Autor Tópico: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais  (Lida 10021 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Medicina alternativa, algo mais do que as outras coisas (acho que talvez a maioria dos religiosos ainda assim vai no médico se puder, toma aspirinas, em vez de confiar só no poder da oração, muito embora os espíritas tenham os doutores Fritzes e aparentemente mais comumente os evangélicos, falem sobre curas e dentes de ouro aparecendo milagrosamente), tem uma importância mais palpável na vida das pessoas. Mesmo que muitos dos procedimentos de medicina alternativa sejam inócuos ou até tenham algum efeito placebo, que possam de certa forma tratar o que uns chamam de "sintomas da vida", pequenos episódios de mal-estar passageiros sem significância médica, imagino que a crença no funcionamento real dos "mecanismos" propostos prepare o terreno para incursões no alternativo quando começarem a aparecer pequenos sintomas de coisas realmente graves.

Ao mesmo tempo, a maior parte das pessoas, inclusive as que cada um de nós deve conhecer, não é exatamente "cética" no sentido dessa sub-cultura cética desses fóruns e listas de céticos, ateus e simpatizantes. As pessoas são geralmente mais abertas, não só à religião e fenômenos sobrenaturais, parapsicologia, astrologia e visitas extraterrestres, mas a coisas como medicina alternativa.

O nosso "ceticismo"* não é algo exatamente muito palatável para a maioria. Discutir assuntos "céticos" com alguém com quem nos importamos, é algo que imagino que procuramos ou evitar completamente, ou fazer com maior cuidado do que geralmente fazemos por aqui, amarrando almofadas e embrulhando tudo com aqueles plásticos cheios de bolhas para que não sobre nenhuma quina. Uma comparação que nos seja completamente válida por sua lógica, pode ser simplesmente insultante. Procuramos uma dessas duas alternativas tanto por não gostarmos de insultar as pessoas de quem gostamos, quanto por que ofender não é geralmente o melhor caminho para convencer uma pessoa de que ela está errada. Imagino que ao contrário, estimule a resistência. As piadas e ridicularizações que fazemos podem ser engraçadas entre nós, mas isso é só o ato inútil de "pregar para o fiéis"; para quem acredita nas coisas que ridicularizamos, provavelmente, na maior parte do tempo, ou essas ridicularizações são simplesmente irritantes, ou são ridídulas mas no sentido oposto, da mesma forma que acharíamos ridícula uma eventual ridicularização sobre algo cientificamente bem estabelecido, sólido.

Os psicólogos afirmam que, quando uma pessoa tem ameaçada uma crença que considerava importante, a tendência não é simplesmente aceitar os fatos, a lógica, como vier. O normal é sentir um desconforto com a implicação de que esteve errado sobre algo importante durante esse tempo todo; talvez ache que estar errado sobre algo tão importante implique que não é tão inteligente quanto pensou que fosse. Não só isso, mas a crença pode ser muito agradável, que ofereça conforto, enquanto a outra "opção" para a realidade oferecida, costuma no mínimo lhe tirar isso, além de talvez trazer outros aspectos mais desagradáveis juntamente.

Por esses motivos, penso que é importante desenvolvermos uma retórica consideravelmente mais "amigável" do que comumente temos por esses círculos na internet. Acaba não só sendo melhor para esses casos de importância mais particular, como convencer as pessoas que conhecemos a optar pela ciência médica de verdade em vez de alternativas que fazem promessas muitas vezes mais sedutoras, como para a promoção do pensamento crítico e detrimento de pseudo-ciências de modo geral. Torna a "pílula vermelha" um pouco menos difícil  de engolir.

Por enquanto eu só tenho duas idéias gerais sobre essa argumentação menos agressiva. A primeira é "simplesmente" não ser ofensivo, o que não é tão simples assim. Michael Shermer disse algo bem interessante, acho que foi em um dos livros dele, mas talvez tenha sido em outro lugar. Algo como que "pessoas inteligentes são ótimas em imaginarem razões para acreditarem naquilo que não é verdade". Acho que é um ponto interessante a ser feito, ou um ponto importante a ser levado em consideração. As pessoas não são burras por acreditarem em diversas dessas coisas. E de certa forma, há, por trás das defesas, mesmo das defesas "amadoras" dessas crenças uma certa engenhosidade, ainda que salpicada com ingenuidades estrategicamente localizadas, com pontos-cegos.

