Autor Tópico: O problema mente-corpo  (Lida 11167 vezes)

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Offline Adriano

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #25 Online: 27 de Março de 2008, 18:25:07 »
Tanto é que a filosofia da mente de Danniel Dennett surte muito resultado na área de inteligência artificial e suas inúmeras aplicações tecnológicas. É o futuro. O que isso traz é uma abordagem de máquinas superando os seres humanos. Tente a essa linha sempre. Basta lembrar da trama principal de matrix.

Outra coisa é que o livro que inspirou o filme Matrix é base para a epistemologia da ciência da informação, dentro do estilo cyber punk.
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Offline trig

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #26 Online: 27 de Março de 2008, 18:51:15 »
no creo. Penso que Dennett tem uma visão invertida da mente. Ele pressupõe que a consciencia resulta da linguagem... é uma coisa de altissimo nível. Outros acham que a base é a sensação (baixo nível) como o psicologo Nicholas Humphrey. Outros dizem que existe num nível intermédio entre a linguagem e a sensação. Seja como for, no cognitivismo é importante o conceito de programa, que é intermédio. John Serle, acha que falar em programa é supérfluo. Basta o cérebro que gera a mente... e a mente que (como propriedade emergente) se realiza no cérebro. Conceitos como processamento de informação... tipo computador digital manipulador de simbolos... input-output... não permite coisas como semantica. É simples lógica. Manipulação de simbolos (processamento) é uma coisa sintática. E desde platão que se sabe que isso não chega para gerar a semantica... ou significado ou intencionalidade... que é fundamental para se ser esperto... para ter amplitude lógica em vez de ser como o Deep Blue... com enorme profundidade lógica mas sem capacidade para jogar outra coisa qualquer que não o xadrez. Uma abordagem melhor´, talvez seja a de Rodney Brooks, que acha que uma mente tem de evoluir e aprender com o meio. E não ter um programa... processar sintáticamente simbolos.

Offline Adriano

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #27 Online: 27 de Março de 2008, 19:01:09 »
Por isso sempre faço uma evocação do trabalho de Noan Chonsk sobre a linguagem. Este aprofunda a teoria generativa da linguagem, atribuindo a biologia neuronal humana a capacidade linguística e de recursividade, tão cara aos sistemas informacionais.

Me parece que está de acordo com o que está dizendo, não?
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Offline Moro

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #28 Online: 27 de Março de 2008, 22:02:36 »
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Mas, por exemplo, digamos que em vez de estarmos falando de um cérebro, estivéssemos falando de um chip, de uma placa de circuito integrado de um carrinho de controle remoto capaz de andar por um ambiente qualquer sem trombar nas paredes. Esse carrinho está tendo experiências subjetivas mais ou menos da mesma forma que nós? Será que ele "vê" as informações óticas como nós vemos, ou apenas reage "mecânicamente" à essas informações visais, sem a necessidade de supor que ele esteja de certa forma "assistindo" a essas imagens? Será que o computador de alguma forma "sente" cada tecla pressionada de uma forma que não temos exatamente um análogo, como um outro sentido, ou será que é mais como um "carimbo", em que não achamos que, seja o papel, ou o carimbo, está sentindo qualquer coisa?

Não temos uma questão aqui. Máquinas não tem "experiências subjetivas". Mesmo com a IA. A IA pode criar a percepção de inteligência para um observador, mas não reproduz para isso o funcionamento do cérebro. Mecanismos completamente distintos. A interpretação dada pelo carrinho a cadeira tem qualquer escopo OBJETIVO que possa ser programado: Desvie, conte, limpe. Quando vemos uma cadeira, o escopo com que a interpretamos é infinito. Técnicas de IA, apesar de todas as lendas sobre isso, tem um escopo em evolução mas matematicamente definido.

Citar
Geralmente tendemos achar que não, para ambas as situações que não envolvem cérebros orgânicos como "observadores", mas realmente não temos muito como saber

Temos sim. a resposta é não.

Citar
Afinal, no que essas coisas diferem tanto dos sistemas nervosos mais simples, que se supõe terem alguma forma de experiência subjetiva? Meio que ambos são "computadores", circuitos eletrétricos ou eletroquímicos, mudam um pouco os materiais. É difícil então dizer o que é que causaria a consciência ou não. Seria a atividade elétrica nessas coisas, reagindo de acordo com "inputs" ambientais? Talvez isso nos leve a admitir algum tipo de experiência subjetiva para quase tudo que é material. Talvez uma calculadora tenha seu nível de experiência, talvez um led ligado a uma pilha tenha o seu, e daí é difícil dizer que tipo de sistema material não teria o seu.

