Autor Tópico: Afinal, a carne é insubstituível?  (Lida 12971 vezes)

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Offline Dr. Manhattan

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #25 Online: 04 de Junho de 2008, 11:02:48 »
No quesito substituição, o fato é que existem grupos que pesquisam o "cultivo" de carne em laboratório. Não tem sido fácil, mas
imagino que em algumas décadas seja possível comercializar produtos derivados da "carne de proveta". Fico me perguntando o que
os vegetarianos pensariam disso.

O único argumento para o vegetarianismo que considero convincente é que é preciso usar muito mais terra e outros recursos para
se produzir carne do que vegetais. Eu estaria disposto a abdicar do churrasco se isso significar alimentos mais baratos e abundantes.
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Alan Watts

Offline Felius

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #26 Online: 04 de Junho de 2008, 12:49:31 »
No quesito substituição, o fato é que existem grupos que pesquisam o "cultivo" de carne em laboratório. Não tem sido fácil, mas
imagino que em algumas décadas seja possível comercializar produtos derivados da "carne de proveta". Fico me perguntando o que
os vegetarianos pensariam disso.

O único argumento para o vegetarianismo que considero convincente é que é preciso usar muito mais terra e outros recursos para
se produzir carne do que vegetais. Eu estaria disposto a abdicar do churrasco se isso significar alimentos mais baratos e abundantes.
Ainda nao vi estudos imparciais sobre isso, mas suspeito que enquanto isso e verdadeiro no nivel calorico, acaba sendo falho quando se considera que para remover a carne teria que se adicionar varios vegetais diferentes que podem acabar aumentando a area nescessaria.

Fora que a maioria desses animais usados para consumo se houvesse interrupcao de consumo, estariam extintos, ou quase, em poucas geracoes.
« Última modificação: 04 de Junho de 2008, 12:51:32 por Felius »
"The patient refused an autopsy."

Offline Herf

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #27 Online: 04 de Junho de 2008, 13:53:42 »
O único argumento para o vegetarianismo que considero convincente é que é preciso usar muito mais terra e outros recursos para se produzir carne do que vegetais.
Ao menos em princípio, pois espaço para cultivar não falta e novas tecnologias que maximizam a produção surgem a todo momento.

Offline Brutos

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #28 Online: 04 de Junho de 2008, 16:29:22 »
O que eu não consigo entender, é o que leva um individuo a não comer carne? (a não ser, se de fato não goste mesmo...)
Ideologia... (qual?)
Pena do animal... (???)
Medo de ser comido por um ser superior...
Ahhh, Pode ser por promessa, né?

Offline Tash

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #29 Online: 04 de Junho de 2008, 19:20:41 »
Atualmente, de onde retiram a B12?

Já existem técnicas baratas pra extrair B12 de culturas de bactérias. Não sei o que é utilizado no Brasil.

E a pobre das plantas? Nao tem direito a vida? O que torna uma vida de um animal mais importante que de uma planta? Por que plantas tudo bem matar e animais nao?

Há quem pense nas plantas: os frugívoros comem apenas frutos, o que não causa a morte nem "mutilação" da planta. Eu acho um exagero. Plantas não possuem sistema nervoso, portanto não sentem dor.



Alguns animais possuem sistemas nervosos muito próximos dos nossos, chegando a exibir inclusive reações similares as humanas. Esse tipo de animal pode sentir desconfortos além da dor física. Podem sofrer com confinamento, por exemplo. Sou à favor de diminuir o sofrimento dos animais.

Há quem diga que é impossível parar o consumo de carne mundial, que isso quebraria certas economias. Não entendo disso, nunca estudei sobre o assunto, mas creio que posso fazer a minha parte diminuindo o meu próprio consumo de alimentos de origem animal. Na verdade, eu ligo mais para o sofrimento de poucos animais do que a manutenção de economias baseadas no consumo de carne por aí. Mercados quebram, mercados surgem.

Se a carne nos ajudou a evoluir no passado, hoje isso é irrelevante, até mesmo porque esses primeiros humanos provavelmente comiam a carne crua. O fato é que hoje podemos ter uma dieta saudável com baixo ou nenhum consumo de carne.