Outro ponto seria para dar conta do outro aspecto psicológico em jogo, sobre a crença que destruímos ser algo ao qual a pessoa está apegada, algo que fornece alguma espécie de conforto. Dois jornalistas, Matthew Nisbet e Chris Mooney vêm falando recentemente da importância da "abordagem" ou "enquadramento" da ciência na divulgação científica, eles abordam mais especificamente coisas como ensino da evolução e conscientização sobre mudanças climáticas, e como seria uma melhor divulgação científica dessas áreas, mais focados no jornalismo. Acho que generalizando esse princípio pode-se conseguir roupagens mais atraentes para verdades científicas importantes. Não é ser desonesto, ou exatamente tendencioso, apenas uma questão de imagem ou marketing; reforçar os aspectos positivos e tentar minimizar os negativos.

O artigo "framing science" de Nisbet e Mooney:
http://www.soc.american.edu/docs/science1.pdf



E então... a idéia do tópico é essencialmente pensar no assunto... comentar casos pessoais, de uma forma em que algumas vez apresentaram algo "cético", "chato" de forma convincente e até atraente, em comparação com a "alternativa", numa situação onde a rejeição seria o mais esperado. Ou mesmo simplesmente idéias de como abordar, contextualizar esses tipos de assuntos, desde os mais importantes aos temas um pouco mais "afastados", de forma a se tornarem mais facilmente aceitáveis para um grupo maior de pessoas.




* - estou adquirindo uma leve aversão ao termo, daí as aspas. Acho que "ceticismo" sem aspas seria mais apropriado para algo que fosse menos duvidoso, algo realmente não se pudesse afirmar com segurança ser desprovido de bases, como é o caso com a maior parte das coisas que esse "movimento" cético "questiona". Resvalando nos recentes debates sobre agnosticismo, sobre diversos dos assuntos sobre os quais muitas vezes nos dizemos "céticos", na verdade simplesmente sabemos, temos como saber, além de dúvida razoável, que uma coisa é ou não é verdade, não apenas duvidamos que seja.

Offline JUS EST ARS

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #1 Online: 08 de Setembro de 2008, 00:19:23 »


A vida cotidiana é um apelo à autoridade sem fim. Se tal pessoa falou que é bom é porque é.

Sou cético no dia-a-dia, simplesmente por não aceitar respostas sem fundamentos, por querer saber o "porquê" das coisas que me afirmam.

Por conta disso já fui várias vezes chamado de chato, e hoje lido com isso da seguinte forma: faço uma pergunta simples, se há boa vontade continuo, do contrário mudo o assunto da conversa.

A não ser que se esteja em um ambiente acadêmico, ou onde haja também céticos, uma conversa mais profunda só serve para causar sono.

Há pessoas que gostam da ilusão e sentem bem com informações superficiais, não havendo crime nisso.

Guardo meu ceticismo para os lugares adequados, não adianta querer mudar os outros. No dia-a-dia e em conversas informais o ceticismo simplesmente não prospera.




Offline Contini

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #2 Online: 08 de Setembro de 2008, 00:28:59 »
Realmente é complicado tocar no assunto com pessoas de nosso convívio, e eu não me considero suficientemente balizado para levar uma discussão dessas e conseguir "driblar" esses argumentos fundamentados em falacias. O problema que todo mundo acha que está levando o que acredita num nivel racional.
Eu estava treinando um engenheiro por um tempo aqui, ele tem umas ideias "compradas prontas" sobre existencia de espiritos, tipo "não sou espirita, mas tem algum sentido o que eles falam de espiritos".
Primeiro não tentei ir contra suas ideias e começar a contra-argumentar os argumentos que ele tinha. Conversei com ele sobre metodo cientifico (comparando com engenharia) e sobre argumentos falseáveis e erros logicos...Ele aceitou bem e começou a fazer umas analises de suas ideias, mas o que me impressionou mesmo foi quando lhe falei sobre o conceito da Navalha de Ockhan!! Ele se impressionou como era obvio mas mesmo assim ele não tinha se dado conta!!