Aqui temos uma questão interessante.
A questão da consciência, moralidade, raciocínio, conhecimento, isso são interpretações usuais mas arbitrarias de um processo desconhecido.
Aí tomamos essas interpretações como expressão da verdade e martelamos uma história que case com esses conceitos que inventamos, incluindo a eventual ordem de seu aparecimento. Minha consciência apareceu antes do raciocínio? Adorei o termo trapalhada semântica. Me parece isso mesmo.


Citar
Ao mesmo tempo isso não parece nada crível, apesar de termos vindo de uma suposição mais ou menos aceitável (eu acho), dos outros organismos também terem qualia.

Citar
para esses fluxos de informações seja algo mais ou menos "especial", a única coisa capaz de gerar qualia, que nem sabemos o que é!

Não se preocupe. Não quer dizer nada mesmo.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Moro

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #29 Online: 27 de Março de 2008, 22:34:01 »
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É bom base nas teorias desse pesquisador que devenvolvo as minhas experimentações projetivas, comprovando de maneira inequívoca esta realidade.

Adriano, você acaba de ganhar 1 milhão de verdinhas.

Se inscreva em http://www.randi.org/ e leve o prêmio.






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Offline FZapp

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #30 Online: 29 de Março de 2008, 19:14:08 »
Citação de: Buckaroo Banzai
(sobre circuitos vs. cérebros)Meio que ambos são "computadores", circuitos eletrétricos ou eletroquímicos, mudam um pouco os materiais. É difícil então dizer o que é que causaria a consciência ou não.

Vou tentar explicar como eu vejo isto:

-> cérebros se diferenciam de circuitos elétricos no momento em que, para preservar a integridade do corpo, o sistema nervoso reconhece o corpo como sua 'identidade'. Foi um invento do cérebro para reconhecer o que deve ser preservado e verificado, como boca, mãos, costas, etc.

-> Nos computadores existem procedimentos para incialização de drivers e periféricos que garantem que o 'cérebro' central recohece esses periféricos. Porém ele foi programado para reconhecer periféricos, e não para assumir uma personalidade. Esta invenção artificial de reconhecimento de periféricos é diferente de uma personalidade, que foi o recurso mental que cérebros avançados encontraram para saber melhor preservar sua integridade.

Ou seja, a consciência foi uma invenção de cérebros o suficientemente complexos para reconhecer o corpo como ele mesmo e assim preservá-lo, identificá-lo, manipulá-lo melhor. E por isso considero a consciência uma caracteristica não só humana mas de muitos animais, inclusive não somente mamíferos, embora o comportamento dos mamíferos se pareça mais conosco e então saibamos melhor reconhecer as atitudes de uma personalidade em outros mamíferos (alguém leu aqui o livro de Darwin 'A expressão das emoções no homem e nos animais' ?).

Como acontece com outras caracteristicas em qualquer espécie, a consciência no ser humano foi reutilizada, passou a tomar um papel fundamental na construção de uma sociedade baseada nos individuos complexos e sua interação, utilizando ao máximo seus recursos, embora o comportamento humano tenha características reconhecíveis em qualquer outro primata.

Isto me lembra que Peter Gabriel (sim, eu sou fã) fez uma música recentemente com a ajuda de chimpanzés. Não conheço gravação em estúdio mas ele toca essa música ao vivo no DVD da turnê do seu disco Up de 2003.

Isto é, expressões artísticas, que é uma das características que pode demonstrar uma consciência, estão presentes em outros animais. E mesmo que não vejamos na natureza chimpanzés pintando quadros, podemos inferir que possam fazê-los a partir das emoções que já expressam.

Buckaroo, você que é biólogo se não estou enganado, não sente um cheiro antropocêntrico nas discussões sobre consciência e/ou inteligência ? Cada vez que pergunto ao interlocutor o que considera consciência ou inteligência, não há características que não reconheça em outros animais.

--
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Offline FZapp

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #31 Online: 29 de Março de 2008, 19:15:32 »
Outra coisa é que o livro que inspirou o filme Matrix é base para a epistemologia da ciência da informação, dentro do estilo cyber punk.

Menos, Adriano, menos... 'Matrix' é uma ficção e não é referência para sistemas da informação, a não ser para os entusiastas da ciência-ficção.
--
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Offline HSette

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #32 Online: 29 de Março de 2008, 19:27:45 »
Um artigo do Drauzio Varela, na Folha de hoje:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u387062.shtml

Citar
Macacos intelectuais
DRAUZIO VARELLA
da Folha de S.Paulo

(...)
Babuínos estabelecem hierarquias de comando e organizam estruturas sociais bastante complexas. Chimpanzés, gorilas e orangotangos vivem em comunidades com traços culturais tão singulares que os primatologistas identificam a origem geográfica de determinado indivíduo com base no uso de ferramentas para quebrar cascas de frutos ou na preparação de gravetos para caçar cupins nos ocos das árvores.
A partir dos estudos realizados com primatas não-humanos, publicados nos anos 60, a defesa dogmática de que a inteligência seria dom exclusivo do Homo sapiens tornou-se insustentável.

