Autor Tópico: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?  (Lida 15309 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #25 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:28:43 »
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PARTE DE TRÁS DO CRÂNIO SEM PROEMINÊNCIAS, etc, mas depois eu me toquei: que jeio há???? Esses não são os tipos de coisas que plásticas mudam!!
Isso, pelo que eu sei, não é exatamente racial, é mais característica de sexo. Os crânios masculinos são todos meio acidentados, e os femininos mais arredondados, e ouvi dizer que até mais lisos, em vez de ásperos. Fiquei feliz em saber disso recentemente, achava que eu tinha tomado um monte de tombos dos quais nem me lembrava, mas é mero produto hormonal normal... :D

Uhn...eu acho que é racial sim. Reconheço logo um homem de países do leste europeu aqui, eles têm a parte de trás da cabeça achatada. É engraçado isso.



Não é que não tenha variação populacional, mas que essa coisa especificamente do crânio ser mais arredondado ou angular, é "universal". Acho que esse diagrama tem com base algum tipo de crânio europeu qualquer:





Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #27 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:36:55 »
Cultura não é conseguir vaga. Se buscar entender a cultura afro vai entender melhor o motivo das cotas.

oooh... que profundo...
:P

Bem mais profundo do que tomar exemplos pessoais de conseguir ou não uma vaga de fizer alguma falcatrua.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #28 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:44:03 »
Não é questão de "exemplos pessoais", mas sim do simples fato que as pessoas de diferentes "raças" são igualmente capazes, então não seriam necessárias cotas raciais.

As cotas pressupõem uma  inferioridade inerente. A "inferioridade" que de fato existe é menor capacitação para o vestibular, o que tem origem sócio-econômica, e não racial, então as cotas, se fosse para ter*, teriam que ser sócio-econômicas apenas.

Se eu fosse negro, me sentiria insultado com esse tipo de colocação, mesmo vindo de uma perspectiva altruísta. Porque parece que está tentando provar que os negros são mesmo incapazes, e que um ou outro caso de negros capazes de ter os mesmos resultados que brancos, sem precisarem de critérios de avaliação mais condescendentes, são exceção.



Por outro lado, se as pessoas que tiram diferentes notas no vestibular tem iguais condições de cursar a faculdade com o mesmo aproveitamento, o que está implícito na admissão de alguém aceito por alguma cota apesar de resultados inferiores a outros, talvez seja melhor repensar o vestibuar em si. Se o vestibular é considerado um método seletivo de verdade, efetivamente avaliando os que potencialmente terão melhor desempenho no curso, em vez de um tipo de sorteio, o que tem que ser repensado são as cotas, de qualquer tipo.

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #29 Online: 06 de Outubro de 2007, 12:56:10 »
Não é questão de "exemplos pessoais", mas sim do simples fato que as pessoas de diferentes "raças" são igualmente capazes, então não seriam necessárias cotas raciais.
A necessidade das cotas é devido a desigualdade racial. Que não existe diferenças de capacidade entre as raças todos sabem. Mas isso não resolve a questão racial, não adianta saber isso, já consta até em leis. É uma mudança de postura política no mundo, as ações afirmativas, as políticas sociais.

As cotas pressupõem uma  inferioridade inerente. A "inferioridade" que de fato existe é menor capacitação para o vestibular, o que tem origem sócio-econômica, e não racial, então as cotas, se fosse para haver, teriam que ser sócio-econômicas apenas.
Existe uma inferioridade em termos de conquistas sociais. A desigualdade racial é um fato em conjunto com a desigualdade social. As desigualdades socias são explicadas por esses motivos. A pobreza atinge muito mais a raça negra. E o PROUNI é uma medida socio-econômica.

Negar a desigualdade racial e a explicar como sendo apenas desigualdade econômica é o argumento supremo contra as cotas, mas não se sustenta.

Se eu fosse negro, me sentiria insultado com esse tipo de colocação, mesmo vindo de uma perspectiva altruísta. Porque parece que está tentando provar que os negros são mesmo incapazes, e que um ou outro caso de negros capazes de ter os mesmos resultados que brancos, sem precisarem de critérios de avaliação mais condescendentes, são exceção.
Aqui você está usando de um exemplo pessoal. O seu pensamento não tem nada a ver com a cor da pele e sim como certas premissas. De fato uma pessoa negra poderia ter experiências pessoais que mostram que a existência do racismo e não somente a discriminação social por ser pobre. Esse é o ponto.
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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #30 Online: 06 de Outubro de 2007, 13:24:11 »
Não é questão de "exemplos pessoais", mas sim do simples fato que as pessoas de diferentes "raças" são igualmente capazes, então não seriam necessárias cotas raciais.
A necessidade das cotas é devido a desigualdade racial.
A desigualdade racial só precisa ser corrigida quando/onde existe, certo?

Isso é, quando é sócio-econômica.

Daí as cotas só precisariam ser sócio-economicas. A maior parte das pessoas ajudadas pelas cotas já seriam automaticamente negros, se a desigualdade racial existe (existe). Ao mesmo tempo, não haveria privilégio nos casos de exceções, de negros em melhores condições sócio econômicas, e não prejudica pessoas de todas outras raças em más condições sócio econômicas.

Enfim, deixaria de ser uma coisa meramente estética/racial, apenas incidentalmente sócio-econômica, e passa a tratar de gente, de ajudar a quem precisa, seja lá qual for a cor. Sem dividir o país em brancos e negros por critérios racistas, idiotas e obscuros, que chegaram a classificar irmãos gêmeos idênticos como sendo de raças diferentes. Em vez disso se pode ter critérios mais objetivos, de renda familiar, patrimônio, diretamente relacionados ao problema, que não é genético/melanínico.

 
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Que não existe diferenças de capacidade entre as raças todos sabem. Mas isso não resolve a questão racial, não adianta saber isso, já consta até em leis. É uma mudança de postura política no mundo, as ações afirmativas, as políticas sociais.

"A questão racial" também não se resolve com cotas racistas, muito pelo contrário. Pode até piorar.

Se há racismo, combata-se ao racismo, não se calcule quanto seria e faça racismo "negativo" para tentar anular matematicamente.

Quanto aos problemas sócio-econômicos, incidentalmente raciais, políticas não-racistas, mas com critérios sócio-econômicos corrigiriam também as desigualdades raciais, como já disse no trecho anterior.

Quanto a "ações afirmativas", eu não gosto de como isso soa. Me parece que, se não formos usar dois pesos e duas medidas, poderia-se promover "poder branco", "afirmação da cultura branca" e outras sandices do tipo. Tudo desnecessário e potencialmente nocivo.