E por falar em "baixo consumo de carne", a pirâmide alimentar padrão do USDA coloca a carne no topo, ou seja, uma das coisas que menos devem ser consumidas para manutenção de uma dieta saudável.



No entanto, o consumo de carne per capita no mundo só aumenta...





Para criar animais é necessário alimentá-los, e pra isso é dedicada uma parcela da produção mundial de alimentos. Animais também consomem água em abundância.

Matematicamente, a conta é bem simples... o animal come algo e gera energia, então gasta energia durante alguns anos para no final consumirmos sua carne. É perda de energia. Se consumissemos os alimentos diretamente, estariamos aproveitando melhor nossos recursos.

A mesma conta pode ser feita para água: o animal consome água e boa parte do que devolve pra natureza é em formato de urina e esterco, que raramente podem ser aproveitados.

Matadouros, graxarias e frigoríficos gastam ainda mais água (potável) para manter (quando conseguem) a higiene de suas instalações, equipamentos e veículos. Quando não seguem as leis e deixam de tratar a água utilizada, de quebra, contaminam e sujam rios.

As plantações de hoje em dia tem seus problemas também. Monoculturas são extremamente agressivas, mas isso pode ser substituído por rotações de cultura ou plantações ecológicas (simulando ecossistemas naturais). É mais caro, mas pode ser a única alternativa sustentável no futuro.

A criação de gado no Mato Grosso e Amazonas é praticamente um crime. Desmatam a vegetação nativa para plantar pasto e criar gado. Produção intensiva (como na Europa) é, no meu ponto de vista, bizarra.

A única alternativa que vejo para criação de animais mais ecológica e ética (segundo minha opinião) é em pastos nativos, como acontece no Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Como o pasto é nativo, não há necessidade de plantar nada. O gado vive livre, sem "stress" e consequentemente a carne é melhor e o animal sofre menos. A área antes utilizada para o plantio de ração (usada na criação intensiva de gado) e pasto plantado poderia ser utilizada para plantação de alimentos para humanos, e ainda haveria uma produção pequena de carne suficiente para manter uma proporção boa com a pirâmide alimentar que mencionei lá em cima.

Uma das possíveis consequências disso seria o aumento no preço da carne, o que tornaria inviável seu consumo diário. Pra quem gosta do sabor, seria ruim.. mas não seria tão mal assim para a saúde e sustentabilidade do planeta.

Nem vou considerar as pessoas que falam que não trocam um churrasco por nada e principalmente as que postarem fotos de peças de picanha no post (sempre aparece algo assim). A discussão não é sobre culinária.

Rhyan

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #30 Online: 04 de Junho de 2008, 19:35:19 »
Se não fossem por nós carnívoros, esses animais estariam extintos.

Offline FxF

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #31 Online: 04 de Junho de 2008, 19:39:26 »
Tash, que diferença faz se há maior energia? Se fosse por isso todo doce e salgadinho deveria ser proibido.
(Em termos de possibilitar mais alimento, bom, eu não acredito na idéia de acabar com a fome com comida.)

Sobre dor em animais, há meios de mudar isso.

Offline Tash

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #32 Online: 04 de Junho de 2008, 22:09:24 »
Tash, que diferença faz se há maior energia? Se fosse por isso todo doce e salgadinho deveria ser proibido.
(Em termos de possibilitar mais alimento, bom, eu não acredito na idéia de acabar com a fome com comida.)

Sobre dor em animais, há meios de mudar isso.

Não é questão de haver mais energia contida no alimento, é a quantidade de energia desperdiçada na produção de cada quilo de carne, vou explicar:

Supondo que 1kg de milho tenha 2000 cal, e seja suficiente para produzir 1kg de ração animal para gado. Esse gado comerá 1kg de ração para cada dia que ele viver, mas jamais essa energia vai parar toda na carne, ela será utilizada para ele pastar e mugir (bois mugem?).  No final, centenas de quilos de milho alimentaram esse boi durante a vida inteira dele, para ele produzir apenas alguns quilos de carne, que nunca atingirão o mesmo valor energético do milho "puro".