Entender a inteligência de que tanto nos orgulhamos como resultado de milhões de anos de seleção natural obedece à lógica evolutiva, visto que a evolução não cria características especiais para favorecer ou prejudicar nenhuma espécie. Como atestam os dinossauros, a natureza é madrasta impiedosa.

De onde emergiu a consciência humana?
A resposta é bem simples: da consciência dos animais.
Não há justificativa para considerá-la propriedade exclusiva da espécie humana, respondeu Ernst Mayr, o biólogo mais influente do século passado.

(...)
Como explicar que uma espécie de primatas nascida há 5 milhões de anos apenas nos últimos 50 mil anos tenha aprendido a desenhar em cavernas, criado rituais para enterrar os mortos, a agricultura e as inovações tecnológicas que levaram o homem à Lua?

Que processos adaptativos possibilitaram esse salto evolutivo que nos tirou do estágio pré-simbólico, abrindo as portas para o universo de símbolos característico das culturas contemporâneas?
Segundo o neurologista Daniele Riva, o substrato neurobiológico que precedeu esse salto é desconhecido. O domínio do instrumental simbólico foi mediado pela linguagem, responsável pela reorganização da mente, da consciência e do mundo social, fenômenos a partir dos quais emergiram valores culturais diversificados e inovadores.

(...)
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"Por quê?"
"Porque não estou vendo ele!"

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Offline Adriano

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #33 Online: 29 de Março de 2008, 19:42:50 »
Outra coisa é que o livro que inspirou o filme Matrix é base para a epistemologia da ciência da informação, dentro do estilo cyber punk.

Menos, Adriano, menos... 'Matrix' é uma ficção e não é referência para sistemas da informação, a não ser para os entusiastas da ciência-ficção.
Não é Matrix e sim o livro no qual eles se basearam. Tenho referência acadêmicas para tal afirmação.



Foi a primeira vez que surgiram muitos dos termos usados na ciência da informação.  :wink:
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Offline Dodo

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #34 Online: 29 de Março de 2008, 23:57:57 »
Outra coisa é que o livro que inspirou o filme Matrix é base para a epistemologia da ciência da informação, dentro do estilo cyber punk.

Menos, Adriano, menos... 'Matrix' é uma ficção e não é referência para sistemas da informação, a não ser para os entusiastas da ciência-ficção.
Não é Matrix e sim o livro no qual eles se basearam. Tenho referência acadêmicas para tal afirmação.

Foi a primeira vez que surgiram muitos dos termos usados na ciência da informação.  :wink:

Mas o fato de um romance popularizar alguns termos não significa que ele criou os mesmos, pode ser que a tecnologia até já existisse ou houvesse base téorica para ela, o livro apenas lhe deu um nome.
Gostaria de ver suas referências.
Não estou duvidando, mas encontrei uma animação japonesa, muito parecida com a trilogia Matrix e também me interesso por tecnologia da informação.
« Última modificação: 30 de Março de 2008, 00:01:32 por Dodo »
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Offline Adriano

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #35 Online: 30 de Março de 2008, 00:40:52 »
Outra coisa é que o livro que inspirou o filme Matrix é base para a epistemologia da ciência da informação, dentro do estilo cyber punk.

Menos, Adriano, menos... 'Matrix' é uma ficção e não é referência para sistemas da informação, a não ser para os entusiastas da ciência-ficção.
Não é Matrix e sim o livro no qual eles se basearam. Tenho referência acadêmicas para tal afirmação.

Foi a primeira vez que surgiram muitos dos termos usados na ciência da informação.  :wink:

Mas o fato de um romance popularizar alguns termos não significa que ele criou os mesmos, pode ser que a tecnologia até já existisse ou houvesse base téorica para ela, o livro apenas lhe deu um nome.
Gostaria de ver suas referências.
Não estou duvidando, mas encontrei uma animação japonesa, muito parecida com a trilogia Matrix e também me interesso por tecnologia da informação.
Esse é um bom texto sobre a origem do termo ciberespaço. http://www.dgz.org.br/jun07/Art_03.htm

Mas é isso mesmo que disse, foi no romance que a questão foi melhor elaborada, assim como já haviam escritos econômicos antes de Adam Smith e mesmo assim este é considerado o pai da economia.
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Offline Dodo

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #36 Online: 30 de Março de 2008, 01:51:46 »
Obrigado, Adriano. A propósito, se interessar, o nome da animação japonesa é este: Ghost in the shell.
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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #37 Online: 30 de Março de 2008, 09:59:55 »

Citar
(...)assim como já haviam escritos econômicos antes de Adam Smith e mesmo assim este é considerado o pai da economia.

