Você que está ignorando o racismo e considerando apenas o aspecto econômico.
As cotas não resolvem o racismo. Isso é um sonho delirante.
Como já disse um monte de vezes, se há pessoas que acham que os negros são incapazes, não é diminuindo os critérios de avaliação deles que essas pessoas vão se convencer que são iguais.
Considero as cotas como impactantes por manterem a presença de negros na universidade e posteriormente em melhor situação na sociedade. Uma mudança efetiva para valorizar essa etnia.
Se há mais negros pobres, cotas meramente econômicas
também fariam com que entrassem mais negros nas universidades posteriormente proporcionando melhores condições na sociedade.
Sem os problemas/necessidade de dividir o Brasil em quem é negro e quem não é, que faz muito mais mal do que bem à qualquer valorização racial ou étnica.
E também não vejo problemas existentes com as cotas, como você cita de divisão entre negros e brancos. O nosso país é formado por pessoas brancas e negras e discutir essa realidade não é dividir, é só dar o devido valor as culturas étnicas.
O nosso país é altamente multi-étnico e miscigenado. É formado de pessoas e a divisão de direitos diferentes para diferentes etnias ou raças é algo nojento, desprezível. Todos deveriam ser tratados igualmente como gente. Não são só negros que tem uma cultura própria - e nem necessariamente tem apenas por serem negros - nordestinos tem, gaúchos tem, índios tem, lusitanos tem, metrossexuais tem, ciganos tem, emos tem, roqueiros tem, corintianos tem, descendentes de italianos tem, etc.
É ridículo e inútil dividir em cotas para universidade (ou qualquer outra coisa) para cada uma desses grupos de pessoas, e não há por que haver esse cuidado especial apenas com negros, que nem são compõem apenas uma etnia, mas como europeus e asiáticos, tem várias, além dos meramente "ocidentais", que são possivelmente a maioria no Brasil. É um segregacionismo que tenta ser "bonitinho".
Todas essas etnias, não só os negros, tem toda liberdade para valorizar suas raízes culturais e para isso não são necessárias cotas de qualquer tipo de coisa.
O ponto aqui é o racismo, as diferenças étnicas. Cotas-sociais para integrar negros seriam mais polêmicas ainda. Seria associar negros com pobreza. Mas medidas socio-econômicas existem, como o PROUNI, os pobres em geral não estão sendo deixados de lado por conta das cotas.
Mas as cotas não serviriam para "integrar os negros" ou combater o racismo. Como eu já disse, não ajudam a convencer nenhum racista de que os negros são igualmente capazes. Não importa o quanto se queira acreditar nisso, que seja uma idéia bonita, de que dando colher de chá para os descendentes dos escravos estamos quitando um carma de alguns antepassados de "nós, brancos" escravizaram, e então a o respeito entre todas raças e etnias surgiria e todos dançariam de mãos dadas num campo florido com um arco-íris atrás.
Os negros tampouco estão "não-integrados" na socidade, não estão em situações diferentes de pobres de qualquer cor de um modo geral. Como poderiam estar socialmente excluídos com quase 40% de mestiços (considerando que muitas das pessoas vistas como os aproximadamente 50% brancos poderiam ser mestiços de pele bem clara, considerando os nossos padrões de percepção racial não oriundos daquela coisa de "regra de uma gota" escravista). Samba e derivados provavelmente vendem bem mais do que MPB, rock, (que de qualquer forma, também tem seus componentes negros), música clássica. Praticamente não temos paradas com fanfarras, mas somos mundialmente conhecidos pelo carnaval.
Você mesmo mencionou anteriormente que o negro rico sempre é tratado como branco, evidenciando que mais do que racismo, há "classismo".
Isso não significa que não haja racismo, que não tivesse havido mais racismo no passado, e etc. Mas você fala como se vivessemos numa sociedade onde a maioria dos brancos fosse racista, que fosse votar a favor dum apartheid, leis anti-miscigenação e pró-extradição de negros, e etc.
Como mencionei nuns outros post, a maioria das pessoas não é racista, e o racismo atual, pós-abolição, não é nem um pouco sanado com cotas raciais - seria com cadeia, nem a disparidade econômica entre brancos, mestiços e negros é causada por esse racismo pós-abolição. O número de mestiços e negros somado da quase a metade da população, talvez mais se alguns dos que contam como brancos nas estatísticas forem na verdade mestiços. Apenas isso já reduz muito o possível efeito do racismo como obstáculo ascenção sócio econômica dos negros e mestiços.
