Autor Tópico: O cinturão de proteção de Imre Lakatos  (Lida 12601 vezes)

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Offline Adriano

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O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Online: 03 de Junho de 2008, 11:06:24 »
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O cinturão de proteção de Imre Lakatos

imagem de Thiago Henrique Santos

O processo de formulação, aceitação e testes de uma teoria em geral parece bem estabelecido para o cientista. Mas para os filósofos da ciência, esta é uma questão tão aberta quanto qualquer outro assunto filosófico. Embora, no que diz respeito a questão da teorização, Popper e Kuhn sejam sempre lembrados, tantos outros foram proeminentes e produziram material interessante a este respeito. É o caso de Imre Lakatos.

Lakatos era graduado em física, matemática e filosofia. Depois doutorou-se em filosofia na Inglaterra, aonde permaneceu até o fim da vida. Lakatos, como tantos outros, nunca se deu muito bem com o trabalho de Thomas Kuhn. Publicou mais de um livro para tratar sobre as idéias de Kuhn e forneceu uma série de argumentos contra o sistema de paradigmas. Em seu livro "Falsificação e Metodologia dos Programas de Investigação Científica", Lakatos desenvolve seu argumento de cinturões de proteção, que iremos ver com um pouco mais de detalhe.

Lakatos formulou que os sistemas teoréticos são formados por um núcleo forte, circundado por um cinturão de teorias de suporte. Quando submetidos aos testes, o núcleo forte da teoria possui mais ou menos o papel de "pressuposto básico", de modo que é o cinturão, e não a teoria central em si, que passa pelo processo de averiguação. Desta forma, uma anomalia em qualquer teste afeta unicamente o cinturão de proteção e não a teoria central.

A teoria de suporte que acaba sendo refutada pode ser substituída por outro, mas para Lakatos o caso mais comum é o de reforçar a cinta de proteção do núcleo com teorias ad hoc. Ou seja, teorias auxiliares que não possuem propósito algum a não ser o de sustentar o núcleo forte. Um exemplo histórico é a teoria do éter celestial. A história do éter se confunde com o estudo da natureza da luz. No passado se acreditava que a luz era uma onda e, portanto, precisava de um meio de propagação. Era simples encontrar um meio de propagação na Terra, mas o fato é que a luz estava viajando pelo espaço que,acreditava-se, era vazio. Esse problema poderia ter posto em dúvida as idéias sobre a natureza da luz, mas ao invés disso, uma explicação ad hoc foi criada. O espaço deveria ser preenchido por uma substância que não tinha massa e não podia ser detectada, o éter, e era ele quem servia de meio de propagação para a luz.

No exemplo acima podemos observar que a natureza ondulatória da luz era o núcleo forte, quando colocado em dúvida, criou-se uma substância imaginária que não possuía peso, cor, cheiro ou qualquer característica capaz de ser detectada por qualquer experimentação possível. Desta forma, o éter, uma teoria auxiliar, protegia seu núcleo forte, a natureza ondulatória da luz. Desta forma seria possível imaginar que, a priori, nenhuma teoria poderia ser refutada. Lakatos responde a esta conclusão concordando com o argumento, mas observa que para a ciência o acúmulo de teorias ad hoc é desconfortável. Com efeito, é este acúmulo que leva a comunidade científica abandonar uma determinada teoria em detrimento de outra. A nova teoria nem sequer precisa responder a todas as questões que a anterior respondia, é preciso apenas que ela responda um número satisfatório de problemas (dentre esses, alguns que a anterior não conseguia responder) e não ter um número grande de fundamentações ad hoc.

Lakatos pode não ter sido tão "famoso" quanto Kuhn e Popper. Mas certamente teve um papel importante no desenvolvimento da filosofia histórica da ciência.
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Offline Laura Demarchi

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #1 Online: 03 de Junho de 2008, 12:25:40 »
Puxa! Muito interessante Adriano! Fico agradecida.....sabe, fico imaginando que a radiacao Hawking se enquadra neste cinturao  :desconfiado:

super beijo pra ti :girl-kiss:
Porque concluir é melhor que acreditar!

Offline Dr. Manhattan

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #2 Online: 03 de Junho de 2008, 14:22:57 »
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No exemplo acima podemos observar que a natureza ondulatória da luz era o núcleo forte, quando colocado em dúvida, criou-se uma substância imaginária que não possuía peso, cor, cheiro ou qualquer característica capaz de ser detectada por qualquer experimentação possível.

Esse não é um bom exemplo: acreditava-se que havia sim uma forma de detectar indiretamente a presença do éter. Era isso que
Michelson e Morley tentaram fazer com sua experiência de interferometria.
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Alan Watts

Offline Adriano

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #3 Online: 03 de Junho de 2008, 15:42:33 »
Puxa! Muito interessante Adriano! Fico agradecida.....sabe, fico imaginando que a radiacao Hawking se enquadra neste cinturao  :desconfiado:

super beijo pra ti :girl-kiss:
De nada e obrigado pelo beijo, outro pra ti  :feliz:

A epistemologia Lakatosiana (não é Lacaniana) tem um forte potencial heurístico na medida que possibilita o desenvolvimento da inteligência coletiva através dos programas de pesquisa. Não é a falseabilidade ingênua de Popper, que é mais individual e ideativa. É explicado o processo social dos desenvolvimentos científico em conjunto com a falseabilidade que é ampliada para a coletividade, com programas rivais coexistindo simultaneamente.

Acaba a lógica do certo e errado imediato, o desenvolvimento é mais cíclico e mediato. Mesmo Kuhn avaliava as revoluções científicas com o imediatismo da mudança cognitiva na mudança de paradigma, sem se ater ao processo de falsificação metodológica.
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Offline DDV

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #4 Online: 05 de Junho de 2008, 11:26:42 »
Kuhn e Lakatos são os principais (e melhores) críticos do falsificacionismo de Popper. Porém ambos, apesar de detalharem melhor alguns processos metodológicos que ocorrem na ciência, não conseguiram contrapor-se ou refutar o falsificacionismo, nem parcialmente, porque as partes corretas de suas teorias não são incompatíveis com o falsificacionismo popperiano. Na verdade, a argumentação deles se baseia numa interpretação ingênua do falsificacionismo da parte deles. O falsificacionismo ingênuo consiste em se afirmar que uma teoria deve ser automaticamente eliminada quando um experimento não mostra o resultado por ela previsto, quando na verdade o falsificacionismo apenas afirma que uma das hipóteses envolvidas na elaboração do experimento (a teoria em questão, as hipóteses auxiliares sobre os instrumentos, outras teorias estabelecidas que estão envolvidas no experimento, condução correta do experimento etc) está errada e deve ser procurada e eliminada.

