Autor Tópico: O que ensinam às nossas crianças  (Lida 11111 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline O Grande Capanga

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.872
O que ensinam às nossas crianças
« Online: 18 de Setembro de 2007, 15:11:18 »
"O Globo"   18/09/07

O que ensinam às nossas crianças
ALI KAMEL

Não vou importunar o leitor com teorias sobre Gramsci, hegemonia, nada disso. Ao fim da leitura, tenho certeza de que todos vão entender o que se está fazendo com as nossas crianças e com que objetivo. O psicanalista Francisco Daudt me fez chegar às mãos o livro didático “Nova História Crítica, 8a série” distribuído gratuitamente pelo MEC a 750 mil alunos da rede pública.

O que ele leu ali é de dar medo. Apenas uma tentativa de fazer nossas crianças acreditarem que o capitalismo é mau e que a solução de todos os problemas é o socialismo, que só fracassou até aqui por culpa de burocratas autoritários. Impossível contar tudo o que há no livro. Por isso, cito apenas alguns trechos.

Sobre o que é hoje o capitalismo:
“Terras, minas e empresas são propriedade privada. As decisões econômicas são tomadas pela burguesia, que busca o lucro pessoal. Para ampliar as vendas no mercado consumidor, há um esforço em fazer produtos modernos. Grandes diferenças sociais: a burguesia recebe muito mais do que o proletariado.
O capitalismo funciona tanto com liberdades como em regimes autoritários.”


Sobre o ideal marxista:
“Terras, minas e empresas pertencem à coletividade.
As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador, visando o (sic) bem-estar social. Os produtores são os próprios consumidores, por isso tudo é feito com honestidade para agradar à (sic) toda a população. Não há mais ricos, e as diferenças sociais são pequenas.
Amplas liberdades democráticas para os trabalhadores.”


Sobre Mao Tse-tung:
“Foi um grande estadista e comandante militar. Escreveu livros sobre política, filosofia e economia. Praticou esportes até a velhice.
Amou inúmeras mulheres e por elas foi correspondido. Para muitos chineses, Mao é ainda um grande herói.
Mas para os chineses anticomunistas, não passou de um ditador.”


Sobre a Revolução Cultural Chinesa:
“Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas.

Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes. (...) No início, o presidente Mao Tsetung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. (...) Milhões de jovens formavam a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças. (...) Seus militantes invadiam fábricas, prefeituras e sedes do PC para prender dirigentes ‘politicamente esclerosados’. (...)

A Guarda Vermelha obrigou os burocratas a desfilar pelas ruas das cidades com cartazes pregados nas costas com dizeres do tipo: ‘Fui um burocrata mais preocupado com o meu cargo do que com o bem-estar do povo.’ As pessoas riam, jogavam objetos e até cuspiam. A Revolução Cultural entusiasmava e assustava ao mesmo tempo.”


Sobre a Revolução Cubana e o paredão:
“A reforma agrária, o confisco dos bens de empresas norte-americanas e o fuzilamento de torturadores do exército de Fulgêncio Batista tiveram inegável apoio popular.”

Sobre as primeiras medidas de Fidel:
“O governo decretou que os aluguéis deveriam ser reduzidos em 50%, os livros escolares e os remédios, em 25%.”

Essas medidas eram justificadas assim:
“Ninguém possui o direito de enriquecer com as necessidades vitais do povo de ter moradia, educação e saúde.”

Sobre o futuro de Cuba, após as dificuldades enfrentadas, segundo o livro, pela oposição implacável dos EUA e o fim da ajuda da URSS:
“Uma parte significativa da população cubana guarda a esperança de que se Fidel Castro sair do governo e o país voltar a ser capitalista, haverá muitos investimentos dos EUA. (...) Mas existe (sic) também as possibilidades de Cuba voltar a ter favelas e crianças abandonadas, como no tempo de Fulgêncio Batista. Quem pode saber?”

Sobre os motivos da derrocada da URSS:
“É claro que a população soviética não estava passando fome. O desenvolvimento econômico e a boa distribuição de renda garantiam o lar e o jantar para cada cidadão. Não existia inflação nem desemprego. Todo ensino era gratuito e muitos filhos de operários e camponeses conseguiam cursar as melhores faculdades. (...) Medicina gratuita, aluguel que custava o preço de três maços de cigarro, grandes cidades sem crianças abandonadas nem favelas...