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As cotas pressupõem uma  inferioridade inerente. A "inferioridade" que de fato existe é menor capacitação para o vestibular, o que tem origem sócio-econômica, e não racial, então as cotas, se fosse para haver, teriam que ser sócio-econômicas apenas.
Existe uma inferioridade em termos de conquistas sociais. A desigualdade racial é um fato em conjunto com a desigualdade social. As desigualdades socias são explicadas por esses motivos. A pobreza atinge muito mais a raça negra. E o PROUNI é uma medida socio-econômica.
A inferioridade de conquistas sociais é incidentalmetne racial, ou seja, não imoporta que é racial, não precisa-se de critérios racistas para corrigí-las, ter que fazer testes genéticos ou auto-identificação dúbia para tal, se o problema no fim das contas é sócio-econômico e critérios sócio-econômicos são muito mais objetivos e menos socialmente nocivos.

Se você imaginasse que existisse a mesma situação sócio econômica, mas sem raças, ou racialmente homogênea, seria corrigida sem critérios raciais; se há uma correlação não-causal com ralas, funciona também, mesmo sem critérios racialistas.


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Negar a desigualdade racial e a explicar como sendo apenas desigualdade econômica é o argumento supremo contra as cotas, mas não se sustenta.

Ah meu Zeus. Eu não vou repetir tudo de novo.


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Se eu fosse negro, me sentiria insultado com esse tipo de colocação, mesmo vindo de uma perspectiva altruísta. Porque parece que está tentando provar que os negros são mesmo incapazes, e que um ou outro caso de negros capazes de ter os mesmos resultados que brancos, sem precisarem de critérios de avaliação mais condescendentes, são exceção.
Aqui você está usando de um exemplo pessoal. O seu pensamento não tem nada a ver com a cor da pele e sim como certas premissas. De fato uma pessoa negra poderia ter experiências pessoais que mostram que a existência do racismo e não somente a discriminação social por ser pobre. Esse é o ponto.
Mas não tem nada a ver com discriminação racial ou social a questão das cotas.

As cotas pressupõem ser uma forma de corrigir a disparidade sócio-econômmica, e não de acabar com discriminação social ou racial. Porque seria simplesmente ridículo que fosse isso.

Como eu acho que já disse em outro tópico, se uma pessoa acha que os negros são inferiores e inerentemente incapazes, não é você ter critérios mais amenos de pontuação, como dar nota "A" por um resultado que seria para o qual daria "B" ou "C" para um branco, que vai convencê-lo que são igualmente capazes. Simplesmente não vai.   

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #31 Online: 06 de Outubro de 2007, 14:49:34 »
Não é questão de "exemplos pessoais", mas sim do simples fato que as pessoas de diferentes "raças" são igualmente capazes, então não seriam necessárias cotas raciais.
A necessidade das cotas é devido a desigualdade racial.
A desigualdade racial só precisa ser corrigida quando/onde existe, certo?

Isso é, quando é sócio-econômica.

Daí as cotas só precisariam ser sócio-economicas. A maior parte das pessoas ajudadas pelas cotas já seriam automaticamente negros, se a desigualdade racial existe (existe). Ao mesmo tempo, não haveria privilégio nos casos de exceções, de negros em melhores condições sócio econômicas, e não prejudica pessoas de todas outras raças em más condições sócio econômicas.
Muitas universidades estão usando o critério de negro e pobre. Nesse caro não ocorre isso de negros em melhores condições, pois a condição socio-econômica é levada em conta também. Acaba sendo uma cota mista.

As cotas são para índios também, só que a proporção é bem menor. E as cotas são bem menores que a proporção da desigualdade encontrada. A população negra é praticamente a metade da população, e aumentar a presença de negros de cerca de 4% para 20% como é no casa na UnB ainda é algo paliativo.

Medidas para democratizar o acesso a universidade são várias, e esta não as impede.


Enfim, deixaria de ser uma coisa meramente estética/racial, apenas incidentalmente sócio-econômica, e passa a tratar de gente, de ajudar a quem precisa, seja lá qual for a cor. Sem dividir o país em brancos e negros por critérios racistas, idiotas e obscuros, que chegaram a classificar irmãos gêmeos idênticos como sendo de raças diferentes. Em vez disso se pode ter critérios mais objetivos, de renda familiar, patrimônio, diretamente relacionados ao problema, que não é genético/melanínico.

 
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Que não existe diferenças de capacidade entre as raças todos sabem. Mas isso não resolve a questão racial, não adianta saber isso, já consta até em leis. É uma mudança de postura política no mundo, as ações afirmativas, as políticas sociais.

"A questão racial" também não se resolve com cotas racistas, muito pelo contrário. Pode até piorar.
Negro com condições no Brasil sempre foi visto como "branco". O que importa são as condições materiais. Respeitar essa cultura e dar o deu devido valor e espaço na sociedade e não deixa-la a margem a espera da resolução dos problemas de distribuição de renda no país. Além disso não se resume simplesmente a isso, tem o aspecto de representação cultural e social para essa etnia.

Se há racismo, combata-se ao racismo, não se calcule quanto seria e faça racismo "negativo" para tentar anular matematicamente.
A democracia racial é buscada efetivamente. É uma questão política. Está buscando se extinguir o racismo já consolidado por práticas que não são captadas pelos meios legais. E pessoas não números, as estatísticas só mostram uma realidade que até então tentava se esconder através do mito da democracia racial.

Quanto aos problemas sócio-econômicos, incidentalmente raciais, políticas não-racistas, mas com critérios sócio-econômicos corrigiriam também as desigualdades raciais, como já disse no trecho anterior.
E vice versa. Essas medidas de cotas com critérios socio-econômicos combatem a pobreza também.

Quanto a "ações afirmativas", eu não gosto de como isso soa. Me parece que, se não formos usar dois pesos e duas medidas, poderia-se promover "poder branco", "afirmação da cultura branca" e outras sandices do tipo. Tudo desnecessário e potencialmente nocivo.
São leituras diferente da realidade. Partimos de premissas diferentes. Para mim existe sim o poder branco e a afirmação da cultura branca. Isso é demonstrado através das estatísticas e também percebo na não aceitação da distribuição do poder, que no caso são as vagas das universidade.

O que acontece é que ao peso do critério mérito individual é acrescido o critério racial que acaba sendo social também.

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As cotas pressupõem uma  inferioridade inerente. A "inferioridade" que de fato existe é menor capacitação para o vestibular, o que tem origem sócio-econômica, e não racial, então as cotas, se fosse para haver, teriam que ser sócio-econômicas apenas.
Existe uma inferioridade em termos de conquistas sociais. A desigualdade racial é um fato em conjunto com a desigualdade social. As desigualdades socias são explicadas por esses motivos. A pobreza atinge muito mais a raça negra. E o PROUNI é uma medida socio-econômica.
A inferioridade de conquistas sociais é incidentalmetne racial, ou seja, não imoporta que é racial, não precisa-se de critérios racistas para corrigí-las, ter que fazer testes genéticos ou auto-identificação dúbia para tal, se o problema no fim das contas é sócio-econômico e critérios sócio-econômicos são muito mais objetivos e menos socialmente nocivos.
Não tem nada de incidentalmente racial. As teorias de eugenia foram muito difundidas nos Estados Unidos e no Brasil, existiu uma grande mentalidade propondo a inferioridade da raça negra em toda a sociedade brasileira. Depois disso foi amenizada com o mito da desigualdade social. Somente agora são tomadas medidas efetivas para dar oportunidades reais aos negros.