O falsificacionismo não especifica o que o cientista deve fazer quando uma "anomalia" surge ou experimento "fracassa". Se ele vai utilizar uma estratégia "normal" ( tentar remodelar a teoria ou criar hipóteses auxiliares que expliquem o fracasso da teoria no experimento) ou "revolucionária" (criar uma teoria nova, abandonando a anterior), isso é com ele. O falsificacionismo (e a filosofia da ciência em geral) não determina onde, em que teoria e como o cientista deve trabalhar, muito menos o conteúdo das teorias que ele vai criar, o falsificacionismo apenas assevera que ele deve trabalhar para eliminar hipóteses falsas (sejas quais forem), e proibe o uso de hipóteses ad-hoc.

Cabe agora explicar quando uma hipótese é ou não ad-hoc. Uma hipótese é ad-hoc quando não faz nenhuma previsão adicional, apenas "explicando" uma determinada anomalia, e só. Um exemplo tosco, que todos aqui conhecem, são as hipóteses utilizadas para defender a existência do Dragão da Garagem de Sagan.
Qualquer hipótese que gere previsões adicionais quando é lançada não é ad-hoc. Segundo Popper, hipóteses ad-hoc são as que reduzem a falseabilidade de uma teoria, enquanto as não-ad hoc são as que aumentam a falseabilidade ou, ao menos, a preserva.

No caso do Dragão de Sagan, cada hipótese lançada para explicar sua não-detecção não gera nenhuma previsão adicional, apenas "explica" sua não detecção. Um outro exemplo de hipótese ad-hoc foi quando um aristotélico, para defender a idéia de que a superfície da Lua é perfeitamente regular, disse que entre suas crateras e saliências havia um preenchimento de material invisível, e portanto a  superfície é regular (Galileu, de forma jocosa e "educativa", respondeu que concorda que há esse material invisível, mas que ele na verdade ficava em cima das saliências visíveis, tornando a superfície mais irregular ainda).

Um exemplo de hipótese não ad-hoc: frente a observações que pareciam ir contra o princípio da conservação da energia, Chadwick propôs a existência de outras partículas, de carga neutra (os néutrons); essa hipótese era independentemente testável e acabou sendo confirmada.

Em resumo: o falsificacionismo proíbe o uso de hipóteses que não fazem previsões adicionais, não sendo independentemente testáveis, servindo apenas para "explicar" um determinado resultado e nada mais. Essas são as hipóteses ad-hoc.

Na verdade, existem "graus" de ad-hoc, ou seja, uma hipótese pode ser mais ou menos ad-hoc do que outra quanto mais ou menos independentemente testável ela for. A comunidade científica geralmente sabe escolher quais hipóteses merecem um grande esforço e gasto para conseguirem ser testadas (como a do neutrino) e quais não.

Ao contrário do que diz o texto do primeiro post, Imre Lakatos não dizia que os cientistas  usavam hipóteses ad-hoc regularmente, e nem defendia seu uso. As hipóteses auxiliares que ele preconiza são as do tipo não ad-hoc (conforme já explicado). Lakatos defende que é possível o uso de hipóteses auxiliares não ad hoc (permitidas pelo falsificacionismo)  de forma praticamente indefinida para manter uma teoria de pé.

A hipótese da existência do éter não era ad-hoc, pois fazia algumas previsões adicionais, previsões essas que foram refutadas por experimentos da época (como o de Michelson-Morley).

Eis um exemplo que Lakatos cita para ilustrar a possibilidade de preservação de um "núcleo forte" de uma teoria através do uso contínuo de hipóteses auxiliares (não ad hoc, só para lembrar): suponha que o movimento de um planeta não esteja de acordo com o previsto pelas leis de Newton, é então formulada a hipótese de que um outro planeta esteja por perto, perturbando o movimento do primeiro com sua influência gravitacional; faz-se os cálculos, e quando os telescópios vasculham o local previsto para o planeta estar, ele não é visto; formula-se então a hipótese de que uma nuvem de poeira espacial está encobrindo a visão desse planeta; enviam uma sonda para o local, esta não encontra nada; formulam então a hipótese de que os instrumentos da sonda estão sendo perturbados por uma influência eletromagética da  tal nuvem, e assim as coisas vão.

Para quem vê esse exemplo e outros análogos, citados por Lakatos, percebe-se logo algo que ele aparentemente esqueceu: não é possível ou viável prosseguir indefinidamente formulando hipóteses auxiliares não ad hoc para manter uma teoria, pois a quantidade de parâmetros que devem ser atendidos, à medida que as hipóteses auxiliares vão sendo lançadas, é grande e vai aumentando indefinidamente.

No exemplo citado por Lakatos, ele esqueceu que o planeta que explicaria a anomalia dos movimentos de outro deve ter uma órbita, ou seja, em algum momento ele poderia ficar visível aos telescópios, a não ser que a nuvem cobrisse toda a sua órbita, o que seria bastante improvável. A existência de tal nuvem com certeza encobriria as estrelas da msma direção, teríamos uma grande faixa escura cobrindo 360° do céu. Além disso, as leis de Newton permitiriam calcular a massa do planeta, o que ajudaria a avaliar a possibilidade dele ser ou não visível, que quantidade de nuvem de poeira é necessária para encobrí-lo, etc.

Em suma, não é possível prosseguir indefinidamente formulando hipóteses não ad-hoc para preservar uma teoria, uma hora trava. Pelo que Lakatos defende, a teoria newtoniana poderia muito bem ser preservada indefinidamente. Ele não consegue explicar então porque ocorreu a mudança para a teoria da relatividade, já que os cientistas poderiam muito bem utilizar hipóteses auxiliares para manter a teoria newtoniana indefinidadmente.

Watkins comentou que o único jeito de saber se é possível seguir a receita que, segundo Lakatos, é possível, seria apresentando versões de teorias já abandonadas melhoradas com hipóteses auxiliares, de forma a darem conta de todos os resultados experimentais. Ele diz que se alguém conseguir alterar a teoria newtoniana, de forma que ela não só consiga explicar as anomalias que apresentava (como a órbita de Mercúrio, o experimento de Michelson-Morley) como também consiga explicar os resultados experimentais previstos pela teoria da relatividade, então com certeza teremos uma séria concorrente da teoria atual.   





   
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Offline JJ

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #5 Online: 05 de Junho de 2008, 12:58:45 »
.

Nossa !


Uma verdadeira aula sobre o tema ! 