Usei um caso bobo mas pratico: Dentro da central podemos "enxergar" remotamente a radio-base (celular), e eu estava lhe ensinando como analisar alarmes do equipamento. A BTS em questão não dava alarme da placa que continha o GPS, dai "abri" a placa e vimos que a antena estava captando zero satelites...O que era mais provavel como causa do defeito: 1- todos os 32 satelites GPS pifaram simutaneamente, o que teoricamente poderia acontecer com uma tempestade solar extremamente forte (pouco provavel) ou que o conector do cabo da antena GPS estivesse defeituoso ou rompido, o que pode acontecer durante o periodo de instalação com varias pessoas andando por lá.
Quando ele voltou p/ SP acredito que foi com o pensamento critico um pouco mais formado...

Acho que esse é um caminho, tentar "equipar" a pessoa com ferramentas de raciocinio e deixá-las fazer suas analises e tomar suas decisões!

E quando ele foi embora, ele me disse: Realmente tava pensando e esse negocio de espiritos tem uns furos...
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Offline JUS EST ARS

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #3 Online: 08 de Setembro de 2008, 00:32:16 »


Isso, só quis dizer que se não há aceitação de argumentos céticos, o melhor a se fazer é mudar o assunto da conversa.



Offline Contini

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #4 Online: 08 de Setembro de 2008, 00:35:46 »
:ok: Concordo que não dá pra aprofundar assuntos nesses casos... mas se voce encntra alguem um pouco mais aberto para ouvir e questionar, ai a coisa rende! Não quero que alguem acredite no que eu acredito, quero que esse alguem pense por ele mesmo e não tenha medo de duvidar!!

Ubi dubium, ibi libertas....

Mas esse tópico proposto é bem interessante pra trocar experiencias neste sentido, acho que vale a pena se conseguimos que alguem seja mais critico, e quem sabe mesmo tentar lançar uma semente de racionalidade nos mais fanaticos!! Pessoas podem mudar, começar a questionar, ai a semente tá lá...
« Última modificação: 08 de Setembro de 2008, 00:38:19 por mscontini »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #5 Online: 08 de Setembro de 2008, 00:51:53 »

Acho que esse é um caminho, tentar "equipar" a pessoa com ferramentas de raciocinio e deixá-las fazer suas analises e tomar suas decisões!

Essa coisa de tentar se fornecer "ferramentas de pensamento" é bem interessante mesmo. Meio como "dar um empurrãozinho" na direção certa e deixar a pessoa tirar as conclusões mais por si próprio. Acho que, sob o aspecto psicológico também é mais significativo do que a pessoa simplesmente "perder" num debate, do que ser diretamente convencido de que estava errado. É mais gratificante chegar "sozinho" à conclusão do que ser pego pela mão e levado até ela ou que a esfreguem na cara.





Isso, só quis dizer que se não há aceitação de argumentos céticos, o melhor a se fazer é mudar o assunto da conversa.

Como eu disse no primeiro post, isso é uma das coisas que acho que geralmente já tentamos fazer. Mas há coisas sobre as quais penso que é importante não "fugir", que tem relevância, como por exemplo, na área da saúde. Aí é melhor pensar numa roupagem melhor para a argumentação do que só desistir e deixar a pessoa se ferrar ou continuar convencida de algo que pode eventualmente ser prejudicial.