Mas Adam Smith não escreveu um romance econômico. E além de resumir os seus antecessores, elaborou teorias econômicas, então a comparação não é lá muito válida.

Tudo bem que muitos dos atuais programadores não lêem ficção científica, mas questões de inteligência artificial aparecem desde a década de 50 ! Você leu 'Ciberíada' de Stanislaw Lem, onde dois robôs consertam robôs que administram as mais diversas funções dos mais variados planetas, todos eles administrados por robôs ? (Inclusive numa delas um supercomputador metido abesta é enganado num paradoxo para que pare de atormentar o seu povo)

Por outro lado, se as teorias da informação precisassem de ciencia-ficção para algoritmos de auto-aprendizado, Philip K Dick seria o nosso herói :)
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Offline Adriano

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #38 Online: 30 de Março de 2008, 10:14:19 »

Citar
(...)assim como já haviam escritos econômicos antes de Adam Smith e mesmo assim este é considerado o pai da economia.

Mas Adam Smith não escreveu um romance econômico. E além de resumir os seus antecessores, elaborou teorias econômicas, então a comparação não é lá muito válida.
A sua conclusão não me satisfaz. Mantenho a fala sobre a economia antes de Adam Smith, com os fisiocratas principalmente, médicos que escreviam sobre a economia comparando a sociedade a um organismo humano. Smith se inspirou muito nisso.

Se quiser discutir HPE (história do pensamento econômico) vou adorar, era uma das minhas matérias preferidas na faculdade.

Ecomia ainda é o meu grande interessece. Porém a economia da informação reúne as duas abordagens em um certo grau. Esse é o meu foco de pesquisa, por isso o interesse também no mercado de jogos eletrônicos e da chamada economia criativa.
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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #39 Online: 30 de Março de 2008, 10:48:39 »
Estou dizendo que a comparação não é válida, não se Adam Smith usava cuecas de amianto ou comia brócolis cozidos.
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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #40 Online: 30 de Março de 2008, 12:27:31 »
Estou dizendo que a comparação não é válida, não se Adam Smith usava cuecas de amianto ou comia brócolis cozidos.
E eu mantenho a minha fala de que é valida e reiteiro que entendia a sua. Ok?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #41 Online: 26 de Abril de 2008, 13:35:15 »
Ops, não tinha visto ainda essa mensagem.

Citação de: Buckaroo Banzai
(sobre circuitos vs. cérebros)Meio que ambos são "computadores", circuitos eletrétricos ou eletroquímicos, mudam um pouco os materiais. É difícil então dizer o que é que causaria a consciência ou não.

Vou tentar explicar como eu vejo isto:

-> cérebros se diferenciam de circuitos elétricos no momento em que, para preservar a integridade do corpo, o sistema nervoso reconhece o corpo como sua 'identidade'. Foi um invento do cérebro para reconhecer o que deve ser preservado e verificado, como boca, mãos, costas, etc.

-> Nos computadores existem procedimentos para incialização de drivers e periféricos que garantem que o 'cérebro' central recohece esses periféricos. Porém ele foi programado para reconhecer periféricos, e não para assumir uma personalidade. Esta invenção artificial de reconhecimento de periféricos é diferente de uma personalidade, que foi o recurso mental que cérebros avançados encontraram para saber melhor preservar sua integridade.

Ou seja, a consciência foi uma invenção de cérebros o suficientemente complexos para reconhecer o corpo como ele mesmo e assim preservá-lo, identificá-lo, manipulá-lo melhor.

O problema é que "consciência" tem vários significados, esse é um deles, e concordo plenamente até aí.

Mas o "problema difícil" da consciência não se refere a isso, que é quase "trivial", perfeitamente explicável por essa analogia que você fez, mas nos qualia, na experiência subjetiva.

Será que se programassemos um robô/computador para ter uma personalidade, ele teria qualia? Sim, ele poderia ser programado para dizer que vê a vermelhidão do vermelho. Mas isso seria diferente, em termos de qualia presumidos, de um sino amarrado a uma balança batendo como "modo de dizer" da balança+sino que "sente" o peso de algo que é colocado sobre o prato?




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E por isso considero a consciência uma caracteristica não só humana mas de muitos animais, inclusive não somente mamíferos, embora o comportamento dos mamíferos se pareça mais conosco e então saibamos melhor reconhecer as atitudes de uma personalidade em outros mamíferos (alguém leu aqui o livro de Darwin 'A expressão das emoções no homem e nos animais' ?).