 Gostei . :ok:  :D




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Offline DDV

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #6 Online: 05 de Junho de 2008, 14:21:02 »
.

Nossa !


Uma verdadeira aula sobre o tema ! 



 Gostei . :ok:  :D




.




Obrigado  :ok:
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Offline Adriano

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #7 Online: 05 de Junho de 2008, 16:36:28 »
Em resumo: o falsificacionismo proíbe o uso de hipóteses que não fazem previsões adicionais, não sendo independentemente testáveis, servindo apenas para "explicar" um determinado resultado e nada mais. Essas são as hipóteses ad-hoc.
Proibição apenas retórica. Nem mesmo o próprio falsificacionismo popperiano se isentou de apresentar inúmeras hipóteses ad-hoc. O próprio Popper fez constantes revisões de suas obras e chegou a um entendimento bem diferente do que o exposto no livro A lógica da pesquisa científica. Posteriormente aborda a física quântica e a economia, onde tem um amadurecimento de sua epistemologia. Teorias epistemológicas não proibem, não são leis.

Apenas o direito tem o poder jurídico de estabelecer via estado proibições para os cidadãos e para os entes jurídicos. O resto é jogo de palavra. Disso eu tiro a importância empírica da ciência jurídica. É um fato social e presente na vida de qualquer ser social. Incluvise a de nós internautas. Até mesmo aqui estamos sujeitos as leis de um determinado país, de acordo com a nossa manifestação expositiva.

Na verdade, existem "graus" de ad-hoc, ou seja, uma hipótese pode ser mais ou menos ad-hoc do que outra quanto mais ou menos independentemente testável ela for. A comunidade científica geralmente sabe escolher quais hipóteses merecem um grande esforço e gasto para conseguirem ser testadas (como a do neutrino) e quais não.
A comunidade científica não é homogênea e nem sempre sabe escolher quais as melhores hipóteses. A história da ciência, mostra de uma maneira geral, que os erros são constantes e as mudanças de paradigmas acontecem frequentemente ao longo do tempo. É isto que Thomas Kuhn crítica com propriedade na teoria do falsificacionismo ingênuo.

Ao contrário do que diz o texto do primeiro post, Imre Lakatos não dizia que os cientistas  usavam hipóteses ad-hoc regularmente, e nem defendia seu uso. As hipóteses auxiliares que ele preconiza são as do tipo não ad-hoc (conforme já explicado). Lakatos defende que é possível o uso de hipóteses auxiliares não ad hoc (permitidas pelo falsificacionismo)  de forma praticamente indefinida para manter uma teoria de pé.
Lakatos defende que um programa de pesquisa é progressivo conforme a previsibilidade de suas teorias. Programas progressivos tem maior previsibilidades, enquanto programas regressivos mantém apenas a formulação de hipóteses ad-hoc. E o texto postado é somente ilustrativo, onde um autor de blog utiliza de suas palavras para expressar o seu entendimento sobre a teoria Lakatosiana. Assim como você está fazendo a sua exposição através da elaboração de um texto próprio, do que acredita ser mais coerente. Não quer dizer que seja e nem considero que seja.
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Offline DDV

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #8 Online: 06 de Junho de 2008, 10:45:58 »
Em resumo: o falsificacionismo proíbe o uso de hipóteses que não fazem previsões adicionais, não sendo independentemente testáveis, servindo apenas para "explicar" um determinado resultado e nada mais. Essas são as hipóteses ad-hoc.
Proibição apenas retórica. Nem mesmo o próprio falsificacionismo popperiano se isentou de apresentar inúmeras hipóteses ad-hoc.

O falsificacionismo não é uma teoria científica, é uma prescrição epistemológica, de caráter normativo. Chamá-lo de teoria científica ou tratá-lo como se fosse seria como chamar as regras do futebol de "jogadas" (acho que já disse isso em outro tópico).  Na avaliação de uma prescrição epistemológica (assim como a de qualquer regra, lei, recomendação, algoritmo, etc) não se aplica dizer que ela é "falsa" ou "verdadeira", mas sim se ela é adequada ou não para a obtenção dos objetivos a que ela se propõe. Não se aplica a regras e prescrições em geral esse conceito de ad hoc, como você coloca.

No caso do falsificacionismo popperiano, o principal objetivo ao qual ele se propõe é o progresso do conhecimento, ou seja, a incorporação cada vez maior de novos dados, os mais próximos da verdade possíveis, ao conhecimento humano.

Esse objetivo é compartilhado por todos os cientistas e filósofos (a única exceção declarada que eu conheço é Feyerabend, que diz que o objetivo da ciência é "promover a felicidade humana").

Kuhn e Lakatos utilizaram uma abordagem descritiva (ou histórica), ou seja, procuraram descrever o que os cientistas "realmente fazem" para, a partir daí, terem uma idéia de qual o procedimento é mais científico ou não. A questão é que a interpretação que eles deram para vários fatos da história da ciência, quando não se mostram erradas (como a incomensurabilidade de Kuhn, ou a possibilidade de manutenção indefinida de um "programa de pesquisa", de Lakatos), não contradizem em nada a prescrição falsificacionista.


Citação de: Adriano
O próprio Popper fez constantes revisões de suas obras e chegou a um entendimento bem diferente do que o exposto no livro A lógica da pesquisa científica. Posteriormente aborda a física quântica e a economia, onde tem um amadurecimento de sua epistemologia.

Popper tratou durante a sua vida de vários assuntos, como política, economia, algumas teorias científicas especificamente (como a mecânica quântica e a teoria da evolução) e outros. É bastante provável que ele tenha mudado de opinião em alguns desses assuntos algumas vezes (o que é justamente a atitude fundamental do racionalismo crítico). Mas em relação à epistemologia falsificacionista (e ao racionalismo crítico em geral), desconheço até o momento alguma mudança significativa em sua concepção. Se você sabe de alguma, me informe para que eu fique atualizado. Agradeço.


Citação de: Adriano
Teorias epistemológicas não proibem, não são leis. Apenas o direito tem o poder jurídico de estabelecer via estado proibições para os cidadãos e para os entes jurídicos. O resto é jogo de palavra. Disso eu tiro a importância empírica da ciência jurídica. É um fato social e presente na vida de qualquer ser social. Incluvise a de nós internautas. Até mesmo aqui estamos sujeitos as leis de um determinado país, de acordo com a nossa manifestação expositiva.



 :histeria:
De fato, ninguém vai morrer, ser preso ou espancado se criar hipóteses ad hoc e teorias infalseáveis (Foi bom você ter me avisado disso  :biglol:). É como um manual de instruções de um aparelho, você não é "obrigado" ou coagido a seguí-lo, nada lhe impede de descumprí-lo. O problema será apenas os resultados que provavelmente obterá.   