Uma coisa que talvez seja mais ou menos imprescindível seja fugir dessa estereotipação que parece ser meio típica*. A abordagem não pode começar como "bem, inicialmente sou cético; duvido de tudo até que provam o contrário, diferentemente de vocês bobões facilmente feitos de trouxa. Sou ateu e/ou agnóstico, não acredito nos seus contos de fada, amigos imaginários e nem em papai Noel. Mas chega de apresentação, vamos ao que interessa. O negócio é o seguinte: essa coisa de medicina alternativa em que você acredita é só mais uma das suas auto-ilusões, um delírio, um engodo completo [...]"

Um ponto que acabei mencionando meio implicitamente agora mas esqueci de fazer antes é essa dissociação. Acho que é provavelmente muito importante. Deve ser mais fácil para religiosos comprarem a idéia de que medicina alternativa não é uma alternativa nem é medicina se for exposta por de uma perspectiva mais religiosamente neutra do que uma meio Dawkiniana, solada-na-cara.

Acho que possivelmente Sagan fez muito mais pelo ceticismo do que Dawkins, que imagino, talvez tenha sido até contra-producente. Dawkins com certeza fez mais ateus "saírem do armário", o que até tem o seu valor, mas não considero que seja o mais importante, e não acho que valha a pena o custo.


(Por outro lado, falo de Dawkins quase como de um espantalho; eu mesmo nem li praticamente nada do material "anti-religioso" dele; só li os livros de biologia, o mais próximo a ser "anti-religioso" foi "relojoeiro cego". Li a carta aberta dele para a filha, achei algo bastante leve, diferente dessa imagem meio de ateu-bomba com a qual ele muitas vezes é associado. Talvez seja um pouco mais por diferença dos meios de comunicação de 1996 para cá, com a internet mais consolidada, do que uma abordagem tão fundamentalmente distinta)




* Um caso fresco na minha mente, como exemplo, o Sottomaior naquele programa sobre a casa que jorraria sangue, e que na verdade era só um sangramento despercebido da mulher que era diabética. A apresentadora em um dado momento na apresentação aventou o fato do Sottomaior ser ateu, e acho que isso acabou se estendendo um pouco mais do que deveria. Acho que a melhor estratégia seria que, onde quer que seja irrelevante a existência de deuses, responder nesses casos algo como "[sim, mas] isso não vem ao caso. A existência ou inexistência de deuses, ou religiões específicas é praticamente irrelevante para investigar o assunto em questão. A ciência é 'ecumênica', a mesma para todos os credos ou ausência deles [...]". Acho que ao não se fazer isso, acaba se criando um pouco uma imagem de um ateísmo-ceticismo meio "monolítico", o que não é bom.

Offline Contini

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #6 Online: 08 de Setembro de 2008, 01:06:14 »
...Ninguem gosta de gente arrogante!! Mesmo quando ele está certo!!

Penso mais ou menos como voce Buckaroo nesse assunto. As pessoas devem chegar as suas proprias conclusões, depois de fazer suas analises pessoais...Ai acho que podemos entrar, não pra dizer: Voce está errado!...Seria mais como ter a diplomacia suficiente de fazer ele pensar: Será que estou analisando certo?  Ai a gente encontra uma barreira quase intransponivel, é quando a pessoa simplesmente não quer pensar!!
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #7 Online: 08 de Setembro de 2008, 01:20:24 »
E ao mesmo tempo, para complicar, acho que há um certo prazer, difícil de se resistir, em "ganhar" o debate e fazer piadinhas, ridicularizar. Só que é contraproducente.

...

Será que alguém lembra de tópicos por esses fóruns e listas, desde a STR aos dias de hoje, onde um tom mais ameno como esse foi adotado, e quais teriam sido os resultados? Me parece bastante raro. Eu não me lembro de nenhum caso agora, embora lembre de vagas menções, como um ex-fSTRer, acho que o nick era "hfrosa" ou algo assim, que debatia nos fóruns crentes e era bem falado por lá. Durante um tempo em que eu estava tendo paciência mais ou menos excepcional com criacionistas também fui cumprimentado por isso, por alguns deles. Não lembro de ter tido uma espécie de "sucesso", de ter feito qualquer um "desistir" do criacionismo, de qualquer forma. Talvez porque, apesar de não ter sido agressivo, ainda não tenha levado em conta essa parte de deixar a pessoa seguir a própria trilha na direção certa em vez de "contar o final", dar a conclusão.