Alguns vegetais, como o milho, a batata e a mandioca são fábricas de energia, são praticamente amido puro. Animais de sangue quente, por outro lado, são máquinas de gastar energia.. gastam com aquecimento, digestão, locomoção.

Gado de corte não puxa arado, não carrega nada nas costas, não constrói casas, não asfalta ruas, não faz nada. Alimentamos essas máquinas de gastar energia pelo puro prazer de comer carne, comer gelatina e encapar os bancos dos nossos carros com couro.

Offline Tash

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #33 Online: 04 de Junho de 2008, 22:12:14 »
Se não fossem por nós carnívoros, esses animais estariam extintos.

Uma explicação seria bem-vinda.

E detalhe: Nenhum humano é carnívoro. É impossível para um humano viver comendo apenas carne.

Offline Nyx

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #34 Online: 04 de Junho de 2008, 22:12:35 »

Offline FxF

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #35 Online: 04 de Junho de 2008, 22:53:54 »
Tash, que diferença faz se há maior energia? Se fosse por isso todo doce e salgadinho deveria ser proibido.
(Em termos de possibilitar mais alimento, bom, eu não acredito na idéia de acabar com a fome com comida.)

Sobre dor em animais, há meios de mudar isso.

Não é questão de haver mais energia contida no alimento, é a quantidade de energia desperdiçada na produção de cada quilo de carne, vou explicar:

Supondo que 1kg de milho tenha 2000 cal, e seja suficiente para produzir 1kg de ração animal para gado. Esse gado comerá 1kg de ração para cada dia que ele viver, mas jamais essa energia vai parar toda na carne, ela será utilizada para ele pastar e mugir (bois mugem?).  No final, centenas de quilos de milho alimentaram esse boi durante a vida inteira dele, para ele produzir apenas alguns quilos de carne, que nunca atingirão o mesmo valor energético do milho "puro".

Alguns vegetais, como o milho, a batata e a mandioca são fábricas de energia, são praticamente amido puro. Animais de sangue quente, por outro lado, são máquinas de gastar energia.. gastam com aquecimento, digestão, locomoção.

Gado de corte não puxa arado, não carrega nada nas costas, não constrói casas, não asfalta ruas, não faz nada. Alimentamos essas máquinas de gastar energia pelo puro prazer de comer carne, comer gelatina e encapar os bancos dos nossos carros com couro.
Eu sei disso. Mas qual o problema? Carne é uma delícia, vale a pena o desperdício de energia.

Offline Barata Tenno

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #36 Online: 04 de Junho de 2008, 22:56:19 »
Tash, que diferença faz se há maior energia? Se fosse por isso todo doce e salgadinho deveria ser proibido.
(Em termos de possibilitar mais alimento, bom, eu não acredito na idéia de acabar com a fome com comida.)

Sobre dor em animais, há meios de mudar isso.

Não é questão de haver mais energia contida no alimento, é a quantidade de energia desperdiçada na produção de cada quilo de carne, vou explicar:

Supondo que 1kg de milho tenha 2000 cal, e seja suficiente para produzir 1kg de ração animal para gado. Esse gado comerá 1kg de ração para cada dia que ele viver, mas jamais essa energia vai parar toda na carne, ela será utilizada para ele pastar e mugir (bois mugem?).  No final, centenas de quilos de milho alimentaram esse boi durante a vida inteira dele, para ele produzir apenas alguns quilos de carne, que nunca atingirão o mesmo valor energético do milho "puro".

Alguns vegetais, como o milho, a batata e a mandioca são fábricas de energia, são praticamente amido puro. Animais de sangue quente, por outro lado, são máquinas de gastar energia.. gastam com aquecimento, digestão, locomoção.

Gado de corte não puxa arado, não carrega nada nas costas, não constrói casas, não asfalta ruas, não faz nada. Alimentamos essas máquinas de gastar energia pelo puro prazer de comer carne, comer gelatina e encapar os bancos dos nossos carros com couro.
Eu sei disso. Mas qual o problema? Carne é uma delícia, vale a pena o desperdício de energia.

