Pinker não é o porta-voz da Verdade Verdadeira Científica. Esses raciociniozinhos evolutivos qualquer um pode inventar. Mas por essa lógica, os homens não deveriam ligar tanto por serem estuprados por outros homens. Não estão "perdendo escolha de genes", e evitam confronto físico energeticamente dispendioso e potencialmente letal com um ou mais machos que estejam mesmo dispostos a estuprar. Daí poderia-se então prever que nem existiria o estupro masculino propriamente dito, que todos homens seriam na verdade, gays sempre receptivos sem seletividade para parceiros homens.
É a realidade? Não. Podemos inventar então alguns ad hocs para isso, talvez os estuprados tenham menor aptidão devido à diminuição do status social. Estuprados acabam tendo menos filhos e netos, logo a aversão genético-instintiva ao estupro é selecionada positivamente. O fato de ter sido estuprado significa subjugação, e material genético inferior para as mulheres; e/ou atrapalha os instintos femininos a enxergar o estuprado como um homem, porque o instinto dos rituais de acasalamento percebe que aqueles que tem o papel ativo na relação sexual é que são os homens, e então as mulheres evitam os indivíduos que tem o papel passivo, de forma a evitar desperdiçar energia em uma relação sexual inútil, talvez perdendo genes potencialmente melhores para uma outra competidora.
Isso é uma boa explicação, pois ao mesmo tempo faz do estupro por parte dos homens uma dupla ferramenta de aptidão: ao mesmo tempo que fecunda uma parcela de mulheres que não estariam dispostas a serem fecundadas, diminui a aptidão de outros indivíduos. Assim o estupro é perpetuado na espécie humana. E deve ser muito boa mesma essa estratégia, pois um terço dos estupros se dá contra vítimas que não são potenciais reprodutoras (idosos ou crianças, acho que de ambos os sexos).
Essa falta de precisão para o estupro reprodutivo talvez seja até evidência de ser uma adaptação que visa baixar o status dos outros homens, diminuindo sua aptidão; se o estupro se desse apenas com mulheres em fase reprodutiva, ironicamente não proporcionaria uma aptidão tão grande, pois estariam sendo desperdiçadas chances de baixar o status de outros potenciais machos reprodutores do grupo. Assim foi selecionada uma tendência ao estupro que é um tanto "cega" para quem são as vítimas.
Ao mesmo tempo, são explicadas as fantasias de estupro, que possivelmente são um instinto que visa um tipo de escolha inconsciente de genes que tragam essa vantagem adaptativa do estuprador, bem como diversos outros genes implícitos, como de capacidade física de subjugar vítimas, tanto outras mulheres, quanto homens, quanto idosos, quanto crianças.
E essa fantasia por sua vez pode ter originado os gays. Estes se beneficiam de grupos em que tenham estupradores, devido a essas outras características implícitas, ganhando aptidão de carona na suas irmãs estupradas ou eventualmente por eles mesmos, nos casos dos bissexuais. A aceitação voluntária da relação sexual sem resistência, de certa forma, descaracterizando o estupro, também é adaptativa, uma vez que evita lutas desnecessárias, e que, sendo entre dois homens, prejudicaria mais significativamente aquele que é o motor desse complexo genético-instintivo-adaptativo de grupo, o estuprador. Então, o gay não restindo ao estuprador, lhe confere maior aptidão do que em populações nas quais não houvessem gays, que exigiriam por sua vez estupradores num nível de força física que fosse dispendioso demais para conseguir persistir.
E o sadomasoquismo....
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Não lembro quem foi que disse, mas gostei da colocação. Alguém disse que muitas vezes falta psicologia na psicologia evolutiva. Eu acho que em muitos casos falta também a parte "evolutiva" até.