Eu também faria essa aposta, tão mais seguramente quanto maior for a homologia e parentesco conosco. No entanto, sabemos que mesmo cérebros humanos podem responder corretamente à estímulos sensoriais, sem no entanto haver a experimentação subjetiva de qualia (visão cega), e portanto, é teoricamente possível que outros animais sejam completamente assim, não muito diferentes do que imaginamos ser um carrinho de controle remoto, ou um puxado por um barbante, em termos de experiência subjetiva.

(Penso que "é possível" contanto que eles não tenham as áreas e padrões de atividade cerebral correlatos; sempre que houver, penso que eles devem ter algum tipo de qualia, tão mais parecido quanto mais próximos forem os correlatos. Por outro lado, também poderia ser um fenômeno que emerge apenas através de alguma peculiaridade cerebral humana, do "todo" do cérebro, não apenas dos correlatos diretamente. Há ainda, de qualquer forma, a possibilidade de ter surgido também em outros animais, mesmo sem grande homologia, contanto que seja satisfeita qualquer que venha a ser a condição que os gera, que não sabemos realmente qual é)



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Como acontece com outras caracteristicas em qualquer espécie, a consciência no ser humano foi reutilizada, passou a tomar um papel fundamental na construção de uma sociedade baseada nos individuos complexos e sua interação, utilizando ao máximo seus recursos, embora o comportamento humano tenha características reconhecíveis em qualquer outro primata.

Isto me lembra que Peter Gabriel (sim, eu sou fã) fez uma música recentemente com a ajuda de chimpanzés. Não conheço gravação em estúdio mas ele toca essa música ao vivo no DVD da turnê do seu disco Up de 2003.

Isto é, expressões artísticas, que é uma das características que pode demonstrar uma consciência, estão presentes em outros animais. E mesmo que não vejamos na natureza chimpanzés pintando quadros, podemos inferir que possam fazê-los a partir das emoções que já expressam.

Eu concordo com tudo isso; mas continua não explicando nada sobre os qualia.

Tudo isso poderia ocorrer sem que eles existissem, são necessários "apenas" recepção e processamento de informações do ambiente, não qualia. Processamento que no caso dos animais e seu histórico evolutivo, acaba gerando como efeito colateral o agrado pela arte por reproduzir iconicamente coisas que afetam as emoções, sinais para ativação de subrotinas de alta prioridade.

Coisa similar poderia ser alcançada até com programas ou robôs, fazer com que eles "gostassem" de certos estímulos e os procurassem, mas não costumamos julgar que por trás da recepção do estímulo há uma experiência subjetiva de qualia, mas em vez disso algo mais similar ao que ocorre com uma ratoeira ou uma calculadora.


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Buckaroo, você que é biólogo se não estou enganado, não sente um cheiro antropocêntrico nas discussões sobre consciência e/ou inteligência ? Cada vez que pergunto ao interlocutor o que considera consciência ou inteligência, não há características que não reconheça em outros animais.

(não sou biólogo, só gosto mais de ciências do que assistir futebol ou big-brother e biologia deve ser mais ou menos compatível com o meu cérebro, enquanto que física parece algo meio inerentemente incompreensível, beirando ao insano, e química e matemática são só meio chatas)

Mas sim, sinto esse cheiro. Só que no caso da experimentação de qualia acho que a coisa é realmente complicada, tanto que há até uma posição totalmente oposta ao antropocentrismo, a idéia de que até coisas não-vivas, "inanimadas", talvez pudessem ter o seu tipo de qualia (David Chalmers).

Eu tendo mais a opinião de que é algo cerebral/animal, que é de alguma forma resultado de cérebros apenas, mas fico bem perdido se penso nas distinções entre um cérebro-processador e um de neurônios, e isso acaba quase me levando à conclusão de algo mais básico, como uma propriedade física da realidade, meio parecida com matéria e energia, mas outra coisa.

Realmente li pouquíssimo sobre isso, então posso estar representando mal as idéias a esse respeito, mas penso que seria mais ou menos assim: o que é "energia"? A capacidade de um sistema em realizar trabalho. Sim, mas por que esse sistema, nessas condições, tem a capacidade de realizar trabalho, em vez de não fazer nada? Eu não sei, mas acho que não temos como saber o por que disso, apenas podemos constatar que há determinadas condições/configurações em que os sistemas tem capacidade de realizar trabalho, e que uma vez que não mais satisfeitas, a energia acaba, e o sistema não mais realiza trabalho. Talvez um beco sem saída similar se dê com os qualia; alguns sistemas físicos tenham a "capacidade de sentir qualia", e não podemos dizer porque/como, apenas quais condições físicas precisam ser satisfeitas para isso.

