Bem, eu estou falando mais do uso aceitável da palavra do que do Verdadeiro Ceticismo Correto Com Cê Maiúsculo.
Cético é quem duvida. Você pode duvidar de algo e acreditar em algo "oposto", pode duvidar de algo irrefutável e acreditar em algo que dá conta de explicar os mesmos fatos e que seja no entanto plenamente embasado em fatos. Não são posições absurdas ou extraordinárias de se ter, e me parece que na prática é a posição da maior parte dos que se rotulam e são rotulados céticos, ainda que talvez não sejam os "Verdadeiros Céticos", apenas os céticos "reais", que de fato existem, ou, vastamente mais comuns.
Na verdade existe uma contradição aí, se a dúvida é a ausência de crença, não é possível duvidar e acreditar respectivamente ao mesmo tempo em duas proposições que levam a mesma conclusão sobre o mesmo assunto (deuses existem ou deuses não existem). A não ser que você admita o uso comum, mas incorreto dos termos "duvidar" e " cético" como significando negação.
A e B fazem alegações sobre C, você pode duvidar de A, não crer em A, mas pode crer em B, que não tem nada a ver com A a não ser explicar C.
Duvidar de/não crer em alegações de que uma doença seja causada por demônios ou uma conspiração de dominação mundial, e acreditar que seja causada naturalmente por algum vírus ao mesmo tempo.
Duvidar de/não crer em Jeová, Zeus ou num "Ser Mágico Inteligente Criador Universal Apenas Tão Minimamente Antropomórfico Quanto Necessário Para Não Considerar Ridículo", mas acreditar no Big Bang ou no Estado Estacionário.
"Ceticismo" geralmente tenta ser promovido como uma "dúvida racional" (independentemente do raciocínio deixar coisas relevantes de fora), e não como sinônimo de "agnosticismo radical"/pirronismo/em-cima-do-murismo-permanente. Nesse "Ceticismo Verdadeiro" a pessoa não pode nem acreditar em nada, nem em ciência, o que for, já que não dá para refutar solipsismo, que somos o sonho de uma borboleta, ou qualquer outra coisa irrefutável. Deve ter havido umas sete pessoas com essa postura ao longo da história, e umas três ou quatro internadas em manicômios pela maior parte da vida.