O desperdicio de energia é um grande contribuinte para o aquecimento global...
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Tash

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #37 Online: 04 de Junho de 2008, 23:33:38 »
Eu sei disso. Mas qual o problema? Carne é uma delícia, vale a pena o desperdício de energia.

Dependendo do ponto de vista, os problemas são vários: ético, ecológico, nutricional.

Se você gosta do sabor da carne, eu imagino que o mais adequado seja abrir um tópico na seção "Música, Arte e Cultura" sobre culinária. Aqui estamos discutindo sobre a carne ser ou não substituível de um ponto de vista científico.

Offline Felius

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #38 Online: 04 de Junho de 2008, 23:39:33 »
Nutricional pelo contrario, a falta de carne que faria problema, nao sua presenca. Etico, como ja disse, inteiramente subjetivo. E ecologico, bem, latifundios tambem sao ruins para o meio ambiente.

A sim, e lembrem-se que para se fazer comida para os animais tambem se usam parte das plantas nao consumidas pelos seres humanos, como a palha de arroz, etc. Por causa disso a transferencia de energia pode nao ser tao problematica.
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Offline Tash

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #39 Online: 04 de Junho de 2008, 23:44:43 »
Nutricional pelo contrario, a falta de carne que faria problema, nao sua presenca. Etico, como ja disse, inteiramente subjetivo. E ecologico, bem, latifundios tambem sao ruins para o meio ambiente.

../forum/topic=16398.25.html#msg330002

A sim, e lembrem-se que para se fazer comida para os animais tambem se usam parte das plantas nao consumidas pelos seres humanos, como a palha de arroz, etc. Por causa disso a transferencia de energia pode nao ser tao problematica.

Verdade. Eu ficaria feliz se diminuissem a produção de carne e nivelassem-na pelas sobras de plantações para humanos, seria um ótimo começo.

Offline Hold the Door

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #40 Online: 05 de Junho de 2008, 00:22:30 »
E por falar em "baixo consumo de carne", a pirâmide alimentar padrão do USDA coloca a carne no topo, ou seja, uma das coisas que menos devem ser consumidas para manutenção de uma dieta saudável.
Ele coloca a carne vermelha no topo. Peixe e frango também são carne...
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Offline Sklogw

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #41 Online: 17 de Junho de 2008, 21:41:28 »
Perto da minha casa tem um muro pichado que é um autêntico fórum sobre esse assunto. Na sequência:

1. Carne é crime
2. Pichar também é
3. Fome é foda
4. Me convença, seu idiota!

Tou pra ver ainda melhor exemplo de concisão e objetividade.
"The most ordinary things are to philosophy a source of insoluble puzzles." [Ludwig Boltzmann]

"I venture to think that the people who talk most about it are the people who do least about it. Scientific method is what working scientists do, not what other people or even they themselves may say about it." [Percy W. Bridgman, "Reflections of a Physicist"]

"Ich habe einen Drachen in meiner Garage" [A. Einstein, psicografado por sklogw]

Offline uiliníli

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #42 Online: 17 de Junho de 2008, 22:50:53 »
Citação de: Tash
Supondo que 1kg de milho tenha 2000 cal, e seja suficiente para produzir 1kg de ração animal para gado. Esse gado comerá 1kg de ração para cada dia que ele viver, mas jamais essa energia vai parar toda na carne, ela será utilizada para ele pastar e mugir (bois mugem?).  No final, centenas de quilos de milho alimentaram esse boi durante a vida inteira dele, para ele produzir apenas alguns quilos de carne, que nunca atingirão o mesmo valor energético do milho "puro".

Eu sou carnívoro, não dou a mínima para o sofrimento dos animais, mas reconheço que tem uma coisa em que os vegetarianos estão certos: não vamos poder sustentar por muito tempo uma dieta baseada na carne. Para ilustrar melhor esse balanço de energia vamos usar um balanço de massa: para um boi adulto engordar um quilo ele precisa consumir de 8 a 10 quilos de vegetais. Detalhe, esse um quilo inclui osso, cartilagem, pelo, tudo, se considerarmos apenas carne "boa", comestível a conta sobe para de 13 a 14 quilos (Veja, 23 de Abril de 2008, página 69). Não é nenhum exagero dizer que carne é um desperdício de comida.