Frustrantemente pobre/nulo em explicação, e por algum motivo bem mais frustrante do que a pergunta do porque sistemas com capacidade de realizar trabalho têm a capacidade de realizar trabalho. Acho que de certa forma essas questões de natureza última (se é que qualia é uma delas) são o "fim da ciência", não se tem mais como realmente investigar, perguntar os "porques/como" em algum ponto, apenas constatar "o que".

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #42 Online: 26 de Abril de 2008, 13:47:17 »
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Geralmente tendemos achar que não [há qualia], para ambas as situações que não envolvem cérebros orgânicos [computadores ou carrinhos de controle-remoto] como "observadores", mas realmente não temos muito como saber

Temos sim. a resposta é não.

Você só poderia dizer isso se alguma vez tivesse sido uma outra coisa além de você (como um computador ou um carrinho de controle-remoto) e tivesse como provar que teve essa experiência, ou, preferivelmente, concebesse um modo de fazer outras pessoas experimentarem ser algo além de cérebros. Acredito que isso não é possível.



Offline Adriano

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« Resposta #43 Online: 26 de Abril de 2008, 15:02:05 »
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Geralmente tendemos achar que não [há qualia], para ambas as situações que não envolvem cérebros orgânicos [computadores ou carrinhos de controle-remoto] como "observadores", mas realmente não temos muito como saber

Temos sim. a resposta é não.

Você só poderia dizer isso se alguma vez tivesse sido uma outra coisa além de você (como um computador ou um carrinho de controle-remoto) e tivesse como provar que teve essa experiência, ou, preferivelmente, concebesse um modo de fazer outras pessoas experimentarem ser algo além de cérebros. Acredito que isso não é possível.




Autopoiese, sistemas vivos:

Citar
A teoria autopoiética tem como idéia básica um sistema organizado auto-suficiente. Este sistema produz e recicla seus próprios componentes diferenciando-se do meio exterior. O termo Autopoiese foi criado pelos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela. A teoria Autopoiética tem sido aplicada em Imunologia, na interação homem computador, sociologia, economia, filosofia e administração pública. No desenvolvimento do trabalho será exposto trechos de várias páginas da Internet seguido de um breve comentário.


"Há uma circularidade essencial na natureza dos sistemas vivos:

Eles exibem uma circularidade configuracional na constituição de seus componentes, que são rigorosamente interconectados e mutuamente interdependentes. Sistemas vivos exibem uma circularidade temporal (i.e., ciclicidade) em seu comportamento, o que evidencia a ausência de qualquer "propósito" intrínseco - eles vivem na manutenção de sua integridade constitucional e configuracional. Uma vez que haja suficiente complexidade neural e recursividade, um sistema vivo pode gerar, manter e re-engajar-se em padrões de fenômenos internos (descrições) desencadeados por perturbações externas. Isto permite ao sistema funcionar como um observador dentro do escopo epistemológico circunscrito por estas circularidades constitucionais e comportamentais."

http://www.unicamp.br/fea/ortega/temas530/leon.htm

A palavra chave aqui é a recursividade.

Sei que quem entende bem disso é a Guinereve, já convesamos sobre isso, sobre a linguaguem. Daí que a diferença entre linguagens naturais e artificiais (modelos, programas) é crucial para muitas linhas de pensamento.

Porém, com a noção de autopoiese não é eliminado só o antropocentrismo, mas também o biologismo, pois qualquer sistema que se retroalimenta, se auto-regula, é um sistema vivo. Eu vi uma analogia interessante sobre carros, onde o motorista consegue sentir o carro, entender este e interagir de forma dinâmica.

É tudo muito doido, perplexidade moral :?

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #44 Online: 26 de Abril de 2008, 19:57:34 »
Não é absolutamente em nada claro que a autopoiese seja um fator suficiente ou mesmo necessário para a experiência subjetiva, e nem mesmo recursividade. A última frase do texto citado parece ter sido gerada pelo fabuloso gerador de lero-lero. Nenhuma dessas coisas também tem qualquer coisa a ver com perplexidade moral.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #45 Online: 26 de Abril de 2008, 20:25:36 »
O que acham da visão cognitivista reinante (e que Searle diz que tem poucas chances de estar certa), que diz que há fenomenos neurológicos, mentais e no meio um programa? Cada um destes 3 niveis tem uma descrição numa linguagem própria, de modo que não se pode descrever estados subjectivos descrevendo o estado físico do cérebro.

"Descrever" acho que realmente não é possível, só se pode correlacioná-los. Uma coisa é o que quer que seja o estado do cérebro quando vemos vermelho, e poder olhar para um cérebro e então saber que a pessoa vê vermelho, mas é outra coisa completamente diferente explicar como é que desse estado surge a experiência de ser um cérebro vendo vermelho.