Mesmo depois da abolição foi privilegiado a vinda de imigrantes ao invés do uso dos negros no trabalho assalariado. O racismo sempre foi muito forte no Brasil e é constatado por uma manutenção no quadro socioeconômico que deveria ter mudado ao longo do tempo. O racismo foi/é muito mais forte no país do que se imagina. Basta ver aquele estudo da ONU, é bem detalhado e esse respeito.

Se você imaginasse que existisse a mesma situação sócio econômica, mas sem raças, ou racialmente homogênea, seria corrigida sem critérios raciais; se há uma correlação não-causal com ralas, funciona também, mesmo sem critérios racialistas.
Há uma grande correlação causal entre racismo e pobreza. É uma das causas da pobreza, junto com a discriminação social. É a dimensão política da pobreza.

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Se eu fosse negro, me sentiria insultado com esse tipo de colocação, mesmo vindo de uma perspectiva altruísta. Porque parece que está tentando provar que os negros são mesmo incapazes, e que um ou outro caso de negros capazes de ter os mesmos resultados que brancos, sem precisarem de critérios de avaliação mais condescendentes, são exceção.
Aqui você está usando de um exemplo pessoal. O seu pensamento não tem nada a ver com a cor da pele e sim como certas premissas. De fato uma pessoa negra poderia ter experiências pessoais que mostram que a existência do racismo e não somente a discriminação social por ser pobre. Esse é o ponto.
Mas não tem nada a ver com discriminação racial ou social a questão das cotas.

As cotas pressupõem ser uma forma de corrigir a disparidade sócio-econômmica, e não de acabar com discriminação social ou racial. Porque seria simplesmente ridículo que fosse isso.
As cotas visão sim acabar com a discriminação social. Não se quer mais elogios e palavras bonitas para com os negros e do outro lado sendo contra a efetivação da democracia racial. É o que você aponta, não adianta o politicamente correto, é necessário atitudes significativas que modifiquem a estrutura social. Negros com mais igualdade na sociedade.

Como eu acho que já disse em outro tópico, se uma pessoa acha que os negros são inferiores e inerentemente incapazes, não é você ter critérios mais amenos de pontuação, como dar nota "A" por um resultado que seria para o qual daria "B" ou "C" para um branco, que vai convencê-lo que são igualmente capazes. Simplesmente não vai.   
A discussão não pode ficar no vestibular como um fato isolado do mundo. A capacidade para cursar o vestibular não se restringe aos melhores colocados. Tem muita gente competente que deixa de cursar por não ter atingindo a nota de corte, e dentre essas muitas pessoas competentes estão agora os cotistas. E mesmo com as cotas ainda tem muita gente competente que fica de fora. Quem dera as vagas em universidades públicas fossem suficiente para todos as pessoas capazes.

Além dessa capacidade no vestibular ser relativa e muitas vezes pode não refletir o potencial do aluno. Muitos casos é um preparo melhor e não uma capacidade melhor. Mas mesmo assim se exige um preparo mínimo e isso que o vestibular avalia.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #32 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:10:37 »
Citação de: Adriano
E vice versa. Essas medidas de cotas com critérios socio-econômicos combatem a pobreza também.

Citação de: Buckaroo Banzai
A desigualdade racial só precisa ser corrigida quando/onde existe, certo?

Isso é, quando é sócio-econômica.

Daí as cotas só precisariam ser sócio-economicas. A maior parte das pessoas ajudadas pelas cotas já seriam automaticamente negros, se a desigualdade racial existe (existe). Ao mesmo tempo, não haveria privilégio nos casos de exceções, de negros em melhores condições sócio econômicas, e não prejudica pessoas de todas outras raças em más condições sócio econômicas.

Enfim, deixaria de ser uma coisa meramente estética/racial, apenas incidentalmente sócio-econômica, e passa a tratar de gente, de ajudar a quem precisa, seja lá qual for a cor. Sem dividir o país em brancos e negros por critérios racistas, idiotas e obscuros, que chegaram a classificar irmãos gêmeos idênticos como sendo de raças diferentes. Em vez disso se pode ter critérios mais objetivos, de renda familiar, patrimônio, diretamente relacionados ao problema, que não é genético/melanínico.


Citar
Não tem nada de incidentalmente racial. As teorias de eugenia foram muito difundidas nos Estados Unidos e no Brasil, existiu uma grande mentalidade propondo a inferioridade da raça negra em toda a sociedade brasileira. Depois disso foi amenizada com o mito da desigualdade social. Somente agora são tomadas medidas efetivas para dar oportunidades reais aos negros.

Não importa que houve racismo, eugenia...  :chorao:  ...não justifica os critérios serem raciais, na verdade meio que endossa as crenças de inferioridade racial dos negros na medida em que exige deles menor desempenho.

É incidentalmente racial no sentido de que, não importando qual a origem da pobreza, se teve a ver com racismo ou se fose simplesmente porque, por exemplo, as riquezas naturais de algum lugar são menores do que outro. Por exemplo, no Brasil, o norte e nordeste são mais pobres que sul e sudeste, brancos, mestiços e negros. Mas não precisaria haver cotas para nordestinos no sul e sudeste, e cotas negativas para pessoas do sul sudeste prestando vestibular para cursar alguma faculdade no nordeste. O mais preciso seria ver a situação financeira diretamente, sem esses preconceitos.



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As cotas visão sim acabar com a discriminação social. Não se quer mais elogios e palavras bonitas para com os negros e do outro lado sendo contra a efetivação da democracia racial. É o que você aponta, não adianta o politicamente correto, é necessário atitudes significativas que modifiquem a estrutura social. Negros com mais igualdade na sociedade.

Mas como, me explique como, pelo amor de Vênus, um nazista iria ver um negro como igual se você desse "A" para o negro, mesmo que errasse metade da prova, enquanto que um branco para ter o mesmo "A", tivesse que acertar a prova inteira.

Isso é pensamento mágico, simplesmente.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #33 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:17:35 »
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Mesmo depois da abolição foi privilegiado a vinda de imigrantes ao invés do uso dos negros no trabalho assalariado. O racismo sempre foi muito forte no Brasil e é constatado por uma manutenção no quadro socioeconômico que deveria ter mudado ao longo do tempo. O racismo foi/é muito mais forte no país do que se imagina. Basta ver aquele estudo da ONU, é bem detalhado e esse respeito
Esse quadro "deveria ter mudado", supondo que os negros fossem, não iguais, mas superiores aos brancos.