Para nós, do Terceiro Mundo, quase um sonho, não é verdade? Acontecia que o povo da segunda potência mundial não queria só melhores bens de consumo. Principalmente a intelligentsia (os profissionais com curso superior) tinham (sic) inveja da classe média dos países desenvolvidos (...) Queriam ter dois ou três carros importados na garagem de um casarão, freqüentar bons restaurantes, comprar aparelhagens eletrônicas sofisticadas, roupas de marcas famosas, jóias. (...)

Karl Marx não pensava que o socialismo pudesse se desenvolver num único país, menos ainda numa nação atrasada e pobre como a Rússia tzarista. (...) Fica então uma velha pergunta: e se a revolução tivesse estourado num país desenvolvido como os EUA e a Alemanha? Teria fracassado também?”


Esses são apenas alguns poucos exemplos. Há muito mais. De que forma nossas crianças poderão saber que Mao foi um assassino frio de multidões? Que a Revolução Cultural foi uma das maiores insanidades que o mundo presenciou, levando à morte de milhões? Que Cuba é responsável pelos seus fracassos e que o paredão levou à morte, em julgamentos sumários, não torturadores, mas milhares de oponentes do novo regime?

E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socialismo real, uma ditadura que esmaga o indivíduo, provou-se não um sonho, mas apenas um pesadelo? Nossas crianças estão sendo enganadas, a cabeça delas vem sendo trabalhada, e o efeito disso será sentido em poucos anos. É isso o que deseja o MEC? Se não for, algo precisa ser feito, pelo ministério, pelo congresso, por alguém.

ALI KAMEL é jornalista.


Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #2 Online: 18 de Setembro de 2007, 15:59:30 »
:susto: :nojo:

Quer dizer o que o dinheiro dos nossos impostos está servindo para a publicação e distribuição de
panfletos com propaganda política?!
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Andre

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.072
  • Sexo: Masculino
    • Aletéia
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #3 Online: 18 de Setembro de 2007, 16:06:46 »
Reclamações de quem passa por isso:

O pior de tudo é terem nomeado o socialismo de Marx de 'socialismo científico'.
Esse foi o argumento de um dos meus professores que ele é sim possível, pois não é o utópico, é o científico.

Há também o amor dos esquerdistas pela palavra 'burguesia'. Em uma aula sobre a origem da escola, outro professor disse 'a escola surgiu na Grécia Antiga onde era frequentada pela burguesia'
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #4 Online: 18 de Setembro de 2007, 16:32:22 »
Uma medida do prestígio da ciência atualmente é a mania de vários defensores de ideologias ou
superstições de rotular suas crenças de "científicas" [1]. Eu bem que gostaria de saber a partir
de quando a palavra "burguês" virou palavrão. É engraçado como vários ditos esquerdistas que
conheço possuem carros importados, mandam seus filhos para a Disneylândia e bebem uísque
escocês.


[1] Não, Adriano, isso não é endereçado a você, mas aos espíritas.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #5 Online: 18 de Setembro de 2007, 16:40:46 »
Aposto que nesses livros tá escrito que Hitler era ateu... :lol:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Pregador

  • Conselheiros
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.056
  • Sexo: Masculino
  • "Veritas vos Liberabit".
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #6 Online: 18 de Setembro de 2007, 16:45:21 »
Como será que eu posso conseguir um exemplar??? cansei desse lixo de país. Acho que é possível questionar isso judicialmente, via ação popular, que "é de grátis"!
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Andre

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.072
  • Sexo: Masculino
    • Aletéia
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #7 Online: 18 de Setembro de 2007, 16:49:50 »
Eu usava esse livro nas quinta e sexta séries :(
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #8 Online: 18 de Setembro de 2007, 17:05:23 »
Esse tipo de desinformação não pode ser menosprezado. Um exemplo disso é o fato de que quase
todas as pessoas que conheço ainda acreditam na história de que a Guerra do Paraguai foi um
genocídio perpetrado pelo exército brasilieiro e arquitetado pelo Império Britânico.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Andre

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.072
  • Sexo: Masculino
    • Aletéia
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #9 Online: 18 de Setembro de 2007, 17:12:30 »
E professores de história continuam repetindo essa história, acompanhados de 'mais-valia'.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #10 Online: 18 de Setembro de 2007, 17:24:52 »
Aposto que nesses livros tá escrito que Hitler era ateu... :lol:

Se o nacional-socialismo alemão não tivessem quebrado o pacto de não-agressão com a URSS (se é que eles "começaram", não lembro), Hitler possivelmente seria tão admirado e bem falado quanto Stalin e uns outros aí citados.

