A afirmação foi bem genérica. Nela, fica óbvio que eu sugiro que isso possa ter acontecido no caso desse paper. É, também, óbvio que eu não terei evidência concreta pra dizer com certeza que foi o caso deste trabalho. Ninguém vai dizer abertamente em público os motivos de uma publicação um tanto precipitada. O que eu quis dizer foi: uma publicação que apresente resultados "esperados" ajuda a manter o financiamento de pesquisas futuras relacionadas ao tema. Isso geralmente é verdade e faz com que alguns trabalhos sejam publicado às pressas.
Eu entendi isso, só acho que nesse caso em particular, apesar da inevitável pressão pelo financiamento, havia evidências suficientes,
para quem é partidário da matéria escura, para fazer esse tipo de afirmação. Não dá também pra esperar que todos os trabalhos sempre sejam cautelosos e abordem os dois lados da questão... do mesmo jeito que não se pode esperar que alguém que prefira teorias de gravidade modificada assuma também a possibilidade de existência da matéria escura em todos os trabalhos que publica. Alguma ousadia é saudável, e mesmo inevitável, na hora de publicar. Do contrário ainda estaríamos discutindo a existência do éter,do flogisto e por aí vai...
Então vamos fazer o seguinte, já que não dá mesmo pra discutir esse tipo de coisas, vamos nos ater a dicutir modelos e observações, pro debate fluir melhor, que tal?

Se as características da matéria escura foram descobertas, então assume-se que a matéria escura foi descoberta. Lembro que anos atrás eu havia encontrado alguns trabalhos que afirmavam a certeza da existência da matéria escura. Enfim, pesquise que talvez vc ache.
Aí é que está a frase com a qual eu não concordo... a "descoberta de características" não é equivalente à observação. Da mesma forma que "descobriram características" de partículas como o neutrino, ou o quark, através da teoria, mas ainda assim elas tiveram de ser encontradas em aceleradores pra se confirmar sua exsitência, apesar da previsão teórica de suas propriedades.
O trabalho em particular foi o primeiro, que eu saiba, a afirmar ter observado um efeito direto da matéria escura em meio intergalático.
Não foi espantalho. Eu me referi a sua pergunta:
"E o que, senão a matéria escura, estaria causando aquele efeito particular de lente gravitacional, uma vez que fica claro da imagem que não apenas a matéria normal está concentrada "no meio" da imagem, como ela se encontra em quantidade muito menor do que a necessária para causar aquele tipo de efeito?"
Nela vc assume que se pode tirar a conclusão de que a matéria escura está presente somente olhando a imagem.
É, realmente eu exagerei na conclusão ali... de qualquer maneira, na resposta, eu me referia ao artigo... os pesquisadores não tiraram a conclusão deles "apenas olhando a foto", eles explicaram o porque da conclusão.
Preste atenção: vc citou um artigo do Clowe et al. (2006).
Não, eu citei dois:
http://arxiv.org/PS_cache/astro-ph/pdf/0608/0608407v1.pdf
http://arxiv.org/PS_cache/astro-ph/pdf/0608/0608408v1.pdf
Os artigos tem alguns autores em comum, mas há dois artigos de fato:
A direct empirical proof of the existence
of Dark Matter e
Strong and Weak lensing united III:Measuring the mass distribution of the merging galaxy cluster 1E0657-56Não achei o "outro artigo" que "corrobora as afirmações do primeiro", como vc diz.
Strong and Weak lensing united III:Measuring the mass distribution of the merging galaxy cluster 1E0657-56Os outros dois textos foram:
http://chandra.harvard.edu/chronicle/0306/devil/
http://chandra.harvard.edu/press/06_releases/press_082106.html
Que são do mesmo lugar e foram publicados no mesmo dia. E o conteúdo foi escrito para um público mais geral sobre o conteúdo técnico que está no artigo do Clowe et al. (2006).
Eu sei que são para um público mais geral. Citei-os em consideração a muitos dos interessados nesse assunto, não só aqui no tópico, mas no CC como um todo, que não tem o treinamento para ler um artigo técnico (de fato, eu também não, ainda não me formei bacharel e leio mais de curioso, mas chego lá), e não como parte fundamental da argumentação. O mesmo motivo pelo qual antes citei posts do Cosmic Variance.
Concordo. E vc não pode afirmar que a matéria escura foi detectada de fato. Existe um trabalho de caras da NASA que diz isso, e só. Outros já demonstraram que há outras explicações para os mesmos dados.
Demonstrar que há outras explicações é interessante, e importante, resta agora realizar testes exclusivos para essas outras explicações.
De todo o modo, pelo menos o pessoal da matéria escura está procurando por ela. Não sei de, ou pelo menos não conheço, observações que evidenciem a favor das teorias de gravidade modificada.
Gostaria mesmo de poder me informar mais a respeito, mas entre um curso de Física, uma Iniciação Científica e meu emprego às vezes fica difícil ler de tudo sobre este assunto assunto em particular, até porque tem outros assuntos que gosto de acompanhar.
Sim, há teorias que unem as duas coisas.
Por isso mesmo que nunca disse que coisa alguma acabou. Mesmo que uma verificação direta da matéria escura fosse feita, isso por si só não significaria que as teorias de gravidade modificada estariam necessariamente erradas.
Mas como disse antes, gostaria de ver alguma observação ou teste que forncesse mais indícios das teorias de gravidade modificada.
No final das contas, os trabalhos são analisados pelos seus méritos. O que eu falei foi pra chamar a atenção pra essas coisas, pois muitos desconhecem. A NASA sofre pressão do governo para justificar seus gastos com Cosmologia. Isso é evidente, pois o dinheiro é do governo. Imagine só o que aconteceria, por exemplo, se pesquisadores da NASA publicassem : "descartamos agora a hipótese de matéria escura"? ou "o Big-Bang nunca aconteceu"? E o dinheiro que foi gasto anteriormente? Qual seria a reação do governo, das pessoas? Enfim, as coisas na prática não são tão frias quanto pensamos. Agora, de novo: o que está publicado está publicado e deve ser analisado pelos seus méritos. De forma alguma eu quis usar os comentários acima como argumento contra o conteúdo do trabalho de Clowe et al. (2006).
Por isso, reitero: vamos deixar de lado a discussão dos interesses por trás das publicações e discutir as observações e modelos.