Buracos de Minhoca são túneis que conectam duas regiões do espaço-tempo distantes entre si. Por exemplo, podemos encontrar um buraco de minhoca com um boca perto da Terra e a outra perto de Alfa do Centauro. Seria possível chegar ao planeta próximo de duas maneiras: (1) pegar uma rota longa normal, que se entende por 4 anos-luz através do espaço comum, ou (2) saltar através do buraco de minhoca, que poderia ser uma viagem de apenas 3 metros.

O buraco de minhoca tem uma possibilidade-irmã de viagem: propulsão por dobra, como a utilizada pela Enterprise em Jornada nas Estrelas. Pense da seguinte maneira. Imagine a si mesmo como uma formiga vivendo em cima de uma mesa da sala de jantar. Você quer visitar outra formiga que vive na parte inferior do tampo da mesa. Para visitar seu amigo, você poderia rastejar 60 cm até a borda mais próxima da mesa, descer 1,5 cm da borda e, então, caminhar 60 cm de volta ao centro da face inferior da mesa. A distância total percorrida seria 121,5 cm. Ou você poderia fazer um buraco através da mesa e descer 1,5 cm pelo buraco e visitar seu amigo diretamente – um verdadeiro buraco de minhoca. Uma terceira maneira de alcançar a face inferior do tampo da mesa seria usar uma serra para cortar uma fenda de 60 cm de comprimento na entre a borda da mesa e o centro da mesa. Desta maneira, você também poderia descer 1,5 cm, desta vez através da fenda, para visitar seu amigo. Sua jornada ainda seria de apenas 1,5 cm. Para outras formigas rastejando em volta do tampo da mesa, a mesa parece igual, desde que nunca tenham se aventurado perto da fenda. Se a mesa fosse feita de borracha macia, ela poderia ser deformada, ou dobrada, para produzir uma fenda sem cortar. Bastaria simplesmente pressionar com muita força sobre a borda do tampo da mesa de borracha até ter impelido 60 cm em direção ao centro. Sem mudar a topologia da mesa (você não fez nenhum buraco através dela), você mudou o formato do tampo da mesa, dobrando-o. Daí é que vem o nome de propulsão por dobra.
O físico Miguel Alcubierre sugeriu que para criar a propulsão por dobra seria necessário uma matéria comum de densidade de energia positiva e "matéria exótica", um tipo teórico de matéria com densidade de energia negativa. Se pudesse ser descoberta ou criada, a matéria exótica faria o trabalho de repelir o tempo e o espaço e criar o campo gravitacional. O físico russo Sergei Kranikov mostrou que uma nave espacial não poderia realmente criar seu próprio caminho com propulsão por dobra para onde quisesse ir. Seria necessário que o caminho fosse traçado de antemão pelas naves movendo-se a uma velocidade menor que da luz. A nave seria mais como um trem se locomovendo ao longo de trilhas previamente instaladas que um veículo para qualquer terreno se aventurando sozinho. Uma futura supercivilização poderia querer traçar caminhos de propulsão por dobra entre as estrelas, para as naves estelares atravessarem, exatamente como poderia estabelecer ligações por buraco de minhoca entre as estrelas. Uma rede de caminhos de propulsão por dobra seria até ser mais fácil de criar que aquela formada por buracos de minhoca porque propulsões por dobra exigiriam apenas uma alteração do espaço existente, e não o estabelecimento de novos buracos conectando regiões distantes.
O sistema da dobra espacial em "Jornada nas Estrelas" retira sua energia ao reagir a matéria com a antimatéria - o resultado é a completa destruição e a liberação da energia pura. Como a antimatéria não é muito comum em nosso universo, a Federação teria que produzi-la, algo que podemos ver hoje no Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) em Illinois. Novamente, o problema volta ser a questão da quantidade de combustível necessário para acionar o sistema da dobra espacial. Kruass diz que Fermilab é capaz de produzir 50 bilhões de antiprótons em uma hora - suficiente para produzir 1/1000 de um watt. Seriam necessários 100 mil Fermilabs para acender uma única lâmpada. Produzir antiprótons suficientes para distorcer o continuum espaço-tempo parece quase impossível com a tecnologia atual disponível.
Mesmo que a Enterprise viajasse a velocidades abaixo da luz, conhecidas como propulsão de impulso pelos fãs de "Jornada nas Estrelas", a quantidade de combustível e energia necessária para viajar rapidamente pelo espaço seria demasiada para uma única nave. Essa propulsão da Enterprise é alimentada por fusão nuclear, o mesmo tipo de reação que ilumina o Sol e cria grandes explosões de certas bombas nucleares. De acordo com o Dr. Lawrence Krauss, físico teórico e autor de "A física de Jornada nas Estrelas", se o Capitão Kirk quisesse viajar à metade da velocidade da luz (150 mil quilômetros por segundo), a nave precisaria queimar 81 vezes sua massa em hidrogênio, o combustível usado para uma fusão nuclear. O manual técnico de "Jornada nas Estrelas: Segunda Geração" cita a Enterprise com um peso de mais de 4 milhões de toneladas métricas, daí, a nave precisar de mais de 300 milhões de toneladas métricas de hidrogênio para se deslocar. Para reduzir e parar, a nave precisaria de outros 300 milhões de toneladas métricas de combustível, e uma possível viagem pelas galáxias precisaria de 6.642 vezes a massa da "Enterprise".
Algumas pessoas propuseram um sistema em que um dispositivo coletasse hidrogênio conforme a nave se movesse, precedendo a necessidade de armazenar grandes quantidades de combustível, mas Krauss diz que esse dispositivo teria que ter 40 quilômetros de largura para capturar algo que pudesse usar. Mesmo que o hidrogênio seja o elemento mais abundante na galáxia, existe aproximadamente só um átomo de hidrogênio para cada centímetro cúbico.
Convém também observar que os Buracos de Minhoca são constructos teóricos, ainda em discussão e sem evidência física alguma, até o momento, de existência real.
Este texto é uma montagem com parágrafos das seguintes fontes:
Gott, J. Richard – Viagens no Tempo no universo de Einstein, Ediouro, Rio de Janeiro, 2002
http://ciencia.hsw.uol.com.br/velocidade-de-dobra4.htm