Offline Rodion

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.872
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #11 Online: 18 de Setembro de 2007, 17:56:38 »
uma palhaçada. isso me deixava puto na época de colégio, agora finjo que não é comigo.
"Notai, vós homens de ação orgulhosos, não sois senão os instrumentos inconscientes dos homens de pensamento, que na quietude humilde traçaram freqüentemente vossos planos de ação mais definidos." heinrich heine

Offline Herf

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.380
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #12 Online: 18 de Setembro de 2007, 17:58:41 »
ARGHT!  :nojo: :nojo: :nojo: :nojo: :nojo: :nojo:

Estou nauseado!

Offline Herf

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.380
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #13 Online: 18 de Setembro de 2007, 18:01:29 »
Me lembrei dessa charge:


Offline Andre

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.072
  • Sexo: Masculino
    • Aletéia
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #14 Online: 18 de Setembro de 2007, 18:24:38 »
Aposto que nesses livros tá escrito que Hitler era ateu... :lol:

Se o nacional-socialismo alemão não tivessem quebrado o pacto de não-agressão com a URSS (se é que eles "começaram", não lembro), Hitler possivelmente seria tão admirado e bem falado quanto Stalin e uns outros aí citados.
Já até imagino a justificativa para o extermínio dos judeus: "Para o sucesso do socialismo foi necessário o fim da burguesia judia".  :stunned:
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Gil

  • Nível 13
  • *
  • Mensagens: 279
  • Sexo: Masculino
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #15 Online: 18 de Setembro de 2007, 18:31:14 »
Esse tipo de desinformação não pode ser menosprezado. Um exemplo disso é o fato de que quase
todas as pessoas que conheço ainda acreditam na história de que a Guerra do Paraguai foi um
genocídio perpetrado pelo exército brasilieiro e arquitetado pelo Império Britânico.

E não foi? Meu deus, me enganaram! O que de fato se deu?
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Herf

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.380
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #16 Online: 18 de Setembro de 2007, 18:32:09 »
Hitler e Stalin... Fundamentalmente, os dois não eram muito diferentes, mesmo.

A lei proibe apologia ao nazismo. Por outro lado, o comunismo, algo tão perigoso quanto, é apresentado nesses panfletos fantasiados de livros didáticos como a oitava maravilha do mundo.

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #17 Online: 18 de Setembro de 2007, 19:34:37 »
Esse tipo de desinformação não pode ser menosprezado. Um exemplo disso é o fato de que quase todas as pessoas que conheço ainda acreditam na história de que a Guerra do Paraguai foi um genocídio perpetrado pelo exército brasilieiro e arquitetado pelo Império Britânico.

E não foi? Meu deus, me enganaram! O que de fato se deu?
Primeiro, alguns fatos:

O Paraguai realmente estava alcancando um certo progresso naquela época. Mas o regime de López (e dos seus antecessores) era totalitarista, brutal e isolacionista. Longe de ser o visionário que certos autores propagavam, López era mais uma espécie de proto-Stalin do sul.

O Brasil e a Argentina estavam na época interferindo pesadamente na política interna do Uruguai. O López era aliado do partido oposto ao que os brasileiros e argentinos apoiavam. Ele também tinha ambições expansionistas e queria aumentar o peso político do Paraguai na região.

Tanto que tinha um grande e bem treinado exército, além de muitas armas e canhões. Foi por causa disso então que López teve a imensamente infeliz idéia de invadir o Brasil: tropas paraguaias invadiram o Mato Grosso e (acho) o RS. Nesse último caso eles tiveram que passar pela Argentina, que não gostou nem um pouco disso.

Tanto o Brasil como a Argentina foram pegos de surpresa e não estavam preparados para essa invasão. A guerra procedeu então de forma análoga a uma versão em miniatura da Segunda Guerra Mundial: o país invasor começa com grandes vitórias, tomando um grande território dos invadidos. Os invadidos se aliam e começam a empurrar o invasor de volta às suas fronteiras.

