Em uma comparação mal feita, os protobiontes seriam gotas d'água que não se diluem nem se unem ao resto do oceano, e que para manter esta individualização, "respiram" oxigênio ou gás carbônico.
Não creio que isso possa ser chamado de vida. Eles não se reproduzem, como o próprio texto diz, e isto é indispensável para a caracterização de um ser vivo, conforme é estabelecido no início do texto citado.
Eu sei, né? Mas se parar para pensar, vai acabar vendo a possibilidade de que um de milhões de protobiontes poderiam ter adquirido a abilidade de se multiplicar e, portanto, ser o
ser primordial.
Pensa bem: a única coisa que os distinguia de um ser vivo era a reprodução. Bastava surgir 1 (um) com essa característica para surgir a vida. E provavelmente foi o que aconteceu.
Acho mais fácil um protobionte virar um ser vivo do que existir um deus que tenha criado o universo.
E a parte final da terceira afirmação é falaciosa. Um ser que não vive passaria a ser selecionado em razão de quanto tempo mantém sua estrutura? De que adianta selecionar bolhas de água que dependem do ar para não se misturar? Isso, a meu ver, produz tanta vida quanto selecionar-se o grão de areia que é mais bonito, duro ou refletor de luz, e esperar que a partir daí surja a vida.
A menos que eu tenha entendido mal o que seja na prática um exemplo de protobionte (e nesse caso solicito que me seja aclarado), esta teoria não prova o que mais importa, que é especificamente a geração, o início da vida.
Eu não te culpo se achar alguma informação suspeita. Como dá para perceber, não se sabe muito sobre como a vida surgiu. Mas há de convir que há uma teoria com o pé no chão e que ela não depende nem um tiquinho da existência de um deus.
Pra deixar um pouco mais claro:
Protobiontes são coacervados que adquiriram características mais complexas, semelhante aos seres unicelulares (ir atrás de comida, digerir proteínas, etc) mas sem a capacidade de se reproduzir. Eles não se locomovem ainda, mas vivem em um meio cheio de proteínas que eles conseguem pegar através de suas membranas.
Coacervado é um "ser" que possui uma membrana e que consegue fazer reações químicas dentro de sí mesmo. Não possui locomoção nenhuma, claro. É um "ser" tão simples que já foi avistado em soluções salinas em projetos de escola.
Como disse, reconheço que sou simplista a atribuir a Deus o que não entendo. Da mesma forma que não concebo o modelo do Big Bang (o que havia antes?), também não concebo o modelo de Deus (o que havia antes?). Neste caso, crer em Deus faz tanto sentido quanto crer no Big Bang. Portanto, não aceito nem elimino nenhum.
Se fosse assim, você estaria se dizendo ateu. Se você não se diz ateu é porque considera a hipótese de Deus como provável.
Querendo ou não, a isenção da idéia o leva a um "agnosticismo ateísta". Pra cogitar Deus, precisa-se fazer várias assunções:
- Que existe um ser por traz do universo
- Que esse ser é inteligente
- Que ele criou o universo de propósito
- Que ele criou o universo com um propósito
- Que ele tem poderes nesse universo
- Que ele pode criar ou alterar as leis da Física
Isso faz com que a hipótese de Deus não seja uma hipótese neutra: há concepções que precisam ser aceitas para se considerar a hipótese, e se elas não são demonstradas por fatos acabam simplismente mostrando que é uma crença.
Talvez você não acredite em tudo. Eu acho que vi você falar que acredita em uma inteligência por trás do universo. Isso não caracterizaria necessariamente um Deus, mas precisaria ser demonstrado de qualquer forma pois coloca na jogada algo que não é previsto em lugar nenhum.
Acredito no radicalmente contrário; caso Deus existisse, de alguma forma ele seria relevante. Nem que seja para saber o porquê das coisas serem como são. E responder de forma cabal, já que ele saberia como se deu o início.
Todo ateu pensa isso. Deus seria bem mais evidente caso existisse, pois vários fatos dependeriam dele para serem explicados.
De outro lado, não existindo é igualmente relevante. Mas daí só resta a ciência para explicar o porquê das coisas serem como são. E então nunca saberemos o que ocorreu no início.
Há de se convir que a ciência não é como a religião e não traz a verdade suprema. As respostas da ciência são limitadas e dependem sempre de mais estudos.
Como deve ter percebido, estudos sobre a origem da vida e sobre a origem do universo tem bastante limitações. Ainda há muito para se aprender sobre esses assuntos. Mas já dá pra saber o suficiente que não há um Deus e que fenômenos como o Big bang e a abiogênese fazem parte da natureza e podem até ser comuns.
Não crer em Deus e pronto é tão válido quanto crer em Deus e pronto.
Quem dera fosse tão fácil… Só como analogia, você acha que crer em fadas é tão válido quanto não crer em fadas? Acha que crer em duendes tem a mesma relevância que não crer em duendes? Eu acho que não.
Crença implica em dizer que algo existe. Se isso não é corrobado por fatos, então não importa o quanto a idéia parece ser atrativa: é mentira.
Ateísmo tem mais relevância que o teísmo porque ela simplismente alega que Deus não existe e que é necessário provar que ele existe para se dar ao trabalho de considerar a hipótese, assim como é com as fadas e os duendes. Crer em algo que não existe é perda de tempo e pode envolver coisas mais sérias.
Ambos entendimentos exigem um exercício de auto-convencimento, descartando-se todas as dúvidas que às vezes, até se mostram convincentes nos dois lados.
Auto-convencimento? Você precisou se auto-convencer de que não existe Papai Noel por acaso? Ou chegou a uma conclusão lógica?
Se não há nada que nos mostre que existe um Deus, então a coisa mais sensata a se fazer é não considerar sua hipótese como verdadeira. Isso não é questão de fé.
Creio que os dois argumentos que expus no início do tópico são suficientes para ao menos no momento em que vivemos, e no nosso grau de entendimento sobre as coisas, eu não fechar a janela totalmente. E só para concluir neste aspecto: possuo muito mais atração pelo ateísmo do que pelo teísmo.
Deu pra notar. Mas acho que está dando crédito demais à hipótese divina. Também acho que você devia se dizer ateu se não acredita em Deus. Ateísmo não é aquilo que diz "não importa o que aconteça, não existe Deus". Se aparecer algo que mostre que ele pode existir, não há nada de errado em mudar de idéia: é até desejável.
Assim, não vejo outra alternativa que não seja a dúvida.
Ninguém aqui é dono da verdade. Dúvida sempre existe. Isso não me faz menos ateu ou menos cético, mas sim menos fundamentalista.