Autor Tópico: Moralidade absoluta e relativa: o que é?  (Lida 21893 vezes)

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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #25 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:18:25 »
Pedro, você toma o relativismo moral como única alternativa ao absolutismo moral.
Só que entre existir mandamentos morais pétreos e invioláveis, e não haver o menor critério objetivo de julgamento moral (o que coloca em pé de igualdade direitos humanos e genocídio) existe um campo muito grande de posibilidades.


Offline Galthaar

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #26 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:19:41 »
Como eu falei, é possível comparar morais somente com pontos de vista específicos, como por exemplo, escolher entre várias, qual se adequa ao melhor desenvolvimento humano. Elas amadurecem e decaem de acordo com um ponto de vista muito pessoal, o que pode ser amadurecer para você, pode ser decair para mim (não que isto ocorra necessariamente).

Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.

Por exemplo, na década de 30 a URSS tinha um sério problema de produção agrícola, o que acarretava em fome. Na época o Diretor de Biologia da Academia de Ciências da URRS era o agronomo Trofim Lysenko. Este se opunha arduamente à teoria mendeliana da hereditariedade, a qual ele alegava ser incondizente com o materialismo dialético. Com este argumento, ele convenceu o partido a perseguir os mendelianos (resultando em prisões e sentenças de morte) e adotar outras teorias para aumentar a produtividade agrícola. Precisa dizer que a produtividade não aumentou?

Nesta história temos uma sociedade que almejava resolver um problema por meio da ciência. Contudo, eles praticaram censura e perseguição, o que a história já mostrou inúmeras vezes que atravanca o desenvolvimento científico.
Sob qualquer perspectiva, o que Lysenko e os membros do partido mancomunados com ele fizeram é imoral.

Comparar morais envolve obrigatoriamente um parâmetro; se discorda, me demonstre como é possível comparar duas coisas sem um ou mais.

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #27 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:22:25 »


Citação de: Dante, the Wicked
Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.
Para isso ser verdade os interesses humanos teriam que ser estáveis, e não volúveis como é o que acontece.

Ademais, como fica impossível você saber o que uma pessoa estabeleceu para si,    tal hipótese, apesar de supostamente verdadeira, é inútil.

Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #28 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:25:31 »
Comparar morais envolve obrigatoriamente um parâmetro; se discorda, me demonstre como é possível comparar duas coisas sem um ou mais.

O parâmetro é a compreensão de causa-e-efeito. A compreensão que todo ser racional é capaz de ter de que certas ações são inócuas, nos aproximam ou nos afastam de certos fins.

Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #29 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:27:15 »




Citação de: Dante, the Wicked
Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.
Para isso ser verdade os interesses humanos teriam que ser estáveis, e não volúveis como é o que acontece.

Ademais, como fica impossível você saber o que uma pessoa estabeleceu para si,    tal hipótese, apesar de supostamente verdadeira, é inútil.

Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.
Porém, mesmo este "valor estável" referente à preservação da vida que você menciona não é absolutamente moral, como no caso da legítima defesa, onde o "valor estável" é violado e não há imoralidade.


Offline Galthaar

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #30 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:29:18 »


Citação de: Dante, the Wicked
Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.
Para isso ser verdade os interesses humanos teriam que ser estáveis, e não volúveis como é o que acontece.

Ademais, como fica impossível você saber o que uma pessoa estabeleceu para si,    tal hipótese, apesar de supostamente verdadeira, é inútil.

Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.

O próprio fato de analisar uma pessoa como sã ou não envolve uma comparação moral em função de utilidade. O homícidio não é imoral para o homicida, ou pelo menos, não obrigatoriamente. Se a maioria das pessoas possuem a vontade de preservar a sua vida, é simplesmente porque esta vontade foi selecionada, e não porque possui alguma correção em si.


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Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Galthaar

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #31 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:30:53 »
Comparar morais envolve obrigatoriamente um parâmetro; se discorda, me demonstre como é possível comparar duas coisas sem um ou mais.

O parâmetro é a compreensão de causa-e-efeito. A compreensão que todo ser racional é capaz de ter de que certas ações são inócuas, nos aproximam ou nos afastam de certos fins.

Ou seja: a moral em função da utilidade...