Seria interessante pensar nisso. Quantos % dos brancos são racistas? E desses, quantos estão em condições de impedir a ascenção sócio-econômica de negros? E lembrando que esse "impedimento" é sempre situacional, ou seja, se um cara é um branco racista, e nega a oportunidade de emprego a um candidato negro bem preparado, não significa que esse negro bem preparado foi definitivamente impedido de ascender socialmente. Apenas foi rejeitado nessa entrevista em particular, e não é provável que em todas entrevistas de emprego que fizesse, fosse sempre um avaliador branco racista o rejeitando, ou que em todo tipo de empreendimento autônomo que fizesse, houvesse sempre algum branco racista para sabotar.
Eu acho que o efeito do racismo pós-abolição no Brasil na ascenção sócio econômica (pós-abolição) das raças não-brancas é praticamente desprezível, algo não muito diferente de outros tipos de discriminação como para com tatuados, gordos, mulheres, pessoas feias, asiáticos, índios.
Eu não sei, eu pelo menos não conheço muitas pessoas racistas, geralmente o que vejo são eventuais expressões de racismo serem repudiadas por brancos também, em vez de aprovação. Claro, pode ser tudo uma teoria da conspiração, e todos brancos, quem sabe até todos daqui do fórum, são racistas velados unidos pelo objetivo de minar a ascenção social dos negros, e por isso estamos tão revoltados com as cotas...
E mesmo usando um critério de bolsas-sociais com o intuito de combater a pobreza seria uma perpetuação da desigualdade racial, fruto do racismo.
A desigualdade "econômico-racial" não é produto do racismo pós-abolição. Pelas diversas explicações já repetidas muitas vezes..... considerando um marco "0" inicial no tempo - no caso a abolição - não tem como pessoas, de qualquer cor, que fossem nesse instante muito pobres, "alcançarem" num período de tempo tão curto o mesmo grau de riqueza das pessoas que desde esse marco 0 já eram ricas. Não tem como. Só se fossem todos super gênios em fazer fortunas.
Como aquele chavão, "o rico fica mais rico, e o pobre fica mais pobre". Não tem por que, como, uma razão para uma expectativa razoável dos descendentes dos escravos (ou de quaisquer pobres) terem atingido o mesmo patamar sócio-econômico dos brancos que não foram escravizados, tinham posses, ou migraram voluntariamente, etc.
Não estão todos os brancos dentro de um mesmo estrato sócio-econômico, a economia tem autonomia própria, não é puro reflexo da capacidade individual, como se as pessoas tivessem sido criadas ex nihilo em iguais condições, ontem.
O IDH dos branco é superior ao dos negros.
O IDH é correlacionado diretamente com pobreza/riqueza; se os negros são mais pobres, terão menor IDH. Não tem grupinhos de KKKs ativamente baixando o IDH dos negros.
Os negros são a maioria dos pobres, mas mesmo assim perderiam as vagas para os branco pobres.
Hein? Por que? Pode me explicar? O racismo é mais forte ainda para o negro pobre
Você em ao menos uma ocasião disse que o racismo é difícil de ser detectado em casos isolados, em ação, é tudo uma coisa invisível acontecendo e mantendo os negros na pobreza. Como você discerne que o racismo é mais forte contra o negro pobre do que contra o rico?
Um tal sistema de cotas sociais, na minha opinião, seria inócuo para com o racismo, que apesar de ser uma das causas da pobreza, a pobreza já não é a causa do racismo.
Então a causa do racismo é haverem poucos negros nas universidades?
O engraçado nessa história toda, que acaba passando despercebido, incrivelmente, é que aproximadamente 44% das pessoas no Brasil são mestiços. Esses acabam sendo negligenciados na conversa toda, que divide as pessoas apenas entre brancos e negros, quando há essa vasta quantidade de "área cinza" entre os dois. Até mesmo no simples debate informal as cotas acabam dividindo incorretamente, inutilmente, as pessoas em grupos cuja "essência" é irrelevante para a questão toda.