Uma vez imaginei algo interessante, ainda que não tenha levado a conclusão alguma. Vamos retroceder ao início da evolução dos animais, e imaginar que durante todo o curso da evolução, nunca surgiu a experiência subjetiva, que os seres vão fazendo tudo que fazem como "zumbis filosóficos", com complexidade crescente em seus processamentos e etc, até que, em dado momento, são capazes de criar o conceito de si mesmos em seus processamentos para melhor interagir com o meio.

Esses seres, no decorrer de toda essa história evolutiva, seriam exatamente iguais aos seres da realidade (tenham outros seres além de nós qualia ou não); eles seriam estimulados a procurar coisas que colaboram com a sua reprodução e perpetuação, em diversos graus, procurariam certos padrões de estímulos e evitariam outros. "Como se" gostassem, "como se" estivessem tendo uma experiência subjetiva. Isso até mesmo ao ápice das capacidades de processamento, os Zumbi sapiens, que como nós, inventariam coisas; criariam arte como um comportamento colateral desse aparato de interação condicional com o ambiente; buscariam a proximidade com indivíduos específicos de um grupo, e por vezes seriam especialmente focados em indivíduos específicos, mais ou menos como o que chamamos de "paixão"; se juntariam em grupos e travariam guerras de acordos com conflitos de interesses presumidos por esse aparato cognitivo. E, nos níveis mais básicos, seus cérebros identificariam através de estímulos óticos freqüências de ondas específicas, em diversas faixas, inclusive a que chamamos de vermelho, e eles seriam capazes de reagir diferencilamente de acordo com o reconhecimento dessa informação. Eles distinguiriam padrões sonoros e se sentiriam diferencialmente estimulados por diferentes padrões.

E conversariam, diriam que gostam dessa música ou daquela cor ou quadro. Eles poderiam mesmo não ter qualia? Parece que apesar de tentar descrever a história sem qualia, no em algum momento eles inevitavelmente emergem, ou ao menos os Zumbi sapiens agem como se tivessem, inclusive em "gostar" dos estímulos. Mais notoriamente quando as pessoas podem conversar e dizer que gostam de uma coisa ou outra, mas os organismos já gostavam e desgostavam das coisas antes de poderem falar. Será que eles se fariam perguntas sobre a vermelhidão do vermelho, apesar de terem de certa forma uma"visão cega", e não verem a vermelhidão do vermelho?

 :???:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #46 Online: 26 de Abril de 2008, 20:30:43 »
no creo. Penso que Dennett tem uma visão invertida da mente. Ele pressupõe que a consciencia resulta da linguagem... é uma coisa de altissimo nível. Outros acham que a base é a sensação (baixo nível) como o psicologo Nicholas Humphrey. Outros dizem que existe num nível intermédio entre a linguagem e a sensação. Seja como for, no cognitivismo é importante o conceito de programa, que é intermédio. John Serle, acha que falar em programa é supérfluo. Basta o cérebro que gera a mente... e a mente que (como propriedade emergente) se realiza no cérebro. Conceitos como processamento de informação... tipo computador digital manipulador de simbolos... input-output... não permite coisas como semantica. É simples lógica. Manipulação de simbolos (processamento) é uma coisa sintática. E desde platão que se sabe que isso não chega para gerar a semantica... ou significado ou intencionalidade... que é fundamental para se ser esperto... para ter amplitude lógica em vez de ser como o Deep Blue... com enorme profundidade lógica mas sem capacidade para jogar outra coisa qualquer que não o xadrez. Uma abordagem melhor´, talvez seja a de Rodney Brooks, que acha que uma mente tem de evoluir e aprender com o meio. E não ter um programa... processar sintáticamente simbolos.

Não entendo a diferença de programa e sintaxe. Quando programava por hobby, o MS Basic de vez em quando me vinha com a mensagem "syntax error". Programas tem sintaxe... pode haver sintaxe em algo sem ser um "programa", nem entre aspas?

Acho que talvez tenham mais confusão de semântica nessa área além dos muitos significados de "consciência" gerando o grande problema que é explicar o "problema difícil" da consciência... :hein:

Offline Buckaroo Banzai

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #47 Online: 28 de Abril de 2008, 00:45:11 »
Facing Up to the Problem of Consciousness
David J. Chalmers

[...]
The easy problems and the hard problem

There is not just one problem of consciousness. "Consciousness" is an ambiguous term, referring to many different phenomena. Each of these phenomena needs to be explained, but some are easier to explain than others. At the start, it is useful to divide the associated problems of consciousness into "hard" and "easy" problems. The easy problems of consciousness are those that seem directly susceptible to the standard methods of cognitive science, whereby a phenomenon is explained in terms of computational or neural mechanisms. The hard problems are those that seem to resist those methods.