Citação de: Adriano
Na verdade, existem "graus" de ad-hoc, ou seja, uma hipótese pode ser mais ou menos ad-hoc do que outra quanto mais ou menos independentemente testável ela for. A comunidade científica geralmente sabe escolher quais hipóteses merecem um grande esforço e gasto para conseguirem ser testadas (como a do neutrino) e quais não.
A comunidade científica não é homogênea e nem sempre sabe escolher quais as melhores hipóteses. A história da ciência, mostra de uma maneira geral, que os erros são constantes e as mudanças de paradigmas acontecem frequentemente ao longo do tempo. É isto que Thomas Kuhn crítica com propriedade na teoria do falsificacionismo ingênuo.

Se com "erros" você está se referindo a teorias que estavam erradas, que fracassaram em experimentos, etc, bom, isso é parte fundamental do processo científico; é com os erros que aprendemos, é eliminando hipóteses falsas que o conhecimento progride.

Se com "erros" você estiver se referindo a atitudes irracionais, uso de hipóteses francamente ad hoc, ignorar anomalias, etc. É realmente bastante provável que alguns cientistas, inclusive famosos, incorram em atitudes irracionais de vez em quando. É por isso que a ciência não se baseia ou se fia em pessoas, mas nas "regras do jogo" a que todos estão submetidos e na livre troca de idéias e críticas.

Já uma atitude irracional da maioria dos cientistas, bom: isso vai depender de qual área da ciência e seu grau relativo de desenvolvimento. Algumas áreas ainda adotam algumas atitudes pré-científicas e avançam pouco, às vezes até regridem (principalmente em ciências sociais). É uma questão de surgir um Galileu ou um Pasteur nelas para dar exemplo.




Citação de: Adriano
Ao contrário do que diz o texto do primeiro post, Imre Lakatos não dizia que os cientistas  usavam hipóteses ad-hoc regularmente, e nem defendia seu uso. As hipóteses auxiliares que ele preconiza são as do tipo não ad-hoc (conforme já explicado). Lakatos defende que é possível o uso de hipóteses auxiliares não ad hoc (permitidas pelo falsificacionismo)  de forma praticamente indefinida para manter uma teoria de pé.
Lakatos defende que um programa de pesquisa é progressivo conforme a previsibilidade de suas teorias. Programas progressivos tem maior previsibilidades, enquanto programas regressivos mantém apenas a formulação de hipóteses ad-hoc.

Isso é verdade. É por isso que quando o programa está "regressivo", começam a surgir (em concordância com o falsificacionismo) várias hipóteses "revolucionárias" alternativas ao mesmo.


Citação de: Adriano
E o texto postado é somente ilustrativo, onde um autor de blog utiliza de suas palavras para expressar o seu entendimento sobre a teoria Lakatosiana. Assim como você está fazendo a sua exposição através da elaboração de um texto próprio, do que acredita ser mais coerente. Não quer dizer que seja e nem considero que seja.


Você é livre para "achar" ou "considerar" o que quiser. O problema só surgirá na hora de mostrar aos outros o porquê.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Adriano

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #9 Online: 06 de Junho de 2008, 11:10:27 »
Em resumo: o falsificacionismo proíbe o uso de hipóteses que não fazem previsões adicionais, não sendo independentemente testáveis, servindo apenas para "explicar" um determinado resultado e nada mais. Essas são as hipóteses ad-hoc.
Proibição apenas retórica. Nem mesmo o próprio falsificacionismo popperiano se isentou de apresentar inúmeras hipóteses ad-hoc.

O falsificacionismo não é uma teoria científica, é uma prescrição epistemológica, de caráter normativo.
:histeria: :histeria: :histeria:

Conta outra. Normas prescritivas de carater normativo somente as leis nacionais.  :twisted:

Chamá-lo de teoria científica ou tratá-lo como se fosse seria como chamar as regras do futebol de "jogadas" (acho que já disse isso em outro tópico).  Na avaliação de uma prescrição epistemológica (assim como a de qualquer regra, lei, recomendação, algoritmo, etc) não se aplica dizer que ela é "falsa" ou "verdadeira", mas sim se ela é adequada ou não para a obtenção dos objetivos a que ela se propõe. Não se aplica a regras e prescrições em geral esse conceito de ad hoc, como você coloca.
Isso na sua idolotria do falsificacionimos Popperiano que é superado pelo Falsificacionismo de Lakatos depois de abalado pela prescrição epistemológica de Thomas Kuhn.

No caso do falsificacionismo popperiano, o principal objetivo ao qual ele se propõe é o progresso do conhecimento, ou seja, a incorporação cada vez maior de novos dados, os mais próximos da verdade possíveis, ao conhecimento humano.
Que lindo, me emocionei  :'(

Na boa, esqueça isso de mais próximos da verdade...

Esse objetivo é compartilhado por todos os cientistas e filósofos (a única exceção declarada que eu conheço é Feyerabend, que diz que o objetivo da ciência é "promover a felicidade humana").
Equívoco total. Não é compartilhado por todos cientistas e filósofos já que é uma teoria da filosofia da ciência, uma discussão de alto nível acadêmico. Já ouviu falar de Richard Rorty e a antifilosofia e o antirepresentacionismo? A maioria da academia pouco se importa com isso, estão mais preocupados com o processo dinâmico de produção científica e não com o estudo dessa produção como fazem os epistemólogos, os filósofos da ciência.

Kuhn e Lakatos utilizaram uma abordagem descritiva (ou histórica), ou seja, procuraram descrever o que os cientistas "realmente fazem" para, a partir daí, terem uma idéia de qual o procedimento é mais científico ou não.
A historiografia da ciência é deveras importante para a epistemologia. Todos a utilizam, inclusive você ao pegar o fato histórico da repercussão da epistemologia popperiana na academia. Isso já faz tempo. Tem muitos outros epistemólos influentes, que ainda nem estudei mais a fundo.

E Lakatos traz a historiografia dos seus estudos na filosofia da matemática e ele não refuta Popper e sim complementa sua teoria.

A questão é que a interpretação que eles deram para vários fatos da história da ciência, quando não se mostram erradas (como a incomensurabilidade de Kuhn, ou a possibilidade de manutenção indefinida de um "programa de pesquisa", de Lakatos), não contradizem em nada a prescrição falsificacionista.
Se pensa assim eu respeito a sua opinião, mas o que considero é que o falsificacionimos não seja incompatível com nenhuma outra teoria subsequente. Foi incorporado pelas demais, essa síntese entre Popper e Kuhn foi mérito de Lakatos.