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Offline Luis Dantas

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #32 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:32:01 »
Assim, no Brasil, se existe um valor moral absoluto, é o direito de não ser torturado.

Aqui é objetivamente certo não torturar, e objetivamente errado torturar.

Não é a primeira vez que vejo você tratar decisões de Direito como se fossem valores morais, Jus.  Na sua opinião qual é exatamente a relação entre as duas coisas?
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #33 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:34:04 »




Citação de: Dante, the Wicked
Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.
Para isso ser verdade os interesses humanos teriam que ser estáveis, e não volúveis como é o que acontece.

Ademais, como fica impossível você saber o que uma pessoa estabeleceu para si,    tal hipótese, apesar de supostamente verdadeira, é inútil.

Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.
Porém, mesmo este "valor estável" referente à preservação da vida que você menciona não é absolutamente moral, como no caso da legítima defesa, onde o "valor estável" é violado e não há imoralidade.

E a moralidade da legítma defesa também deriva do desejo comum de viver a despeito das pessoas que não respeitam este desejo.

Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #34 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:35:30 »


Citação de: Luis Dantas
Não é a primeira vez que vejo você tratar decisões de Direito como se fossem valores morais, Jus.  Na sua opinião qual é exatamente a relação entre as duas coisas?
Sei que existe diferença entre uma coisa e outra, a ilustração é um círculo maior que abrange a Moral, e um círculo menor que abrange a Norma Jurídica, e há um pequeno ponto de intersecção entre eles.

Normas Jurídicas não são necessariamente regras Morais, mas podem sê-lo.


Offline Luis Dantas

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #35 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:35:54 »
Citação de: Dante
Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.
Porém, mesmo este "valor estável" referente à preservação da vida que você menciona não é absolutamente moral, como no caso da legítima defesa, onde o "valor estável" é violado e não há imoralidade.

Isso se deve à necessidade de escolher entre a violação de um direito ou outro (que é resolvida pelo favorecimento de quem não contribuiu decisivamente para criar essa situação).  Não muda em nada o valor moral do repúdio ao homicídio.
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Offline Luis Dantas

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #36 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:39:00 »
Sei que existe diferença entre uma coisa e outra, a ilustração é um círculo maior que abrange a Moral, e um círculo menor que abrange a Norma Jurídica, e há um pequeno ponto de intersecção entre eles.

Normas Jurídicas não são necessariamente regras Morais, mas podem sê-lo.

Vou ter de discordar duas vezes, então: primeiro, a norma jurídica (acho que já expus isso) é inerentemente uma ferramenta inadequada para servir de regra moral.  Ela pode exercer a regra moral em condições ideais, se tanto.

Segundo, e mais importante, não há qualquer garantia de que a norma jurídica esteja completamente contida na norma moral.  Pelo contrário, há bastante evidência de que muitas vezes o Direito se opõe à moral e precisa ser contido por esta.
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Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #37 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:39:12 »
O próprio fato de analisar uma pessoa como sã ou não envolve uma comparação moral em função de utilidade.

Avaliar a sanidade não é uma questão moral, mas científica.

O homícidio não é imoral para o homicida, ou pelo menos, não obrigatoriamente.

O fato de algumas pessoas imorais não se julgarem assim não corrobora o relativismo moral assim como o fato de pessoas errarem contas não corrobora o relativismo matemático.

Se a maioria das pessoas possuem a vontade de preservar a sua vida, é simplesmente porque esta vontade foi selecionada, e não porque possui alguma correção em si.

Algum momento eu disse que havia?

Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #38 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:40:11 »






Citação de: Dante, the Wicked
Errado! Como eu disse acima, se houvesse uma única coisa que pudessemos repreender nos outros, esta seria deles agirem em desacordo com os fins que eles próprios estabeleceram.
Para isso ser verdade os interesses humanos teriam que ser estáveis, e não volúveis como é o que acontece.

Ademais, como fica impossível você saber o que uma pessoa estabeleceu para si,    tal hipótese, apesar de supostamente verdadeira, é inútil.

Oras, somos volúveis, mas nem tanto assim. Qualquer pessoa sã tem, por exemplo, o desejo constante de preservar sua vida e sua integridade física. Deste desejo que deriva a imoralidade do homicídio.
Porém, mesmo este "valor estável" referente à preservação da vida que você menciona não é absolutamente moral, como no caso da legítima defesa, onde o "valor estável" é violado e não há imoralidade.