Segue-se uma invasão do país agressor, e um subsequente avanço dos aliados até a tomada da capital. Durante esse avanço, López manda evacuar as cidades, e obriga os cidadãos paraguaios a longas marchas, numa espécie de tática de terra arrasada.

Muitos morrem por causa disso, outros devido à crescente paranóia de López, que passa a ver traidores e inimigos em todos os lados (ele mandou até matar seu próprio irmão, além de outros familiares - ele tinha até um precursor dos campos de concentração, para os opositores, se me lembro bem).

Foi então que a história fica um pouco diferente: Solano López nem foi capturado nem se matou na sua capital, como o Hitler, mas fugiu para o interior, onde organizou uma guerrilha contra os aliados. Vale lembrar que nesse estágio ele já tinha rechaçado várias ofertas de rendição.

Os soldados aliados já estavam cansados de tantos anos de guerra, e os próprios comandantes já não tinham muito ânimo de perseguir o López. Foi então que o D. Pedro II substitui o Duque de Caxias pelo Conde D´eu, que dá prosseguimento à perseguição do López.

Durante essas últimas batalhas é que foram registradas atrocidades cometidas pelo exército brasileiro. A guerrilha de López, prefigurando os Volkssturm dos nazistas, consistiam em parte de velhos e crianças, por causa da falta de homens(o que é pior, lutar contra velhos e crianças que estão tentando lhe matar, ou obrigar crianças e velhos a lutar?).

Durante a guerra morreram 50.000 brasileiros, 18.000 argentinos, 5.600 uruguaios e, estima-se, 300.000 paraguaios. A maior parte desses mortos foi por causa de doenças. Estima-se que o Paraguai perdeu entre 15 e 20% de sua população.

Para efeito de comparação, a Alemanha perdeu pouco mais de 10% de sua população na Segunda Guerra. A Guerra do Paraguai foi brutal e terrível, mas foi tanto um genocídio quanto a derrota da Alemanha nazista o foi.
Do verbete da wikipédia:
Citação de: wikipédia
Muitas são as correntes historiográficas que, repelidas pela quantidade de mortes na Guerra do Paraguai e pelos gigantescos reflexos negativos naquele país causados pelo conflito, adotam uma posição revisionista e extremamente crítica do Brasil na disputa. O verbete em espanhol da Wikipedia é um exemplo claro disso. Segundo esta visão, o Brasil teria sido pouco mais que um fantoche do império britânico. A expansão econômica paraguaia prejudicaria os interesses ingleses na região, na medida em que reduziria o mercado consumidor paraguaio para os produtos que exportava. Haveria, ainda, a ameaça de que o Paraguai eventualmente se transformasse em exportador de manufaturados ou que seu modelo de desenvolvimento autônomo e independente pudesse servir de exemplo para outros países da região. Dessa forma, a Inglaterra teria sólidos interesses que justificassem estimular e financiar uma guerra contra o Paraguai.

Análises mais imparciais e contemporâneas dos eventos, no entanto, comprovam que o quadro era outro. A iniciar pelo momento histórico em que os conflitos rapidamente se transformaram em guerra, em 1865, é inconcebível que o Brasil tenha estado sob influência do Reino Unido por um simples motivo: o país não possuía relações diplomáticas com os britânicos desde 1863, por iniciativa do próprio Dom Pedro II, devido à Questão Christie. De fato, o cônsul britânico havia sido até “convidado” a deixar o Brasil então. Segundo a interpretação de historiadores, por trás da guerra encontra-se somente a figura decidida e inabalável do governante brasileiro, Dom Pedro II.

Assim, a Guerra do Paraguai teria chegado a suas últimas conseqüências por um outro motivo: o fato de que Solano López havia manchado a honra pessoal de Dom Pedro II ao invadir o Brasil, país que o Imperador equiparava a sua própria pessoa. Embora muito criticado devido à duração do conflito e seu custo, Dom Pedro II, homem de natureza reputadamente pacífica, a partir do momento em que notícias das ofensas paraguaias começaram a chegar na Corte, simplesmente concentrou todas as suas forças em esforços para que a guerra não terminasse senão com a honra do Brasil, e a sua, sendo reparada. E não se deu por satisfeito até que Solano López fosse capturado.
sugiro também:
DORATIOTO, Francisco. Maldita guerra. Companhia das Letras, 2002.