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Citação de: Adriano
O próprio Popper fez constantes revisões de suas obras e chegou a um entendimento bem diferente do que o exposto no livro A lógica da pesquisa científica. Posteriormente aborda a física quântica e a economia, onde tem um amadurecimento de sua epistemologia.

Popper tratou durante a sua vida de vários assuntos, como política, economia, algumas teorias científicas especificamente (como a mecânica quântica e a teoria da evolução) e outros. É bastante provável que ele tenha mudado de opinião em alguns desses assuntos algumas vezes (o que é justamente a atitude fundamental do racionalismo crítico). Mas em relação à epistemologia falsificacionista (e ao racionalismo crítico em geral), desconheço até o momento alguma mudança significativa em sua concepção. Se você sabe de alguma, me informe para que eu fique atualizado. Agradeço.
Eu faço as minhas pesquisas e você as suas. Se não confia no que estou dizendo então nem adianta pedir minhas fontes de informação. Mas te digo que eu pesquiso bastante sobre isso.  :wink:

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Citação de: Adriano
Teorias epistemológicas não proibem, não são leis. Apenas o direito tem o poder jurídico de estabelecer via estado proibições para os cidadãos e para os entes jurídicos. O resto é jogo de palavra. Disso eu tiro a importância empírica da ciência jurídica. É um fato social e presente na vida de qualquer ser social. Incluvise a de nós internautas. Até mesmo aqui estamos sujeitos as leis de um determinado país, de acordo com a nossa manifestação expositiva.



 :histeria:
De fato, ninguém vai morrer, ser preso ou espancado se criar hipóteses ad hoc e teorias infalseáveis (Foi bom você ter me avisado disso  :biglol:). É como um manual de instruções de um aparelho, você não é "obrigado" ou coagido a seguí-lo, nada lhe impede de descumprí-lo. O problema será apenas os resultados que provavelmente obterá.   
Mais um pouco e você chega nas mesmas conclusões de Lakatos sobre os programas de pesquisas e a necessidade destes serem prescritivos. É assim que são validados, através de sua viabilidade social. Para isso devem ter o seu espaço para se organizarem e desenvolverem. E a sociedade democrática permite isso. E isto ocorre.

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Citação de: Adriano
Na verdade, existem "graus" de ad-hoc, ou seja, uma hipótese pode ser mais ou menos ad-hoc do que outra quanto mais ou menos independentemente testável ela for. A comunidade científica geralmente sabe escolher quais hipóteses merecem um grande esforço e gasto para conseguirem ser testadas (como a do neutrino) e quais não.
A comunidade científica não é homogênea e nem sempre sabe escolher quais as melhores hipóteses. A história da ciência, mostra de uma maneira geral, que os erros são constantes e as mudanças de paradigmas acontecem frequentemente ao longo do tempo. É isto que Thomas Kuhn crítica com propriedade na teoria do falsificacionismo ingênuo.

Se com "erros" você está se referindo a teorias que estavam erradas, que fracassaram em experimentos, etc, bom, isso é parte fundamental do processo científico; é com os erros que aprendemos, é eliminando hipóteses falsas que o conhecimento progride.

Se com "erros" você estiver se referindo a atitudes irracionais, uso de hipóteses francamente ad hoc, ignorar anomalias, etc. É realmente bastante provável que alguns cientistas, inclusive famosos, incorram em atitudes irracionais de vez em quando. É por isso que a ciência não se baseia ou se fia em pessoas, mas nas "regras do jogo" a que todos estão submetidos e na livre troca de idéias e críticas.

Já uma atitude irracional da maioria dos cientistas, bom: isso vai depender de qual área da ciência e seu grau relativo de desenvolvimento. Algumas áreas ainda adotam algumas atitudes pré-científicas e avançam pouco, às vezes até regridem (principalmente em ciências sociais). É uma questão de surgir um Galileu ou um Pasteur nelas para dar exemplo.

Com erros estou me referindo a erros de um programa de pesquisa. Principalmente dos que tem como axioma a filosofia monista na concepção da mente. Esse é o erro crasso ao veu ver, o erro de paradigma, de núcleo duro do programa de pesquisa.

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Citação de: Adriano
Ao contrário do que diz o texto do primeiro post, Imre Lakatos não dizia que os cientistas  usavam hipóteses ad-hoc regularmente, e nem defendia seu uso. As hipóteses auxiliares que ele preconiza são as do tipo não ad-hoc (conforme já explicado). Lakatos defende que é possível o uso de hipóteses auxiliares não ad hoc (permitidas pelo falsificacionismo)  de forma praticamente indefinida para manter uma teoria de pé.
Lakatos defende que um programa de pesquisa é progressivo conforme a previsibilidade de suas teorias. Programas progressivos tem maior previsibilidades, enquanto programas regressivos mantém apenas a formulação de hipóteses ad-hoc.

Isso é verdade. É por isso que quando o programa está "regressivo", começam a surgir (em concordância com o falsificacionismo) várias hipóteses "revolucionárias" alternativas ao mesmo.
Isso é bem discutido em economia, tenho um bom paper sobre isso que tem as contribuições de Popper e crítica a Lakatos nesse sentido. Imagino que o tenha visto.

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Citação de: Adriano
E o texto postado é somente ilustrativo, onde um autor de blog utiliza de suas palavras para expressar o seu entendimento sobre a teoria Lakatosiana. Assim como você está fazendo a sua exposição através da elaboração de um texto próprio, do que acredita ser mais coerente. Não quer dizer que seja e nem considero que seja.


Você é livre para "achar" ou "considerar" o que quiser. O problema só surgirá na hora de mostrar aos outros o porquê.

Não preciso mostrar aos outros. Eu faço parte de um programa de pesquisa progressivo. Este está em pleno desenvolvimento e expansão. Não preciso convencer ningúem sobre isso. Nós estamos estruturando nossa próprio programa de pesquisa e tenho boas contribuições a oferecer, sendo que já fui convidado para escrever sobre epistemologia.
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #10 Online: 12 de Junho de 2008, 11:00:35 »

Adriano, das respostas que você deu nessa última postagem, apenas três eu irei responder, pois as demais não tinham uma clara pertinência ou relevância para com o que eu tinha postado ou então concordavam implicitamente com os mesmos.

 
Citação de: Adriano
Citação de: Dono da Verdade
No caso do falsificacionismo popperiano, o principal objetivo ao qual ele se propõe é o progresso do conhecimento, ou seja, a incorporação cada vez maior de novos dados, os mais próximos da verdade possíveis, ao conhecimento humano.
Que lindo, me emocionei 

Na boa, esqueça isso de mais próximos da verdade...

