Tentam vender uma imagem do povo japonês cono supra sumo da civilidade, consciência social e como exemplos de cultura avancada, mostram japonês aqui e ali catando lixim depois de jogo de futebol, empresários e executivos bancando os humildim varrendo rua e fazendo coisinhas desse tipo em outras situações como se fossem liçãozinha para o mundo mas a verdade é que o japonês é intolerante e tido historicamente como raça cruel e impiedosa.
O sistema penal e o tratamento que recebem pessoas investigadas no Japão é medieval, vide a forma como estão tratando o Carlos Ghosn. Agora vão reativar a caça comercial de baleias, com a desculpa absurda de "tradição". Não tem como um povo que aceita e promove esse tipo de coisa dar liçaozinha moral em ninguém.
Eu sou contra a caça às baleias (e golfinhos), mas mesmo no Japão existem ativistas que tentam acabar com isso, mas não é fácil:
Ativistas japoneses lutam contra a maré para salvar baleias e golfinhos
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Por Shaun O’Dwyer / Tradução de Alice Wehrle Gomide
JAPAO taiji protesto
Não é fácil ser um ativista japonês – especialmente se você está fazendo campanha contra a caça de baleias e golfinhos.
Basta perguntar a Takayo Yamaguchi, submetida a abuso online, ameaças de morte e ataques de hackers desde que ela começou sua campanha ‘tweetstorm‘ defendendo golfinhos na mídia social do Japão seis meses atrás. Ou à conservacionista veterana Sakae Hemmi, cofundadora da ELSA Nature Conservancy (organização pela conservação da natureza) em 1976, que foi questionada diversas vezes pela polícia desde que se envolveu no ativismo contra a caça de golfinhos em Taiji, na região de Wakayama. Ou a Junichi Sato e Toru Suzuki, dois ativistas do Greenpeace Japão condenados por invasão de propriedade e roubo em 2012 após apreenderem ilegalmente um pacote de carne de baleia postado por um funcionário do programa científico baleeiro japonês, o qual eles apresentaram como prova para as alegações de fraude dentro desse programa.
Frequentemente desconhecendo o trabalho desses ativistas, estrangeiros que se opõem à caça de baleias e golfinhos no Japão se perguntam por que há tão pouca crítica dentro do país. Algo deve ser dito sobre os obstáculos enfrentados pelos ativistas japoneses.
Antes de qualquer coisa, é difícil resistir ao nacionalismo em torno da caça aos cetáceos, sustentada por uma multidão de burocratas das Agências de Pesca, políticos, jornalistas, acadêmicos e pela Net Uyo (direitistas baseados em mídias sociais). Até mesmo os políticos dos partidos comunistas do Japão pediram a proteção das tradições baleeiras e da cultura culinária. Como Hemmi enfatizou para mim, no Japão a caça às baleias e golfinhos é “pesca legal”. E a atividade da pesca tem importância cultural e existencial; é considerada essencial para a segurança da comida japonesa e para sua identidade culinária, definida em parte como gyoshokubunka (cultura da culinária marítima).
Ressentimento acumulado contra décadas de criticismo estrangeiro; a convicção de que ativistas e governos estrangeiros estão ameaçando o essencial, se não largamente simbólico reduto da pesca japonesa (“quando a pesca baleeira acabar, a pesca de atum será a próxima!”); e a justificativa política atrás das atividades mais tradicionais que econômicas da caça à baleia no Japão baseiam-se em uma mentalidade profundamente arraigada de “nós contra eles”, defendida por burocratas ligados à indústria da pesca, autoridades políticas e comentaristas notórios. É caracterizada por afirmações estridentes de diferença cultural, com queixas de imperialismo cultural e porções liberais da tal difamação de “eco-terrorismo”.
As táticas às vezes até extremas das organizações ativistas estrangeiras e o racismo de alguns críticos de fora do país alimentam essa autodefinição defensiva. A maioria dos japoneses raramente come carne de golfinho ou baleia, mas eles simpatizam com as reclamações sobre estrangeiros arrogantes tentando impor seus valores no Japão.
