Esse trecho não é referente ao objeto em questão no momento
As arbitrariedades inerentes à questão, a oposição quanto ao conceito de raça, são de natureza ideológica.
O que se está a tentar explicar é espantosamente simples: qualquer sistema de classificação é arbitrário.
Os métodos da Ciência não comprovam nem refutam nenhum critério taxonômico porque não são entes do mundo real (objetos de estudo e investigação científica) mas definições estabelecidas pelos próprios fazedores de Ciência. E qualquer definição é arbitrária. Por definição!
No entanto - e esse é o ponto que aquele artigo realmente discute - qualquer definição ser igualmente arbitrária não significa que qualquer definição é igualmente útil para a Ciência. Ou igualmente inteligente.
Quando o autor escreve
"While I agree with the political and social point, I disagree with the strong statement that race does not exist or that it is purely a social construct. This is clearly an overstatement of the reality." é preciso compreender que a discussão científica sobre se raças humanas "existem",
NÃO é da mesma natureza da discussão científica sobre se gases de efeito estufa causam aquecimento global! Discutir existência, no caso de raça, significa discutir a utilidade científica do critério taxonômico empregado. Critério arbitrário que produziu tal definição. Portanto "existência" aqui não é para ser entendida ao pé da letra, mas é algo mais como discutir a "existência" de um planeta chamado Plutão. Exemplo que o próprio texto prudentemente fornece exatamente para prevenir esse tipo de confusão que você está fazendo.
Um objeto celeste que foi denominado Plutão objetivamente existe e é um fato cientificamente comprovável. Se "existe" um planeta chamado Plutão vai depender de como os astrônomos decidirem classificar os objetos celestes.
Logo, a objeção que se faz aos conceitos de raça humana é de natureza pragmática, e não ideológica. E se debruça praticamente sobre duas questões:
- Existe variação genética suficiente na espécie Homo Sapiens Sapiens que justifique como útil e prático classificar os humanos em subespécies?
- Em classificando os humanos por raças, os critérios adotados seriam cientificamente úteis?
Para contextualizar cientificamente a 1ª questão é sabido que a diferenciação genética entre grupos de chimpanzés na África, isolados por apenas centenas de kms, é maior que a verificada em quaisquer dois humanos tomados ao acaso na face da Terra. E mesmo assim estes chimpanzés não foram classificados como diferentes subespécies!
A segunda questão discute que tipo de critério poderia ser cientificamente útil para definir raças humanas. E o critério que
VOCÊ provavelmente usa e ainda acha que é "comprovado pela Ciência" certamente não é. O mais razoável sistema de classificação de seres vivos é por similaridade genética. Portanto definir as raças humanas pelo critério da ideologia colonial eurocêntrica, que identificava basicamente as raças branca, negra, amarela e vermelha, é tão útil quanto classificar as raças de cães usando como critério a cor da pelagem. O que faria um pastor belga ser da mesma raça de um Lulu da Palmerânia.
Seria um critério e claro que seria arbitrário. Mas não seria um critério inteligente.
Deu para entender algo tão simples? Se o Neguinho da Beija Flor é geneticamente 70% europeu, você considera cientificamente inteligente e útil adotar este tipo de classificação de subespécie que o definiria simplesmente como "negro"?