E a moralidade da legítma defesa também deriva do desejo comum de viver a despeito das pessoas que não respeitam este desejo.

Pois então, é o que digo. Há dois "valores estáveis" iguais em disputa, no caso a preservação da vida. Um "valor estável" sucumbe (o que morreu em razão da legítima defesa), e o "valor estável" que é mantido (o que sobreviveu em razão da legítima defesa. No primeiro caso, o "valor estável" é excluído, e no segundo o "valor estável" é preservado.

Em nenhum dos casos há imoralidade, de forma que a utilização da defesa de "valores estáveis" para se definir a moralidade absoluta é falha.



Offline Luis Dantas

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #39 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:40:37 »
Ou seja: a moral em função da utilidade...

Correto.  A moral tem de fato uma utilidade.  O que está longe de significar que ela seja completamente dependente de um refencial, muito menos de um indivíduo específico.
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Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #40 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:45:10 »


Sei que existe diferença entre uma coisa e outra, a ilustração é um círculo maior que abrange a Moral, e um círculo menor que abrange a Norma Jurídica, e há um pequeno ponto de intersecção entre eles.

Normas Jurídicas não são necessariamente regras Morais, mas podem sê-lo.

Vou ter de discordar duas vezes, então: primeiro, a norma jurídica (acho que já expus isso) é inerentemente uma ferramenta inadequada para servir de regra moral.  Ela pode exercer a regra moral em condições ideais, se tanto.

Segundo, e mais importante, não há qualquer garantia de que a norma jurídica esteja completamente contida na norma moral.  Pelo contrário, há bastante evidência de que muitas vezes o Direito se opõe à moral e precisa ser contido por esta.

Acho que não me fiz entender. Disse que a Moral e o Direito são coisas diferentes, mas podem ter pontos em comuns, como no caso da norma jurídica que impede o homicídio, a qual também é uma regra moral.



Offline Galthaar

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #41 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:46:35 »
O próprio fato de analisar uma pessoa como sã ou não envolve uma comparação moral em função de utilidade.

Avaliar a sanidade não é uma questão moral, mas científica.


O ato de avaliar a sanidade é moral, os parâmetros (alguns) podem ser científicos, e mesmo estes são baseados em moralidade. Uma mutação só é um defeito quando é considerada maléfica.

Citar
O fato de algumas pessoas imorais não se julgarem assim não corrobora o relativismo moral assim como o fato de pessoas errarem contas não corrobora o relativismo matemático.

A diferença é que a moral é ralativa a um contexto, a matemática não (mas também poderia ser).

Citar
Algum momento eu disse que havia?

Não diretamente, mas pressupondo insano quem não gostaria de presrvar a vida.

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #42 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:47:22 »


Citação de: Dante, the Wicked
Citação de: Galthaar
Se a maioria das pessoas possuem a vontade de preservar a sua vida, é simplesmente porque esta vontade foi selecionada, e não porque possui alguma correção em si.

Algum momento eu disse que havia?
Eu simplesmente não consigo entender como, em um conceito ideal, algo pode ser moral e errado.


Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #43 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:47:38 »
Comparar morais envolve obrigatoriamente um parâmetro; se discorda, me demonstre como é possível comparar duas coisas sem um ou mais.

O parâmetro é a compreensão de causa-e-efeito. A compreensão que todo ser racional é capaz de ter de que certas ações são inócuas, nos aproximam ou nos afastam de certos fins.
Ou seja: a moral em função da utilidade...

Algum momento eu disse que não era?

Minha posição é simples:

1º) A despeito de todas as diferenças entre nossas ambições e de quão volúveis nós sejamos, existem denominadores comuns.
Por exemplo, os direitos humanos nada mais são do que cada um deseja para si e para as pessoas que lhe são caras.

2º) Ao agir, inspiro aos demais, pelo exemplo e pela gratidão, a agirem de forma semelhante. Se faço aos outros o que não gostaria que fizessem a mim, estou criando um ambiente insalubre para mim mesmo. E isso é imoral. O moral é exatamente o oposto.

