Militar que assumiu relacionamento gay é transferido para BrasíliaSÃO PAULO - O sargento Laci Marinho de Araújo, de 36 anos, preso na madrugada da última quarta-feira e acusado pelo crime militar de deserção, será transferido para Brasília nesta quinta-feira, segundo o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Ele foi preso quando saía dos estúdios da Rede TV!, onde havia concedido, junto com o companheiro de farda sargento Fernando Alcântara de Figueiredo, de 34 anos, entrevista ao vivo ao programa Superpop.
Araújo estava preso no Hospital Geral de São Paulo, no Cambuci, que também é uma unidade militar, onde era acompanhado por seu parceiro, o sargento Fernando Alcântara de Figueiredo, e assistido pelo advogado Ariel de Castro Alves, secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).
As negociações para a transferência de Araújo estavam encaminhadas e, de acordo com o Condepe, só deveriam ser feitas após a avaliação de uma perícia médica do Conselho Federal de Medicina. Segundo o advogado Francisco Lúcio França, do Condepe, o médico da entidade, Paulo César Sampaio, contrariou a tese dos médicos militares de que o sargento estava apto a ser transferido. "É um parecer sem isenção", disse o advogado sobre o parecer dos militares.
Segundo França, Araújo e seu parceiro ligaram para o Condepe na manhã desta quinta-feira pedindo ajuda pois estariam sendo obrigados a embarcar em um helicóptero para a realização da transferência para Brasília.
O Condepe informou que está encaminhando um pedido ao senador Eduardo Suplicy para que ele intervenha junto ao Comando Militar do Exército de Brasília e acionou a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que deve fazer contato com o Ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Mandado de buscaSegundo o coronel Cesar Augusto Moura, chefe da Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, foi emitido um mandado de busca e captura de Araújo, que é considerado desertor e foragido da Justiça Militar desde o mês passado. Araújo afirmou sofrer de problemas neurológicos, com sintomas de esclerose múltipla. Em 2007, ele passou seis meses fora do trabalho, sob alegação de problemas de saúde. A doença, segundo ele, começou em 2003 e se agravou em 2006. Nesse período, o sargento diz que o Exército lhe concedeu dispensas.
Em 2006, porém, após o médico que cuidava de seu caso ter se afastado, começaram as perseguições. Um dos motivos para a perseguição, segundo ele, seria o fato de que o sargento faria sucesso em Brasília como cover da cantora Cássia Eller. "Forjaram um laudo há 15 dias de que ele estava apto a trabalhar. Mas não tem um neurologista entre os médicos que assinaram o laudo", afirmou seu parceiro. Após esse laudo, Araújo teria de ter se apresentado novamente ao Exército, caso contrário seria considerado desertor. Araújo não se apresentou.
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