Por quê?

Poderia desenvolver melhor essa resposta?


Citação de: Adriano
Citação de: Dono da Verdade
Esse objetivo é compartilhado por todos os cientistas e filósofos (a única exceção declarada que eu conheço é Feyerabend, que diz que o objetivo da ciência é "promover a felicidade humana").


Equívoco total. Não é compartilhado por todos cientistas e filósofos já que é uma teoria da filosofia da ciência, uma discussão de alto nível acadêmico. Já ouviu falar de Richard Rorty e a antifilosofia e o antirepresentacionismo? A maioria da academia pouco se importa com isso, estão mais preocupados com o processo dinâmico de produção científica e não com o estudo dessa produção como fazem os epistemólogos, os filósofos da ciência.

Peraí! quando eu me refiro a filósofos, obviamente não estou incluindo qualquer "filósofo" pós-moderno! Pós-Modernismo é dose!

Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Felizmente o pós-modernismo possui influência praticamente nula na ciência (excetuando algumas ciências sociais). Se você partilha de alguma opinião ou crença pós-moderna, meus pêsames.

Citação de: Adriano
Com erros estou me referindo a erros de um programa de pesquisa. Principalmente dos que tem como axioma a filosofia monista na concepção da mente. Esse é o erro crasso ao veu ver, o erro de paradigma, de núcleo duro do programa de pesquisa.

Desenvolva melhor essa parte. 



 
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Offline Moro

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #11 Online: 12 de Junho de 2008, 15:39:46 »
Muito bom o texto postado dono da verdade. Já coloquei na minha lista de "melhores momentos do CC".

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #12 Online: 12 de Junho de 2008, 18:10:14 »
Muito bom o texto postado dono da verdade. Já coloquei na minha lista de "melhores momentos do CC".



Realmente , da gosto de ler.
Parabéns  :ok:
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #13 Online: 12 de Junho de 2008, 18:53:31 »
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Estou pensando em adotar isso como assinatura... simplesmente magistral!  :clapping:

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #14 Online: 14 de Junho de 2008, 23:12:29 »

Adriano, das respostas que você deu nessa última postagem, apenas três eu irei responder, pois as demais não tinham uma clara pertinência ou relevância para com o que eu tinha postado ou então concordavam implicitamente com os mesmos.

Citação de: Adriano
Citação de: Dono da Verdade
No caso do falsificacionismo popperiano, o principal objetivo ao qual ele se propõe é o progresso do conhecimento, ou seja, a incorporação cada vez maior de novos dados, os mais próximos da verdade possíveis, ao conhecimento humano.
Que lindo, me emocionei 

Na boa, esqueça isso de mais próximos da verdade...

Por quê?

Poderia desenvolver melhor essa resposta?
Por não estar considerando os críticos de Popper a contento. Está superestimando a abordagem falsificasionista e considerando uma atitude isenta. Sequer considera a teoria dos programas de pesquisa de Lakatos. Ela apenas acrescenta.

Citação de: Adriano
Citação de: Dono da Verdade
Esse objetivo é compartilhado por todos os cientistas e filósofos (a única exceção declarada que eu conheço é Feyerabend, que diz que o objetivo da ciência é "promover a felicidade humana").


Equívoco total. Não é compartilhado por todos cientistas e filósofos já que é uma teoria da filosofia da ciência, uma discussão de alto nível acadêmico. Já ouviu falar de Richard Rorty e a antifilosofia e o antirepresentacionismo? A maioria da academia pouco se importa com isso, estão mais preocupados com o processo dinâmico de produção científica e não com o estudo dessa produção como fazem os epistemólogos, os filósofos da ciência.

Peraí! quando eu me refiro a filósofos, obviamente não estou incluindo qualquer "filósofo" pós-moderno! Pós-Modernismo é dose!
Eu sou pós-moderno, sei que é dose. E nem estou falando de modismo e sim por pesquisar mais sobre o assunto e verificar que me identifico muito com todas as idéias apresentadas. Claro que tirando todos os excessos, mas considerendo a subjetividade como algo fundamental que demarca o período pós-moderno. Inclusive com o uso da virtualidade para auxiliar na definição da identidade do novo cidadão.

Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.
Para mim é um perfume francês e dos melhores  :)

Se não tem estômago para debater sobre essas questões então penso que isso deve ser respeitado. Já que isso demonstra a supremacia do respeito a subjetividade particular e personalíssima de cada um e que está vindo cada vez mais a tona. Porém não chamo de ciência o que você chama de ciência, entramos numa questão semantica, onde cai naquela história de adotar a palavra ciência para trazer importância e credibilidade para uma área do saber. Quando não essas áreas físicas e biológicas estão mais ligadas ao desenvolvimento tecnológico e de saúde da população, porém o que interessa é resolvido no mundo de verdade, longe das universidades regradas a verbas do mundo econômico real. É apenas um setor estratégico para o desenvolvimento de bens e serviços para o cidadão.

Felizmente o pós-modernismo possui influência praticamente nula na ciência (excetuando algumas ciências sociais). Se você partilha de alguma opinião ou crença pós-moderna, meus pêsames.

Citação de: Adriano
Com erros estou me referindo a erros de um programa de pesquisa. Principalmente dos que tem como axioma a filosofia monista na concepção da mente. Esse é o erro crasso ao veu ver, o erro de paradigma, de núcleo duro do programa de pesquisa.

Desenvolva melhor essa parte. 
A questão é ontológica, sobre a realidade do ser. Enquanto o existencialismo sartreano com a máxima a existência precede a essência domina o cenário acadêmico (em quantidade) a minha idéia é exatamente o contrário, a de uma essência que precede a existência. Com essa assertiva fica mais fácil elucidar muitos temas conflitantes da filosofia da mente, até então sem resposta e perdidos em muitos debates influtíferos. 

Além de ser o embasamento da epistemologia consciencial com a qual já trabalho. Aliás amanhã estaremos debatendo o tema divulgação científica, com transmissão ao vivo pela internet e disponibilização do verbete para acompanhamento. As tertúlias são um curso de longo curso voltado para o debate crítico e racional dos verbetes que irão compor a Enciplopédia da conscienciologia.
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #15 Online: 17 de Junho de 2008, 15:38:21 »
Muito bom o texto postado dono da verdade. Já coloquei na minha lista de "melhores momentos do CC".


Muito bom o texto postado dono da verdade. Já coloquei na minha lista de "melhores momentos do CC".