É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #34 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:24:16 »
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Mesmo depois da abolição foi privilegiado a vinda de imigrantes ao invés do uso dos negros no trabalho assalariado. O racismo sempre foi muito forte no Brasil e é constatado por uma manutenção no quadro socioeconômico que deveria ter mudado ao longo do tempo. O racismo foi/é muito mais forte no país do que se imagina. Basta ver aquele estudo da ONU, é bem detalhado e esse respeito
Esse quadro "deveria ter mudado", supondo que os negros fossem, não iguais, mas superiores aos brancos.
Claro que não. Aqui cai naquele conceito de que qualquer manifestação de valorização da cultura negra é considerar as demais como inferiores.

Essa correlação de valorizar uma cultura = dizer que outra é inferior que não existe. A sua confusão é entre o individual e o social. Exatamente pela igualdade individual que se busca a igualdade social. Não vejo a contradição.
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Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #36 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:34:41 »
É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.
E por verificar que em todas as corridas um grupo fica preso que foi decidido ajustar as condições da largada. A universidade é apenas uma preparação para a grande corrida no mercado de trabalho. Neste todos tem que estar em iguais condições.
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Offline Dbohr

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #37 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:44:48 »
Eu tenho impressões muito conflitantes a esse respeito.

Acredito em Universidade meritocrática - elitista por natureza, decerto, mas não elitizada. Aliás, eu discordo do modelo que afirma que todo mundo tem que cursar Universidade para ter chance de vencer na vida, mas infelizmente é o mundo em que vivemos...

E já que é o mundo em que vivemos, e já que as distorções existem, eu prefiro que as cotas sejam por critérios sócio-econômicos. Como já se disse, a maior parte da população negra do país continuaria a se enquadrar. Mas muito mais do que isso, eu prefiro ver investimentos pesados na educação de base, para que a corrida nunca mais seja desigual e para que as cotas eventualmente se tornem desnecessárias.

E junto com a educação de base é preciso educar os nossos filhos para que percebam o quão sem sentido é discriminar pessoas por causa da cor da pele.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #38 Online: 06 de Outubro de 2007, 15:50:21 »
É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.
E por verificar que em todas as corridas um grupo fica preso que foi decidido ajustar as condições da largada. A universidade é apenas uma preparação para a grande corrida no mercado de trabalho. Neste todos tem que estar em iguais condições.


"Ficar preso na largada", foi uma analogia ao entrave da prosperidade econômica dos negros, pela escravidão. Acabando a escravidão, eles finalmente puderam largar.

Simplesmente não tem como esperar que alcançassem as pessoas/famílias que nunca tinham sido escravizadas, que puderam ter e  guardar patrimônio e renda, e em alguns casos, até mesmo renda provenienete de trabalho escravo.

A menos, é claro, que fossem superiores em desempenho. Enquanto que os brancos apenas avançassem "N metros por segundo", os negros avançassem muito mais velozmente. Só se consegue ganhar uma corrida largando depois que todos já deram três voltas, se você tem um porsche e os outros carros são uns fusquinhas. Se são carros iguais, os que saíram atrás tendem a chegar por último mesmo.


Os negros não tem diferentes condições de largada no vestibular. Teriam apenas se os colocasse na frente, com cotas. A diferença do desempenho dos negros é apenas a diferença do desempenho de qualquer pobre, de alguém que está atrás, por diversos motivos históricos, na corrida econômica, não que sejam ativamente impedidos por qualquer mecanismo atualmente.

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #39 Online: 06 de Outubro de 2007, 16:40:20 »
É incidentalmente racial no sentido de que, não importando qual a origem da pobreza, se teve a ver com racismo ou se fose simplesmente porque, por exemplo, as riquezas naturais de algum lugar são menores do que outro. Por exemplo, no Brasil, o norte e nordeste são mais pobres que sul e sudeste, brancos, mestiços e negros. Mas não precisaria haver cotas para nordestinos no sul e sudeste, e cotas negativas para pessoas do sul sudeste prestando vestibular para cursar alguma faculdade no nordeste. O mais preciso seria ver a situação financeira diretamente, sem esses preconceitos.
O que não impede em nada o bom funcionamento das cotas, já que o racismo existe e as cotas são menores que a desproporção social entre as raças. É uma medida paliativa de forma a melhorar a igualdade racial. A questão econômica não impede que as cotas sejam bem sucedidas.

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As cotas visão sim acabar com a discriminação social. Não se quer mais elogios e palavras bonitas para com os negros e do outro lado sendo contra a efetivação da democracia racial. É o que você aponta, não adianta o politicamente correto, é necessário atitudes significativas que modifiquem a estrutura social. Negros com mais igualdade na sociedade.

Mas como, me explique como, pelo amor de Vênus, um nazista iria ver um negro como igual se você desse "A" para o negro, mesmo que errasse metade da prova, enquanto que um branco para ter o mesmo "A", tivesse que acertar a prova inteira.

Isso é pensamento mágico, simplesmente.
Essa sua explicação de surgimento de racismo através das cotas é ad hoc. No máximo que uma pessoa de bom senso possa pensar é que foi uma medida errada do governo. Dizer que vai gerar racismo é um absurdo.
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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #40 Online: 06 de Outubro de 2007, 16:48:00 »
Mas muito mais do que isso, eu prefiro ver investimentos pesados na educação de base, para que a corrida nunca mais seja desigual e para que as cotas eventualmente se tornem desnecessárias.

E junto com a educação de base é preciso educar os nossos filhos para que percebam o quão sem sentido é discriminar pessoas por causa da cor da pele.

Concordo plenamente sobre a educação de base. E tem medidas sendo tomadas para erradicar o racismo no ensino fundamental e médio, mas não é tão polêmico quanto as cotas e por isso deixam de ser discutidos. As cotas são um parte de um programa maior, que faz mais sentido nesse contexto.
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Offline Dbohr

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #41 Online: 06 de Outubro de 2007, 16:56:42 »
Que medidas são essas? Poderia apontá-las?

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #42 Online: 06 de Outubro de 2007, 17:18:06 »
Tem um estudo da UNESCO sobre o racismo nas escolas com diagnósticos e propostas.

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Resumo: Por meio do trabalho de compilação dos principais estudos quantitativos e qualitativos sobre discriminação racial e escola, bem como por meio de um inventário da produção legislativa referente ao tema, o autor propõe fórmulas e sugestões necessárias para diminuir as desigualdades entre a população escolar negra e branca. A presente publicação impulsiona o debate sobre as propostas de superação do problema, seja no campo conceitual, seja, sobretudo,  no campo das políticas públicas que tenham por objetivo a promoção da igualdade racial na escola.

http://www.unesco.org.br/publicacoes/livros/discriminaescolas/mostra_documento

Tem diversas propostas para todos os níveis de ensino, mas também não sei como está essa implantação. Penso ter avanços práticos nessas áreas.
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Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #43 Online: 06 de Outubro de 2007, 18:50:15 »
É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.
E por verificar que em todas as corridas um grupo fica preso que foi decidido ajustar as condições da largada. A universidade é apenas uma preparação para a grande corrida no mercado de trabalho. Neste todos tem que estar em iguais condições.