Por muito tempo e mesmo nos dias de hoje, porém, podemos nos dar ao luxo de praticar esse desperdício, mas será que isso valerá sempre? Prestem atenção na recente onda de inflação no preço dos alimentos. De março de 2007 a março de 2008, segundo a mesma reportagem de Veja o trigo subiu 31%, o arroz 74%, a soja 87% e o trigo 130%. O principal culpado? O aumento do consumo. A economia de mercado tem tirado um contigente de pessoas sem precedentes da pobreza ao redor do mundo, principalmente na China e na Índia, países que somados têm 30% da população mundial. E qual é a primeira coisa que o pobre faz quando chega à classe média? Começa a comer mais e melhor, acrescentando à sua dieta mais carne - carne essa, que como chamei a atenção no parágrafo anterior é alimentada com soja e pasto (que poderia estar ocupado por culturas mais produtivas).

Some a isso o crescimento da população mundial (segundo a ONU em 2050 haverão três bilhoes de pessoas a mais no planeta, como se mais duas Chinas fossem acrescentadas à população do mundo!)

Os otimistas sempre nos lembram das maravilhas da tecnologia que sempre deixam os malthusianos de plantão com cara de bobos ao garantirem um salto de produtividade que permite se produzir cada vez mais alimento em áreas cada vez menores - apesar de hoje mesmo morrer de fome uma pessoa a cada cinco minutos, o mundo produz muito mais comida do que consome, o problema é o desperdício e a má distribuição, fora isso ninguém precisaria passar fome no mundo.

Entretanto enfrentamos mais uma série de desafios simultâneos: aquecimento global - como a mundança climática vai afetar a produção agrícola mundial? ; água potável - hoje um terço da população mundial não tem acesso a água potável, vou ficar devendo as fontes, mas já li que até 2050 serão dois terços. Mesmo que não acreditem nos meus números, o problema da água potável também já é um clichê; economia - o mundo está vivendo um ciclo de prosperidade admirável, como já citado a China e a Índia tiraram milhões de pessoas da pobreza e devem tirar outros milhões nos próximos anos. O aumento do poder de consumo, porém, é um sério risco ambiental - os americanos e europeus já consomem hoje tanto em recursos naturais que se os seis bilhões de humanos que existem consumissem com a mesma voracidade seriam precisos dois planetas Terras e meio para atender a demanda. O que acontecerá quando os BRIC's reivindicarem o seu pedaço do bolo?

Espero sinceramente que o engenho humano seja mais uma vez capaz de nos tirar de mais essa enrascada. Para falar a verdade eu até tenho uma grande confiança de que será. A certeza que não tenho é se não vamos ter que apertar o cinto para isso, abrindo mão inclusive de certas liberdades individuais e econômicas, por exemplo, restrições ao número de filhos, e ao consumo diário de energia e alimentos, encarecimento da água, entre outras coisas. E uma medida que eu não consigo deixar de acreditar que seria extremamente provável seria o abandono da carne (o negrito é para mostrar que eu enrolei, enrolei, mas não fugi do assunto :P ). Não abandono completo e absoluto, como gostariam os vegetarianos mais radicais. Só acredito que a carne, nesse cenário pessimista, deixaria de fazer parte do nosso dia-a-dia e passaria cada vez mais a ser um artigo de luxo. Algo para comer uma vez por mês... uma vez por ano, no Natal ou no ano novo, quem sabe. Pode chegar o dia em que, mais que o caviar, a picanha será associada aos podres de rico.

Offline uiliníli

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #43 Online: 17 de Junho de 2008, 22:51:50 »

Offline mUKA

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #44 Online: 17 de Junho de 2008, 23:33:42 »
Perto da minha casa tem um muro pichado que é um autêntico fórum sobre esse assunto. Na sequência:

1. Carne é crime
2. Pichar também é
3. Fome é foda
4. Me convença, seu idiota!

Tou pra ver ainda melhor exemplo de concisão e objetividade.