Offline Galthaar

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #44 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:47:54 »
Ou seja: a moral em função da utilidade...

Correto.  A moral tem de fato uma utilidade.  O que está longe de significar que ela seja completamente dependente de um refencial, muito menos de um indivíduo específico.

Só para deixar claro, Luis, eu não discordo disto.

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline PedroAC

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #45 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:50:42 »
Vamos lá ver uma coisa: imaginem que alguém acha que matar judeu apenas por ser judeu é bom. E que deixar judeu viver é mau.
Isso é bom, mau ou depende? Agora apliquem o que disseram a isso.
Pedro Amaral Couto
 http://del.icio.us/pedroac/pedroac
 http://pedroac.deviantart.com
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"Tudo o que podemos fazer é pesquisar a falsidade do conteúdo da nossa melhor teoria" -- Karl Popper
"Se um ser humano discorda de vós, deixem-no viver" -- Carl Sagan
"O problema com este mundo é que os estúpidos estão seguros de si e os inteligentes cheios de dúvidas" -- Bertrand Russell

Offline JUS EST ARS

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #46 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:53:05 »


Citação de: Dante, the Wicked
1º) A despeito de todas as diferenças entre nossas ambições e de quão volúveis nós sejamos, existem denominadores comuns.
Por exemplo, os direitos humanos nada mais são do que cada um deseja para si e para as pessoas que lhe são caras.

Direitos Humanos não são nada disso. São uma tentativa bem intencionada de fazer o que você mencionou, mas não chegam a concretizá-lo ou definir todas as hipóteses.

Direitos Humanos são Tratados Internacionais, uma tentativa de uniformizar alguns valores considerados justos pelos países signatários. São bem básicos, o mínimo para que o cidadão de um país possa se auto-determinar quando estiver em outro país.


Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #47 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:56:14 »
O próprio fato de analisar uma pessoa como sã ou não envolve uma comparação moral em função de utilidade.

Avaliar a sanidade não é uma questão moral, mas científica.


O ato de avaliar a sanidade é moral, os parâmetros (alguns) podem ser científicos, e mesmo estes são baseados em moralidade. Uma mutação só é um defeito quando é considerada maléfica.

Cara, do que você tá falando?

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O fato de algumas pessoas imorais não se julgarem assim não corrobora o relativismo moral assim como o fato de pessoas errarem contas não corrobora o relativismo matemático.

A diferença é que a moral é ralativa a um contexto, a matemática não (mas também poderia ser).
O que não interfere em nada minha objeção.
Se X é relativo a um contexto Y no qual eu me encontro, e eu concluo não-X, eu incorro em erro, o que não prova que em Y vale tanto X quanto não-X.

Citar
Algum momento eu disse que havia?
Não diretamente, mas pressupondo insano quem não gostaria de presrvar a vida.

Se uma pessoa fisicamente saudável deseja tirar a própria vida, você não acha que ele precisa de ajuda psiquiátrica?

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #48 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:57:48 »
Vamos lá ver uma coisa: imaginem que alguém acha que matar judeu apenas por ser judeu é bom. E que deixar judeu viver é mau.
Isso é bom, mau ou depende? Agora apliquem o que disseram a isso.

Mau, pois estou criando um ambiente insalubre.

Offline Luis Dantas

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Re: Moralidade absoluta e relativa: o que é?
« Resposta #49 Online: 10 de Setembro de 2008, 14:58:56 »
Vamos lá ver uma coisa: imaginem que alguém acha que matar judeu apenas por ser judeu é bom. E que deixar judeu viver é mau.
Isso é bom, mau ou depende? Agora apliquem o que disseram a isso.

Bom exemplo.  Essa é obviamente uma moral fracassada, porque ignora consequências um tanto óbvias desse tipo de atitude.  Matar alguém por questões de etnia, racismo ou algo similar é causar sofrimento desnecessário (não apenas ao alvo em si, mas também a quem encontra conforto na convivência ou outras consequências da sua existência).

Via de regra a consequência é ressentimento e hostilidades.  Não raro, hostilidade armada e desesperada.  O que é por si só um bom motivo, tanto prático quanto idealista, para considerar homicídio étnico ou religioso uma idéia ruim.
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