"Ficar preso na largada", foi uma analogia ao entrave da prosperidade econômica dos negros, pela escravidão. Acabando a escravidão, eles finalmente puderam largar.

Simplesmente não tem como esperar que alcançassem as pessoas/famílias que nunca tinham sido escravizadas, que puderam ter e  guardar patrimônio e renda, e em alguns casos, até mesmo renda provenienete de trabalho escravo.

A menos, é claro, que fossem superiores em desempenho. Enquanto que os brancos apenas avançassem "N metros por segundo", os negros avançassem muito mais velozmente. Só se consegue ganhar uma corrida largando depois que todos já deram três voltas, se você tem um porsche e os outros carros são uns fusquinhas. Se são carros iguais, os que saíram atrás tendem a chegar por último mesmo.
O ideal democrático anterior, mais ultrapassado, previa uma igualdade maior com a declaração dos direitos. Então era esperado que com a liberdade todos conseguissem igualdade de acordo com seus méritos. Já que a sociedade não é uma disputa para ver quem são os melhores, quem está na frente. A liberdade de uns acaba onde comera a de outros e isso está se estendendo as questões socio-econômicas. Liberdade está amplamente associada a igualdade, principalmente na cultura ocidental.

Os negros não tem diferentes condições de largada no vestibular. Teriam apenas se os colocasse na frente, com cotas. A diferença do desempenho dos negros é apenas a diferença do desempenho de qualquer pobre, de alguém que está atrás, por diversos motivos históricos, na corrida econômica, não que sejam ativamente impedidos por qualquer mecanismo atualmente.

Essa que é divergência principal. Considerar natural acontecimentos culturais, históricos é um erro, é como a premissa de Hayek para a sociedade e governo. Mas nisso não é considerado que mesmo o liberalismo econômico foi implantado na sociedade por reivindicações de indivíduos acerca de uma sociedade mais justa. Os acontecimentos atuais vão ser "incidentais" também para as gerações futuras.

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #44 Online: 06 de Outubro de 2007, 20:08:45 »
É incidentalmente racial no sentido de que, não importando qual a origem da pobreza, se teve a ver com racismo ou se fose simplesmente porque, por exemplo, as riquezas naturais de algum lugar são menores do que outro. Por exemplo, no Brasil, o norte e nordeste são mais pobres que sul e sudeste, brancos, mestiços e negros. Mas não precisaria haver cotas para nordestinos no sul e sudeste, e cotas negativas para pessoas do sul sudeste prestando vestibular para cursar alguma faculdade no nordeste. O mais preciso seria ver a situação financeira diretamente, sem esses preconceitos.
O que não impede em nada o bom funcionamento das cotas, já que o racismo existe e as cotas são menores que a desproporção social entre as raças. É uma medida paliativa de forma a melhorar a igualdade racial. A questão econômica não impede que as cotas sejam bem sucedidas.

Eu não vou fazer uma citação de mim mesmo de novo, serei breve: cotas meramente sócio-econômicas resolvem o problema da desigualdade racial automaticamente, e com critérios mais objetivos, em vez de auto-declaração de raça ou comitês avaliadores de pureza racial; sem precisar dividir a sociedade entre brancos e negros.

Ao mesmo tempo que é mais objetiva de modo geral, corrigindo exceções, que apesar de serem exceções, existem.



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As cotas visão sim acabar com a discriminação social. Não se quer mais elogios e palavras bonitas para com os negros e do outro lado sendo contra a efetivação da democracia racial. É o que você aponta, não adianta o politicamente correto, é necessário atitudes significativas que modifiquem a estrutura social. Negros com mais igualdade na sociedade.

Mas como, me explique como, pelo amor de Vênus, um nazista iria ver um negro como igual se você desse "A" para o negro, mesmo que errasse metade da prova, enquanto que um branco para ter o mesmo "A", tivesse que acertar a prova inteira.

Isso é pensamento mágico, simplesmente.
Essa sua explicação de surgimento de racismo através das cotas é ad hoc. No máximo que uma pessoa de bom senso possa pensar é que foi uma medida errada do governo. Dizer que vai gerar racismo é um absurdo.

Isso é cada vez mais pura fé, simplesmente. Parece que as cotas tem que ser raciais, de qualquer forma, e essa é a solução perfeita, nada te dissuade disso, apesar de outro critério ser incidentalmente racial, melhor quanto solução de distribuição de renda, e não ter os problemas diversos de ter que dizer quem é negro o bastante.

Não é surgimento é simples manutenção, no mínimo, com um possível reforço para as pessoas que fossem meio "em cima do muro".

Se há pessoas que acham que os negros são ou talvez sejam menos capazes, não é por critérios de avaliação que "pegam mais leve" com eles, como se fossem uns retardados, que as pessoas serão convencidas do contrário. Se essas pessoas ainda por cima tiverem perdido lugar para negros, ou acharem que perderam, pronto, se tem mais problema.

Caminha-se para uma sociedade com um pouco mais de negros (e não de pessoas de modo geral, mas apenas de negros, trocando por brancos, uma correção estética, não uma melhora nas condições das pessoas de modo geral) em estratos sócio-econômicos melhores, mas vai ter maior burburinho sobre eles serem incapazes, de terem chegado lá só porque foi facilitado.

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #45 Online: 06 de Outubro de 2007, 20:38:07 »
É incidentalmente racial no sentido de que, não importando qual a origem da pobreza, se teve a ver com racismo ou se fose simplesmente porque, por exemplo, as riquezas naturais de algum lugar são menores do que outro. Por exemplo, no Brasil, o norte e nordeste são mais pobres que sul e sudeste, brancos, mestiços e negros. Mas não precisaria haver cotas para nordestinos no sul e sudeste, e cotas negativas para pessoas do sul sudeste prestando vestibular para cursar alguma faculdade no nordeste. O mais preciso seria ver a situação financeira diretamente, sem esses preconceitos.
O que não impede em nada o bom funcionamento das cotas, já que o racismo existe e as cotas são menores que a desproporção social entre as raças. É uma medida paliativa de forma a melhorar a igualdade racial. A questão econômica não impede que as cotas sejam bem sucedidas.

Eu não vou fazer uma citação de mim mesmo de novo, serei breve: cotas meramente sócio-econômicas resolvem o problema da desigualdade racial automaticamente, e com critérios mais objetivos, em vez de auto-declaração de raça ou comitês avaliadores de pureza racial; sem precisar dividir a sociedade entre brancos e negros.

