Nightstalker: realmente, o Dawkins faz generalizações grosseiras. Por outro lado, ele está certíssimo quando diz que tanto a interpretação do Quram, ou da Bíblia ou o que for do fundamentalista tem base tão sólida quanto a dos religiosos "liberais". Mais, até. Do ponto de vista da religião, são os liberais que estão errados.
Não da religião, Dr. Dos fundamentalistas. Apesar de toda a vontade que tem, eles definitivamente não tem autoridade para falar em nome da religião em si.
Da raligião sim. Não vamos reificar algo tão abstrato quanto um conjunto de crenças: a religião só pode ser entendida como "aquilo que é praticado pelos religiosos".
Precisamente; religião é a prática, não a crença. E, principalmente, não é a crença dos fundamentalistas, muito menos tem nestes a expressão mais pura.
Para o bem ou para o mal, se dependesse dos fundamentalistas as religiões mais antigas teriam uns duzentos anos de idade.
Da mesma forma que não faz sentido afirmar (hipoteticamente, claro ) "Todos os congressistas são corruptos, mas o Congresso não o é", não faz sentido tentar redimir os fundamentalistas pela suposta inocência da religião.
Não fiz isso. Fundamentalistas são uma praga, um instrumento da decadência. Mas são também um mal exemplo da religião, uma amostra viciada.
Estou perfeitamente ciente de que a religião não é inocente, e muitas vezes, pelo contrário, só consegue se corromper mais com a passagem do tempo. Ainda assim a sua meta é muitas vezes válida e sua capacidade de se purificar e corrigir seu rumo nem sempre falha.
Além disso, quando os próprios livros sagrados defendem o genocídio, a guerra e a misoginia, fica difícil defender as posturas dos crentes liberais.
Se você se refere a cristãos que preferem desconsiderar os absurdos da Bíblia, eu acho perfeitamente viável defender suas posturas. No mínimo eu não os acusaria de incoerência; para mim um bom cristão, assim como um bom filho, pelo menos TENTA se livrar dos absurdos que herdou para deixar a casa na qual teve origem mais em ordem.
Entendo, porém, o seu ponto de vista. Mas saiba que ele se refere a uma espécie de "ideal platônico" de religião, não ao que se encontra no mundo real.
No mundo real Francisco de Assis e Lutero se revoltam contra absurdos do Catolicismo, Shinram Shonim contra absurdos do Budismo japonês.
No mundo real, monges budistas escravizavam um povo inteiro,
O Tibete? Há mudanças vindo, ainda que certamente não da forma ou velocidade ideal. Acho um tanto exagerado chamar a servidão do povo tibetano de escravidão, de qualquer forma. A informação que tenho é naturalmente distante E suspeita, mas de qualquer forma nunca vi essa palavra ser usada para descrever tal situação antes.
hindús realizam ataques terroristas contra muçulmanos,
E santos hinduístas resolvem fazer alguma coisa a respeito.
e cristãos tomam parte em cruzadas.
E questionam depois a justiça e a sabedoria dessas aventuras.
Se o mundo está melhor hoje em dia, não é por causa de uma religião ou outra, mas devido ao surgimento de uma aldeia global, que permitiu a derrubada do tribalismo, do qual as religiões são algumas da maiores expressões.
Eu compartilho da sua simpatia pela aldeia global, bem como da desconfiança do que as religiões são na prática, mas ainda acho apressada essa declaração, principalmente porque é uma generalização um tanto exagerada. Principalmente ao chamar TODAS as religiões de expressões do tribalismo.