Edit: Dr. Manhattan, a formatação da sua mensagem estava muito ruim, dificultando a leitura. Por isso, tomei a liberdade de corrigí-la.
« Última modificação: 18 de Setembro de 2007, 20:05:53 por Angelo Melo »
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Hold the Door

  • Editores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.656
  • Sexo: Masculino
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #18 Online: 18 de Setembro de 2007, 20:08:28 »
sugiro também:
DORATIOTO, Francisco. Maldita guerra. Companhia das Letras, 2002.

Existe um outro livro, se não me engano do mesmo autor, que prova por meio de documentos da época que na verdade a Inglaterra tentou a todo custo evitar a guerra e não provocá-la.

Edit: Achei o livro, que está esgotado:

Conflito com o Paraguai: a Grande Guerra do Brasil

Mas o livro indicado pelo Dr. Manhattan ainda está disponível e deve trazer os mesmos dados, eu suponho:

Maldita Guerra
« Última modificação: 18 de Setembro de 2007, 20:12:23 por Angelo Melo »
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #19 Online: 18 de Setembro de 2007, 20:15:52 »
Valeu! A formatação anterior estava no estilo "brain dump".
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Luiz Souto

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.356
  • Sexo: Masculino
  • Magia é 90% atitude
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #20 Online: 18 de Setembro de 2007, 22:53:17 »
A forma como o citado " livro didático " apresenta o capitalismo e o socialismo são de fazer o velho Marx se virar no túmulo , tem um esquematismo tosco que lembra o "ABC do Comunismo" de Bukharin... Quanto aos elogios a Mao e apresentar a sociedade soviètica como um sonho seria uma piada de mau gosto se não fosse apresentada a sério.
Prova que não aprenderam com quem deveriam , Marx como historiador merece leitura ainda hoje ( é só ler O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte para constatar isso) justamente por não ser esquemático.
O problema do ensino de História é querer passar interpretações sobre os fatos como se fossem os própios fatos.
A entrada na discussão do (ótimo) livro do Duratioto ilustra bem isso: a interpretação da Guerra do Paraguai como conspiração inglesa tendo o Brasil e Argentina como seus executores é divulgada a partir do livro do Chiavenato " Um Genocídio Americano" ; lançado ainda no período da ditadura militar procurava mostrar a campanha do Paraguai como um ato de barbárie contra um pais soberano e progresista e a ação dos líderes militares ( Caxias , Osório , Tamandaré,..) como no mínimo questionáveis.A contraposição com o regime militar que cultuava nos livros escolares a campanha do Paraguai e seus líderes e se alinhava com os EUA na bipolaridade da Guerra Fria é evidente.
Já o livro do Duratioto é um real livro de história , parte de fontes primárias , compara as diversas versões sobre um mesmo fato , procura analisar os detalhes do evento dentro do quadro maior das relações geopolítcas entre os participantes e as peculiaridades internas de cada um ; o resultado é uma visão coerente e esclarecedora da Guerra do Paraguai , com todas as nuances e contradições do conflito.
   
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

rizk

  • Visitante
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #21 Online: 19 de Setembro de 2007, 00:39:41 »
A parte engraçada é que na última década abriram os arquivos do período, lá na Inglaterra, e não encontraram NADA pra suportar a tese de que o Paraguai podia se tornar concorrente da Inglaterra no mercado sul-americano.

Contaram isso na escola pra mim, também. Eu já não confio em nada de fonte secundária. Se EU não peguei TODAS as fontes primárias e EU analisei elas todas e EU concluí que é ou deixa de ser, eu digo que "disseram que".

Agora, cada um vê o que quer e conta a história que quer. É a maior moleza distorcer os fatos, ainda mais quando tem o governo guardando as nossas costas.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #22 Online: 19 de Setembro de 2007, 02:58:00 »
A parte engraçada é que na última década abriram os arquivos do período, lá na Inglaterra, e não encontraram NADA pra suportar a tese de que o Paraguai podia se tornar concorrente da Inglaterra no mercado sul-americano.