Ao mesmo tempo que é mais objetiva de modo geral, corrigindo exceções, que apesar de serem exceções, existem.
Essa é a sua conclusão por considerar que o problema seja somente socio-econômico. Eu discordo e acredito ser o racismo um problema sério e que antecede o problema socio-econômico. Penso que a presença de negros em cargos mais importantes tenha um impacto contra a discriminação.

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As cotas visão sim acabar com a discriminação social. Não se quer mais elogios e palavras bonitas para com os negros e do outro lado sendo contra a efetivação da democracia racial. É o que você aponta, não adianta o politicamente correto, é necessário atitudes significativas que modifiquem a estrutura social. Negros com mais igualdade na sociedade.

Mas como, me explique como, pelo amor de Vênus, um nazista iria ver um negro como igual se você desse "A" para o negro, mesmo que errasse metade da prova, enquanto que um branco para ter o mesmo "A", tivesse que acertar a prova inteira.

Isso é pensamento mágico, simplesmente.
Essa sua explicação de surgimento de racismo através das cotas é ad hoc. No máximo que uma pessoa de bom senso possa pensar é que foi uma medida errada do governo. Dizer que vai gerar racismo é um absurdo.

Isso é cada vez mais pura fé, simplesmente. Parece que as cotas tem que ser raciais, de qualquer forma, e essa é a solução perfeita, nada te dissuade disso, apesar de outro critério ser incidentalmente racial, melhor quanto solução de distribuição de renda, e não ter os problemas diversos de ter que dizer quem é negro o bastante.
Você está reduzindo o problema do racismo a questão econômica pois pensa que a causa é econômica. Os erros dos processo de selação só são polemizados pelos que são contra as cotas. Todos os processos tem suas margens de erro, e são tomadas medidas para melhorar como no caso da UnB.

E outra, qualquer conclusão atual ainda é precipitada diante da ausência dos resultados. Com o decorrer do tempo é possível acompanhar o que ocorre.


Não é surgimento é simples manutenção, no mínimo, com um possível reforço para as pessoas que fossem meio "em cima do muro".

Se há pessoas que acham que os negros são ou talvez sejam menos capazes, não é por critérios de avaliação que "pegam mais leve" com eles, como se fossem uns retardados, que as pessoas serão convencidas do contrário. Se essas pessoas ainda por cima tiverem perdido lugar para negros, ou acharem que perderam, pronto, se tem mais problema.
Não vejo problema algum. O racismo ocorrem em alguém pensar que um pessoa é inferior devido as cotas. É muita estupidez nos nossos dias atuais. É muito fácil conceber que é uma atitude autônoma das universidades, essas mesmos que possibilitam a produção do conhecimento científico. O que alguém pode pensar é que elas estão erradas mas não deduzir que por isso o negro é inferior. É um pensamento falacioso e a causa seria a ignorancia e não as cotas.

Caminha-se para uma sociedade com um pouco mais de negros (e não de pessoas de modo geral, mas apenas de negros, trocando por brancos, uma correção estética, não uma melhora nas condições das pessoas de modo geral) em estratos sócio-econômicos melhores, mas vai ter maior burburinho sobre eles serem incapazes, de terem chegado lá só porque foi facilitado.
Que tenha esse burburinho, mas que seja coerente e responsabilize as universidades que tomam essas medidas. O que não pode é existir um burburinho racista justificado por uma ação das universidades. Dizer que as cotas não são eficientes é plausível. Dizer que negro é inferior por que existem as cotas nas universidade é um pensamento racista.
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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #46 Online: 06 de Outubro de 2007, 20:48:11 »
É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.
E por verificar que em todas as corridas um grupo fica preso que foi decidido ajustar as condições da largada. A universidade é apenas uma preparação para a grande corrida no mercado de trabalho. Neste todos tem que estar em iguais condições.


"Ficar preso na largada", foi uma analogia ao entrave da prosperidade econômica dos negros, pela escravidão. Acabando a escravidão, eles finalmente puderam largar.

Simplesmente não tem como esperar que alcançassem as pessoas/famílias que nunca tinham sido escravizadas, que puderam ter e  guardar patrimônio e renda, e em alguns casos, até mesmo renda provenienete de trabalho escravo.

A menos, é claro, que fossem superiores em desempenho. Enquanto que os brancos apenas avançassem "N metros por segundo", os negros avançassem muito mais velozmente. Só se consegue ganhar uma corrida largando depois que todos já deram três voltas, se você tem um porsche e os outros carros são uns fusquinhas. Se são carros iguais, os que saíram atrás tendem a chegar por último mesmo.
O ideal democrático anterior, mais ultrapassado, previa uma igualdade maior com a declaração dos direitos. Então era esperado que com a liberdade todos conseguissem igualdade de acordo com seus méritos. Já que a sociedade não é uma disputa para ver quem são os melhores, quem está na frente.
É claro que não é uma competição exatamente como uma corrida.

Mas não se pode ser hiper-reducionista como se as pessoas tivessem sido todas criadas ex-nihilo com iguais condições, sem ter herdado condições das gerações anteriores.

Só por essa herança, das "colocações", já se tem disparidades que não são produto de uma "opressão" invisível de grupos contra outros grupos.

Se a conclusão é que esse nivelamento "devia" ocorrer por igualdade de capacidades biológicas, então a homogeneidade econômica, de modo geral, não apenas as correlações racias, deveria ser muito maior. Mas se tem na verdade variação sócio-econômica que não tem correlação racial (isso é, diferentes faixas de renda e de patrimônio mesmo entre brancos e entre negros, em vez de serem todos iguais dentro da mesma "raça"), não podendo ser explicada por racismo ou algum tipo de opressão, nem por variações biológicas. É autonomia da economia, tanto das famílias quanto de regiões. 




Eu queria ver um estudo sobre isso, sobre como os negros numa sociedade não racista  (ou simplesmente, um grupo de pessoas, que começasse "de baixo", para todos os efeitos é a mesma coisa), poderiam ter tido uma motilidade sócio-econômica muito maior do que a que os negros tiveram após a escravidão, nesse período de tempo. Isso é, sem leis objetivando favorecer aos pobres em geral. Eu não imagino que seja esperado.



Uma observação interessante, é que o racismo nos EUA é provavelmente muito maior que no Brasil. Não tenho certeza dos números, vou simplesmente tentar lembrar, mas faço a ressalva de que não sei se é isso mesmo: por volta de 1920 haviam nos EUA acho que 4 milhões de pessoas da KKK*. O que para a população da época era uma fatia mais considerável do que esse mesmo número hoje.

Lá também os programas de eugenia foram um tanto diferentes daqueles daqui, especificamente raciais, enquanto, pelo pouco que li, aqui em alguns casos ao menos, não havia tanto a idéia de causas raciais, mas por causa do lamarckismo, o mais importante eram coisas como alcoolismo, criminalidade e etc. O movimento integralista, por exemplo, não tenho certeza, mas não era exatamente racista, apesar de nacionalista (imagino, já que adotava no lugar do "sieg heil" o "anauê" de algum idioma indígena). Nos EUA ainda teve aquilo tudo das escolas para negros, acentos de ônibus para negros, e só foram poder votar acho que lá pelos anos 60. Aqui as a situação de não-discriminação legal sempre foram bem melhores para os negros, acho, e certamente no Haiti há mais tempo ainda.

