Um design intelligent deixaria passar umas coisas dessas?
Terremotos, inundações, tempestades, ciclones, trombas d'água. Erupções, tornados, furacões e tufões. Milhares de mortos. Milhões de desabrigados. Bilhões de dólares em prejuízos. Em 2004, a natureza voltou a lembrar ao homem a dimensão da sua força.
Neste ano, natureza deixou sua demonstração máxima de poder destrutivo e letal para o último fim de semana do ano, e escolheu uma região do planeta já acostumada a sofrer com catástrofes naturais - o Sudeste Asiático. Mas ao contrário das previsíveis chuvas de monção e suas inundações, desta vez a destruição veio do mar. Ondas gigantes atingiram o litoral de países asiáticos e africanos, deixando um saldo de até 100 mil mortos, em estimativa feita na quarta-feira, 29 de dezembro. Entre as vítimas, uma diplomata brasileira e seu filho.
Na manhã do dia 26 de dezembro, a terra tremeu 10 km abaixo do nível do mar, à oeste da ilha de Sumatra, no oceano Índico. Esse terremoto - o quinto mais forte desde 1900 - provocou um tsunami que atingiu oito países asiáticos: Bangladesh, Índia, Indonésia, Malásia, Maldivas, Mianmar, Sri Lanka e Tailândia. Além disso, os efeitos do maremoto também foram sentidos em alguns países da costa nordeste da África, como Somália, Madagascar, Quênia, Ilhas Maurício e Seychelles.
Ondas gigantes, deslocando-se a até 800 km/h, varreram cidades costeiras inteiras. Milhares de pessoas morreram afogadas, outras tantas foram esmagadas pela força das águas ou ficaram presas em escombros. Em um trem do Sri Lanka, nenhum dos 1.700 passageiros sobreviveu. Tribos de remotas ilhas do Índico podem ter sido extintas.
A pior tragédia natural de 2004 não acabou com o recuo das águas. Organizações de ajuda humanitária estimam que o saldo de mortos ainda pode dobrar, já que é grande o número de desaparecidos. Outro motivo de preocupação são as epidemias. Corpos apodrecem sob o sol tropical, facilitando a contaminação da água e a propagação de doenças.
A ONU classificou a ação de assistência às vítimas da catástrofe como um "desafio sem precedentes" na história da organização. Pelo menos 5 milhões de pessoas perderam tudo e dependiam de ajuda assistencial para sobreviver. Segundo previsões do Banco Mundial, os países afetados pelo tsunami precisarão de cerca de US$ 5 bilhões em ajuda para a reconstrução. O FMI (Fundo Monetário Internacional) já prometeu ajuda financeira, mas ainda não especificou o montante.
Força das águas
O miserável Haiti sofreu como nenhum outro os efeitos devastadores das tempestades tropicais em 2004. Depauperado pela instabilidade política e fragilizado pela destruição de 98% de suas florestas nativas, o país mais pobre das Américas foi castigado pelas enchentes em maio e pelo furacão Jeanne em setembro. O saldo: 5 mil mortos, além de dezenas de milhares de desabrigados.
O devastador Jeanne foi apenas um dos muitos furacões que atingiram a América Central e sul dos Estados Unidos nesta temporada. Charley, Frances e Ivan deixaram para trás bilhões de dólares de prejuízo e um rastro de destruição. As perdas materiais foram tamanhas que chegaram a colocar em risco as companhias de seguro.
texto de Daniel Pinheiro (UOL)