Hahahahaha, muito bom!


Poxa, de novo esse assunto de vegetais e carne? Tem 2 tópicos gigantescos no fórum sobre esse assunto!

Carnes, em termos gerais, atualmente é insubstituível pela praticidade, prazer, confraternização, obtenção de nutrientes importantes para a saúde de forma fácil e natural. Por outro ponto de vista, o da nutrição e sobrevivência, é perfeitamente substituível.

Existem diversos graus de substituição de carne e derivados, ou tipos de vegetarianismo, não é possível afirmar nada sem saber de qual tipo se está discutindo. É fato que os mais radicais vegetarianos que não consomem nem derivados dos derivados de animais acabam apresentando sintomas em torno de 3 a 5 anos, quadros que são revertidos facilmente e simplesmente pela inclusão de alguns alimentos derivados de animais ou suplementos artificiais. Sabendo disso fica óbvio que é possível viver muito bem sem comer carnes propriamente desde que se tenha um mínimo de cuidado na alimentação.

Quase tudo que foi falado até agora está correto.

Só tenho 2 pontos pra enfatizar:

- B12 é apenas um dos pontos da discussão e não é o principal, sim pode ser obtida e é obtida para fins comerciais, industriais e laboratoriais através de culturas de bactérias, ou seja, "artificialmente", mas justamente obter nutrientes de forma não derivada de animais não seria antinatural? um dos argumentos dos vegetarianos é justamente o da naturalidade na alimentação, pois bem, comer carne é natural para nossa espécie;

- O homem pode viver só de carne? É saudável? Sim e sim, ainda existem algumas comunidades tribais cuja população é exclusivamente ou quase exclusivamente carnívora que não sofrem de doenças bucais, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares apesar de ingerirem quantidades enormes de gordura;
« Última modificação: 18 de Junho de 2008, 04:28:24 por mUKA »
mUKA

Offline FxF

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #45 Online: 18 de Junho de 2008, 00:13:14 »
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1. Carne é crime
2. Pichar também é
Nossa, que foda hahaha

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #46 Online: 23 de Janeiro de 2010, 14:58:59 »
Li, assisti ou ouvi qualquer coisa recentemente sobre que, como os humanos são adaptados a uma dieta onívora, além de coisas bem básicas da nossa fisiologia serem facilitadas com essa dieta, uma dieta sem carne eleva os riscos de algum(ns) tipo(s) de câncer. Depois procuro a referência.

Offline _Juca_

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #47 Online: 23 de Janeiro de 2010, 19:35:05 »
Pessoal todo esse papo me deu uma fome, quem topa um churrasquinho, eu dou a churrasqueira... :biglol:

 Os vegetarianos podem vir também, sei fazer uma abobrinha recheada de legumes na churrasqueira que é o ó. :ok:

Offline FxF

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #48 Online: 23 de Janeiro de 2010, 20:28:57 »
Eu tenho um boi aqui que a gente pode assar inteiro

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Afinal, a carne é insubstituível?
« Resposta #49 Online: 26 de Janeiro de 2010, 23:14:48 »
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Ice Cream Has Meat in It? 7 "Vegetarian" Foods That Actually Contain Meat Products
Sadly, being a vegetarian isn't just about skipping pepperoni on that pizza. You want believe which foods contain ingredients deriving from meat.
January 15, 2010  | 
 
 
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When you became a vegetarian, you quickly learned it wasn’t just about skipping pepperoni on that pizza. You had to start scanning labels for ingredients like capric acid, tallow, rennet, glycerin, whey, suet, stereate and emulsifiers – because eating animal fat by any other name would be just as carnivorous. What you may not know is that plenty of common foods widely considered to be veg-friendly (or perhaps we should say veg-adjacent) actually contain animal fat, not just dairy fat. That means flesh. Read on to learn more.

[...]

http://www.alternet.org/food/145144/ice_cream_has_meat_in_it

 

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