Entendo assim, sou ateu por uma questão ética. Porém a moral é teísta,
Simplificação excessiva. Mesmo no sentido de comportamento que vocês propõem, a moral é regida por muito mais coisas do que simplesmente a crença em Deus e suas consequências. Acho temerário inclusive dizer que a crença em Deus seja a mais forte influência sequer da moral tradicional da nossa cultura.
Claro que é uma simplificação excessiva. É a primeira frase do parágrafo. Foi apenas uma introdução, uma maneira de iniciar a minha abordagem sobre moral.
Mas não tem nada de temerário nisso, pare de ser medroso.

(sarcasmo)
a nossa sociedade impõe a crença em deus como questão ética.
Por isso o ateísmo é visto como imoral, por não corresponder a moral da sociedade. Porém temos uma divergência ética com a mesma, não consideramos a crença em deus como um atributo ligado a moral do indivíduo.
Essa não é uma divergência ética, e sim filosófica ou teológica. Uma divergência ética teria de ter valor ético, e a premissa que ambos partilhamos é exatamente a de que a crença em deus não tem tal valor no caso geral.
A ética, enquanto estudo da moral, é a discussão lógica dessas divergências. Por isso a ética ainda continua um dos ramos da filosofia. Teologia não tem nada a ver, é uma filosofia religiosa, de deus. Sou mais a ateologia.
Não compartilho exagemente de que deus não tem um valor ético. Compartilho que não deveria ter, de que o ateísmo não deveria ser mal visto na sociedade, exatamente por este princípio. Por isso o considero como um dos princípios do ateísmo. Mas isso não é uma realidade social, basta ver aquela pesquisa da revista veja, que coloca o ateu como última possibilidade, entre os estereótipos mais discriminados na sociedade. No contexto de discriminação religiosa, o ateu é simbolo dessa discriminação. Ou seja, para a sociedade, a crença em deus tem ainda muiiito valor.
A moral ateísta diverge nisso. E como questionamos a moral, entramos no campo da ética.
Não há uma moral ateísta. De fato, no sentido em que você usa a palavra, seria contraditório que houvesse.
O sentido que uso é diferente do seu. Para mim, erra separação entre moral e deus é preponderante do ateísmo, faz parte da moral ateísta. Na discussão filófica da ética, o ateísmo acrescenta muito a humanidade. E temos um exemplo histórico notório de ateu do bem, o barão de Holbach.
Ou seja, ao contrário do que o Luis comentou, ética seriam os princípios abstrados, e moral as atitudes concretas.
Essa divisão, como já disse, me parece artificial e acima de tudo obsoleta. Não se pode dividir os princípios das atitudes, principalmente porque uns e outros se retroalimentam constantemente.
Existem bases epistemológicas para essa divisão. A moral sem deus tem bases históricas e filosóficas, algo parecido com a abordagem da metodologia genealógica de Foucault.
Isso é dar importância excessiva à religião, Adriano. Ela sequer consegue ter uma moral unificada.
Aqui entra a validadade do conceito de religião como conjunto de crenças, e principalmente a crença em deus. Entendo que é sim um pouco simplista. Mas a moral relacionada a crença em deus é muito forte. E se encaixa bem nesse conceito.
Por isso que fica fácil distinguir religião de filosofia moral, do estudo da ética. Os filósofos naturalistas fizerem isso muito bem, sendo chamados até de filósofos profanos, em contradição ao sagrado.