Estes confrontos dificultam muito a vida dos ativistas. Hemmi me disse que eles “devem ter muito cuidado para não ser confundidos de qualquer forma com o Sea Shepherd”, o grupo militante contra a caça às baleias formado pelo ativista Paul Watson, que persegue os navios baleeiros nos mares do sul. Yamaguchi diz que outros japoneses perguntam por que ela não “protege o Japão dos ataques de ativistas estrangeiros”. Ela diz também que “insultar todo o público japonês (sobre a caça desenfreada de golfinhos na enseada de Taiji) está criando uma solidariedade pelos pescadores dessa região”.
Outro ativista veterano expressou consternação sobre a forma como o comportamento de ativistas estrangeiros é usado como desculpa “para o governo nos impedir de conversar com oficiais”, minando anos de lobby paciente para formar uma aliança com outras organizações de conservação.
Os ativistas japoneses estão longe de enfrentarem sozinhos a animosidade dos seus conterrâneos. Mesmo em lugares considerados uma fortaleza contra a caça às baleias como a Austrália, organizações ambientalistas e que lutam pelos direitos dos animais são frequentemente acusadas de serem “anti-australianas” e “extremistas” por pessoas defendendo os interesses da mineração e agropecuária.Ainda assim, essas organizações são capazes de se defender dessas críticas perante a opiniao pública, pois ao contrário de seus colegas japoneses, elas são comumente organizações sem fins lucrativos grandes, bem financiadas e bem-relacionadas.
Grandes doações e altos orçamentos permitem a contratação de uma numerosa equipe de profissionais especializados em recrutar, advogar e pressionar o governo; e através dessas atividades, tais organizações conseguem adquirir credibilidade e influência sobre políticos, grupos industriais, celebridades e a mídia. Campanhas inteligentes vinculadas na mídia permitem que eles influenciem diretamente a opinião pública.
O Greenpeace Austrália possuía 45 mil membros pagantes em 2013, 70 funcionários em tempo integral ou parcial, e um orçamento de 17 milhões de dólares australianos (1.5 trilhões de ienes). Animal Australia, uma das maiores organizações para o bem-estar animal no país, afirmou contar com 20 mil membros, 22 funcionários em tempo integral ou parcial, e um orçamento anual de 3 milhões de dólares australianos (278 milhões de ienes) em 2013.
Organizações ambientais e para o bem-estar animal no Japão são proporcionalmente menores. O Greenpeace Japão tinha, em 2013, 5 mil membros, 31 funcionários (jornada integral ou parcial), e um orçamento de 195 milhões de ienes. No mesmo ano, a Sociedade para Conservação da Natureza do Japão (Nature Conservation Society of Japan) tinha 25 funcionários em tempo integral, 15 mil membros e um orçamento de 254 milhões de ienes.
Organizações que trabalham em campanhas contra a caça de cetáceos são menores ainda, com somente um ou dois funcionários em tempo integral, ou até mesmo só alguns voluntários. E também existem pessoas como Tamaguchi, que trabalha com a campanha internacional Save the Blood Dolphins (algo como Salvem os Golfinhos Sangrando) para gerar conscientização sobre a situação crítica dos golfinhos em cativeiro.
Por que tamanha disparidade em escala e influência? Cientistas políticos que estudam o setor de ONGs no Japão frequentemente invocam o slogan de Confúcio do Período Edo “Kanson minpi” – “Reverencie os oficiais e inferiorize a massa” – para explicar a ideologia estatista do governo japonês moderno, o que limitou o crescimento das ONGs até recentemente.
Originada no fim do século 19 e adotada a partir de modelos europeus, esta ideologia coloca o estado firmemente no comando da modernização do Japão: Uma burocracia gerada por uma elite instruída que decidia as metas econômicas e sociais, enquanto a indústria e, principalmente o povo, deviam permanecer nos bancos de passageiros. Lá – para parafrasear o filósofo Masao Maruyama – as pessoas facilmente “cochilavam sobre seus direitos”. O estatismo japonês atingiu sua forma completa na era pós-1945.
O estado tradicionalmente proporcionava espaço limitado para grupos da sociedade civil, como os cientistas políticos Keiko Hirata e Robert Pekannen explicaram; esses grupos eram idealmente pequenos, localizados e cooperativos com o governo. Grupos ativistas não se encaixam nessa fórmula facilmente. Apesar dos movimentos ambientalistas terem se desenvolvido nos anos 60 e 70, eles se focavam em causas isoladas e seu encanto foi diminuindo, já que a maioria dos japoneses aceitavam as prioridades do governo sobre o crescimento econômico e aumento de poder aquisitivo.