Apesar disso, nos EUA os negros (asiáticos e índios também, muito discriminados**) estão em melhor condições sócio-econômicas lá do que aqui no Brasil e muito melhor que no Haiti, país de maioria negra, onde não poderia ser atribuida a situação sócio econômica dos negros a uma ínfima minoria branca racista. Ou seja, as coisas me parecem indicar que o racismo ilegal não tem grande efeito sobre a motilidade social dos negros, que depende mais de autonomia econômica familiar e regional.

O que não é realmente nem um pouco surpreendente. Mesmo nos EUA, mais racista, não são provavelmente a maioria das pessoas, racistas. Qual poderia ser o impacto dos racistas em ativamente impedir a ascenção sócio-econômica das pessoas não-brancas? Quantos racistas estariam em posição de um relativo poder sobre contratação das pessoas e etc, posições que poderiam influenciar isso, e em quanto se poderia estimar que fossem as não-admissões das raças discriminadas por essas pessoas? Sendo que, cada entrevistador racista, geralmente só será responsável por apenas uma entrevista de emprego na vida de cada pessoa de uma raça discriminada, que uma vez descartada, iria procurar emprego em outro lugar, onde as chances de encontrar um entrevistador não-racista seriam maiores. 









* dado que acabei de encontrar na wikipédia em português.

**  inclusive uma argumentação que fiquei sabendo mais recentemente era de que a imigração chinesa tinha que ser parada porque os imigrantes iriam procriar como pragas, e superar a população anglo-saxônica nos EUA em algumas gerações, com base nas taxas de natalidade chinesas. Ironicamente, o racismo atual nos EUA em parte, especialmente o "racismo científico" é até meio "pró-asiático", eles antes eram ditos terem crânios menores, agora tem crânios maiores do que os brancos até. Me pergunto se isso, essa "virada" do racismo, não seria em parte reflexo do sucesso econômico que eles tiveram, sem ajuda especial, racialmente específica, tanto quanto sei.

Offline Worf

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #47 Online: 06 de Outubro de 2007, 21:42:11 »
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Cultura não é conseguir vaga. Se buscar entender a cultura afro vai entender melhor o motivo das cotas.
Meu pai é negro, serve? Minha mãe descende de índios e portugueses. Preciso buscar entender a "cultura" deles pra conseguir uma vaga na UnB? Ou pra justificar a existência das cotas?
Pra justificar as cotas sim, pois só é possível entender num contexto social mais amplo. Já a sua análise de conseguir uma vaga na UnB é de um pondo de vista individual. Está buscando ver o que é o melhor apenas com base no momento presente e para si apenas. Essa é a impressão que tenho com a frase "será que eu consigo vaga na UnB?"
Eu não fiz análise alguma, só estava ironizando com a sua frase. Se as cotas são justificáveis dentro de um contexto cultural ou social, isso realmente não importa no caso da UnB, visto que o método utilizado na classificação de negro ou branco não envolve contexto social ou cultural nenhum. E o motivo é tão simples... Cultura é uma coisa tão controversa, ampla e pouco objetiva, que seria impossível ou impraticável dividir (seriamente) a população brasileira entre negros e brancos, ainda mais num processo seletivo pra vestibular.

Ora, se as cotas são justificáveis num contexto social, cultural, enfim, mas você não pode aplicar esses conhecimentos pra justificar as vagas dadas para o negro (não há como definir o que é um negro, culturalmente, numa prova da UnB, seja olhando uma foto, seja fazendo uma entrevista); e se as cotas só fazem sentido enquanto forem reserva de vagas para negros, mas você não consegue definir "negro", então as cotas não são justificáveis na prática, mesmo assumindo como verdade aquela história de contexto cultural e social.

Agora, se fizessem cotas pra quem tivesse renda inferior a X (valor palpável, contexto objetivo), elas até poderiam ser justificadas.

Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #48 Online: 06 de Outubro de 2007, 21:46:30 »
É como uma corrida. Se um grupo de pessoas fica preso, atrasado na largada, e depois podem finalmente largar, não é esperado que alcancem os que saíram na frente se fossem iguais, apenas se fossem muito mais rápidos, para compensar a desvantagem inicial.
E por verificar que em todas as corridas um grupo fica preso que foi decidido ajustar as condições da largada. A universidade é apenas uma preparação para a grande corrida no mercado de trabalho. Neste todos tem que estar em iguais condições.


"Ficar preso na largada", foi uma analogia ao entrave da prosperidade econômica dos negros, pela escravidão. Acabando a escravidão, eles finalmente puderam largar.

Simplesmente não tem como esperar que alcançassem as pessoas/famílias que nunca tinham sido escravizadas, que puderam ter e  guardar patrimônio e renda, e em alguns casos, até mesmo renda provenienete de trabalho escravo.

A menos, é claro, que fossem superiores em desempenho. Enquanto que os brancos apenas avançassem "N metros por segundo", os negros avançassem muito mais velozmente. Só se consegue ganhar uma corrida largando depois que todos já deram três voltas, se você tem um porsche e os outros carros são uns fusquinhas. Se são carros iguais, os que saíram atrás tendem a chegar por último mesmo.
O ideal democrático anterior, mais ultrapassado, previa uma igualdade maior com a declaração dos direitos. Então era esperado que com a liberdade todos conseguissem igualdade de acordo com seus méritos. Já que a sociedade não é uma disputa para ver quem são os melhores, quem está na frente.
É claro que não é uma competição exatamente como uma corrida.

Mas não se pode ser hiper-reducionista como se as pessoas tivessem sido todas criadas ex-nihilo com iguais condições, sem ter herdado condições das gerações anteriores.

Só por essa herança, das "colocações", já se tem disparidades que não são produto de uma "opressão" invisível de grupos contra outros grupos.

Se a conclusão é que esse nivelamento "devia" ocorrer por igualdade de capacidades biológicas, então a homogeneidade econômica, de modo geral, não apenas as correlações racias, deveria ser muito maior. Mas se tem na verdade variação sócio-econômica que não tem correlação racial (isso é, diferentes faixas de renda e de patrimônio mesmo entre brancos e entre negros, em vez de serem todos iguais dentro da mesma "raça"), não podendo ser explicada por racismo ou algum tipo de opressão, nem por variações biológicas. É autonomia da economia, tanto das famílias quanto de regiões. 