The easy problems of consciousness include those of explaining the following phenomena:

  • the ability to discriminate, categorize, and react to environmental stimuli;
  • the integration of information by a cognitive system;
  • the reportability of mental states;
  • the ability of a system to access its own internal states;
  • the focus of attention;
  • the deliberate control of behavior;
  • the difference between wakefulness and sleep.


All of these phenomena are associated with the notion of consciousness. For example, one sometimes says that a mental state is conscious when it is verbally reportable, or when it is internally accessible. Sometimes a system is said to be conscious of some information when it has the ability to react on the basis of that information, or, more strongly, when it attends to that information, or when it can integrate that information and exploit it in the sophisticated control of behavior. We sometimes say that an action is conscious precisely when it is deliberate. Often, we say that an organism is conscious as another way of saying that it is awake.

There is no real issue about whether these phenomena can be explained scientifically. All of them are straightforwardly vulnerable to explanation in terms of computational or neural mechanisms. To explain access and reportability, for example, we need only specify the mechanism by which information about internal states is retrieved and made available for verbal report. To explain the integration of information, we need only exhibit mechanisms by which information is brought together and exploited by later processes. For an account of sleep and wakefulness, an appropriate neurophysiological account of the processes responsible for organisms' contrasting behavior in those states will suffice. In each case, an appropriate cognitive or neurophysiological model can clearly do the explanatory work.

If these phenomena were all there was to consciousness, then consciousness would not be much of a problem. Although we do not yet have anything close to a complete explanation of these phenomena, we have a clear idea of how we might go about explaining them. This is why I call these problems the easy problems. Of course, "easy" is a relative term. Getting the details right will probably take a century or two of difficult empirical work. Still, there is every reason to believe that the methods of cognitive science and neuroscience will succeed.

The really hard problem of consciousness is the problem of experience. When we think and perceive, there is a whir of information-processing, but there is also a subjective aspect. As Nagel (1974) has put it, there is something it is like to be a conscious organism. This subjective aspect is experience. When we see, for example, we experience visual sensations: the felt quality of redness, the experience of dark and light, the quality of depth in a visual field. Other experiences go along with perception in different modalities: the sound of a clarinet, the smell of mothballs. Then there are bodily sensations, from pains to orgasms; mental images that are conjured up internally; the felt quality of emotion, and the experience of a stream of conscious thought. What unites all of these states is that there is something it is like to be in them. All of them are states of experience.

It is undeniable that some organisms are subjects of experience. But the question of how it is that these systems are subjects of experience is perplexing. Why is it that when our cognitive systems engage in visual and auditory information-processing, we have visual or auditory experience: the quality of deep blue, the sensation of middle C? How can we explain why there is something it is like to entertain a mental image, or to experience an emotion? It is widely agreed that experience arises from a physical basis, but we have no good explanation of why and how it so arises. Why should physical processing give rise to a rich inner life at all? It seems objectively unreasonable that it should, and yet it does.[/font]

[...]


http://www.imprint.co.uk/chalmers.html

Offline FZapp

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #48 Online: 28 de Abril de 2008, 09:30:31 »
Buckaroo, vou ler mais sobre os 'qualia' e ver o que perdi. Eu já tenho uma opinião a respeito, mas melhor ler um pouco mais e ver até que ponto esotu errado ou não.

Ou seja, vou ter umas experiências subjetivas e já volto :)
--
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Offline Moro

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Re: O problema mente-corpo
« Resposta #49 Online: 28 de Abril de 2008, 16:11:38 »
Citar
Geralmente tendemos achar que não [há qualia], para ambas as situações que não envolvem cérebros orgânicos [computadores ou carrinhos de controle-remoto] como "observadores", mas realmente não temos muito como saber

Temos sim. a resposta é não.

Você só poderia dizer isso se alguma vez tivesse sido uma outra coisa além de você (como um computador ou um carrinho de controle-remoto) e tivesse como provar que teve essa experiência, ou, preferivelmente, concebesse um modo de fazer outras pessoas experimentarem ser algo além de cérebros. Acredito que isso não é possível.

Não é possível confirmar, não é possível falsear, não é possível negar, não temos nenhuma evidência que seja assim ou sequer sinais de que seja assim.

Quem já programou um computador sabe que mesmo técnicas de IA não simulam nada parecido com a maneira como o cérebro trabalha (até porque sabemos muito pouco de como o cérebro trabalha).

Como disse: Não creio que haja uma questão válida aqui

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

 

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