Realmente , da gosto de ler.
Parabéns  :ok:
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Estou pensando em adotar isso como assinatura... simplesmente magistral!  :clapping:



Obrigado pelos elogios!  :ok:
Embora eu ache que crítica ao pós-modernismo ou a qualquer outra forma de "anti-ciência" seja algo fácil demais para merecer tais elogios.  :lol:
Valeu!
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #16 Online: 17 de Junho de 2008, 17:00:35 »
Citação de: Adriano
Eu sou pós-moderno, sei que é dose. E nem estou falando de modismo e sim por pesquisar mais sobre o assunto e verificar que me identifico muito com todas as idéias apresentadas.

Dá para perceber.
O seu "estilo" de escrever, na qual há uma sucessão de frases e "asserções" meio que isoladas e arbitrárias, mais preocupado em citar ou afirmar coisas e enumerar autores do que em argumentar, é típico dos textos pós-modernos.

Citação de: Adriano
Claro que tirando todos os excessos, mas considerendo a subjetividade como algo fundamental que demarca o período pós-moderno. Inclusive com o uso da virtualidade para auxiliar na definição da identidade do novo cidadão.

Sim, e qual a relação disso com a ciência ou o método científico?


Citação de: Adriano
Para mim é um perfume francês e dos melhores  Smile

Se não tem estômago para debater sobre essas questões então penso que isso deve ser respeitado. Já que isso demonstra a supremacia do respeito a subjetividade particular e personalíssima de cada um e que está vindo cada vez mais a tona.

 Qual a relação do "respeito à subjetividade de cada um" com a ciência ou o método científico? Está dizendo que a ciência estimula ou trás como consequência algum tipo de ditadura coletivista? Sinceramente, não entendi.
 
Citação de: Adriano
Porém não chamo de ciência o que você chama de ciência, entramos numa questão semantica, onde cai naquela história de adotar a palavra ciência para trazer importância e credibilidade para uma área do saber.

Acabou de introduzir um ponto interesssante.
Já parou para pensar por quê a palavra ciência trás importância e credibilidade, como você mesmo disse?


Citação de: Adriano
Quando não essas áreas físicas e biológicas estão mais ligadas ao desenvolvimento tecnológico e de saúde da população, porém o que interessa é resolvido no mundo de verdade, longe das universidades regradas a verbas do mundo econômico real. É apenas um setor estratégico para o desenvolvimento de bens e serviços para o cidadão.

Desculpe, mas não entendi de novo.
Que tipo de coisa "interessa" ou "não interessa"? Poderia espcificar ou dar exemplos?
Que mundo "de verdade" é esse que você cita?

Todas as universidades recebem algum tipo de verba, seja pública ou privada. Disso acho você concorda.
Agora sobre elas serem "regradas" à verbas, aí já é algo mais complexo. Regras sobre como gastar acho que deve ter alguma (evitar desperdícios, claro!), embora geralmente as universidades costumem ter autonomia total nesses quesitos.

As universidades públicas recebem praticamento toda a sua verba do governo. As empresas privadas costumam financiar pesquisas aplicadas, ou seja, pesquisas das quais poderão ter algum benefício econômico, e tendem mais a ser em institutos de pesquisa privados do que universidades. O ponto a ser ressaltado é que, para que estas empresas financiadoras tenham alguma vantagem econômica, é necessário que os produtos pesquisados funcionem, ou seja, que os cientistas consigam descobertas as mais "verdadeiras" possíveis.

Uma empresa privada está interessada mais em que um cientista encontre uma aplicação econômica para as leis da genética do que em que ele persista defendendo uma teoria genética alternativa que foi refutada em experimentos.

As áreas mais dominadas pelos pós-modernos, ao contrário, costumam receber apenas verbas públicas. Não entrarei no mérito de haver ou não influência decisiva de interesses políticos nessas áreas, apenas no tipo ou direção desses interesses, se houver.

Enquanto as empresas privadas costumam querer apenas resultados que funcionem, membros do governo, partidos políticos e sindicatos podem ter interesses mais político-ideológicos do que meramente técnicos

A conclusão é que os interesses existem em ambas as áreas, o problema é que os tipos de interesses que prevalecem nas áreas mais dominadas pelo pós-modernismo costumam estar menos alinhados com a "funcionalidade" e o "sucesso" empírico das pesquisas. 



Citação de: Adriano
A questão é ontológica, sobre a realidade do ser. Enquanto o existencialismo sartreano com a máxima a existência precede a essência domina o cenário acadêmico (em quantidade) a minha idéia é exatamente o contrário, a de uma essência que precede a existência. Com essa assertiva fica mais fácil elucidar muitos temas conflitantes da filosofia da mente, até então sem resposta e perdidos em muitos debates influtíferos.

Além de ser o embasamento da epistemologia consciencial com a qual já trabalho. Aliás amanhã estaremos debatendo o tema divulgação científica, com transmissão ao vivo pela internet e disponibilização do verbete para acompanhamento. As tertúlias são um curso de longo curso voltado para o debate crítico e racional dos verbetes que irão compor a Enciplopédia da conscienciologia.

Ok, Mas só um aviso: se você acha que tudo isso que você citou tem alguma influência, mesmo pequena, na pesquisa científica, está redondamente enganado. 
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #17 Online: 24 de Junho de 2008, 22:27:26 »
Não estou não. Tenho vivências, experimentações. Sei do que estou falando.

Não se esqueça que programas de pesquisas utilizam o método científico, porém mudam os núcleos duros, os axiomas. O dogma da pesquisa externa e a crença na isenção (imparcialidade) dos cientístas é muito danosa. São formados os PHDeuses, donos do saber encastelado. É muito fácil falar de laboratórios para tecnologias físicas e químicas e atualmente até as biológicas/médicas que estão bem avançadas. Eu vejo a ciência convencional como formadora de técnicos para o desenvolvimento industrial/tecnológico. Não abarcam a questão humana.

E num ponto você tem razão, a questão econômica é essencial e para isso estou trabalhando na redefinição econômica pelo programa de pesquisa conscienciológico. Este programa está baseado no terceiro setor, no trabalho voluntariado. As empresas conscienciológicas existem mas são poucas.

É na economia que ocorre a produção de bens e serviços para quem realmente interessa a sociedade humana. Nesta disciplina é que começa o maior desafio da ciência. Somente com a conscienciologia e com o ateísmo, que garante a isenção, é possível um maior entendimento sobre a religião e seu aspecto econômico. É o início do que já está sendo abordado como economia espiritual.

