pela raça. Tem vários estudos apontando isso, não é difícil encontrar, pois são o reflexo da nossa realidade social.
Isso é mais simples de diferenciar do que parece, pelo menos no quesito "ingresso em universidade pública". Não sei se existem estudos como os que vou sugerir abaixo, mas vou dar uma procurada:
Compara-se,
apenas entre alunos de escola particular, a porcentagem de negros que ingressam na universidade pública e de brancos que conseguem o mesmo. Mas veja bem, a porcentagem, não o número absoluto.
Compara-se,
apenas entre alunos da rede pública, a porcentagem de brancos que ingreassam na universidade pública e de negros que conseguem o mesmo.
Se em ambas as comparações os resultados entre negros e brancos que estudam na mesma rede fossem semelhantes (como quero crer que seriam), teria-se uma indicação razoável de que a condição sócio-econômica é um fator de influência significativamente maior sobre o ingresso em universidade pública do que a cor do candidato.
Se assim for as políticas de cotas poderiam até ser implantadas, mas seus efeitos seriam suplantados por uma política de melhoria no ensino público, ou seja, a política de cotas seria de fato irrelevante, como chutar cachorro morto, exceto pelo fato de facilitar a admição dos negros
simplesmente por sua cor, o que numa instituição que deve premiar o mérito seria descabido.
O que não implicaria que negros não sofreriam preconceito dentro da universidade uma vez aprovados. Mas mesmo nesse caso, o do preconceito "puro", investimento pesado em educação de qualidade (principalmente em ciências) ainda é muito mais eficiente do que qualquer política de cotas.
(Particularmente nunca ouvi falar sonbre estudos como esses, mas como disse vou procurar algo a respeito.)
É basicamente isso, Adriano. O fato de que investimento em educação de qualidade não só facilita o ingresso de negros em universidade pública, mas também sua inserção em outros setores da sociedade, através da diminuição do preconceito a que estão submetidos.