Entretanto, após o terremoto Kobe em 1995, houve uma explosão de apoio público ao voluntariado, justamente quando a fé na competência dos burocratas estava caindo. A pressão do povo levou à aprovação de uma lei para ONGs em 1998, que substancialmente diminuiu a exigência financeira para o registro de uma organização não governamental, estabeleceu amplos critérios para organizações poderem realizar o registro, e simplificou a supervisão burocrática.
Desde os desastres ocorridos em Tohoku no dia 11 de março de 2011, as ONGs devidamente registradas realmente tem conseguido andar com os próprios pés (incluindo a ONG que este autor é co-diretor). Entretanto, as organizações ativistas ainda enfrentam o preconceito do estado e o viés burocrático, especialmente quando estão envolvidas com delicados assuntos nacionais, como a caça à baleia e aos golfinhos – como o Greenpeace Japão veio a descobrir na prática.
Muitas dessas organizações evitam o registro como ONG, apesar do status nas arrecadações de fundos, o aumento do prestígio e (às vezes) a dedução de impostos que isso proporciona. Desde 2012, o Greenpeace Japão está registrada como “associação geral incorporada”. Este, Junichi Sato me disse, é um “status legal com muito mais flexibilidade”, o que também satisfaz o desejo do Greenpeace em “ser independente das influências de autoridade”.
Hemmi disse que a ELSA não solicitou registro de ONG porque não queria ser submetida às regulamentações burocráticas. Outros ativistas disseram que o registro era muito complicado, ou que os grupos japoneses que realizam campanha contra a caça aos cetáceos são frequentemente muito pequenos e divididos pela rivalidade faccionária para se qualificarem ao registro de ONG.
Leitores céticos devem pensar que não existe nada de errado com essa situação. Grandes ONGs, com muito dinheiro, podem ter uma influência distorcida na política do governo, completamente fora de proporção às suas bases de filiação. Afinal, a Associação Nacional do Rifle nos EUA (America’s National Rifle Association) também é uma ONG! E se os ativistas japoneses contra a caça às baleias e golfinhos não conseguem mudar a mente dos seus conterrâneos, então que assim seja.
Há outra visão, entretanto, que vê as organizações ativistas como uma oposição potencialmente poderosa, mas leal, se opondo à enorme influência da Agência de Pesca do Japão e do nacionalismo baleeiro que ditam a política, a diplomacia e a opinião pública sobre a indústria da baleia e a caça aos golfinhos.
Com esse papel, esses grupos poderiam fazer os japoneses começarem a notar os problemas com transparência, resíduo e credibilidade científica no programa de “pesquisa baleeira”, levantar questões sobre a contaminação de mercúrio na carne cetácea e promover alternativas econômicas para as decadentes cidades pesqueiras envolvidas na caça de baleias e golfinhos.
Mas principalmente, eles poderiam mobilizar o público a distanciar a Agência de Pesca do Japão e seus aliados políticos do nacionalismo baleeiro, e aproximar ao comprometimento proativo da conservação pesqueira, seja em rios ou nos grandes mares, em colaboração com outros governos e ONGs.
“Para mim, proteger golfinhos significa proteger o oceano; e proteger o oceano significa proteger à gente”, diz Yamaguchi, resumindo sua visão holística. “Não é somente porque os golfinhos são bonitos”.
Para alcançarem esses objetivos, e se fazerem ouvir acima dos confrontos entre o governo japonês e as organizações ativistas estrangeiras, os grupos ativistas japoneses precisarão se unir e conseguir mais dinheiro, porte e influência nacional e internacional. Os ativistas estrangeiros deveriam reduzir sua abordagem confrontacional e, ao invés disso, fornecer mais recursos, conselhos e apoio moral aos ativistas japoneses.
(Shaun O’Dwyer é professor na Escola de Estudos Japoneses Global, na Universidade de Meiji, e co-diretor da ONG It’s Not Just Mud – Não é Só Lama. A sua agenda estrangeira oferece um fórum para opiniões de questões relacionadas à vida no Japão)
Fonte: Japan Times
https://olharanimal.org/ativistas-japoneses-lutam-contra-a-mare-para-salvar-baleias-e-golfinhos/