E você acredita nos ingleses, pais dos americanos? É claro que eles vão destruir documentações que comprovem a ligação deles com as mazelas do mundo, só não podem apagar é o capitalismo em si. Com quem os EUA teriam aprendido? E agora eles tem credibilidade internacional, levando a coisas que seriam irônicas se não fossem trágicas, como essas caixas pretas dos aviões que eles derrubam para minar o nosso turismo serem investigadas por eles próprios, novamente, apagando as evidências do seu envolvimento sórdido e inescrupuloso, "the american way".


Offline The_Butterfly

  • Nível 04
  • *
  • Mensagens: 40
  • Sexo: Masculino
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #23 Online: 19 de Setembro de 2007, 17:50:33 »
Citar
Folha de São Paulo, 19/08/2007 - São Paulo SP
MEC retira da rede pública livro didático que exalta Mao
Obra dada a alunos de 8ª série diz que União Soviética caiu em razão do consumismo. "Nova História Crítica", de Mario Schmidt, elogia Revolução Cultural chinesa sem mencionar abusos do Partido Comunista
ANGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mao Tse-tung foi um "grande estadista" que "amou inúmeras mulheres" e "foi correspondido". A Revolução Cultural chinesa foi uma época em que se lutou contra "velhos hábitos, velha cultura, velhas idéias, velhos costumes". E a derrocada da União Soviética, reflexo do desejo por carros importados, bons restaurantes, aparelhos eletrônicos, roupas de marcas famosas e jóias. As afirmações estão no livro "Nova História Crítica" (ed. Nova Geração), de Mario Schmidt, que é distribuído a alunos de 8ª série de escolas públicas desde 2002 -de 2005 a 2007, foi quase 1 milhão de exemplares, que o alçaram ao posto de mais adquirido na área pelo Ministério da Educação. Só em 2007, a pasta gastou R$ 944 mil nessa compra. A partir de 2008, a obra não estará no PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), segundo Jane Cristina da Silva, da SEB (Secretaria de Educação Básica), já que,     em abril, a comissão que o avalia viu nela "problemas conceituais". Com uma leitura esquerdista quase maniqueísta e erros de português, o livro condena o capitalismo por visar "o lucro" e enaltece a "teoria marxista-leninista", que buscaria o "bem-estar social". Elogia a Revolução Cultural chinesa, sem se referir aos assassinatos e abusos da disputa pelo poder no Partido Comunista Chinês. Conforme o MEC, as obras do PNLD são avaliadas a cada três anos por especialistas escolhidos pelas universidades federais a partir de critérios da pasta. Terminada a avaliação, as escolas recebem um catálogo de resenhas e escolhem as que querem usar. Sem interferência do MEC, disse o ministro Fernando Haddad. Trechos de "Nova História Crítica" foram publicados ontem em "O Globo". Afirmando não conhecer a obra, Haddad disse que, em tese, "o livro didático deveria zelar     para não emitir juízos de caráter ideológico". Nas avaliações de 2002 e 2005 do PNLD, a obra havia sido aprovada "com ressalvas". O catálogo distribuído aos professores há dois anos dizia que "os recursos usados para facilitar a apresentação de sínteses explicativas resvalam no maniqueísmo e em uma visão muito simplificada dos processos e contradições sociais". Mas viu "grande potencial pedagógico" nos recursos da obra, "se bem aproveitados pelo professor". "Direita raivosa" - "Estes livros já estão no mercado há mais de dez anos, não entendo por que essa crítica agora", disse Arnaldo Saraiva, editor da Nova Geração. "É lógico que o livro tem um posicionamento político, todos os livros têm", afirmou. "O livro do Mário é perseguido há mais de dez anos pela direita raivosa." Procurado por meio da editora, o autor não se manifestou. Colaborou WILLIAN VIEIRA

Recebi isso hoje via e-mail. embora não tenha rewspondido antes o tópico, o acompanhei por RSS. triste. :chorao:
A religião de uma era é o entretenimento literário da seguinte.
                                                         Ralph Waldo Emerson

Offline Herf

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.380
Re: O que ensinam às nossas crianças
« Resposta #24 Online: 19 de Setembro de 2007, 18:23:41 »
Citar
Conforme o MEC, as obras do PNLD são avaliadas a cada três anos por especialistas escolhidos pelas universidades federais a partir de critérios da pasta.
Não surpreende que lixos como este sejam aprovados.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!