Creio que está resolvido que ao dizer "deus" ou "Deus" o agnóstico não faz referência ao de qualquer religião, mas ao conceito; a causa primeira, o que causou tudo e não sabemos o que é, o que causa as leis naturais e não sabemos como.
No meu ponto de vista, porém, o agnosticismo não é incompatível de maneira alguma com o ateísmo porque os dois dizem respeito a coisas diferentes: o ateísmo diz respeito a acreditar, já o agnosticismo diz respeito a saber. Eu não acredito em Deus, portanto sou ateu. Eu não sei se Deus existe realmente ou não, logo sou agnóstico.
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Só há uma forma racional de encarar uma questão que é desconhecida: com a dúvida. Você é livre para acreditar positivamente que Deus não existe, mas ao menos assuma que isso é uma salto de fé.
Muito bem dito. É possível racionalizar até certo ponto; daí para frente ou se admite que não tem conhecimento para avançar (agnóstico), ou se crê (teísta) ou não se crê (ateísta).
Se alguém tem alguma idéia de qual seria a causa de tudo, deve fornecer evidências para que a idéia seja a aceita; até lá a causa é simplesmente "algo", seja lá o que for.
Esse alguém certamente não será um agnóstico, já que ele é cético e reconhece que há um vácuo no conhecimento.
A falta de uma descrição lógica e razoável, tanto por ateus, para a causa primeira - o que causou tudo e não sabemos o que é, o que causa as leis naturais e não sabemos como - quanto por teístas, não permite o cético avançar.
O Big Bang, mesmo que se admita verdadeiro, não pode ser essa causa primeira, já que postula a existência de uma singularidade que nunca mais ocorreu (ausência de tempo, espaço e tudo mais); não explica o que o desencadeou; não explica como que algo sem tempo, espaço e tudo mais foi capaz de existir e gerar algo; e principalmente, não explica que veio antes do Big Bang.
O teísta oferece as histórias de seus livros sagrados, o agnóstico rejeita.
O ateu coloca o Big Bang no lugar. Explica muitas coisas, menos o principal, que é a causa primeira, como escrito acima. Portanto, não havendo explicação para o que é o principal e resolveria a questão - a causa primeira -, o agnóstico também o rejeita.
Apenas a generalização de algo trivial como causas e conseqüências para "tudo", não é uma afirmação exatamente fantástica, portanto, não é tão oneroso em evidências afirmar que tudo tem alguma causa; e não estou nem fazendo o argumento de "causa primeira", isso é uma afirmação que vale tanto para um universo que em algum momento de alguma forma tivesse começado, quanto para um eterno, quqlauqer que seja a realidade.
Já se as coisas de alguma forma "não têm causas", ou especificamente o começo do universo não foi causado por nada, é uma afirmação mais onerosa do que a de dizer que foi causado por "algo", desconhecido, porque essa relação de causa e conseqüência de eventos é algo aceito praticamente como auto-evidente, ainda que também possa ser contestado.
Exatamente.