Eu queria ver um estudo sobre isso, sobre como os negros numa sociedade não racista  (ou simplesmente, um grupo de pessoas, que começasse "de baixo", para todos os efeitos é a mesma coisa), poderiam ter tido uma motilidade sócio-econômica muito maior do que a que os negros tiveram após a escravidão, nesse período de tempo. Isso é, sem leis objetivando favorecer aos pobres em geral. Eu não imagino que seja esperado.



Uma observação interessante, é que o racismo nos EUA é provavelmente muito maior que no Brasil. Não tenho certeza dos números, vou simplesmente tentar lembrar, mas faço a ressalva de que não sei se é isso mesmo: por volta de 1920 haviam nos EUA acho que 4 milhões de pessoas da KKK*. O que para a população da época era uma fatia mais considerável do que esse mesmo número hoje.

Lá também os programas de eugenia foram um tanto diferentes daqueles daqui, especificamente raciais, enquanto, pelo pouco que li, aqui em alguns casos ao menos, não havia tanto a idéia de causas raciais, mas por causa do lamarckismo, o mais importante eram coisas como alcoolismo, criminalidade e etc. O movimento integralista, por exemplo, não tenho certeza, mas não era exatamente racista, apesar de nacionalista (imagino, já que adotava no lugar do "sieg heil" o "anauê" de algum idioma indígena). Nos EUA ainda teve aquilo tudo das escolas para negros, acentos de ônibus para negros, e só foram poder votar acho que lá pelos anos 60. Aqui as a situação de não-discriminação legal sempre foram bem melhores para os negros, acho, e certamente no Haiti há mais tempo ainda.

Apesar disso, nos EUA os negros (asiáticos e índios também, muito discriminados**) estão em melhor condições sócio-econômicas lá do que aqui no Brasil e muito melhor que no Haiti, país de maioria negra, onde não poderia ser atribuida a situação sócio econômica dos negros a uma ínfima minoria branca racista. Ou seja, as coisas me parecem indicar que o racismo ilegal não tem grande efeito sobre a motilidade social dos negros, que depende mais de autonomia econômica familiar e regional.
Há que se diferenciar o racismo americano do brasileiro. Se lá a questão econômica não tem uma peso tão grande quanto aqui, tiveram peso a violência e o racismo institucionalizado. Mas nesse país as instituições sempre tiveram peso, pelo valor da democracia.

Também é necessário considerar a distribuição econômica do país, que não é ruim. No nosso país é um dos problemas mais graves e tem uma forte ligação com o racismo, segundo o relatório da ONU. A qualidade desse estudo me impressiona.

Os programas de combate ao racismo e a xenofobia estão sendo implementados no mundo todo e a ONU tem uma forte contribuição na elaboração de políticas. Devem ser pesados os casos de diversos países e no Brasil o pessoal da UnB avaliou muitos outros países com essas experiência. A Índia tem algo desenvolvido para resolver a questão das castas.

Então cada país tem sua especificidade, e apesar das comparações serem necessárias, tem que se aprofundar os aspectos sociais e históricos nacionais.


O que não é realmente nem um pouco surpreendente. Mesmo nos EUA, mais racista, não são provavelmente a maioria das pessoas, racistas. Qual poderia ser o impacto dos racistas em ativamente impedir a ascenção sócio-econômica das pessoas não-brancas? Quantos racistas estariam em posição de um relativo poder sobre contratação das pessoas e etc, posições que poderiam influenciar isso, e em quanto se poderia estimar que fossem as não-admissões das raças discriminadas por essas pessoas? Sendo que, cada entrevistador racista, geralmente só será responsável por apenas uma entrevista de emprego na vida de cada pessoa de uma raça discriminada, que uma vez descartada, iria procurar emprego em outro lugar, onde as chances de encontrar um entrevistador não-racista seriam maiores. 
As causas da menor desigualdade social nos EUA é o alto desenvolvimento econômico. E mesmo assim ainda vejo sendo muito simplista dizer que a riqueza do país é resultado apenas de uma economia liberal. Tem muitos outros fatores inclusive monetários que influenciaram a história econômica daquele país e do mundo em geral.

E eles são xenófobos, que é um problema relacionado ao racismo. E a violência física e institucional do racismo americano é pior do que a desigualdade social. Aqui a situação é mais amistosa porém existe. E lá também existe ações afirmativas.
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Offline Adriano

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Re: Sidney Poitier, se tivesse cabelo "liso", seria branco, no Brasil?
« Resposta #49 Online: 06 de Outubro de 2007, 21:55:12 »
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Cultura não é conseguir vaga. Se buscar entender a cultura afro vai entender melhor o motivo das cotas.
Meu pai é negro, serve? Minha mãe descende de índios e portugueses. Preciso buscar entender a "cultura" deles pra conseguir uma vaga na UnB? Ou pra justificar a existência das cotas?
Pra justificar as cotas sim, pois só é possível entender num contexto social mais amplo. Já a sua análise de conseguir uma vaga na UnB é de um pondo de vista individual. Está buscando ver o que é o melhor apenas com base no momento presente e para si apenas. Essa é a impressão que tenho com a frase "será que eu consigo vaga na UnB?"
Eu não fiz análise alguma, só estava ironizando com a sua frase. Se as cotas são justificáveis dentro de um contexto cultural ou social, isso realmente não importa no caso da UnB, visto que o método utilizado na classificação de negro ou branco não envolve contexto social ou cultural nenhum. E o motivo é tão simples... Cultura é uma coisa tão controversa, ampla e pouco objetiva, que seria impossível ou impraticável dividir (seriamente) a população brasileira entre negros e brancos, ainda mais num processo seletivo pra vestibular.


Ora, se as cotas são justificáveis num contexto social, cultural, enfim, mas você não pode aplicar esses conhecimentos pra justificar as vagas dadas para o negro (não há como definir o que é um negro, culturalmente, numa prova da UnB, seja olhando uma foto, seja fazendo uma entrevista); e se as cotas só fazem sentido enquanto forem reserva de vagas para negros, mas você não consegue definir "negro", então as cotas não são justificáveis na prática, mesmo assumindo como verdade aquela história de contexto cultural e social.

Agora, se fizessem cotas pra quem tivesse renda inferior a X (valor palpável, contexto objetivo), elas até poderiam ser justificadas.

A cultura não física é um dos aspectos da etnia, mas as características físicas também contam para a identidade. Aqui estavamos falando dos extremos, dos casos dúbios e de difícil análise. No geral não é isso que ocorre, é bem discernível as características físicas das etnias, ainda mais com o critério de classificação pela cor da pele que é bem prático.

Não adianta pegar os erros para dizer que é inviável. E esse erro dos gêmeos ajudou na melhoria do sistema da UnB. Perfeição não vai existir e a ciência é a prova disso, os criacionistas adoram pegar erros evolucionistas (uma das melhores teorias da biologia e ciência)  para dizerem que estão certos.

As cotas são uma experiência no país e os primeiros dados estão sendo positivos com bom aproveitamento dos cotistas.
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