(não estou dizendo que só eu e esse cara éramos/somos calmos e educados e todo mundo mais é um bando de selvagens que só sai xingando feito maluco; muito provavelmente há muito mais debates que foram conduzidos num tom de menor confrontação, só que eu não me lembro, acho que geralmente o que fica para mim na memória é mais o conteúdo e não a forma ou participantes, especialmente se é algo que eu conheça um pouco, aí acabo ignorando quase completamente a forma -- o que é outro ponto que acho meio perigoso, que não se pode esquecer, uma vez que talvez nos leve a descuidar da forma)

Claro que, também não estou sugerindo que haja uma espécie de "receita do sucesso" para conscientizar o mundo de tudo que é certo (ou inversamente, fazer uma lavagem cerebral em todos e dominar o mundo), mas acho que são coisas que estão sendo negligenciadas e não deviam, que acabariam sendo significativas se fosse feito algum tipo de estudo.



Há tempos li qualquer coisa sobre "diálogo Socrático", que é algo mais ou menos relacionado a essa coisa de "dar um empurrãozinho". Basicamente era, pelo que me lembro, argumentar apenas através de perguntas estratégicas, mais do que com "respostas" ou afirmações em si. Vou procurar mais.

Offline Luis Dantas

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #8 Online: 08 de Setembro de 2008, 01:22:43 »
É, só que Sócrates era conhecido por fazer os outros admitirem sua própria ignorância sobre os assuntos de que supostamente entendiam... e fez muitas inimizades dessa forma.
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Offline Jeanioz

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #9 Online: 09 de Setembro de 2008, 19:05:32 »
Nem uso a palavra "cético" no dia-a-dia. "Eles" estão de olho em mim... ::)

Offline Gaúcho

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #10 Online: 10 de Setembro de 2008, 04:15:42 »
Eu acho que as pessoas podiam ser mais ceticas antes de me enviarem alguns spams emails.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #11 Online: 10 de Setembro de 2008, 10:10:02 »
Pô, ninguém tem uns causos para contar não? Nem lembra de algo "virtual" mesmo na internet que tenha ocorrido mais ou menos assim, nessa linha de menos "confronto"? Não precisa nem ter participado, é mais como referência mesmo.

Procurando sobre aquilo de método socrático, encontrei um texto em que um cara descrevia como ensinou aritmética binária para crianças da quinta ou terceira série, algo assim, apenas com perguntas. Mas ainda nem li.

http://www.garlikov.com/Soc_Meth.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Socratic_method

Offline Churrumino

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #12 Online: 10 de Setembro de 2008, 12:36:25 »
Eu tenho um caso para contar:
Bom, faz 6 meses que estou namorando e a menina e toda a familia são muiiiito crentes (no sentido de fé). Na verdade aqui em SP costumamos chamar de "crentes" os evangélicos, a familia dela toda é católica. A mãe dela ainda não sabe que estamos namorando, e vamos contar em breve. Só que eles são muito fechados no mundinho deles. Não aceitam a opinião crítica. São completamente "controlados" por tudo que diz naquelas estórias da bíblia. Minha cunhada antes de casar, o marido dela era crente (evangélico), e ele teve que se converter, porque os pais dela não aceitavam. Ou seja, além de ser completamente "noiados" (não me veio a palavra adequada) com a religião, ainda julgam que o catolicismo é a única verdade. Minha namorada aceita o fato de que eu sou ateu. Quer dizer, aceita entre aspas. Quando nos conhecemos ela disse que me via diferente, e só depois que contei que era ateu. Ai a pouco tempo ela disse que ela tinha certeza que a "missão" dela na Terra era me converter  :wink: Isso causou um grande mal, pois por algum tempo eu fiquei de boa, nem falava na não existência do poderosão lá de cima. Mas a pouco tempo eu fiquei mais cético, e isso nos deixou mal. Mas quanto a ela é tranquilo. Eu já falei pra ela que não vou jogar as verdades na cara dela, até porque se ela tornar-se ateia iria contra toda familia. Então acho melhor deixar ela com a crença dela e tudo mais. O problema vai ser quando for ter que conhecer a tal mãe dela. Parece que a primeira coisa que eles querem saber é da religião  :no: e se acreditam em deus e tudo mais. Vai ser bemmm complicado. Estou aceitando sugestões  :hihi:

Offline Luis Dantas

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #13 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:07:41 »
Evite confronto, mas não minta.
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Offline Churrumino

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #14 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:13:30 »
Pois é, mas vai ser bem complicado se eu disser pra véia que eu sou ateu. Pensa nesse povo chato com religião, é a mãe dela.

Offline Luis Dantas

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #15 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:21:45 »
Então a perspectiva não é muito boa, lamento dizer.
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Offline Jeanioz

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #16 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:25:03 »
Evite confronto, mas não minta.

Todos têm que contar mentiras sociais. A civilização depende de mentiras para sobreviver. ::)

Faça igual ao Adriano: quando for em ambientes religosos (incluindo congressos adventistas), seja um religioso (inclusive puxando canção gospel). :biglol:

Offline Churrumino

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #17 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:30:18 »
Evite confronto, mas não minta.

Todos têm que contar mentiras sociais. A civilização depende de mentiras para sobreviver. ::)

Faça igual ao Adriano: quando for em ambientes religosos (incluindo congressos adventistas), seja um religioso (inclusive puxando canção gospel). :biglol:

Haha é assim que eu penso também. Para mim não há mau nenhum em tomar um vinhozinho de graça na igreja (porque dar dízimo já seria demais) ou comer um pouco de farinha. O problema é que tenho que ver como fazer isso sem "machucar" a patroa, porque querendo ou não estarei ferindo tudo que ela pensa.

Offline Luis Dantas

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #18 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:41:09 »
Se perguntarem em que você acredita, responda da forma mais honesta e respeitosa possível. Se insistirem, não recue.  Mas evite tomar a iniciativa.
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Offline Churrumino

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #19 Online: 10 de Setembro de 2008, 13:45:38 »
Segundo a minha namorada, eles vão perguntar quase que "de cara". Vai ser difícil, pensei em falar "sou católico de batismo", mas com certeza vão falar: "como assim de batismo?". Ai complica. Por mim não tem muito problema se disser pra eles que sou católico, e ficar só mexendo a cabeça quando falarem de religião.  Mas já disse pra patroa se por um acaso, mais pra frente formos ter um filho, eu vou ensiná-lo a ser cético. E se ele me perguntar falarei as verdades.

Offline Tupac

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #20 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:16:11 »
se fosse comigo... e me perguntassem, eu diria que sou ateu. responderia o porque e pronto.
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Luis Dantas

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Offline Churrumino

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #22 Online: 10 de Setembro de 2008, 15:37:15 »
se fosse comigo... e me perguntassem, eu diria que sou ateu. responderia o porque e pronto.

Quem dera se fosse fácil assim cara. Por mim eu faria também, mas a mãe dela com certeza vai ficar com "blá-blá-blá" para filha, e ela não aguenta as pontas.

Offline Tupac

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #23 Online: 10 de Setembro de 2008, 15:48:49 »
Como eu disse, se fosse comigo faria isso...
Mas como isso esta fora de cogitação pra você... mente e ja era...
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Skorpios

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Re: Ceticismo científico nas discussões cotidianas e os relacionamentos pessoais
« Resposta #24 Online: 10 de Setembro de 2008, 18:38:44 »
È o tal negócio.. Uma colega foi internada essa semana com suspeita de leucemia (ainda não está confirmado) e me convidaram gentilmente para participar de uma oração pela saúde dela .
Eu convivo com essa gente todos os dias e não tive coragem de negar . E não tirou pedaço...nem caiu um raio sobre mim. :biglol:

 

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