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #18 Online: 30 de Julho de 2008, 00:54:13 »
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Vou dar pitaco em assuntos do qual nada conheco (pos-modernismo e filosofia da ciencia):

Se é verdade que os pós-modernos pensam da ciencia como "solidadariedade entre pares" e que as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" nao estariam eles "assassinando" seu proprio pensamento???

Ora, pois as mesmas colocações sobre o que eles consideram do resto, poderiam ser feita acerca de suas própias idéias (como sendo "realidades que criaram para si"), ou não? Isto colocaria suas próprias idéias no mesmo patamar que tudo aquilo que eles mesmos criticam!

O que os autorizaria a dizer o contrário? Como eles sairiam desta dificuldade?

Sem contar que isto das pessoas criarem suas realidades soa parecido com o dito protagórico "O homem (como indivíduo) é a medida de todas as coisas, das coisas que são o que são e das coisas que não são o que não são". No diálogo Eutidemo percebe-se uma consequencia nefasta destas idéias nas afirmações da erística de que "não se pode dizer o falso, que o que quer que se diga, se diz o que é".
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #19 Online: 04 de Maio de 2010, 11:43:21 »
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Estou pensando em adotar isso como assinatura... simplesmente magistral!  :clapping:
E fez a muito tempo  :biglol:

Desvirtuou o sentido do tópico que era sobre Lakatos  :b

Mas sua assinatura diz: "Uma boa crítica ao pós-Modernismo ruim" o que quer dizer que existe um pós-modernismo bom  :o

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #20 Online: 04 de Maio de 2010, 12:45:07 »
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Estou pensando em adotar isso como assinatura... simplesmente magistral!  :clapping:
E fez a muito tempo  :biglol:

Desvirtuou o sentido do tópico que era sobre Lakatos  :b

Mas sua assinatura diz: "Uma boa crítica ao pós-Modernismo ruim" o que quer dizer que existe um pós-modernismo bom  :o



Quem desviou o tópico foi você, citando filósofos pós-modernos em uma discussão séria sobre método científico.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #21 Online: 04 de Maio de 2010, 13:16:37 »
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Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Estou pensando em adotar isso como assinatura... simplesmente magistral!  :clapping:
E fez a muito tempo  :biglol:

Desvirtuou o sentido do tópico que era sobre Lakatos  :b

Mas sua assinatura diz: "Uma boa crítica ao pós-Modernismo ruim" o que quer dizer que existe um pós-modernismo bom  :o



Quem desviou o tópico foi você, citando filósofos pós-modernos em uma discussão séria sobre método científico.
Porém eu fui o criador do tópico, esta discussão séria sobre método científico. Agora usei também o fenômeno conhecido como ressurreição do tópico  :rola:

O tópico provavelmente ficou mais conhecido pela assinatura do moderador citado, se referindo ao pós-modernismo do que a proposta inicial. É a minha impressão. Já que em qualquer discussão que ele participe estará lá esta referência.
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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #22 Online: 04 de Maio de 2010, 14:15:59 »
O átomo de bohr no nível médio: uma análise sob o referencial lakatosiano

Tem uma boa explicação para este post:

Ja disse o Feynman: epistemologia é tão útil para os cientistas quanto a ornitologia é para os pássaros :D

Mas tenho uma pérola impagável do Lakatos, muitíssimo rica de significados:

“A maioria dos cientistas tende a entender um pouco mais de ciência do que os
peixes de hidrodinâmica”
(1979, pg. 182).

É fantástico o alcance desta idéia. Pensem a respeito.


LAKATOS, I. O Falseamento e a Metodologia dos Programas de Pesquisa Científica. In:
I. Lakatos; A Musgrave (Org.). A Crítica e o Desenvolvimento do Conhecimento. São Paulo:
Cultrix, EDUSP, p. 109-243. 1979.

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Offline Adriano

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #23 Online: 23 de Maio de 2010, 14:32:37 »
Citação de: Adriano
Citação de: Dono da Verdade
Esse objetivo é compartilhado por todos os cientistas e filósofos (a única exceção declarada que eu conheço é Feyerabend, que diz que o objetivo da ciência é "promover a felicidade humana").


Equívoco total. Não é compartilhado por todos cientistas e filósofos já que é uma teoria da filosofia da ciência, uma discussão de alto nível acadêmico. Já ouviu falar de Richard Rorty e a antifilosofia e o antirepresentacionismo? A maioria da academia pouco se importa com isso, estão mais preocupados com o processo dinâmico de produção científica e não com o estudo dessa produção como fazem os epistemólogos, os filósofos da ciência.

Peraí! quando eu me refiro a filósofos, obviamente não estou incluindo qualquer "filósofo" pós-moderno! Pós-Modernismo é dose!

Os textos de Rorty, Gattary, Deleuze, Foucault, Derrida, Capra, etc simplesmente fedem para qualquer um que não viva naquele mundinho particular criado pela "subcultura" pós-moderna, um estranho mundo onde a ciência é um fracasso total e as teorias científicas estão no mesmo patamar de qualquer crendice tribal, um mundo onde ciência nada mais é do que uma "solidadariedade entre pares", onde as pessoas "criam" suas "verdades" ou "realidades" (incluindo aí as doenças e catástrofes de todo tipo), onde a física e a matemática são, de alguma forma estranha, "colonialistas". etc etc etc.

Felizmente o pós-modernismo possui influência praticamente nula na ciência (excetuando algumas ciências sociais). Se você partilha de alguma opinião ou crença pós-moderna, meus pêsames.
Rorty e e Foucault são filósofos espetaculares. Fiquei curioso com o nome de Deleuze e me impressionei pela sua abordagem filosófica relacionada a psiquiatria, algo presente em minha vida e conseguentemente em meus estudos. Vejo que Deleuze teve fundamental importância na análise midiática influenciando a obra de Levy sobre o ciberespaço, que é nada mais que uma nova mídia com interatividade ampliada.
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

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Re: O cinturão de proteção de Imre Lakatos
« Resposta #24 Online: 23 de Maio de 2010, 18:06:15 »
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Deleuze & Guattari fazem coincidir as semióticas ou regimes de signos
modernos com os desenvolvidos na história antiga dos judeus: povo (habiru), povo
peregrino no deserto, povo profético, povo monárquico. Caim, Jonas e Jesus são
apresentados como três grandes processos lineares, exemplos do “duplo desvio na linha
de fuga”. Na análise, eles concluem que a transformação da Bíblia (e o Corão) em livro
único, ponto de subjetivação em uma semiótica mista, é semelhante ao culto dos livros
e autores como Marx, Freud etc.
(DELEUZE & GUATTARI: 1995, p.71-82).
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Este trecho muitos vão gostar  :hihi:
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

 

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